HL Arguments: "Compomos direto em inglês"
Por Mariana Lima
Fonte: Rock Alive Brasil
Postado em 02 de agosto de 2014
Na semana do Dia Mundial do Rock, Hélio Lima, vocalista da banda HL Arguments, concede entrevista ao site Rock Alive Brasil, confiram abaixo:
RA - Como surgiu a ideia de formar uma banda cuja proposta musical é muito mais concreta e elaborada do que se vê atualmente na cena musical brasileira?
HL - Eu nem me lembro de um estado onde eu não estivesse envolvido com música de alguma maneira. Desde muito cedo, meus pais sempre foram muito musicais. Com isso, já tive muitas bandas para chegar ao que propomos hoje, foi simplesmente acontecendo.
RA - Então até chegar à sonoridade proposta hoje pelo HL Arguments, ao longo de seus projetos musicais, quais tipos e som você experimentava nas bandas pela qual passou?
HL - Sempre tive a sorte de trabalhar com músicos espetaculares. Setsuo Kaedei e Rodd Mavorte (Flat'n Sharp) são músicos incríveis. André Padetti (um guitarrista e flautista) do qual trabalhei entre 2003 e 2005, também foi uma fonte imensa de inspiração. E a HL Arguments aconteceu depois de um hiato do Flat'n Sharp, que trazia uma sonoridade mais folk.
Eu queria explorar algo mais roqueiro, com algum flerte na eletrônica... e surgiu as novas parcerias com Fernando Silvestre (guitarra) Marcos Cesar (bateria) da HL. Todos esses músicos gostam de coisas distintas que vão desde o folk à eletrônica, passando pelo rock britânico e nacional. A junção disso tudo, traz a nossa proposta.
RA - Escutando o disco "HL Arguments II" deu para perceber essa variação de sonoridade entre o folk, até uns riffs mais pesados e passando por alguns solos de guitarra que lembram bandas noventistas como o Sugar. No caso, quais bandas inspiram vocês?
HL - Queen, Radiohead, Broken Social Scene e artistas como Richie Havens fazem parte do meu núcleo. E os demais gostam de muita coisa, varia de Oasis, Metallica, Pearl Jam e Flat'n Sharp!
Você conhece Flat'n Sharp? Deveria!!! (risos)
RA - Helio, qual é a dificuldade que uma banda independente encontra no Brasil? Vocês têm dificuldades em expor seu trabalho mesmo tendo a internet como aliada?
HL - Eu odeio reclamações cara. A dificuldade que for na vida é superada por trabalho. Vejo bandas pedindo dinheiro aos fãs para gravar discos? Hoje, com um pouco de estudo, você produz seu disco, faz seu marketing, amplia parcerias. Ter banda não é subir no palco e fazer o máximo de barulho possível, se achando os "fodões".
Você precisa trabalhar muito, não pensar em dinheiro e não pensar em sucesso. Você quer notoriedade ou quer fazer uma música que você se orgulhe? Aliás, o assunto música é inexistente nessas bandas, muita foto, muita produção, muito barulho, e pouca música boa.
RA - No caso, as bandas têm essa obsessão de fazer sucesso a qualquer custo, sempre visando seus "15 minutos de fama". Qual sua percepção sobre esses programas que querem encontrar os 'novos talentos da música'?
HL - Tudo muito mecânico e forçado. Os que focam em cantores, é até uma boa, isso é meio tradicional. Sempre queremos parar para ouvir alguém com uma bela voz, entregar uma bela canção. Agora esses mais novos, que buscam uma banda, eu acho bem forçado.
RA - Uma coisa que fiquei curioso, os discos da banda chegaram a ter uma edição física ou só edição digital?
HL - Física e digital. Tanto é que sempre fazemos shows na Fnac, Saraiva, Livraria Cultura, justamente para promover esses álbuns.
RA - Você comentou dos shows que a banda faz em livrarias para promover o trabalho do grupo. Nesse tempo de existência da banda, você notou um aumento nos fãs da banda?
