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Atrorium: "Preferimos seguir com a música, que é o que importa"

Por Pedro Hewitt
Fonte: FullRock
Postado em 09 de março de 2017

Pedro Hewitt: Saudações melódicas a todos da Atrorium. Como estão? Com orgulho deixo logo aberto os créditos iniciais a vocês.

Cássio: Estamos todos ótimos e cheios de planos pra esse ano. Com certeza vocês verão muitas novidades da Atrorium esse ano!

Pedro: De início, de onde surgiu a Atrorium? E porquê tamanha valorização pelo nome?
Camila: Eu sempre tive muito respeito e apreciação pela natureza, e sempre tentei trazer em tudo o que fazia um alerta para as pessoas também atentarem pra importância e magnitude dela na nossa vida. Aos 19 anos passei pro curso de Biologia, e lá tive um contato mais profundo a respeito desse assunto. E bem nessa época surgiu a banda, e precisávamos escolher um nome que trouxesse um peso de significado que fosse equivalente as nossas ideias de letras e som. Então foi em uma busca por nomes científicos de arvores brasileiras que eu encontrei a base que precisava, "Astronium" que virou Atrorium.
A arvore é uma de médio a grande porte, capaz de suportar os extremos climas, úmido ou seco, e possui flores de cores diferenciadas. Atribuí isso a um significado mais ideológico de que a Atrorium é uma árvore monstro guerreira, capaz de suportar quase tudo e disposta a lutar pelos ideais de um mundo melhor. tanto que a capa do nosso primeiro EP é a mesma em formação com um exercito de arvores, que significa o inicio de sua jornada.

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Pedro: Posso estar enganado, mas já ouvi boatos que existiu uma outra banda com o mesmo nome por aqui, mas o que realmente é a Atrorium de Melodic Metal? O que ela representa pra vocês e aos seus ouvidos?
Cássio: Nós desconhecemos uma banda com o mesmo nome! Como a Camila deve ter comentado, o nome foi uma adaptação do nome científico de uma árvore brasileira. Dificilmente pode ter existido banda com esse nome. Se existiu, não encontramos registro algum, pois já vasculhamos a internet com esse nome e só vimos matérias a nosso respeito

Pedro: Já pensaram na possibilidade da Atrorium se tornar um Melodic Death Metal (Devido os vocais mais pesados de Cassio e os instrumentos as vezes mais 'extremos')? Nunca se sabe o dia de amanhã com aquele BAM! de surpresa.
Cássio: Isso seria uma baita reviravolta, não?! Todos nós temos gostos muito variados, dentro e fora dos subgêneros do metal. O objetivo do gutural, riffs e grooves que podem lembrar Death e Thrash são feitos para criar mais climas e dinâmicas nas músicas, tentar criar algo que nos defina no meio de tanta banda do que chama de Symphonic. Acho difícil sermos uma banda de Death principalmente pelo motivo de que não me dou bem em ter que ficar no centro do palco e depois que nossa música é pensada pra voz da Camila. Precisamos de algo que seja delicado e agressivo em determinados momentos!

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Pedro: Camila, poucas vezes me deparei com vocais femininos aqui em Teresina. Creio que dê pra contar nos dedos, e que 99,9% das presenças eram de banda cover. Você demonstra clareza e sutileza facilmente em seu vocal, criando uma área e uma 'cozinha' extremamente apropriada para aquilo que tocam. De onde surgiu tanto talento? Conte-nos mais da sua evolução, e quais conselhos daria para as garotas que querem ter banda, seja ela de Melodic ou algo mais extremo.
Camila: Obrigada! Primeiramente é mais do que minha obrigação agradecer, o canto é um instrumento bastante peculiar e apesar de não ser considerado é um instrumento que precisa sim de muito estudo e dedicação. Eu sempre gostei de cantar, mas apenas aos 15 anos tive oportunidade de fazer aula de canto, na escola de música de Teresina, onde tive ajuda de professores maravilhosos como o Edivan Alves e Gislene Danielle. Eles me passaram o conhecimento teórico de técnicas vocais necessárias pra que eu atingisse alguma maturidade pra conseguir cantar na Atrorium e me unir mais com a sonoridade da banda. Desde então nunca parei de estudar, e é preciso uma dedicação diária de exercícios e estudo vocal pra manter a saúde e conseguir cumprir com shows e ensaios. O conselho que dou a todas as meninas que querem ter uma banda nesse meio: Não desistam, nem de estudar canto, nem de insistir por um lugar em meio a um cena que ainda não se acostumou que mulher também tem seu espaço no meio musical do metal. As dificuldades e críticas sempre vão existir, o que vai determinar seu sucesso na sua meta é a sua insistência e perseverança.

