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8 covers obscuros do Black Sabbath

Por Fernando Claure
Postado em 17 de junho de 2024

O Black Sabbath é um dos maiores atos artísticos da história, que desde o seu primeiro álbum em 1970 até os dias atuais, continua a inspirar futuras bandas e músicos a se expressarem. O grupo fundado por Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy Osbourne nasceu para o rock, mas isso não significa que apenas roqueiros iriam seguir os passos da banda. Desde então, rappers (T-Pain), atores (William Shatner) e bandas de todas as partes do mundo lançaram covers, homenagens e álbuns em tributo para os fundadores do doom metal. Estes são oito exemplos de bandas que realizaram versões espetaculares de músicas do quarteto, mas infelizmente acabaram ficando ofuscadas por rendições de outros artistas.

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Foto: Warner Bros - Michael Ochs Archives
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Vale ressaltar que, assim como a dupla Metallica e Lady Gaga, covers por músicos de outros gêneros não são automaticamente ruins. A individualidade que cada músico coloca em uma versão torna aquela ideia única, o que é sempre muito bem apreciado na música. Portanto, é sempre bem vindo manter uma cabeça aberta para interpretações em pop, hip-hop e qualquer outro estilo que não seja necessariamente vertentes de rock e metal.

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1. Cathedral - Solitude

Após a saída do vocalista Lee Dorrian do Napalm Death, o doom metal ficou mais próximo de receber um novo capítulo em sua história. O Cathedral foi fundado por ingleses fãs do gênero e as bandas que o tornaram popular, o que inclui o Black Sabbath. Pouco mais de duas décadas e dez álbuns de estúdio depois, o Cathedral se desfez, mas a voz de Dorrian, as guitarras de Garry Jennings e as artes de capa que parecem pinturas medievais continuam assombrando aqueles que se deparam com a banda pela primeira vez

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Em 1994, foi lançado um álbum em tributo ao Sabbath, o primeiro "Nativity In Black", que reuniu covers de uma enorme variedade de artistas, incluindo o Cathedral. Apesar de não fazer parte do lançamento original, o grupo de Dorrian apareceu na versão europeia com a faixa "Solitude" e na versão japonesa, com "St. Vitus Dance" e "Wheels of Confusion". As músicas da edição do Japão apareceram em um split EP com a banda Biohazard e seu cover de "After Forever".

Com três covers,"Solitude" foi escolhida por quê? Apesar de ser uma excelente faixa por si só, "Wheels of Confusion" pelo Cathedral não conta com o final espetacular que é o riff "The Straightener", o que acaba fazendo muita falta. "St. Vitus Dance" mantém a mesma energia da original e os vocais de Lee adicionam uma intensidade na melodia, mas sua voz grossa e amedrontadora funciona melhor com a melancolia de "Solitude".

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2. Ministry - Paranoid

Diferentemente do Cathedral, o Ministry não poderia ser mais diferente do Sabbath e o doom metal. O grupo de Al Jourgensen, junto com o Nine Inch Nails de Trent Reznor e Atticus Ross, é um dos maiores nomes do metal industrial. Com o primeiro álbum lançado em 1983, um hiato entre 2008 e 2011 e uma enorme lista de materiais e ex-membros, o Ministry já fez de tudo, inclusive covers.

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A primeira vez que Jourgensen fez uma homenagem ao Sabbath foi para o primeiro "Nativity in Black", mas que ao contrário do Cathedral, acabou participando no álbum principal mesmo. "Supernaut" foi gravada com a banda 1000 Homo DJs, um projeto paralelo de Al que teve participação de Jello Biafra (Dead Kennedys) e os vocais de Trent Reznor (Nine Inch Nails). Mais de uma década depois, com o Ministry, o vocalista lançou os álbuns "Cover Up" e "Undercover". Enquanto o primeiro recebeu a mesma "Supernaut" dos 1000 DJs, "Undercover" apresentou uma versão de "Paranoid", agora com Al nos vocais.

O estilo da banda é muito diferente do Sabbath, ampliando muito mais a sonoridade dos instrumentos e dos vocais, que parecem que são de estádios ou que Jourgensen canta com um megafone. O Ministry adota essas características em quase todos os seus covers, o que sempre acaba sendo um destaque.

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3. Kyuss - Into The Void

Apesar de deixar de lado quando cita suas influências principais, Josh Homme não nega que o Sabbath foi uma inspiração para o Kyuss. Inclusive, o doom metal como um todo foi uma influência para a cena do desert rock da década de 1980. Após o fim do Kyuss, Josh Homme rapidamente começou um novo projeto, Gamma Ray, que evoluiu para o que conhecemos hoje como Queens Of The Stone Age.