HL - Sim... demais. O tempo vai passando e naturalmente, amigo chama amigo para os shows, as inserções na internet ajudam muito, as movimentações, tudo é importante. Sim, estamos bem contentes com a aceitação do nosso público e de novos fãs.
RA - Com esses fãs presentes em vários shows da banda, há pedido de determinadas músicas da parte do público para o grupo?
HL - Sim! Tomorrow (Flat'n Sharp) é muito pedida. Já da HL Arguments, "New Direction" é bem comemorada. E para nossa total surpresa, "Keepsake", que por sinal, nem me lembro se tocamos ao vivo... eu acho que não! (Risos). É complicado fazer um show sem "Hook" e "Fixing My Words"...
RA - E como vocês (a banda) fazem para criar o setlist? Vocês chegam a tocar covers ou só as composições próprias?
HL - Marcos e Fernando sempre tentam trazer alguns covers. Eu tenho problemas em ceder o espaço de nosso show para uma música que não seja nossa. Eu acho que, se uma pessoa vai ao nosso show, ela quer ouvir nossas canções.
Já tocamos alguns, mas pessoalmente, eu não curto muito não.
RA - Já no quesito de composição de letras e arranjos musicais, como funciona o processo criativo da banda?
HL - De múltiplas maneiras. O primeiro álbum foram composições que eu queria gravar e precisavam de envolvimento dos demais. No segundo, há o núcleo do Fernando e o meu. A Amanda trouxe "Red", o Wesley e o Marcos participam de todas as músicas, dando suas respectivas contribuições. Agora para novas músicas (como Trust Me) que tocamos somente uma vez, a composição foi ao vivo, no estúdio, com a participação de todos presentes e atuando na hora. Foi bem legal.
RA - Qual foi o motivo do grupo preferir em gravar músicas em inglês?
HL - Também foi natural. Nunca falamos muito disso. E agora para o próximo álbum, estou trazendo musicas em português. Elas são boas e agora estão prontas para estarem nos shows.
RA - Mas na hora de vocês comporem músicas em inglês - vocês fazem ela em português e depois traduzem ou já compõem direto em inglês?
HL - Direto em inglês. Nem penso muito em tradução. Sonoridade é sempre mais importante. E, se uma música fizer sentido pra você, ela pode estar no idioma que for, ela vai te tocar.
RA - Uma curiosidade: qual é o significado do nome da banda e como ele foi criado?
HL - Era pra ser um "trampo solo" e virou uma banda. Depois que o Flat'n Sharp entrou em hiato, eu queria tocar e gravar. Ficou HL Arguments que são as iniciais de meu nome. Mas eu gosto de pensar que acharemos significados para as iniciais, porque a banda hoje é a junção dos 5. Não vejo como prosseguir sem esse grupo.
RA - Quais são seus próximos projetos, tanto solo como com o HL Arguments?
HL - Vou gravar um álbum com músicas eletrônicas. Talvez um pós rock. gostei dessa expressão que não faço a menor ideia do que signifique (Risos). Mas quero e vou lançar algo solo mesmo, sem esses talentosos parceiros. Esse é o grande desafio. E com a HL Arguments, estamos interessados na organização de shows com bandas parceiras. O primeiro deles será dia 12/07 quando gravaremos um DVD do nosso show. Então, estamos bem atarefados.
RA - Poderíamos dizer que você é um artista compulsivo? (Risos)
HL - Poxa, vemos tantos ídolos nossos com 60, 70 anos, tocando e fazendo shows com tanto tesão. Esses caras precisam de grana? Não! Fazem porque amam aquilo. É uma droga. Mexeu com música, você não vive mais sem. Quem mexe com "isso", sabe como é!
RA - Bom, o Rock Alive Brasil gostaria de agradecer e muito por essa ótima entrevista e esperamos novidades do HL Arguments!
HL - Eu que agradeço. Esperamos sempre lançar algo que realmente mereça o espaço. Abraço forte e estejam conosco dia 12.
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