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Paulo Baron: O que você perguntaria se pudesse entrevistar duas vezes a mesma pessoa?

Por Vagner Mastropaulo
Postado em 30 de agosto de 2022

Em dezembro/21, tivemos a chance de "bater um papo por e-mail" com Paulo Baron e nenhum assunto foi vetado. Passados oito meses e experimentando um surto criativo ao lavar a louça num final de tarde, este escriba praticamente "recebeu" quinze questões prontas vindas de algum outro plano, se é que você bota fé em tais manifestações... Enfim, a tarefa doméstica teve de ser interrompida e um rápido deslocamento ao laptop se mostrou fundamental. A partir daí, houve apenas a necessidade de colocar tudo no editor de texto, "dar um tapinha" no material, distribuí-lo de modo coerente para encaminhá-lo à equipe do empresário e novamente nada ficou sem resposta. Sem mais, vamos diretamente ao conteúdo:

Vagner Mastropaulo: Paulo, antes de tudo, muito obrigado por este repeteco! Os leitores agradecem!

Paulo Baron: Oi Vagner, tudo bem? Nossa... Já se passaram oitos meses desde a outra entrevista! O tempo voa mesmo. Obrigado por se interessar em me entrevistar de novo.

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VM: Vamos recomeçar pelo que se acabou se tornando o marco da retomada de seus shows: o Rocking Your Life no então Tom Brasil em 19/11/21. Quais suas principais memórias daquela noite tão especial em que você até abriu uma exceção a si próprio fazendo as honras da casa ao dar as boas-vindas a todos antes do set acústico de Marcelo Barbosa e Fabio Lione?

PB: Foi uma noite mágica em que eu finalmente voltava à casa onde já havia feito centenas de shows com muitos artistas. Ver tantas caras amigas de novo, com esperanças de que a pandemia estivesse terminando, voltar a fazer as nossas atividades que tanto amamos e de que tanto sentimos falta nesses dois anos. Estar ali era uma sensação de euforia e alegria intensas no coração. Em vários momentos, tive medo de que a pandemia voltasse e de que os shows voltassem a ser vetados. E foi quando estava perto de acontecer este show que decidi eu mesmo fazer a apresentação e expor esse sentimento, fazer brindes para as pessoas que estavam presentes e não deixar de me lembrar das pessoas que perdemos durante a pandemia.

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VM: É de cunho público que você é um dos nomes por trás da Top Link Music. Se não me engano, o evento seguinte ao Rocking Your Life organizado pela empresa em São Paulo foi o show do Matanza Ritual em 10/04 deste ano no ex-Tom Brasil, já rebatizado como Tokio Marine Hall. Fui informado que você infelizmente não estava por lá, pois viajava, então pularei para a apresentação da cantora finlandesa Tarja Turunen, com abertura do Shaman, na mesma casa de shows. Conte-nos algum segredo de bastidor sobre esta noite, algum acontecimento das internas na hora da resenha com os músicos, seja antes ou após o espetáculo, por favor!

PB: Sim, não pude estar presente no Matanza Ritual, por mais que eu quisesse muito, mas me encontrava em Los Angeles nesse dia gravando para a série de TV "O Garimpeiro do Rock & El Baron". No dia anterior ao show da Tarja, eu saí para jantar com ela, como sempre fazemos quando ela vem ao Brasil. Saímos apenas ela e eu para colocarmos o papo em dia. Nós somos amigos há mais de vinte anos, desde as primeiras vezes que o Nightwish veio ao Brasil. Ela conhece a minha família, assim como conheço a dela, então existe um relacionamento muito maior do que apenas trabalho. Uma situação de bastidores: quando estávamos indo jantar, me bateu uma loucura. Eu sabia que, naquele momento, o Rafael Bittencourt, que tem o Canal Amplifica, estaria gravando e a churrascaria a onde eu estava indo com a Tarja era perto dali. De última hora, decidi, sem avisar nem a Tarja e nem o Rafael, e simplesmente interrompi o programa junto com ela. Foi um momento muito emocionante e único. Às vezes me dou essas liberdades, pois tenho amizade, nesses trinta e três anos de show business, com todos os artistas. Eles sabem que às vezes sou um louco atrevido, mas no bom sentido, nunca com coisas que sei que podem ser ruins. E no dia do show, no camarim do Shaman, conversei com eles, que me deram o DVD do RituAlive oficialmente. Como vocês sabem, fui empresário da banda no começo, "saí" da banda no meio da turnê e nunca tinha pegado a minha cópia. Afinal de contas, fui eu quem teve a idéia deste DVD e desenhei como seria a produção. Foi muito bom ter os amigos tocando de novo num show meu.

