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Tico Santa Cruz: "o que não pode, no rock, é a galera adotar o discurso do careta"

Por Flávio Fogueral
Fonte: Notícias Botucatu
Postado em 20 de março de 2018

O rock and roll, após seis décadas inspirando gerações, vê-se diante de uma incógnita: novos públicos que não se identificam mais com o estilo ou simplesmente não encontram nas composições a inspiração para contestar a política, alento nas mudanças de etapas da vida ou mesmo refletir sobre os sentimentos individuais.

A grande questão para artistas das mais variadas vertentes, é buscar o equilíbrio entre as inovações tecnológicas, mudanças do mercado fonográfico e, principalmente, um público que está em constante disputa pelos diferentes estilos que fazem a salada musical de um país como o Brasil. Tudo isso, acentuada, nos últimos vinte anos, na arena infinita da internet.

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A banda Detonautas, inclusive, tem sua origem amarrada à revolução que a internet provocou no meio musical, no final da década de 1990. Compartilhamento de arquivos (simbolizada pelo antigo Napster) e a derrocada das vendas de mídias físicas (como o CD e DVD) era o cenário que os músicos encontraram pelo caminho nestes vinte anos de carreira.

Os integrantes, por quase uma ironia do destino, Luís Guilherme de Araújo (Tico Santa Cruz) e Eduardo Simão (Tchello) se conheceram em uma sala de bate-papo virtual. Entre idas e vindas o grupo alcança repercussão, principalmente em uma internet pré-mídias sociais e com o YouTube ainda engatinhando. A opção foi ainda apostar nos meios tradicionais como a televisão e o rádio para a divulgação de trabalho. Detonautas passou a ser presença garantida na extinta MTV Brasil.

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Hoje a formação do grupo está com Tico Santa Cruz (vocal, guitarra e violão), Renato Rocha (guitarra, violão, piano e vocal de apoio), Fábio Brasil (bateria), Cléston (DJ), Philippe (guitarra e vocal de apoio) e André Agrizi, o Macarrão, no contrabaixo. E foi esta a banda que subiu ao palco do 1º Festival Rock in Btu, realizado em Botucatu, em 11 de março.

O show faz parte da turnê de divulgação do novo álbum, o VI, que mescla o rock tradicional com composições acústicas. A apresentação empolgou a plateia não só pelos hits das mais de duas décadas de carreira, mas por relembrar outros artistas do chamado BRock como Cazuza e Legião Urbano. Entre uma música e outra, Santa Cruz, formado em Ciências Sociais e conhecido por sua postura politicamente ativa, ressaltou que o Brasil vive momentos de profunda transformação e que o rock and roll tem a missão em ser a "resistência" contra retrocessos na política e nos direitos sociais.

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Ao Notícias Botucatu, Tico Santa Cruz frisou as mudanças no consumo da música, além de falar sobre os rumos que a banda tomou nestas duas décadas, influências do hip hop, rap e eletrônica, além de uma análise quanto à influência que a cultura pode ter em um momento de transformação pela qual a sociedade atravessa quanto a valores, representado pela onda de radicalismos nos discursos de agentes de influência.

Notícias Botucatu- A internet veio e mexeu profundamente com o mercado fonográfico. Inclusive a história da banda está diretamente ligada à rede mundial de computadores, ao início e agora com a popularização das mídias sociais para a divulgação e proximidade com os fãs.

Tico Santa Cruz - Para a gente, como músicos e artistas, disseminar nosso conteúdo ao máximo de pessoas possível democraticamente, já que a internet tem essa característica de todos estarem nela e poder, com isso, difundir o seu trabalho livremente e acessa quem quiser. É algo mais livre para que as pessoas tenham acesso. Isso mostra que a internet potencializa essa nova forma de consumir. Por outro lado tem um paradoxo; pois quando as coisas ficam muito velozes, fica pulverizado. Isso ocorre porque se dilui pois a internet agrega "universos" muito maiores do que estávamos inseridos antigamente e o consumo é rápido. O cara tá no Facebook, vendo o Twitter, postando no Instagram, alimentando um blog ou mesmo na conversa com outras pessoas simultaneamente enquanto está consumindo música. Isso perde um pouco do que era quando se pegava um CD, e se concentrar unicamente na música. Sei que tem a galera que ainda faz isso, mas as coisas estão mudando. Essa é a parte onde se consome música. Agora, para o mercado, é outra ‘parada’. Há plataformas de streaming, mas ainda está muito longe de se acertar a questão do direito autoral que seja adequado para retribuir o trabalho do artista. É uma briga longa e que vai acontecer muito debate em cima disso, ainda. Nem em países que se pagam bem os direitos autorais, com leis aprimoradas, mas ainda vai demorar para que os artistas ganhem algum dinheiro com a internet.

