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2015: 35 discos que não podem passar em branco

Por Hugo Guimarães Carneiro
Postado em 18 de janeiro de 2016

2015 não foi um ano com uma quantidade de lançamentos excelentes. Porém, dos poucos discos que se destacaram, podemos dizer que tivemos lançamentos com qualidade excepcional. Com certeza muitos discos que ficarão marcados para sempre nas discografias das bandas que atingiram esse patamar.

Listo aqui, 35 discos que não podem passar em branco na sua lista de melhores discos do ano. Obviamente, essa lista não vai agradar a todos e com certeza está faltando muita coisa que não tive tempo ou interesse em ouvir. Por esse motivo, essa não é uma "toplist" de melhores do ano, mas sim uma lista de indicações de bons discos a serem apreciados.

Melhores e Maiores - Mais Listas

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Vale ressaltar meu gosto pessoal pelo gênero Rock/Metal Progressivo. Mas a lista está longe de reduzir a esse estilo. Espero que gostem e se divirtam na audição desses materiais.

Steven Wilson – Hand. Cannot. Erase.

O músico e produtor inglês nos presenteou esse ano com seu quarto disco solo, no qual conseguiu atingir um nível impressionante de composição harmônica, lírica e visual. Nesse trabalho, podemos observar influências de vários outros projetos em que o músico participou, como: Porcupine Tree, Blackfield, Bass Communion. Esse foi o primeiro disco realmente conceitual (e não temático, como os anteriores) que ele compôs. E o resultado foi algo fenomenal. O disco conta a história da personagem?, simplesmente referida como H. no livro da edição deluxe, criada pelo Steven Wilson baseada numa inglesa que morreu sozinha no seu apartamento e só foi encontrada depois de quase 3 anos, sem ninguém ter ido atrás dela. Essa história aconteceu há uns 10 anos em Londres, a mulher se chamava Joyce Carol Vincent e um documentário, "Dreams of a Life", foi feito sobre isso. Foi este documentário que inspirou o Steven Wilson na concepção desse material. Na personagem, ele colocou também muito de si, histórias e sentimentos. É um disco que vai ficar marcado na vasta discografia do compositor. Infelizmente (e estranhamente), o músico não possui um público muito grande aqui no Brasil, chegando a ficar de fora da turnê latino-americana que passou esse ano pelo México, Argentina e Chile (3 noites), todos os shows com lotação esgotada. Ele já tem 2 datas marcadas no Chile em março de 2016 e uma agenda aberta para mais alguns shows por essas terras. Vamos torcer para que o Brasil volte ao circuito do músico dessa vez. Vale citar o super time que faz parte da gravação desse disco, que o torna ainda mais fenomenal: Além do Steven Wilson (claro), Guthrie Govan (guitarra), Nick Beggs (baixo e Chapman stick), Adam Holzman (piano, Hammond organ) e Marco Minnemann (bateria). Além da participação da excelente cantora israelense Ninet Tayeb na música "Routine".

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Riverside – Love, Fear and the Time Machine

O Riverside é uma banda que não erra nunca na mão. Cada disco possui uma atmosfera muito própria, e nesse sexto disco dos caras não foi diferente. Dessa vez, os poloneses fizeram um disco com muitas influências das músicas dos anos 80, com guitarras mais limpas e vocais mais melódicos somados a letras melancólicas e quase poéticas. Já é considerado por muitos admiradores da banda como o melhor disco deles. Com esse álbum eles se estabeleceram num patamar de destaque no cenário progressivo mundial, merecidamente. Nesse ano eles passaram por terras brasileiras no Overload Music Fest. Tanto a banda como o público saíram muito satisfeitos dessa apresentação, chegando a ser considerado por muitos um dos melhores shows gringos por aqui esse ano.

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Leprous – The Congregation

The Congregation é o quarto álbum de estúdio da banda norueguesa de metal progressivo Leprous. Outra banda que tem agradado a cada lançamento. Seguindo a tendência do disco antecessor, a banda tem abandonado os vocais guturais e focando mais em vocais limpos, além de estarem arriscando cada vez mais em efeitos da música industrial em seus instrumentos. Aqui podemos ver uma nova vertente do metal progressivo se formando. Cada vez mais distantes da origem desse gênero e consolidando novos caminhos e influências para um estilo que não deixa de crescer mundo afora.