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VM: O grande evento posterior talvez tenha sido seu maior desde a retomada: novamente no Tokio Marine Hall em 02/07, porém esgotando os ingressos e apenas treze dias depois de o Angra tocar no Espaço Leste. Além disso, das quatorze datas da primeira perna da turnê, treze foram sold out! O quão satisfeito você ficou com toda esta repercussão para a Rebirth 20th Anniversary Tour? Já há novos shows sendo agendados para dezembro, numa continuação do giro, certo?

PB: Como as pessoas sabem, antes de pandemia, me demiti de todas as bandas que eu empresariava, pois precisava tirar umas férias. Tenho um relacionamento muito próximo com todas as bandas com as quais me envolvo, tipo família. Ter ficado longe do Angra por mais de dois anos e meio nos fez sentir muita falta e vi que estavam acontecendo umas coisas em termos de banda e também de marketing que não estavam sendo bem feitas. Então, quando fui convidado novamente por eles para voltar, eu sabia que precisava fazer muitas mudanças e sabia exatamente o que seria necessário para a banda voltar com tudo nesta retomada. Então desenhei uma estratégia.

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As pessoas às vezes acham que é apenas anunciar um show e pronto. Tem toda uma estratégia de marketing por trás, que tem que ser muito bem organizada e planejada. Além disso, planejei tudo para um período de dois anos, com tudo o que acontecerá, e isso precisa acontecer do modo que foi planejado. Então o sucesso do Tokio Marine Hall com os ingressos esgotados, tendo ficado, inclusive, muita gente de fora, foi resultado de duas coisas importantes: a vontade reprimida do fã, que não via um show do Angra havia quase três anos; e as estratégias de marketing e de comunicação que foram feitas assim que foi confirmada minha volta com a banda. Se você vir o arco de programação dentro das redes sociais da banda, se você prestar atenção em tudo que aconteceu, perceberá que esse marketing deu resultado. Além, é claro, da celebração desse maravilhoso álbum que é o Rebirth.

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VM: Em nossa entrevista anterior, você afirmou: "O certo na comunicação entre empresário e artista, e sempre defendo essa tese, é que o empresário necessita estar envolvido na parte artística que o músico está fazendo, pois, como sempre digo, o empresário faz música com os negócios e, se ele não está envolvido na parte criativa, não irá saber como vender ou posicionar um produto". Em termos práticos e no melhor sentido do termo, quais "pitacos" você deu para a realização da Rebirth 20th Anniversary Tour que acabaram se revelando fundamentais no processo como um todo?

PB: A comunicação do empresário com o artista na parte musical e criativa é essencial. Sempre faço questão de estar envolvido, não apenas nas reuniões de negócios, mas também quando são situações como: eu mesmo acompanhar muitos shows da banda ou as reuniões que têm a ver, inclusive, com escolha de repertórios ou escolhas de decisões de produção visual. A decisão de ter feito essa turnê do Rebirth surgiu junto com a minha volta. Uma coisa feita naturalmente entre o Felipe, Rafael, Kiko e eu. Assim que tomamos essa decisão nessa minha primeira reunião como empresário da banda em que fiz o planejamento, já tínhamos decidido que a turnê teria esse cunho.

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VM: Voltando à linha do "Conte-nos algo sobre o show", queria direcionar o foco para o Symphony X te lembrando de um causo de 03/08/19, do qual não sei se você se recorda. Num dado momento, Russell Allen indagou se os fãs os veriam novamente caso regressassem a São Paulo. Após estrondosa resposta afirmativa de um Tropical Butantã lotado, o frontman olhou para você (e notei porque estava no camarote ao lado do seu – cuidado, jornalistas são um perigo!) com ares de: "Tá vendo? É só trazer a gente de novo". E você trouxe! Demorou um pouco em função da pandemia, o Tropical está fechado e o show migrou para o Tokio Marine Hall. Você se lembra deste episódio?

PB: Sim, me lembro! Tenho um relacionamento com o pessoal do Symphony X desde 2001. Creio que a única vez que não trabalhei com eles na América Latina foi quando eles tomaram a errada decisão de virem na época do M.O.A. e eles se arrependem amargamente disso, mas, nessa época, eu estava muito ocupado com outras turnês. A volta deste show foi incrível e é sempre muito divertido estar com eles, além da música sensacional que fazem. E o Russell, para mim, sem dúvida, é o melhor vocalista do mundo – se não for o melhor, é pelo menos um dos três melhores do mundo. Então é sempre uma maravilha vê-los ao vivo e muito mais ainda trabalhar com eles.