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Sob o selo Man’s Ruin, Homme lançou um split EP com o Kyuss, apesar de conter músicas que haviam sido gravadas antes da banda se desfazer. Pelo QOTSA, "If Only Everything", "Born To Hula" e "Spiders and Vinegaroons" acompanharam as faixas "Fatso Forgotso", "Fatso Forgotso Phase II (Flip The Phase)" e "Into The Void", um cover da música do álbum "Master of Reality". Todas as faixas pelo Kyuss foram gravadas com John Garcia nos vocais, Josh Homme na guitarra, Scott Reeder no baixo e Alfredo Hernández na bateria.

O cover troca as baterias carregadas no meio por bongos, o baixo e a guitarra rápidos são mais separados, com Reeder assumindo o riff principal enquanto Homme navega para outra dimensão com sua guitarra em um solo hipnótico. Os vocais de Garcia, como de se esperar, são diferentes de Ozzy, mas sua voz e seu estilo mais intenso criam uma nova atmosfera, mais notável quando se encerra o solo e ele solta um "God Damn!" com toda sua força.

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4. Helmet - Lord of This World

O Helmet surgiu na era de ouro do post-hardcore e do alt metal, sendo um dos grupos promissores a se destacarem na época, juntamente com bandas como a Rollins Band. Com uma sonoridade agressiva e impactante, o grupo de Page Hamilton é um marco da época, mas que infelizmente acabou ficando para a lista de bandas mais subestimadas da década de 1990. Apesar de continuar ativo, o Helmet nunca conseguiu replicar o seu sucesso inicial, proporcionado principalmente pelo seu segundo álbum, "Meantime", e o single incrivelmente estourado, "Unsung".

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A banda chegou a participar de um serviço britânico chamado "Volume", uma revista em formato de CDs, que acompanhavam um livreto com informações sobre os artistas que participavam da edição. A ideia funcionou entre 1991 e 1997, com um total de 17 volumes e uma lista gigantesca de nomes excelentes. Apenas no volume 11, a "revista" trouxe remixes, versões ao vivo e novas gravações de Henry Rollins, Cypress Hill, Primal Scream e o próprio Helmet, que trouxe um cover de "Lord of This World" do Black Sabbath.

Pode parecer uma combinação estranha, mas que acaba tendo um resultado interessante. O estilo bruto do Helmet com o doom metal do Black Sabbath é contrastante em ritmo, volume e tom, mas este cover prova que os opostos se atraem. A força que a bateria de John Stanier exala é exuberante e as guitarras de Hamilton e Rob Echeverria são viscerais, principalmente na parte do solo. O baixo de Henry Bogdan acaba sendo ofuscado pelos outros instrumentos, mas a tirada que ele e Stanier tem de terminar a faixa com o início de "Hand of Doom" encerra esse cover como um grande tributo ao Sabbath.

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5. William Shatner - Iron Man

Sim, o capitão James T. Kirk, do Star Trek original, fez um cover do Sabbath. O mais interessante disso é que esse não foi o primeiro álbum musical de Shatner. O ator havia colaborado anteriormente com Henry Rollins (Black Flag, Rollins Band) em seu LP "Has Been" e com a Orquestra Sinfônica do Arkansas para o seu recital "Exodus: An Oratorio in Three Parts".

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Para gravar "Iron Man", William se juntou com o líder do Black Label Society, Zakk Wylde, e o segundo baixista do Alice In Chains, Mike Inez. O álbum, intitulado "Seeking Major Tom" e que é composto em sua maioria por covers de músicas sobre o espaço sideral, ainda contou com a participação de músicos um tanto quanto famosos, como Ritchie Blackmore (Deep Purple, Rainbow), Ian Paice (Deep Purple), Michael Schenker (ex-UFO), Chris Adler (Lamb of God) e Nick Valensi (The Strokes).

No quesito musical, Shatner não é um dos melhores cantores, mas só a ideia de ouvir um cover do capitão Kirk com Zakk Wylde e Mike Inez, algo incrivelmente aleatório, faz merecer pelo menos ouvir uma vez na vida esta versão. O instrumental é excelente, principalmente pela parte de Mike, que reproduz muito bem a energia de Geezer Butler no baixo.

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6. Spirit Caravan - Wicked World

Com um total de dez anos em atividade entre três períodos (contando quando a banda era chamada Shine), pode se dizer que o grupo de stoner rock, Spirit Caravan, definitivamente não viveu todo o seu potencial. O grupo teve apenas dois LPs, dois EPs, dois singles, uma compilação e outras aparições como convidado. Mesmo com uma discografia curta, o grupo de Scott "Wino" Weinrich produziu faixas criminosamente subestimadas.