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David Gilmour – Rattle That Lock

De volta ao estúdio 9 anos depois do seu último disco solo, o eterno e mitológico guitarrista do Pink Floyd lançou essa obra de arte chamada Rattle That Lock. Com certeza, é o disco mais peculiar de sua carreira solo e com menos referências floydianas, se é que isso é possível visto que sua voz e guitarra eram a alma da banda. Esse desprendimento deu ao músico liberdade para seguir por caminhos melódicos novos e surpreender com canções surpreendentes, que podem soar estranhas numa primeira audição cheia de expectativas nostálgicas. Porém, o resultado é de "cair o queixo". Aqui o músico pôde experimentar canções como "Rattle that Lock" com uma pegada bem anos 80, ou mesmo "The Girl in the Yellow Dress" com uma sonoridade mais jazz, até mesmo "Faces of Stone" e "In Any Tongue" que têm uma atmosfera mais melancólica. O músico pisou em terras brasileiras pela primeira vez esse ano para divulgação desse trabalho e nos presentear com clássicos do Pink Floyd. Uma experiência inesquecível para quem teve a oportunidade e presenciar algum desses momentos.

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Gazpacho – Molok

Banda norueguesa Gazpacho foi formada em meados de 1990, e desde que lançaram seu primeiro álbum completo "Bravo" em 2003, eles se transformaram em uma banda cada vez mais popular, nacional e internacionalmente, constantemente lançando novos álbuns a cada dois anos. Molok é o seu álbum mais recente e segue a linha de ascensão e consolidação da banda e que surge como uma produção altamente sofisticada em todos os níveis. Numa espécie de Folk-Oriental com pitadas generosas de instrumentos e músicas celtas. Como o próprio título sugere, Molok contém letras que misturam aspectos religiosos e teorias científicas envolvidas por uma atmosfera melódica melancólica e peculiar, que fazem com que sua audição seja uma experiência envolvente e intimista.

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Between the Buried and Me – Coma Ecliptic

É sempre muito difícil prever o que esses norte-americanos estão por lançar, pois é uma das bandas que mais arriscam em inovações sonoras. Em Coma Ecliptic não foi diferente. Com uma atmosfera muito inovadora, posso dizer que BTBAM atingiu o ápice de sua carreira (até então) com esse novo disco. Com uma temática de ficção científica, eles exploram aqui uma história de um homem preso em um coma viajando através de suas vidas passadas tendo que escolher ficar ou passar para um estágio melhor. A complexidade não se restringe às letras, mas está presente na sonoridade do disco inteiro. Sua sonoridade soa muitas vezes como expansiva e introspectiva, brutal mas suave, intrincado e inteligente. Um álbum que ainda vai ser visto como referência no futuro.

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Beardfish – +4626-COMFORTZONE

No seu oitavo disco, os suecos do Beardfish apresentam um trabalho que não foge muito daquilo que eles já vinham fazendo nos seus discos anteriores, o que pode ser ótimo, visto que a banda está em um patamar excelente de composições. Seguindo uma linha "retrô" dentro do rock progressivo com pitadas de hard rock, a banda nos presenteia com um disco que foge dos clichês típicos do estilo. O álbum gira em torno do tema central, de se sentir como um prisioneiro em sua cidade natal, sendo forçado a mediocridade pelas pessoas ao seu redor e não ser capaz de se libertar disso. O título do álbum, na verdade, é o código postal da cidade natal de alguns membros a banda na Noruega, por isso há um aspecto autobiográfico ao conceito do álbum. Liricamente, no entanto, o conceito é abordado com um certo sarcasmo tornando o conteúdo emocional negativo mais fácil de digerir como um ouvinte. Além disso, o som do álbum é mais edificante e acessível do que em seu trabalho anterior, The Void. A capacidade de escrever música bonita e entregá-la de uma forma interessante e convincente sempre foi muito aparente com essa banda, de modo a explorar um estilo mais popular, que poderia levar a mais sucesso comercial. E isso, eles merecem!