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VM: Olhando para o futuro próximo, a Top Link trará o Sons Of Apollo ao Tokio Marine Hall em 13/08, ainda que sem Billy Sheehan, substituído pelo não menos competente Felipe Andreoli. Este talvez tenha sido o show que mais teve remarcações desde a data original. Deu muito trabalho fazer com que ele não fosse cancelado? [nota: a tão aguardada volta do quinteto a São Paulo se deu entre a elaboração desta conversa com Paulo e a publicação aqui no site]

PB: Você não tem idéia! Estes shows estão sendo salvos por um triz e não dava para ter mais um adiamento. E quando vi que era definitivamente impossível que o Billy viesse para a América Latina, veio a idéia da possibilidade de colocar o Felipe Andreoli, que, como todos nós sabemos, é um dos melhores baixistas da atualidade. E tenho certeza de que muitas pessoas no mundo vão perceber isso com ele tocando com Mike Portnoy, Derek Sherinian, Jeff Scott Soto e Bumblefoot. Ele estava precisando desta oportunidade, eu sabia que ele é muito fã do Mike e que ele teria dado qualquer coisa para ser parte deste espetáculo. Então o convidei, a banda concordou e agora veremos o que irá acontecer e quais vão ser as resenhas no mundo e dos fãs sobre esse espetáculo. É interessante: é claro que, como promotor, estava com medo de que as pessoas não comprassem mais ingressos, afinal de contas, o Billy é uma lenda. Mas percebi que isso não afetou em nada e as pessoas estão muito querendo ver o Felipe tocando com o Sons Of Apollo. E, afinal de contas, isso também me deixa, mais uma vez, fazer parte da história do rock, fazendo uma escolha e tomando uma decisão. Afinal de contas, a vida é feita de decisões. Só temos que saber tomar as certas. Sou um cara que gosta do risco e sempre fui assim, então decidi correr esse risco.

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VM: Aliás, por que tantos shows no Tokio Marine Hall? Há um custo menor em fechar um pacote de aluguéis com uma determinada casa? Ou todos esses casos têm a ver com a demanda de ingressos para um local maior? O Blues Bills também virá pela Top Link, mas furando a teoria, tocará no Carioca Club.

PB: Não sei por que, mas além de eu gostar muito da casa, sinto que o Tokio Marine Hall me deu sorte. A maioria dos meus shows lá tem uma grande quantidade de público. Gosto de produzir lá e sou tratado como se praticamente fosse da família do pessoal da Tokio. Existe um relacionamento de muita confiança entre ambos e, segundo o dono do Tokio Marine Hall, sou o produtor que mais fez eventos lá, o que, para mim, é um grande orgulho. Gosto também de fazer em outras casas, mas às vezes me sinto inseguro. Não sei por que e é engraçado isso. Tenho outros shows que estou fazendo em outras casas: o próprio Massacration será na Audio [nota: em 06/11] e estou me dando mais uma oportunidade [risos]. Igual ao Carioca Club, onde faço poucos shows e estou me dando uma oportunidade [risos]. Espero que dê certo.

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VM: Saindo um pouco dos seus shows, te vi num dos camarotes no Stones Music Bar em 20/03, data do An Evening With Jeff Scott Soto & Eric Martin. Como funciona essa relação com a "concorrência"? Evidentemente, deve existir um saudável lado competitivo, mas suponho que o respeito deva rolar sempre, pois é normal um produtor querer assistir a espetáculos de outros promotores de evento e acontecer uma gentil liberação de acesso ou troca de ingressos, certo?

PB: Em primeiro lugar, sou um amante da música que tive a sorte de realizar meus sonhos no meio dela e trabalhei muito para isso. Eu sempre falava que, no dia em que pudesse entrar nos shows de forma gratuita, isso significaria que eu era uma pessoa importante no show business. Há mais de vinte e cinco anos que não compro um ingresso e isso é muito gratificante para mim. Sou amante dos shows! Aliás, meu hobby, além de andar de moto com minha Harley, é assistir a shows. Em qualquer cidade do mundo a que vou, a primeira coisa é olhar a agenda do que irá acontecer por lá. Então, para mim, se estou num show, seja como produtor, como empresário de banda, ou como um convidado, o que mais importa é que o evento seja perfeito. Agora, quando alguém, por um erro ou por qualquer coisa, me dá um convite que considero que não seja adequado pela minha história, por mais que possa parecer arrogante, me sinto desrespeitado e aí prefiro não comparecer. Graças a Deus, isso não tem acontecido. E é engraçado: mesmo quando vou a shows em países, como Estados Unidos ou na Europa, os artistas sempre me esperam com credencial, nem precisam me perguntar se vou sozinho ou com alguém e sempre deixam uma cota consistente. Acredito que esse é o respeito que precisamos ter entre os produtores, os que fazemos o show business rolar. Eu mesmo posso não ter muita simpatia por algum produtor, mas sempre posso credenciá-lo para um show meu, pois apenas nós que somos produtores sabemos o difícil que é fazer isso.

