Instincted: As mídias sociais são o futuro das bandas
Por Mariana Lima
Fonte: Rock Alive Brasil
Postado em 30 de junho de 2014
O site Rock Alive Brasil entrevistou esta semana a banda Instincted!
RA – Quem é o Instincted?
Fábio – O Instincted hoje é um quarteto que iniciou as atividades em 2009 com uma proposta ousada dentro do heavy metal com a inserção de elementos eletrônicos nas músicas. Além de todos nós como vocais de apoio, o Rogério também é responsável por toda a programação eletrônica.
RA – Qual o significado do nome da banda para vocês?
Fábio – O meu conceito foi sempre o de explorar uma liberdade maior dentro de todos os nossos padrões, como um todo. Durante um tempo, eu pesquisei um pouco sobre Freud e o seu estudo sobre os estágios da consciência humana, sendo o mais selvagem e "verdadeiro" o primeiro, que chama-se ID.
A partir desse norte, o nome ‘Instincted’ apareceu naturalmente. Hoje eu interpreto o nome da banda como liberdade.
Rogério – Se tratando de algo feito sem pensar em nada além de nossos verdadeiros instintos, eu diria que "coragem" é o que significa pra mim.
Rafael – Exatamente o que o Fábio disse, essa liberdade não nos deixa preso a receitas, rótulos na hora das composições, o que vier em mente a gente executa: se ficar bom a gente mantém, se não, guardamos para uma próxima. Tentamos aproveitar o máximo dos nossos "instintos". (risos)
Roberto - Eu diria que "sinceridade" resume, mais do que o nome, a forma como lidamos com tudo o que temos feito como banda.
RA – O som de vocês tem uma pegada new metal, como é chegar no mercado com esse estilo que é mais presente nos EUA?
Rogério – Acredito que esse rótulo nem é mais tão usado lá fora. O new metal começou de um jeito e foi se transformando com o tempo. Tentamos não seguir uma rua de mão única, acho que nosso som não se encaixa 100% em nenhum estilo ou pelo menos é o que tentamos. Estamos na luta de conquistar o nosso espaço nessa bagunça que está o mercado fonográfico.
Roberto - Eu acho que o termo "new metal" ou qualquer outro limita muito o que fazemos, não sei dizer se existe um rótulo que defina bem nosso som. E olha que já ouvimos vários deles. De qualquer forma, o conceito da banda está justamente em não se limitar a um estilo, independente do que esteja em alta no mercado, brasileiro ou gringo.
RA - Após o lançamento do EP "...Is All That I Am", como foi a repercussão? Houve críticas? Como vocês se posicionaram diante delas?
Fábio – O EP primeiramente saiu em versão digital e só depois de alguns meses o formato físico foi lançado. Como não esperávamos muita coisa – até porque foi o nosso primeiro lançamento – foi gratificante ver até onde ele chegou, ou melhor, até onde ele ainda chega. Acredito que é um trabalho para marcar a banda, e para fixar para todos os ouvintes a nossa proposta do eletrônico... Felizmente a grande maioria das críticas foram positivas.
Rogério – Foi muito maior do que esperávamos, algumas pessoas torceram o nariz antes de ouvir por se tratar de uma proposta mais moderna, mas depois que ouviram acabaram gostando. Acho que isso define bem o pré-conceito que ainda existe no metal.
Rafael – A galera aceitou bem, intitulou a banda com vários rótulos. Foi bem bacana! Muitos falam que esse EP deixou com um "gostinho de quero mais", acho que a primeira meta foi atingida.
Roberto - Eu ainda me surpreendo com a quantidade de críticas positivas que recebemos. Fizemos poucos shows, o EP tem apenas 5 faixas e o interesse das pessoas continua crescendo, mesmo depois de quase dois anos do seu lançamento.
RA - Qual a opinião de vocês sobre o público brasileiro dar mais valor às bandas internacionais, sabendo que há bandas de som bem trabalhado e com o mesmo potencial das gringas, e não darem a devida atenção?
Rogério – Aqui no Brasil o imediatismo sempre teve mais força. Grupos e artistas pensam em lançar uma música que toque durante dois meses ao tentar criar um clássico, isso em 10 minutos. Vejo amigos meus fazendo 10 músicas por semana achando que a quantidade é a solução. Claro que existe a inspiração mas falta muito mais auto-crítica.
Acho que isso ajuda e muito as bandas de fora (que tem uma cultura diferente) a facilmente conquistar não somente o Brasil, mas o mundo. Falta a galera daqui parar de achar que o metal ou o rock só pode ser bom quando é fritado, gritado, agudo, imitado ao invés de inspirado, e começar a compor mais com o coração e menos com os ouvidos. Esse acho que é um dos principais motivos, claro, entre um milhão de outros, mas não vou continuar para isso não virar a bíblia. (risos)
Roberto - As bandas que estão há mais tempo na estrada normalmente levam vantagem, sejam elas gringas ou não. Acho que bem resumidamente, o fato de as bandas locais estarem obviamente mais próximas do público, de certa forma faz com que nós nos acomodemos, dando prioridade para bandas que vêm para o país com menos frequência.