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Swallow the Sun – Songs from the North I, II & III

Os finlandeses da Swallow the Sun, em seu sexto álbum de estúdio, nos presentearam com uma obra completa dividida em 3 discos. Difícil dizer se esse disco segue uma tendência anterior ou inova demais. Poderia dizer que é um dos discos mais ambiciosos do ano, ao tentar unir numa obra única 3 estilos distintos no universo metal. No final o resultado é um disco fabuloso e, apesar de longo, nada cansativo. No primeiro disco, podemos ver a banda seguindo uma tendência apresentada no seu último disco com um Doom Metal Melódico, que é sua marca registrada nos últimos anos. Com destaque para as faixas mais belas, "Rooms and Shadows" e "Heartstrings Shattering", essa última com participação da Cantora sueca Aleah da banda Trees of Eternity. No segundo disco, já podemos observar uma veia mais progressiva, nem por isso menos emocional que os outros dois, que traz um equilíbrio agradável ao álbum como um todo. O terceiro disco, já traz a banda numa pegada mais agressiva e puramente dentro do universo Funeral Doom, com guitarras bem arrastadas e baterias lentas. Um disco altamente introspectivo e visceral. De modo geral este não é um disco para pessoas não inexperientes nesse estilo, porém não deixa de ser uma bela obra de arte de um universo mais obscuro do mundo do rock.

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Songs from the North I

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Songs from the North II

Songs from the North III

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Baroness – Purple

Purple é o quarto álbum de estúdio dos americanos da Baroness. Pelo nome do disco, podemos sugerir que esse disco é uma mescla de composições e idéias dos seus 2 primeiros discos, Red Album e Blue Record. E é exatamente isso que observamos aqui, a ferocidade de "Red" e a atmosfera melódica de "Blue" em uma consonância perfeita e harmônica que colocaram esse disco no topo de várias "toplist" do ano. Obviamente, esse disco é fruto da experiência vivida pela banda, onde o ônibus em que excursionavam sofreu um acidente quase fatal, em que não houve mortos, mas muitos feridos. Uma mistura da brutalidade do acidente com o alívio de estarem todos vivos ao final dessa experiência.

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Rock Candy Funk Party – Groove is King

Não tenho dúvidas de que esse foi o melhor disco instrumental do ano. Rock Candy Funk Party é uma banda essencialmente de jazz-funk, liderada pelo requisitado guitarrista Joe Bonamassa. Em seu segundo disco de estúdio, a banda traz novos elementos ao som, como a presença mais consistente de metais, e uma produção mais bem detalhada que no primeiro disco. É um disco muito envolvente com muito groove, difícil de ficar parado ouvindo um som desses. O disco conta com a participação do tecladista brasileiro Renato Neto, que já tocou com músicos renomados como Prince e Rod Stewart. De modo geral, é uma banda completa que não deixa nada a desejar dentro desse estilo.

Faith No More – Sol Invictus

Para uma banda do porte do Faith No More, lançar um disco novo após quase 20 anos de hiato, definitivamente, é algo que faz muita gente "torcer o nariz". Alguns vão esperar algo que remeta aos trabalhos antigos, outros (uma minoria) vão esperar algo novo, e outros simplesmente nem vão querer perder seu tempo ouvindo "uma banda que já deu o que tinha que dar". Pois bem, "Sol Invictus" já derruba logo de cara esse terceiro grupo e acaba suprindo as expectativas da minoria que espera por algo novo. Não era pra menos, pois nesse longo período os músicos da banda passaram por diversos projetos de sonoridades muito diferentes, muitas vezes experimentais. O resultado final é um disco maduro, sem muitas firulas, direto e reto na sua proposta de marcar o retorno aos estúdios e gravações. Realmente, esse intervalo fez muito bem pra banda que mostra um som muito coeso por aqui.