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VM: Agora gostaria de abordar tópicos mais gerais. Você teve a chance de conhecer inúmeras cidades brasileiras acompanhando turnês com as bandas nos shows que produz. Quais delas mais te surpreenderam positivamente e por qual motivo?

PB: Costumo falar que conheço o Brasil muito mais do que muitos brasileiros. Embora more aqui desde o ano 2000, já desde o começo dos anos 90 eu trazia shows para cá e tive a oportunidade de levar artistas a regiões onde ninguém antes os levava. No decorrer do tempo, as cidades foram mudando e, para mim, agora é difícil lembrar que lugares. Para falar um, posso falar que a primeira vez que o Scorpions se apresentou em Manaus, em 2007, tinha mais de setenta mil pessoas. Num lugar aonde não chegavam shows desse tamanho, corremos esse risco e o show superou tudo.

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VM: E nada contra a cidade, aliás, lindíssima, mas por que a opção de morar em Curitiba se grande parte dos seus shows são em São Paulo? Há alguma razão logística para se morar lá?

PB: Para mim, além de ser uma das cidades mais lindas do Brasil, minha mãe e meu pai tinham se mudado para Curitiba no ano de 2000. Eles são antropólogos. E quando ia nascer minha filha, pensei que a melhor opção seria que ela nascesse no Brasil. Já que, afinal de contas, minha família e a família da mãe dela estariam também por lá, além de eu ser um apaixonado pelo Brasil. Morei por seis anos na Inglaterra e gosto desse jeito do curitibano de ser um pouco mais distante e não se intrometer muito na vida alheia. Hoje me considero curitibano. Ou será que sempre fui e não sabia?

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VM: Pura curiosidade e nem sei se você gostaria de falar a respeito, mas qual a relação de apresentações que dão lucro e prejuízo em termos proporcionais? 10 para 1? 20 para 1? Ou, sabendo promovê-lo, nenhum show deixa o produtor no vermelho?

PB: Há artistas que vendem por si só. Mas mesmo os artistas que vendem por si só podem ser estragados se um produtor não souber trabalhar e já vi casos assim acontecer. Então, na verdade, a relação do marketing e do trabalho com o artista é fundamental. Cada artista precisa ser tratado de uma forma diferente, mesmo que, na essência da venda, pareça a mesma coisa, mas não é. Cada artista tem sua maneira de como tem que ser apresentado para um público. E como às vezes fazer um link de um artista com outro para que as pessoas que não o conhecem virem a conhecê-lo.

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VM: Sem entrar em valores, qual show te deu mais retorno financeiro e qual o maior prejuízo, se é que já aconteceu de você ficar no débito?

PB: Não gosto de falar qual foi o artista que mais me deu resultado financeiro, mas sim posso falar que o segundo Live ‘N’ Louder, em 2006, me trouxe um prejuízo muito grande. Não apenas em termos financeiros, além do tempo investido ter trazido um prejuízo financeiro. Mas sou um cara que sempre consigo tirar coisas boas nas piores situações. Esse Live ‘N’ Louder, apesar das perdas financeiras, me trouxe grandes coisas em termos de relacionamento e também de posicionamento. E, afinal de contas, que coisa mais maravilhosa ter estado ao lado de David Lee Roth e ter curtido alguns dias com ele!

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VM: O meio musical tem muito ego envolvendo jornalistas, fotógrafos, bandas e produtores. Quais dicas você dá para lidar com ataques de estrelismo, seja lá de quem for nesse balaio?

PB: Acho que todo mundo se sente importante nesse show business e às vezes a gente não se enxerga. Temos que pensar que todos nós somos iguais e que todos nos sentamos no mesmo tipo de trono, que é o banheiro. Se pensarmos dessa maneira, afinal de contas, ao menos uma vez ao dia precisamos deste trono, acredito que essa é uma maneira de pensar que, no final das contas, todos somos iguais.

VM: Antes de encerrarmos, gostaria que você falasse algo sobre a série "O Garimpeiro Do Rock & El Baron", o que você quiser nos revelar a respeito!