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Pedro: Alguns frutos foram colhidos devido a quantidade de shows, não foi a toa que mostraram o som de vocês 'cara a tapa', lançando até o EP "Building New Days". Na humilde opinião de vocês, como percebem a inserção de mais um disco de Metal no cenário nacional? Como se deu o processo de criação e produção? Aliás, como vocês olham o mercado musical para as bandas que estão crescendo aos poucos?
Cássio: O primeiro material de uma banda geralmente é algo experimental. Tentamos gerar algum impacto nas pessoas que já conhecem a banda e que vão conhecer com o nosso primeiro material. Estamos bem longe do Mainstream pra afirmar que o nosso EP faça algum tipo de diferença na realidade do metal nacional, mas para nós a diferença estar em ser uma banda com versatilidade musical. Nós pensamos na música e simplesmente a fazemos, sem ter o "preconceito" de que está leve demais ou pesado demais pra ser da Atrorium. Isso acaba nos deixando indefinido quanto ao estilo de fato, mas nos dá com certeza uma gama de possibilidades nas composições! Sobre o processo de criação e produção, podemos dizer que foi algo totalmente livre e independente. Todas as músicas já estavam sendo executadas em shows antes e durante a gravação do EP, só acrescentamos alguns detalhes na gravação, uma guitarra aqui e um outro groove de bateria ali, além de vários vocais e orquestra. Isso foi feito em conjunto com o Marcos, que gravou, mixou e masterizou o EP. A capa do EP foi feita pelo Kaio Bakargy, um amigo do Mato Grosso do Sul que faz impecáveis artes para banda de metal, precisam conhecer o trabalho dele! O mercado é a parte mais problemática quando se tem uma banda. Ter que nos preocupar com business e fazer música na maioria das vezes é cansativo, mas temos grandes expectativas para a Atrorium, cada vez mais pessoas têm apreciado nosso trabalho, o que é algo gratificante. Por meio de amigos de amigos e das redes sociais temos feito muitos fãs! A questão sempre é levar a nossa música pra fora. Isso fará toda a diferença! .

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Pedro: Para vocês, o que a Atrorium pode representar no cenário geral nacional? Vocês diriam que são do underground, ou descartam esse palavra, e preferem seguir em frente conforme a música?
Cássio: Com toda certeza não queremos desrespeitar tribo alguma, então preferimos seguir com a música, que é o que importa. As vezes é muito leve, e outras muito pesada e com uma boa pitada de ódio. São coisas do momento. Se nos chamarem pra um show Underground(o que já houve), tocaremos com toda certeza, assim como em qualquer festival de Rock/Metal do Mainstream!