Amorphis – Under the Red Cloud

Com uma longa estrada nas costas, Amorphis chega ao seu 12º disco de estúdio mostrando que atingiu o auge de sua maturidade no metal. Os finlandeses ao longo dos anos passaram por fases bem específicas caminhando pelo Death Metal, Folk Metal e Metal Progressivo. Em "Under the Red Cloud" eles conseguem unir todas essas influências de forma magistral e enérgica, resultando em um disco que não passa por nenhum momento de tédio. O destaque do disco fica para os vocais Tomi Joutsen, que mostra todo o poder da sua voz com agudos, guturais, médios, drives e tudo mais que tiver direito.

Paradise Lost – The Plague Within

Paradise Lost está no hall das bandas que tem um potencial enorme de se reinventar de tempos em tempos. Nesse novo disco essa marca fica registrada de forma bem clara. Alguns podem ter uma visão muito simplista de que "The Plague Within" é um retorno à fase Doom da banda. Mas não é apenas isso. São 20 anos que separam este último disco do último registro puramente Doom. E durante esse período eles se passearam, majestosamente, por muitos estilos diferentes que não poderiam deixar de ter uma certa influência hoje em dia. Portanto, trata-se sim de um disco Doom, mas muito mais "sofisticado" que seus lançamentos mais obscuros do passado. Aqui eles flertam com elementos da música clássica e apresentam variações muito sutis ao longo do desenvolvimento do álbum. Definitivamente, a experiência do vocalista Nick Homes na banda sueca Bloodbath teve uma influência para esse retorno ao som mais pesado do Paradise Lost.

Symphony X – Underworld

Um dos discos mais esperados do ano, por muitos. Symphony X é uma banda que divide opiniões por aí. Normalmente, eles são defendidos ou atacados cegamente por fãs e "haters". Em "Underworld" não foi diferente. A questão é que desde "The Odyssey" (2002) a banda vem direcionando suas composições para um estilo cada vez mais pesado e menos progressivo e clássico, chegando ao auge dessa inversão no disco "Iconoclast" (2011), que está muito mais para um disco de power metal do que um disco de metal progressivo. Alguns fãs reconhecem isso, outros não. Em "Underworld" eles conseguiram voltar a um equilíbrio nesse quesito. Não deixa de ser um disco mais pesado que seus discos mais clássicos, porém eles retomaram alguns elementos melódicos mais próximos do metal progressivo. Independente do estilo, a banda sempre prioriza pela qualidade das composições e gravação de seus instrumentos. Nesse disco isso fica muito claro. E como sempre o vocalista Russel Allen mostra aqui porquê é um dos melhores vocalistas da atualidade. Difícil existir um disco com esse cara que não fique bom. Só por isso já merece um destaque.

Iron Maiden – The Book of Souls

A banda dispensa apresentações ou qualquer enrolação sobre a história de seus discos e o quanto desde o disco "Dance of Death" sua sonoridade deixou muito fã com preguiça de acompanhar o que eles estavam fazendo. Pois bem, indo direto ao ponto, "The Book of Solus" recuperou uma legião de fãs do Iron Maiden. Obviamente, os músicos perceberam que aquela linha tomada pela banda não estava indo bem. A solução pra isso foi abrir espaço de composição para os demais músicos da banda, principalmente para Bruce Dickinson e Adrian Smith, que já demonstraram que essa parceria tinha muito caldo pra dar ainda na época dos discos solos do Bruce. Aproveitaram pra mudar a equalização do instrumentos também e deixar o som mais cru. O resultado final foi excelente. Definitivamente, esse disco ressuscitou a banda sem muitos esforços e mostrou que o Iron Maiden merece o lugar de destaque que ocupa no mundo do Heavy Metal.

TesseracT – Polaris

Uma das bandas mais competentes do metal progressivo da atualidade, os britânicos do TesseracT chegam ao seu terceio disco de estúdio mostrando que estão dispostos a alcançar patamares cada vez mais altos no estilo. O disco marca o retorno do vocalista Daniel Tompkins, que cantou no primeiro disco da banda, "One" (2011). Um ponto diferencial facilmente percebido em Polaris é a ausência dos guturais que apareciam frequentemente nos dois primeiros discos da banda. Instrumentalmente, é um disco impecável. Todos os instrumentistas são muito bem evidenciados ao longo do disco, a produção é praticamente perfeita e as composições altamente complexas e ricas. Vale muito a pena conhecer o trabalho desses caras.