PB: "O Garimpeiro do Rock & El Baron" é uma série em que eu e o Garimpeiro (Orlando) buscamos os novos rock stars que sabemos que estão escondidos ou precisam estar mais visíveis e a gente faz uma conexão entre esta busca e também os mostrando aos grandes rock stars. Temos convidado pessoas de bandas como Megadeth, Scorpions, Ratt, Quiet Riot, Tarja Turunen, Henrique Fogaça, Angra, produtores importantes como Roy Z e até o Phil Carson, lenda do rock mundial que foi o produtor que descobriu e assinou com Led Zeppelin, Yes e tantas outras bandas. Eles fazem parte desta saga na busca de fazer com que os sonhos se tornem realidade. Estamos no meio das gravações e passo o tempo entre fazer meus shows e gravando. Inclusive, tem uma parte do capítulo que foi gravado dentro do show do Angra no Tokio Marine Hall e tenho certeza que essa série vai revolucionar o rock, pelo menos aqui no Brasil. Ela está sendo produzida com muitíssima qualidade, há partes gravadas em Las Vegas, Los Angeles e em várias cidades do Brasil e também terá a participação de muitos artistas nacionais. De vez em quando, solto algum teaser ou alguma outra coisa em minhas redes sociais: @toplinkmusic.

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VM: Concluindo, e prometo que é a última menção à nossa entrevista anterior, quando falamos sobre cultura mexicana, citei: as pirâmides de Teotihuacán; os murais de Diego Rivera no Palácio Nacional; o degustar de um mole, prato típico com chocolate no molho; e o mezcal. Em resposta, você recomendou: conhecer Xochimilco; ir à Lucha Libre; ir a Zócalo; visitar a Basílica da Virgem de Guadalupe; e comer um pozole, um de seus pratos favoritos, feito de milho. Nesta "Incursão ao México – Parte 2", o que você indicaria que ficou faltando da outra vez?

PB: O meu México querido é fascinante em todos os sentidos. E se você for, por exemplo, para os Cabos, além de você poder ir ao famoso bar de Sammy Hagar em Cabo Wabo, você irá encontrar praias inacreditáveis que poderiam ser relacionadas a Marte (será que lá tem praia?): são muito exóticas. Você pode ir a Puerto Vallarta, onde tem uma praia chamada Yelapa, inclusive, em tempos passados, cheguei a levar o pessoal do Rammstein e o próprio Andre Matos para lá, onde passamos vários dias, e você pode nadar entre golfinhos e até baleias. E, à noite, podem chegar até você as iguanas gigantes, mas que são mansas. Fora tomar uma raicilla, uma bebida muito mais forte do que a tequila ou o próprio mezcal. Eu iria também às Múmias de Guanajuato. E por que não ir à minha Guadalajara querida e escutar um mariachi tomando uma tequila na Plaza de los Mariachis?

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Aproveitando, vou contar uma estória muito interessante: em 2007, quando fui a Guadalajara com o Scorpions, não ia ao México havia muitos anos. Eu estava louco para comer tacos e os melhores tacos são os de rua, em carrinhos similares aos de cachorro-quente aqui no Brasil. Era uma vendinha de tacos a que eu ia com meus pais quando era criança e convenci todos os membros do Scorpions a levá-los para comer esses tacos. O mais bizarro foi que cada um chegou numa limusine estacionando na rua, com motoristas e seguranças, e todos descemos para comer tacos na rua igual a qualquer ser humano: ao lado do bigodudo de chapéu e do cara que estava com o sapato furado. Afinal de contas, é o que falei anteriormente: nosso trono verdadeiro está quando vamos ao banheiro e somos todos iguais.

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

VM: Paulo, muito obrigado pelo seu tempo. Espaço livre para você dar seu recado final!

PB: Nunca deixe de acreditar em você! Apoie o rock para que tenhamos música para sempre. E respeite o legado de todas essas bandas maravilhosas e pessoas que fizeram a história do rock estar vivo. Se a gente respeita o legado, conseguiremos chegar ao futuro, quem sabe fazer parte da história e poderemos pedir respeito no futuro. Se vocês quiserem saber um pouco mais do Garimpeiro nesta busca para achar os rock stars e para eles conseguirem realizar seus sonhos, sigam @garimpeirodorockeelbaron.

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Sobre Vagner Mastropaulo

Bacharel em Letras Inglês/Português formado pela USP em 2003; pós-graduado em Jornalismo pela Cásper Líbero em 2013; professor de inglês desde 1997; eventualmente atua como tradutor, embora não seja seu forte. Fã de música desde 1989 e contando... começou a colaborar com o site como as melhores coisas que acontecem na vida: sem planejamento algum! :)
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