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Iggor Cavalera sobre Sepultura: "Nem a pau. Eu já virei a página"

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Fonte: Daniel Tavares
Postado em 29 de agosto de 2014

Mais uma vez, por intermédio do produtor cultural Denor Sousa, da Empire, empresa responsável pela vinda do CAVALERA CONSPIRACY para Fortaleza, conversamos um pouco com um dos irmãos Cavalera. Iggor Cavalera nos contou, direto de Londres, sobre o que vai rolar nos shows no Brasil. Conversamos também sobre o MIXHELL, fãs tr00, sobre o SEPULTURA e até sobre o Palmeiras, time do coração dos irmãos Cavalera. Sobre a possibilidade de voltar a segurar as baquetas de sua antiga banda Iggor foi enfático: "Nem a pau". Confira abaixo a transcrição de toda a conversa.

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Começamos por um assunto que você já está cansado de falar, eu também não fico pensando numa reunião o tempo todo. Como falei pro Max, acho muito bom que hajam bandas como o SEPULTURA, SOULFLY e CAVALERA CONSPIRACY, MIXHELL também, todas com a mesma pegada e lançando discos excelentes um atrás do outro, mas, sobre esse assunto, que é inevitável, você parece bem aberto a isso, não é? Teve uma entrevista sua que saiu essa semana em que você dizia que gostaria que seus filhos pudessem ver você tocando novamente com o SEPULTURA. Voltando um pouquinho mais pra trás, recentemente, quando o posto que você deixou no SEPULTURA voltou a ficar vago, logo que o Jean Dolabella saiu, você chegou a cogitar, por pelo menos um instante, voltar a ocupar o banquinho do SEPULTURA e ter pelo menos uma reunião parcial?

Iggor Cavalera: Não. Nem a pau. Nem a pau. Eu já virei a página. Tô desde... Quando eu saí da banda pra mim já era uma outra estória. Até mesmo o convite do Max pra fazer o lance do CAVALERA foi muito em cima disso, foi de fazer uma coisa nova e não ficar vivendo do passado porque a gente tem um puta orgulho de tudo que a gente fez com o SEPULTURA, mas a gente também não pode ficar escravo disso...Então, o lance do CAVALERA, o mais legal de tudo foi isso, fazer uma coisa nova. E é logicamente que a gente leva essa bagagem, a gente tem essa pegada, de coisas que a gente fez com o SEPULTURA, mas, em nenhum momento depois que eu saí da banda eu pensei em voltar. Pelo contrário, quanto mais eu faço outras coisas, mais eu fico interessado em não voltar atrás do que eu já fiz.

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O CAVALERA é uma banda de irmãos. Mas vocês também contam com o guitarrista Marc Rizzo, que é do SOULFLY e toca com seu irmão. Além de trocar demos de Phoenix pra Londres, de Londres pra Phoenix, que cuidados na composição das músicas (além de trocar demos entre Phoenix e Londres) vocês procuram ter para diferenciar uma banda da outra?

Iggor Cavalera: Na verdade o Marc é meio o braço direito do meu irmão. Então é um lance bem legal que o meu irmão adora trabalhar com ele em várias coisas. Quando a gente começou a fazer o CAVALERA meu irmão falou: "Eu acho que o Marc seria um cara legal pra participar", justamente por ser um cara mais imparcial nas coisas que meu irmão faz. Então, ele é um cara que é meio escudeiro do meu irmão, mas ao mesmo tempo não é um cara que é um saco com opiniões "quero fazer assim, quero fazer assado". Então, é um cara que acompanha muito mais do que um cara que quer fazer, quer participar demais, porque querendo ou não o CAVALERA mesmo é a ideia minha e do Max e a gente tem alguns convidados que participaram dessa estória, como já foi...já tiveram três baixistas, cada disco a gente convida um baixista diferente. Isso é legal. E o Marc é um cara que tem acompanhado toda essa estória do CAVALERA CONSPIRACY e eu acho que é um cara que foi bem nesse lance, porque é um cara super tranquilo e curte bastante o som que a gente faz, então funciona super bem.

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E como é voltar a pegar a estrada com seu irmão?