Antimatter – The Judas Table

Antimatter definitivamente não vive mais à sombra de Duncan Patterson e, consequentemente, Anathema. Sexto disco da banda britânica, terceiro sem Duncan, hoje é praticamente um projeto solo do excepcional músico Mick Moss. Um rock melancólico, atmosférico e cativante. Nesse disco, Moss no presenteia com um universo introspectivo trazendo experiências pessoais sobre traição, decepção e um olhar particular das deficiências do comportamento humano e social. O disco segue a tendência dos últimos lançamentos deixando os vocais femininos em menor evidência e sobressaltando sua voz potente e envolvente. Um álbum para ouvir cuidadosamente, prestando atenção às letras e aos detalhes instrumentais sutis de cada faixa. Um dos melhores discos do ano, sem dúvida.

The Dear Hunter – Act IV: Rebirth in Surprise

The Dear Hunter nasceu como um projeto paralelo do criativo músico Casey Crescenzo. Desse ponto o projeto cresceu para uma banda que conquistou um espaço importante no universo musical. As influências para The Dear Hunter são tão variadas que chega a ser difícil determinar um estilo musical para a banda, que caminha pelo rock progressivo, indie, pop, hard rock. "Act IV" é uma continuação da trama que deu origem a banda, e que está prevista para se encerrar em seis atos. A história é muito complexa e deixa a interpretação muito aberta para quem quiser especular sobre o personagem principal, que tem uma interligação íntima com a história do seu próprio criador. Musicalmente, arriscaria dizer que este é o melhor ato da saga, até então. As composições são muito ricas e contam com uma orquestra de câmara que dá um ar especial para o disco. Mais um disco que prova o potencial criativo de Crescenzo e que firma The Dear Hunter entre o as bandas emergentes do cenário.

Native Construct – Quiet World

Definitivamente, Native Construct foi a grande surpresa agradável do ano. Formada em 2011, por estudantes da Berklee College of Music de Boston, com intuito de criar um grupo experimental de música contemporânea com as melhores influências possíveis. O resultado desse projeto é, simplesmente, magnífico. "Quiet World" chega a ser um título que soa praticamente irônico frente ao que podemos ouvir nesse disco, visto a riqueza e variedade de sons e instrumentações que o compõe. Basicamente, é um disco que mescla fortes influências de rock/metal progressivo, jazz e musicais. Um belo debut, para uma banda embrionária que soa com muita maturidade.

Sylvan – Home

Perdido lá no início do ano de 2015, o nono disco dos experientes alemães da Sylvan merece um lugar de destaque entre os grandes lançamentos do ano. Os caras tinham uma missão dura: compor um disco depois do brilhante "Sceneries" (2012). Não posso dizer que o disco está à altura desse último, mas nem por isso deixa de ser um lançamento excelente. O próprio nome já dá uma ideia do que vocês podem ouvir por aqui. "Home" é um disco bem mais intimista, com letras mais introspectivas e que trazem a banda para um campo de composição mais próximo do que sempre fizeram, com maestria. Um dos pontos altos do Sylvan é a voz do Marco Glühmann. Ele consegue passar toda a emoção necessária de forma espetacular nas músicas da banda. Por muitas vezes os vocais dele me remetem a um dos vocalistas que mais admiro, o seu conterrâneo Michael Kiske (Ex-Helloween). Juntando isso a um instrumental bem progressivo, o resultado é sempre muito bom.

The Aristocrats – Tres Caballeros

Representado um dos melhores discos instrumentais do ano, Tres Caballeros traz o supergrupo, formado por Guthrie Govan (guitarra), Bryan Beller (baixo) e Marco Minnemann (Bateria), numa de suas melhores performances. Jazz, fusion, metal progressivo é um pouco do que podemos ouvir nesse disco. Com nove faixas, o disco apresenta 3 composições de cada músico, seguindo uma ordem circular Minnermann-Govan-Beller. Apesar das faixas serem escritas individualmente, o que impressiona é o fato das músicas não exaltarem de forma individual nenhum dos músicos isoladamente. Uma perfeita sinergia. O que torna o disco muito mais agradável de se ouvir do que muitas outras bandas desse estilo, onde os músicos mais parecem estar numa competição ou duelo para ver quem mais se destaca.

