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Povos Indígenas do Brasil: Entrevista Arandu Arakuaa

Por Jakline Costa
Fonte: Povos Indígenas do Brasil
Postado em 19 de agosto de 2014

Povos Indígenas do Brasil: O que vocês pretendem alcançar com a temática da banda?

Nájila - Sempre fui apaixonada por toda essa diversidade de culturas que o nosso mundo possui, infelizmente ao longo da história da humanidade, muitas culturas foram dizimadas da terra e esse processo continua, infelizmente. A temática da Arandu Arakuaa busca resgatar um pouco da nossa cultura, tanto os indígenas como os povos do sertão do Brasil, merecem ser reconhecidos, é linda e riquíssima as formas de expressão cultural, pretendo levar um pouco disso a um grande número de pessoas e ajudar na conscientização, no respeito e preservação.

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Povos Indígenas do Brasil: Como os povos indígenas encaram o trabalho de vocês?

Zândhio – Os que já tivemos contato ficam felizes por estarmos ajudando a passar a mensagem, inclusive temos alguns amigos indígenas que nos apoiam e é ótimo para nós termos esse respaldo.

Povos Indígenas do Brasil: Pela cultura indígena ser subestimada e termos pouco conhecimento sobre o assunto, você acha que o som da Arandu Arakuaa sofre algum tipo de preconceito?

Zândhio – Sim. É uma junção de três coisas que o brasileiro tem preconceito enraizado: rock, indígenas e música regional. Acabamos por sofrer preconceito fora do rock por tocarmos rock e dentro do rock por incluirmos elementos da nossa cultura nativa. Mas por outro lado quem se dá ao trabalho de tentar entender a mensagem respeita muito e é isso que realmente importa. Toda mudança de cultura demanda tempo e estamos prontos para dar nossa contribuição.

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Povos Indígenas do Brasil: Quais as fontes de informação que você utiliza para ter mais conhecimento sobre a cultura indígena?

Zândhio – Livros, contato direto com indígenas, vídeos... Aqui no Brasil em se tratando de material de pesquisa sobre povos indígenas o Instituto Sócio Ambiental é o que tem mais informações acessíveis.

Povos Indígenas do Brasil: Quais as dificuldades que cada membro enfrentou até se adaptar ao som proposto pela banda?

Saulo - Cada membro tem uma escola bem diferente da outra, mas acho que só fez com que acrescentasse novos elementos ao som. Claro que testamos tudo exaustivamente até acharmos o melhor resultado. Cada um sede um pouco a flui naturalmente.

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Adriano - Particularmente não tive muitas dificuldades em adaptação ao som proposto, pois sempre tive a vontade de fazer algo diferente e inovador como o som da Arandu Arakuaa.

Nájila - Dificuldades na vida é inevitável, estamos constantemente sendo desafiados, isso é a essência, a base do crescimento pessoal, cantar em Tupi foi um desafio mágico de concretizar. Naturalmente tenho admiração por nossos povos indígenas, respeito e me preocupo com a situação que se encontram, quando fiz o teste o Zândhio me apresentou o projeto e as letras, senti que era o lugar certo para cantar e buscar realizar alguns dos meus sonhos e a positividade da banda faz com que busque mesmo enfrentar qualquer desafio que Arandu Arakuaa venha a enfrentar.

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Povos Indígenas do Brasil: Quais os pontos altos e baixos em relação ao álbum Kó Yby Oré? No processo de gravação qual música sofreu mais mudança?

Zândhio – Os pontos altos foram todo o processo desde a composição até a masterização e a aceitação do público que foi fantástica. Ponto baixo é aquele velho problema que as bandas independentes têm de falta de estrutura para distribuição, divulgação e shows. As músicas não sofreram mudanças na estrutura, apenas nos arranjos e o produtor Caio Duarte fez um grande trabalho nos auxiliando nesse aspecto.

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Povos Indígenas do Brasil: O que podemos esperar do novo álbum? Vocês tem uma data aproximada para o começo da gravação?

Zândhio – Muito peso, regionalismo, cânticos indígenas, melodias marcantes, ou seja, explorar mais ainda todos os elementos já presentes em Kó yby Oré tendo agora a experiência e a confiança do público a nosso favor. Ainda não temos uma data, mas o planejamento é iniciar o processo de gravação no começo de 2015.

Povos Indígenas do Brasil: Com o cenário nacional atual, como esperam garantir o espaço de vocês? Como tem sido a aceitação e o espaço para shows?

Adriano - O espaço para todas as bandas hoje em dia está muito difícil, porém esperamos garantir cada vez mais espaço com o nosso som, profissionalismo e dedicação. É até engraçado, temos tido muita aceitação nacionalmente e até internacionalmente, entretanto quando falamos em shows, ainda estamos com dificuldades de fazermos shows em outros estados. Já fizemos Anápolis (GO), Miracema (TO) e estamos com um show para 2015 em SP e queremos muito mais, nossa intenção é rodar esse Brasilzão lindo e levarmos nosso ao maior número de pessoas. Na nossa cidade natal (Brasília) a nossa aceitação é legal e já fizemos muitos shows legais por aqui também.

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Najila- A cada dia me surpreendo com a demonstração de aceitação da galera, isso faz tudo valer a pena, estamos sendo requisitados em festivais grandes e a tendência é aumentar o número de shows, estamos evoluindo a cada dia e consequentemente a responsabilidade de apresentar para um público cada vez maior cresce, e assim segue Arandu Arakuaa.

Povos Indígenas do Brasil: Se você pudesse mudar ou acrescentar algo no som de vocês, o que seria?

Adriano - As palavras mudança e acrescer serão sempre muito bem vindas, pois acreditamos que o Metal e a identidade está sempre em mutação, transformação. O Rock de uma forma geral precisa disso. Queremos trabalhar ainda mais regionalismo, novos instrumentos de percussão e outros, colocar mais peso e talvez mais rapidez em algumas novas músicas, mas sem perder a nossa raiz e base construtora que é o Metal com nativismo/ regionalismo.

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Povos Indígenas do Brasil: Para finalizar, quais as expectativas e planos da banda para o futuro?

Saulo - Esperamos levar o nosso som ao maior número de pessoas possível, não só no Brasil, mas para o mundo que conhece tão pouco do nosso país.

Nájila - Com a temática da banda É POSSÍVEL tentar buscar levar um pouco da cultura do nosso país ao mundo, nacionalmente espero que o povo brasileiro preserve, apoie, respeite a nossa diversidade, internacionalmente tentar mudar esse conceito, BRASIL: país do futebol, bunda e sexo.

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Sobre Jakline Costa

Formada em química, atualmente envolvida com qualquer tipo de trabalho literário. Meu primeiro contato com o rock foi por volta dos 12 anos de idade, quando fui em uma loja e comprei sem ao menos conhecer, uma camiseta do Iron Maiden. Chegando em casa meu tio todo orgulhoso ficou decepcionado ao saber que mesmo com a camiseta não conhecia nenhum som da banda e a partir daquele momento o objetivo de vida dele foi me ensinar os caminhos do rock. Graças a ele hoje conheço de Iron a Led e tenho todas as minhas influências musicas. Obrigada tio.
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