RA - Quais são as bandas influentes da banda?
Fábio – Não costumamos levar ao pé da letra como influências, pois cada um ouve algo diferente dentro da banda e muitas vezes não concordamos com o gosto do outro, mas achamos que isso é o que faz funcionar de melhor. Mesmo assim, acho que atualmente o Sevendust e Linkin Park estão bem presentes em nossa sonoridade.
Rogério – Acho que Disturbed, Iron Maiden e Pearl Jam são quase unânimes. Tirando Pearl Jam que o Fábio não é muito fã (risos).
Rafael – Black Sabbath, Iron Maiden, Led Zeppelin. Essas são verdadeiras "escolas" do rock!
Roberto - Slipknot também é uma das bandas que todos gostamos.
RA - É comum na cena rock, as bandas independentes realizarem shows em rock bares, e sabemos o quanto é difícil de conseguir uma data. Isso acontece ainda com vocês? Qual a visão de vocês sobre isso?
Rogério – A cena no Brasil e a galera que vai em show de bandas de som próprio é pequena, a não ser quando a gente se reúne e faz festivais. Daí os donos dos bares, para não ter prejuízo, não marcam nada. A união das bandas ainda é uma solução, na minha opinião. Muitas estão fazendo e acho que a cena já mudou bastante, mas ainda tem muito a construir.
Rafael – Como ainda estamos trabalhando no primeiro EP, a gente não focou muito em sair procurando casas, por uma questão de tempo de repertório principalmente, mas a galera que nos acompanha cobra isso da gente. Mas a banda tenta participar de festivais. Com o lançamento do 2º EP, vamos sair mais para estrada, sem dúvida!
RA - Muitas bandas hoje estão crescendo através das redes sociais, vocês também estão inseridos nessa "onda", qual a sensação que vocês têm a cada pessoa – nova – que escutou o single de vocês e começou a seguir no Facebook, Twitter e MySpace?
Fábio – As mídias sociais são o futuro das bandas. Hoje, com uma estratégia razoável de marketing, as bandas conseguem alguma notoriedade ao instigar ouvintes a acreditar em sua música. É muito bacana pois sempre aparece algum novo fã mandando alguma mensagem positiva em nossa página no facebook, ou se inscrevendo em nosso canal no Youtube.
Roberto - Acredito que o mais valioso é que as mídias sociais e a internet como um todo permitem o contato quase que direto entre fãs e banda. Essa interação "em tempo real" serve como parâmetro para tudo o que fazemos. Com tantas bandas à disposição para se ouvir na internet, é sempre gratificante quando alguém nos ouve e acaba nos acompanhando no Facebook.
RA - Hoje, o mundo musical está bem mais aberto com as distribuidoras de músicas –streaming – ajudando as bandas a ficarem mais conhecidas, disponibilizando as músicas na íntegra e no mundo todo como a ONErpm, Spotify, iTunes, UOL Música e outros.
Rogério – Como o Fábio citou, esse é o futuro! Não tem como fugir e sim fazer o que fazemos de melhor como seres humanos, se adaptar!!!
RA - Na opinião de vocês, até onde isso pode ser positivo e negativo para a banda?
Fábio – Não vejo lado negativo, pelo menos não tão evidente. Somos uma banda nova, com uma proposta nova e que precisa aparecer. Se a sua música for boa, o fã vai comprar seu trabalho, mais cedo ou mais tarde.
Rogério – O lado negativo é que a coisa fica um pouco descartável. Todo mundo grava, todo mundo anuncia e ganha quem tem mais views no youtube... (risos) O positivo é que não falta espaço, só não aparece quem não quer.
Roberto - Só vejo lado positivo nessa história. Como banda, queremos que nossa música seja de fácil acesso para todos. Pessoas de outros países nos ouvem e nos dão seu retorno graças a essas mídias.
RA - Quais foram as melhores experiências que a Instincted teve desde seu lançamento, em 2009?
Fábio – Pessoalmente falando, foi evoluir como músico e alcançar fãs fora do país.
Rogério – Eu estava numa maré de desânimo antes de entrar na banda. O cenário cheio de egos e falta de criatividade, me levaram a trabalhar sozinho por muito tempo. Acho que conhecer e trabalhar com esses caras foi e está sendo a melhor experiência!
Rafael – Tudo que a banda vem conquistando é muito emocionante, mas o reconhecimento no exterior, um grupo da Polônia pedindo autorização para fazer um vídeo clip. Tudo isso é a prova que estamos seguindo pelo caminho certo. Há muito para fazer e conquistar ainda!
Roberto - O lançamento do EP é motivo de grande orgulho. Depois de anos, lançar um trabalho autoral, com todo o trabalho que isso envolve e tudo por nossa conta, foi uma realização pessoal muito grande.
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