Dr. Sin – Intactus

Representando os lançamentos nacionais, dei um destaque para esse disco dos veteranos brasileiros do Dr. Sin. "Intactus" acabou por ser o último disco da banda, que anunciou o encerramento das atividades em agosto de 2015, assim que terminasse a turnê nacional em que estavam. Dentre outros fatores, uma das justificativas para esse ponto final foi o desgaste físico e emocional de longos anos de estrada num cenário nada favorável para o estilo no nosso país. Esse fato por si só já explica a ausência de mais bandas nacionais nessa lista. Tem sido muito difícil acompanhar os lançamentos das bandas nacionais por aqui. Normalmente, você precisa conhecer os músicos, ou amigos dos músicos, para seguir cada banda individualmente e caçar o que cada uma tem feito. Um trabalho árduo, frente ao bombardeio de lançamentos internacionais que invadem as manchetes dos sites especializados no gênero. Enfim, sem muitas delongas, nesse triste tema do nosso cenário, "Intactus" traz a banda numa performance muito boa, com solos e riffs alucinantes de Edu Ardanuy. Um belo álbum de despedida, mas que deixa uma sensação de talento desperdiçado.

Von Hertzen Brothers – New Day Rising

Os irmãos finlandeses Von Hertzen trouxeram nesse sexto álbum um conteúdo bem diferente do eu vinham apresentando anteriormente. Até seu último disco, Nine Lives (2013), eles vinham numa crescente investindo todas as suas fichas numa espécie de crossover progressivo. Em "New Day Rising" a banda deu uma guinada para outros rumos. Talvez isso até justifique o título do disco. De qualquer forma, esse fato obviamente vai dividir opiniões. Aqui podemos ver a banda arriscando muito mais pelo universo "pop". Não que isso seja ruim. Inclusive, pode ser muito bom, visto que talento os caras têm de sobra. Linhas vocais muito bem trabalhadas, guitarras enérgicas e melodias pra cima. Um disco pra ouvir num dia feliz e ter vontade de encarar a vida.

Vanden Plas – Chronicles Of The Immortals: Netherworld II

Os veteranos do prog-metal alemão do Vanden Plas concluem neste lançamento a saga iniciada no ano passado, em parceria com o famoso escritor alemão Wolfgang Hohlbein, responsável pelas letras dessa magnífica história. A história é dividida em visões de um vampiro "Andrej Delany" e seu parceiro, "Abu Dun", buscando o segredo de sua origem por toda a Europa durante os séculos e sempre encontrando novos perigos e, assim, experimentando vários eventos significativos da história europeia. Musicalmente, este trabalho foi um prato cheio para a banda, visto que sua origem está intrinsicamente ligada a projetos teatrais e musicais alemães. E aqui eles alcançam um nível de composição e teatralidade em suas músicas fora do comum. Esse é o típico disco para você sentar com o encarte na mão e acompanhar as melodias e histórias do início ao fim. De preferência ouvindo os dois discos em sequência.

Subsignal – The Beacons of Somewhere Sometime

Os alemães da Subsignal chegam ao seu quarto disco de estúdio mantendo a crescente que pegaram desde seu primeiro lançamento em 2009. Nesse lançamento, podemos sentir que os caras conseguiram atingir o equilíbrio perfeito entre um metal progressivo e letras com melodias emocionantes. Junto ao Vanden Plas, eles são os maiores nomes do metal progressivo do país, mesmo tendo menos estrada nas costas. O disco conta com baladas que também são verdadeiras maravilhas perdidas em meio a tantas composições mais pesadas. Sem dúvidas, mais um entre os melhores e mais agradáveis lançamentos do ano.

Muse – Drones

Muse é uma banda que extrapola o universo "pop" e agrada fãs de outros gêneros facilmente. O power trio britânico chega ao seu sétimo disco de estúdio soando menos experimental que seus dois últimos álbuns. Não seria bem uma volta às raízes, mas eles resgataram muito do estilo que os consagrou e mantiveram alguns elementos eletrônicos que incrementam muito bem as melodias. O conceito do disco busca acompanhar a jornada de um ser humano após perder a esperança até aceitar a doutrinação do sistema como um drone humano, até a eventual deserção contra seus opressores". "Drones" é um disco empolgante, dançante, diversificado e cheio de surpresas agradáveis.