Iggor Cavalera: É legal, mano. A gente consegue fazer essas tours do CAVALERA entre as turnês do SOULFLY, do que eu faço com o MIXHELL, todas essas coisas, a gente acaba meio que encaixando o CAVALERA, o que é legal pra caramba, porque logicamente eu adoro ficar com meu irmão, fazer coisas junto com ele e ao mesmo tempo a gente consegue dar um tempo nas coisas que a gente tá fazendo e focar num outro projeto. Isso como músico também é muito importante porque você dá uma respirada de outras coisas que você tá fazendo, concentra 110% no CAVALERA, depois volta pras outras que você tá com uma energia nova. Então eu acho que isso é uma declaração do CAVALERA ser uma coisa tão gostosa de fazer junto com o meu irmão é por isso. A gente dá uma desencanada e, logicamente, rever essas coisas, rever a família, a gente tá viajando muito, então todas essas coisas são bem legais.

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Sobre o MIXHELL, existem alguns fãs de metal que rejeitam completamente qualquer outro tipo de música, os chamados troos, aqueles que dizem que SEPULTURA, METALLICA, só é bom o que é "das antigas". Você está num projeto de música eletrônica com sua esposa (LAIMA LEYTON), o MIXHELL, que você chega até a incorporar um pouco o peso do metal tocando bateria e um baixista, uma coisa de banda mesmo. Antes de começar, chegou a sentir algum receio de ser rejeitado pelos fãs, aqueles mais radicais?

Iggor Cavalera: Não, cara, porque é outro projeto que eu faço, né? Não é aquela coisa de... sabe eu continuo fazendo o lance com o CAVALERA, sabe, então acho que tem espaço pra tudo. Eu acho até importante ter aquela coisa do fã do CAVALERA, do SEPULTURA, ele não precisa gostar do MIXHELL necessariamente. É lógico que tem uns que gostam, outros que não. Isso pra mim é super natural. Não é aquela coisa que eu quero forçar a barra, até mesmo como, sabe, de repente o MIXHELL abrir o show do CAVALERA e ficar forçando pra todo mundo meio que goela abaixo o que eu tô fazendo. Então isso é legal porque não é aquela coisa. Eu deixo pra quem curtir, curtir, quem não curtir, tá tudo certo também. Não tenho aquela preocupação gigante de "ah, todo fã tem que gostar do que eu faço". Não é por aí.

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Seria legal se você trouxesse o MIXHELL pra Fortaleza num futuro próximo também. Além do CAVALERA, do MIXHELL, você dá oficinas de bateria, tem até uma grife. O que mais você anda fazendo?

Iggor Cavalera: Na verdade o MIXHELL tem tomado muito do meu tempo. Eu queria estar fazendo mais coisas a mais, mas como a gente tem que focar bastante no projeto e eu mudei há um ano pra Londres, a gente tá fazendo lá o MIXHELL. Tanto eu quanto o meu irmão é pra fazer outros projetos. Sempre tem ideias e coisas que a gente quer fazer então acaba que, na hora certa, eu acho que vai rolar mais coisas, mais outros projetos com uma galera que a gente acha legal e dá pra fazer um monte de coisa legal.

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Você coloca esse peso no MIXHELL, mas também colocou ritmos brasileiros na música extrema que vocês fizeram no SEPULTURA. Fizeram de Chaos A.D e Roots duas obras primas do metal. Como foi a concepção desses dois discos?

Iggor Cavalera: É uma coisa mais minha, né. Na verdade, no começo antes de começar a tocar no SEPULTURA eu gostava muito de outros ritmos como samba, mas como batera mesmo. E aí a gente sentiu que na época do Chaos AD que dava pra incorporar algumas coisas sem perder o peso. E aí logicamente que no Roots a gente foi um pouco mais fundo com essa estória e meio que fez uma coisa um pouco mais temática, né? E isso foi bem legal. Mas ao mesmo tempo e aquela coisa de ter uma necessidade de estar fazendo uma coisa nova na época, e buscar sonoridades novas, né? Então eu acho que até isso, no MIXHELL, eu me sinto como...essa minha busca continua...principalmente como batera, buscar mix novos... Pra mim sempre foi uma coisa muito natural como músico ficar tentando essas coisas, ao invés de ficar estacionado na mesma coisa o tempo todo.