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O VI é um trabalho que, além de celebrar os 20 anos de carreira, move a banda para uma guinada mais pop nas composições, que estão mais românticas. Já é um trabalho consumado e cujo público absorveu as mensagens. A partir disso, o grupo já desenvolve a continuação deste álbum?

Tico Santa Cruz - O VI é um disco bacana, mais tranquilo para se ouvir com calma; e muitas composições embaladas por violão. Essa tem sido a nossa vibe. É a sonoridade que o Detonautas quer para esse momento. Quem sabe para o futuro nós tenhamos mudanças nas composições, sem deixar essa energia dissipar.

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O rock já é um estilo com mais de 60 anos de existência. Nesse tempo todo conviveu e enfrentou a concorrência de dezenas de diversos estilos. Ainda mais no Brasil, por ter sido um movimento restrito e que hoje perde espaço na mídia tradicional. De que forma o rock pode se reinventar?

Tico Santa Cruz - É difícil. Estamos passando por um momento complicado. O rock é apenas 1% do mercado fonográfico brasileiro. Mas acho que é cíclico. O que não pode do rock é a galera adotar o discurso do careta. O rock tá careta demais hoje em dia. As pessoas querem se achar melhores que os outros e isso acaba com a proposta do rock, que é a transgressão. Temos que aceitar que hoje outros estilos fazem esse papel e se adaptar com essas vertentes. Então é cada um no seu, temos que entender e reconhecer e, claro, reconhecer as bandas novas para tentar oxigenar o rock and roll.

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… inclusive era a proposta do Detonautas em sua origem, quando mesclou a música eletrônica na essência e não se aproveitou de um modismo instantâneo.

Tico Santa Cruz - Na minha vida o Hip Hop é uma influência. A entrada do Cléston mostrou uma outra maneira de se fazer música pelo Detonautas. Aí a música eletrônica entra, o rap participa de nossas composições e fizemos parcerias com bandas de hip hop. Isso é legal porque o rock é livre para incluir o que quiser, desde que não perca a sua essência.

Não somente nas redes sociais, mas sua atuação política é conhecida e por vezes, cercada de polêmicas. Como o rock pode ser uma ‘resistência’ neste momento em que o país vive uma rediscussão de direitos e acirramento de opinião?

Tico Santa Cruz - Tem que se tomar cuidado para o rock não fomentar ou se tornar parte deste sistema opressor que estamos vendo se levantar. Tem uma galera do rock e que não vou citar nomes porque não estou para censurar ninguém, pois ainda vivemos em uma país democrático, em que cada um fala o que quer desde que, respeite as pessoas, não humilhe ou impondo determinadas questões que estão em discussão no mundo. Há uma crescente em posições conservadoras mas eu, como artista, além da nossa música e que está na essência dessa arte, podemos alertar as pessoas com questionamentos sobre isso. Mas tem que saber dosar para não passar do limite e virar algo panfletário.

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2018 pode ser um divisor de águas tanto na política, independente da vertente ideológica, quanto nas discussões sociais. De qual maneira enxerga o país a partir deste ano de intensa movimentação?

Tico Santa Cruz - Não consigo enxergar nada...

… é pessimista?

Tico Santa Cruz - Não seria pessimismo, mas passamos por momentos complicados. As pessoas precisam ter consciência de que o ‘sistema’ está dentro do Congresso Nacional. Não adianta achar que a briga estúpida na internet usando a famosa hashtag com o nome do candidato favorito e esquecer que o Congresso é formado por senadores e deputados e que as decisões passam por eles. Enquanto a sociedade não tiver essa consciência de fazer a melhor escolha, pode colocar Jesus Cristo lá dentro que nada se resolverá.

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Até que ponto é prejudicial a artistas adotarem lados em discussões políticas?

Tico Santa Cruz - Se você abre o seu lado para abordar questões, tem estar ciente das consequências que isso implicará. Tem que ponderar se vale ou não entrar em tais debates. É pesado e só para quem tem estômago para poder entrar. Política é algo para quem tem estômago.

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