Pedro: Ainda sobre o EP, muitas bandas ficam com medo de fazer uma som igual ao de vocês, gravar um material ou executar um som que 'espante' o público por não serem acostumados (Logo aqui em THE o que predomina é o Death Metal). Acompanho vocês já se tem um certo tempo, mas confesso que não sei se vocês arriscaram ou fizeram um estudo bem amplo para produzirem "Building New Days", logo houve algumas gravações extras para chegar até onde chegaram. Normalmente faço a mesma pergunta com outras bandas, e com vocês não pode sair em branco. Qual importância do português, mesmo sem a criação de uma faixa nesta linguagem, hoje em dia no underground?
Camila: Acredito que possui toda a importância, a começar pelo fato de que a música tem como obrigação, além da mensagem sonora transmitir também uma mensagem ideológica. E é preciso do estudo e conhecimento da língua para conseguir comunicar uma mensagem através das letras com clareza.
Pedro: O que vocês têm a dizer sobre o cenário ao redor de cada um? E no Brasil? Quais os tipos de bandas na atualidade que merecem ser entendidas como Undergrounds e 'médias', e aquelas que, na opinião sensata de vocês, claro, não merecem ser?
Camila: Eu acho que nenhuma banda "não merece ser". Talvez algumas precisem de um maior amadurecimento musical antes de ir ao publico. Acredito também que as pessoas com o passar do tempo estão adquirindo um amadurecimento nessa questão de aceitação das bandas, o que nos trás espaço para todos os estilos e bandas.
Cássio: o cenário muitas vezes parece distorcido. Muita banda boa, mas sem visibilidade alguma. Se não fosse pelo YouTube e Facebook certamente não conheceríamos metade das bandas que conhecemos fora do Brasil e por aqui também. Acho que uma banda Underground é primeiramente aquela que arca com todas as despesas da empreitada que é ter uma banda. São bandas que dão cara a tapa na produção de discos e no planejamento de eventos que divulguem sua banda e dos seus amigos, não dependem da boa vontade de proprietários para poder mostrar seu trabalho.

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Pedro: O que vocês acham dessa galera que faz sucesso muito rápido hoje em dia, isto é, sobre o mercado musical? E desses movimentos em prol ao rock atuais, como coletivos, etc…?
Cassio: tenho certeza que o music business sempre mudou, houve evolução e algumas caídas. O fato é que sempre houve esse tipo de "artista", não sei muito ao certo, mas isso tem a ver com a nossa cultura. Em poucas palavras: quanto mais simples e "escancarada" for a música, mais as pessoas tendem a consumi-las, pois não se tem o costume de interpretar de fato a música. Isso acontece não só aqui no Brasil, como muitos pensam. A música Pop existe pra mostrar isso, não é mesmo? O metal também é assim, existe todo tipo de banda.
Sobre movimentos, sempre são bem vindos desde que sejam bem organizados e possuam um ideal de respeito. Além do que na situação que as bandas se encontram na nossa cidade por exemplo, em que os lugares para tocar AUTORAL são praticamente inexistentes, movimentos que promovam eventos com bandas locais já ajudam bastante no crescimento cultural da cidade.

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Pedro: Principalmente ao Cássio: Qual a diferença entre ser um músico ''profissional'' que toca metal, e ser um headbanger que toca metal?
Cássio: eu imagino que o conceito que as pessoas têm sobre Headbanger é um cara que exala e vive metal, todos os dias, desde o trabalho, em casa e (principalmente) na roupa, já que muito de hoje é imagem. Se esse for o conceito, estou bem longe de ser Headbanger! O músico profissional pode amar o metal, mas é preparado pra tocar MPB, Jazz ou erudito, e ele vive disso tudo, de todos os estilos que a música proporciona, levando influências dessas músicas pro Metal, o que eu acho fascinante. Com certeza o headbanger pode trazer influências vindas de outros estilos, mas acredito que o músico profissional faça isso com mais propriedade. Não desmerecendo quem se classifica como headbanger, mas permanecer num mesmo ciclo de influências não faz bem à ninguém.

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Pedro: Considerações finais? O campo cessa todos os efeitos negativos em grande vitoria de tão bela que ficou essa entrevista. Agradeço de coração o tempo destinado para responder essas perguntas. Nos vemos por ai; Abraço forte para cada um.
Camila: Obrigada Pedro pela entrevista, e a todos que acompanham nossa banda, nosso material e nossa evolução! E nem se preocupem, não pretendemos desistir tão cedo (risos). Lançaremos em breve nosso Primeiro álbum, com bastante conceitos pra vocês quebrarem a cabeça pensando (risos). Obrigada!

Contato, shows, merchandise:
https://m.youtube.com/atroriumofficial
https://m.facebook.com/bandaatrorium/

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Sobre Pedro Hewitt

Estudante, Headbanger, amante de relações públicas, responsável pelo Infektor Self Festival & Toque Rápido ou Peça Perdão, trabalha desde 2015 com produção de shows em Teresina. Teve a oportunidade de trabalhar com grandes nomes do Metal como Onslaught, Air Raid, Enforcer, Fist Banger, Escarnium, entre outros.
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