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Li em algum outro lugar que você começou a tocar bateria vendo a galera na batucada no estádio. Você é torcedor do Palmeiras. A paixão pelo agora centenário continua firme e forte?

Iggor Cavalera: Ah, paixão e decepção, né, mano? Pra falar a verdade, né? A paixão continua, mas o time só me dá tristeza. É uma porcaria. É legal na hora que ganha, mas 90% do tempo é só dor de cabeça. Então, acaba que a música é justamente pra poder fugir, por que se fosse depender só de curtição de time eu tava fudido, porque meu time não tá dando alegria nenhuma, só tristeza.

Nem o Brasil, né?

Iggor Cavalera: Ah, nem fala, mano. Principalmente aqui na Europa, tinha gente até dando comida de graça pra brasileiro, pra ver se acalmava a galera aqui, porque foi complicada essa paulada que tomaram.

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Conversei com o Max e ele já me adiantou algumas coisas que vão rolar nessa turnê (músicas do disco novo, "Anticop", "We Who Are Not As Others", talvez uma jam com o KRISIUN). Além disso, tem mais alguma coisa que você possa nos adiantar?

Iggor Cavalera: Pô, meu irmão já falou tudo, cara? Fudeu! Fudeu, ele já entregou o jogo inteiro, mano. É bem gostoso fazer o setlist justamente por isso, a gente consegue... vai estar fazendo pela primeira vez no Brasil, tocando coisa nova do disco novo do CAVALERA. Pra gente é super legal mostrar isso no Brasil antes de qualquer lugar do mundo, então o show vai ser bem interessante. E logicamente, o resto é uma mistura de coisas que eu fiz com meu irmão durante a história inteira né, que vão desde coisas de molecão, até passando por Roots, de NAILBOMB, coisas desse tipo. De repente rola alguma cover com o pessoal do KRISIUN, pessoal do KORZUZ em São Paulo. Mas não vou entregar mais muito não que meu irmão já entregou bastante. Vou deixar alguma coisa pra surpresa.

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O espaço é seu. Por favor, deixe sua mensagem para os fãs que vão te ver furioso nas baquetas aqui em Fortaleza, como no resto do Brasil.

Iggor Cavalera: A gente está feliz pra caramba de estar conseguindo fazer uma turnê assim tão grande no Brasil depois de tanto tempo e a gente tá super animado, fazendo um setlist super caprichado pro Brasil e acredito que quem for no show vai realmente pirar porque vai ser um show diferenciado de tudo que a gente fez antes. Em alguns lugares vai ser a primeira vez com o CAVALERA CONSPIRACY, então a gente espera ver todo mundo lá.

A banda CAVALERA CONSPIRACY se apresenta no Brasil nas seguintes datas e locais:

31/08/14 (Brasília - DF)
02/09/14 (Fortaleza - CE)
04/09/14 (Manaus - AM)
05/09/14 (Belém - PA)
06/09/14 (Recife - PE)
07/09/14 (Salvador - BA)
10/09/14 (Curitiba - PR)
11/09/14 (Rio de Janeiro - RJ)
12/09/14 (São Paulo - SP)
13/09/14 (Belo Horizonte - MG)
14/09/14 (Porto Alegre - RS)

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Serviço para Fortaleza (consulte a agenda do Whiplash para o serviço de outras localidades):

Data: 02 de Setembro de 2014

Local: Complexo Armazém

Horário: 20hrs

Ingressos: Parada do Rock (Galeria do Rock – 1º Andar – Centro), Konibaa Temakeria (Av. Julio Abreu 160, cont. da Dom Luis),, Konibaa Express (Av. Des. Moreira 2005), Nordwest Camisetas (Shopping Benfica), Clikks (Shopping Parangaba, Shopping Maracanaú, North Shopping), Bilheteria Virtual (Loja Del Paseo, 3º andar, ao lado do Cinema ou no site http://www.bilheteriavirtual.com.br/ ), By Rockers (Horizonte-CE).

Valores: Arena R$62,00 / Camarote R$82,00

Censura: 16 Anos

Informações: 3021-7186
Realização: Empire

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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