Warren Haynes (Ft. Rail Road Earth) – Ashes & Dust

O eterno guitarrista e vocalista do Allman Brothers e Gov’t Mule traz seu terceiro disco solo à tona, e como não podia deixar e ser para um gênio como esse, o disco é simplesmente fabuloso. Bem distante das bandas em que encabeçou, Ashes & Dust é um belo trabalho de folk, country e blues. Algo de genial diga-se de passagem. O disco conta com composições que vem se acumulando em sua mente há mais de 20 anos e que não tinham vazão em seus outros projetos. Aqui elas ganham uma roupagem sutil incrementadas por violinos, banjos e bandolins, além claro de suas magníficas guitarras. O disco é recheado de participações especiais, afinal de contas o cara é praticamente uma lenda, respeitado e reconhecido por músicos de peso. Um belo trabalho pra ser apreciado por uma bela companhia, como uma garrafa de whisky.

Steve Hackett – Wolflight

Embalado pelo sucesso do projeto "Genesis Revisited", que rendeu 2 discos de estúdio e alguns registros ao vivo, o guitarrista Steve Hackett, eternizado por seus 7 anos na fase mais progressiva da banda Genesis, traz seu novo disco solo "Wolflight". Um belo registro de rock progressivo, no mais puro sentindo desse estilo. O conceito deste álbum é sobre a relação entre o ser humano e o Lobo. Segundo o próprio músico, as canções foram compostas sempre horas antes do amanhecer, pois segundo ele é o período que os lobos saem pra caçar. Assim ele pôde captar a essência do conceito do álbum, e obviamente daí o título do disco. A terceira faixa do disco, "Love Song to a Vampire", conta com a participação o eterno baixista do Yes Chris Squire, que nos deixou nesse ano. Um belo registro. De modo geral é um disco para amantes do Rock Progressivo, menos psicodélico.

The Winery Dogs – Hot Streak

O power trio formado por músicos fenomenais, Mike Portnoy-Richie Kotzen-Billy Sheeran, trouxe esse ano seu segundo disco, Hot Streak. Nada tão fabuloso quanto seu debut auto-intitulado, mas com músicas de muita técnica e versatilidade também. De modo geral o disco possui pontos muito altos e pontos bem baixos. Mas isso não prejudica o resultado final da obra. Ficou claro que o processo de gravação diferenciado, em relação ao primeiro disco, foi um dos pontos que deixou o disco não muito linear. Percebe-se facilmente que algumas músicas tiveram forte influência da fase de composição de Richie Kotzen, que abusa de certas baladas no seu último disco "Cannibals", desse ano também. Porém, os pontos altos são realmente altos. As altas expectativas que o primeiro disco deixou sobre esse trio podem acabar fazendo muita gente "torcer o nariz" para esse lançamento, mas vale a pena dar uma chance para o álbum e ouvi-lo cuidadosamente.

Kadavar – Berlin

Terceiro disco do trio alemão Kadavar, "Berlin", chegou pra confirmar de vez o poder desse grupo. Stoner Rock com elementos de psicodelia retrô, um disco pra quem gosta de "velharia atual". A gravação e masterização do disco te fazem acreditar que está ouvindo um LP gravado entre os anos 60 e 70. Os caras pegaram realmente o jeito de fazer a coisa soar bem aos ouvidos dos amantes dos sons desse período. Acredito que nesse lançamento a banda conseguiu criar uma identidade maior e deixar de ser apenas formada por referências. As músicas soam bem menos previsíveis e com mais personalidade que os dois primeiros discos. Esse ano eles fizeram uma turnê pelo Brasil e agradou muita gente. Se você não conhece Kadavar, está na hora.