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Uma dessas músicas é a versão da também subestimada "Wicked World", do álbum de estreia do Black Sabbath. Escondida em "Sucking The 70’s", uma compilação de covers por bandas de stoner rock lançada em 2002, não tem nada escrito mas pelo som no início e no final de uma plateia, pode-se deduzir que é uma versão ao vivo. O que é ainda mais impressionante, considerando que a música soa como uma faixa de estúdio de tão boa que é.

A voz de Wino é cru e rouco, parecido com o estilo de Lemmy (Motörhead), enquanto os instrumentais são um pouco devagares em comparação com a versão original, mas quando combinados com o vocal, criam uma intensidade cruel, fantástica e irreproduzível por outros músicos. É como se o Spirit Caravan e "Wicked World" fossem feitos um para o outro.

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7. Danzig - Hand of Doom

Em 1995, o Danzig passou por uma mudança imensa. Após quatro LPs e um EP, todos os instrumentistas saíram do grupo, o que afetou consideravelmente a criatividade da banda. O baixo de Eerie Von, a bateria de Chuck Biscuits e a guitarra de John Christ, todas misturadas com os vocais de Glenn Danzig resultaram em clássicos como "Danzig II: Lucifuge" e "Danzig III: How The Gods Kill". Substituir todos esses artistas seria uma tarefa árdua, menos para Glenn Danzig, que simplesmente assumiu os papéis de Christ e Eerie, além de continuar nos vocais e teclados. Joey Castillo, que no futuro viria a participar do Queens of The Stone Age, assumiu a bateria, enquanto Joseph Bishara assumiu o resto.

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Com essa formação, Glenn lançou "Danzig 5: Blackacidevil" em 1996. O guitarrista Mark Chaussee e o baixista Josh Lazie participaram como convidados, mas não para por aí. Danzig gravou um cover de "Hand of Doom", do Black Sabbath, em um estilo de metal industrial a la Nine Inch Nails, com Jerry Cantrell (Alice in Chains). Agora a pergunta que permanece no ar: o cover ficou bom? Mais ou menos.

O estilo certamente é diferente da original, mas as alterações também se deram na letra. A original, escrita por Geezer Butler, fala sobre vício em drogas, particularmente heroína, durante o período de conflitos mundiais no meio do século passado. Já na versão de Glenn, parece ser uma descrição de um assassinato seguido por necrofilia. Ao juntar instrumentos e vocais, parece que Glenn Danzig colocou sua própria banda, Nine Inch Nails, Type O Negative e Black Sabbath em um liquidificador e esse foi o resultado. Assim como em "Iron Man" de William Shatner, vale a pena ouvir pelo menos uma vez só para matar a curiosidade mesmo.

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8. The Cardigans - Sabbath Bloody Sabbath

Em 2022, o guitarrista do Guns N’ Roses e ex-Velvet Revolver, Saul ‘Slash’ Hudson, deu uma entrevista para a rádio americana 95.5 KLOS, na qual afirmou que o riff final da música "Sabbath Bloody Sabbath", do álbum de mesmo nome lançado pelo Black Sabbath em 1973, era o riff mais pesado da história e que definitivamente influenciou sua carreira, ao lado do primeiro álbum da banda. Porém, há 28 anos antes dessa entrevista, o grupo sueco de pop rock e indie pop, The Cardigans, transformou essa melodia monstruosa em algo suave e relaxante, como uma mistura de jazz com MPB.

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O cover foi lançado no primeiro álbum do grupo, "Emmerdale", que trouxe faixas um pouco mais voltadas para o indie pop e outras com um toque de jazz. Além da surpresa do clássico do Sabbath estar em um álbum desse estilo, o que pode acabar surpreendendo mais ainda é que o The Cardigans abraçou totalmente a música original com o seu próprio estilo, ao invés de tentar imitar a original. O resultado foi uma versão única, suave e acessível para um público maior ainda.

Como se não bastasse, no mesmo álbum do hit "Lovefool", "First Band On The Moon", eles ainda fizeram um cover de "Iron Man" e colocaram o riff inicial de "Black Sabbath" na introdução e no final da faixa "Heartbreaker". Detalhe: ambas as músicas também são excelentes.

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Sobre Fernando Claure

Jornalista formado em 2023, cresci ouvindo Sabbath e Metallica com o meu irmão mais velho e hoje escuto de tudo e mais um pouco. No momento meu ato favorito é o Nine Inch Nails, mas é capaz que mude daqui a um tempo. Se pudesse pegar três ídolos pessoais, estes seriam Iggy Pop, Glenn Danzig e Trent Reznor.
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