God is an Astronaut – Helios | Erebus

Apesar de serem pouco conhecidos, os irlandeses do God is na Atronaut formam uma banda impecável que nunca erram na medida de suas composições. Forte representante do gênero Post-Rock instrumental, a banda apresentou esse ano seu oitavo disco. O título "Helios | Erebus" (Sol e Escuridão) já revela o que está por vir no disco. Passagens contemplativas que alternam entre melodias mais luminosas e sombrias. Provavelmente, esse seja o melhor registro da banda. O disco soa mais coeso e maduro que seus últimos lançamentos. Não que os anteriores carecessem dessas características, mas há aqui uma conexão de melodias bem interessantes que nos faz perceber essa evolução claramente. Definitivamente, é um disco pra fechar os olhos e ouvir num lugar bem distante daqui.

Anekdoten – Until All the Ghosts Are Gone

Anekdoten uma banda sueca de rock progressivo… Ok! Já poderia encerrar por aqui os meus comentários. Tratando-se da Suécia, é impressionante a quantidade de bons grupos desse estilo que saem daquelas terras: Pain of Salvation, Beardfish, Opeth, The Flower Kings, dentre outras. Mas voltando ao disco, "Until All the Ghosts Are Gone" quebra um silêncio de 8 anos da banda, formada em 1991. O som deles é essencialmente de rock progressivo, da linha de King Crimson e Magma. Nesse retorno, eles mantiveram o excelente nível de composição e cuidado de seus cinco primeiros discos. Também buscaram explorar mais sonoridades com mellotrons e flautas. Linhas vocais esculpidas com detalhes e de cair o queixo. Em resumo, um dos melhores discos do gênero do ano.

Spock’s Beard – The Oblivion Particle

Os veteranos do Spock’s Beard lançaram seu décimo segundo disco de estúdio esse ano com o melhor que tinham a oferecer em termos de rock progressivo. A banda está na sua "Terceira Era" (Neal Morse- Nick D'Virgilio-Ted Leonard), e esse é o segundo disco tendo Ted Leonard (Enchant) à frente da banda. Não seria demais dizer que a banda conseguiu atingir o nível dos seus discos da época de Neal Morse. As melodias das vozes estão fenomenais, chegando a lembrar Yes em alguns momentos. A equalização do disco também ficou excepcional, todos os instrumentos muito audíveis e independentes. Com certeza, um disco pra marcar a vasta discografia da banda.

Coheed and Cambria – The Color Before the Sun

Neste 7º disco dos Americanos da Coheed and Cambria, Claudio Sanchez (a mente da banda) abriu mão dos temas fictícios de seus discos anteriores e nos apresenta não só novos temas para suas letras, mas uma musicalidade bem diferente dos discos anteriores. Abrindo mão de soarem um pouco mais progressivos como antes, aqui eles abraçaram de vez uma sonoridade mais "pop", sem reduzir-se a isso apenas. Na verdade, "The Color Before the Sun" é um disco autobiográfico falando sobre as experiências pessoais de Sanchez. Sobre a sonoridade, esta foi uma cartada arriscada para uma banda que já vinha conquistando um cartel de fãs pelo mundo. Por outro lado, eles entram num universo de bandas que não se prendem a um modelo previsível de gravações. Isso pode ser muito positivo no final das contas.

Puscifer – Money Shot

Apesar de não ser reconhecido oficialmente, mas Puscifer é uma espécie de banda solo de Maynard James Keenan mais conhecido pelos seus trabalhos nas bandas Tool e A Perfect Circle. Esse fato já diz muito sobre o que Puscifer se propõe a ser. Muito longe do sucesso, reconhecimento e grandiosidade dos seus principais projetos, aqui Keenan pode deixar fluir sua criatividade de forma descompromissada e longe dos holofotes da fama, que ele tem demonstrado tanto odiar (ou não). Não muito diferente dos discos anteriores podemos observar um certo flerte com elementos eletrônicos e letras sarcásticas. Nesse álbum um grande diferencial é o espaço maior dado aos belos vocais de Carina Round. O que dá ao disco uma cara diferente dos anteriores. Definitivamente, não escute este disco, ou nenhum outro da Puscifer, referenciando aos demais projetos de Keenan. Mas obviamente, ele deixa escapar quase que sem querer sem brilhantismo criativo por aqui também.

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