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Atsphear: atingindo o equilíbrio

Por Vitor Franceschini
Fonte: Blog Arte Metal
Postado em 26 de novembro de 2012

Com mais de 10 anos de carreira os espanhois do Atsphear passaram e passam por toda dificuldade que uma banda de Metal independente sofre. Mesmo sendo da Europa, porém de um país nem tão tradicional no estilo, o grupo sofreu com mudanças na formação, inclusive de vocalista, passou mal bocado na mão de selos e mesmo assim produziu excelentes trabalhos desde os seus primórdios. O mais incrível disso é que a banda, ainda assim, conseguiu lapidar seu som e encontrar seu verdadeiro caminho. Agora, com Juan Dominguez (vocal), Sergio Lara e Manuel Probanza (guitarras), Carlos Delgado (baixo) e Abraham Ruiz (bateria), o grupo de Móstoles (região de Madrid) inicia a divulgação de "Redshift" seu 3º e mais promissor álbum. Falamos com o simpático Carlos sobre "Redshift", a carreira da banda e muito mais.

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Como foi o processo de composição de "Redshift"? Vocês compõem juntos ou cada um faz sua parte e depois vocês juntam as ideias e as lapidam?

Carlos Delgado: Bem ... É uma mistura de ambos. Com certeza Sérgio e Manu escrevem a grande parte das músicas. Eles são grandes compositores e têm ideias realmente boas, assim que definem o tom e estrutura das canções. Mas gostamos de trabalhar juntos para que possamos moldar qualquer música, fazendo aquilo que cabe a cada um fazer melhor. Dessa forma, as músicas têm uma parte de cada um de nós. Faço minhas linhas de baixo, Juan faz suas linhas vocais e assim vai. Na verdade, agora que Abraão é o nosso novo baterista, as músicas soam um pouco diferentes do que as que gravamos com Victor. Isso porque Abraão tem sua própria maneira de tocar bateria, seu próprio estilo, suas influências e isso é ótimo, porque ele pode nos mostrar o seu ponto de vista, e isso realmente ajuda a fazer músicas melhores. A música é orgânica.

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"Redshift" mostra uma veia bem progressiva da banda. Esse será o caminho a ser seguido pelo Atsphear agora?

CD: Correto! Talvez não o único caminho, mas certamente um deles. Nós amamos o Rock dos anos 70, assim como muitos outros estilos, e nós tentamos misturar todas estas influências em um monte de canções. Essa é a razão porque soamos Progressivos. Tente colocar Judas Priest, Black Sabbath, Savatage, Camel, Yes, Dark Tranquility, Hypocrisy, Jan Hammer e Pink Floyd em um liquidificador. Vai soar progressivo, mesmo se você não quer que soe.

Pergunto isso porque a banda sempre focou seu som no Melodic Death Metal com uma veia Thrash Metal, mas foi lapidando seu som até chegar nos moldes atuais.

CD: Quando lançamos "New Line System", Melodic Death Metal era o tipo de música que nós queríamos tocar. Mas todas as influências já se foram. Nós sempre tentamos misturar Metal com outros tipos de Rock. "Children of the Fields" foi a forma diferente com a versão anterior porque queríamos tocar músicas que tinham Metal, mas não Metal "apenas", e teve faixas como "Green Fields" ou "Raíces", que contrastam muito com outras como "Old New Millenium" ou "Liberate". Agora, com o "Redshift" acho que nosso estilo está completo. Mas nós desejamos poder conseguir fazer músicas ainda melhores no futuro.

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"Redshift" possui músicas mais trabalhadas e cadenciadas que o habitual do Atsphear. Isso foi natural ou proposital?

CD: Em partes é intencional. Queríamos dar mais destaque para as linhas vocais e torná-las mais melódico. Há também muita harmonia nas guitarras, baixo e teclados que funcionam perfeitamente em um contexto mais rítmico. Você tem uma canção como "Centuries", onde a música é um bloco. Mas é um bloco feito de uma série de nuances harmônicas, e sobre ele você pode ouvir uma voz clara melódica.

Qual o verdadeiro conceito por trás de "Redshift"?

CD: Você gosta de ficção científica? Imaginem alguns homens que têm a oportunidade de descobrir as respostas a todas essas perguntas comuns a todo ser humano. Homens enviado em várias missões ao espaço frio para atingir os limites do conhecimento humano. O que eles pensam, se eles de fato, chegarem até lá? Por exemplo, você tem "Unknown Monsters". Ela fala sobre um desses homens que, acidentalmente, durante sua busca, tem um encontro com algumas, podemos dizer, inteligências, forças naturais, aliens. Bem, alguns seres que você, como ser humano, deve tratar como deuses. Estes seres estão lá para preservar o equilíbrio do universo, e agora que o ser humano encontrou-lhes o equilíbrio é rompido. A única maneira de corrigir isso é para transformar aquele humano em outra coisa que realiza a sua vontade. Vamos explicar todo o conceito durante a promoção de "Redshift", com algumas histórias, vídeos, etc. Temos muito a fazer ainda.

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Empire e The Storm são faixas que eu destacaria no álbum, além de My Grave. Você possui alguma preferência no trabalho?

CD: No Atsphear todos nós concordamos que Empire é a estrela do álbum. É uma música muito rica e com um monte de desenvolvimento. Mas eu, pessoalmente, gosto tanto como A Gate to the Unknown. Eu acho que essa música é um resumo do que um álbum do Atsphear precisa ter.

Como está a divulgação de "Redshift" tanto por parte de público quanto por parte da crítica?

CD: Bem... Público e mídia concorda que "Redshift" é um grande álbum e vai um passo à frente da música que costumamos tocar. Estamos muito felizes que as pessoas e revistas estão gostando tanto!

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Vocês estão na ativa a mais de 10 anos e desde 2004 sempre lançando trabalhos de qualidade e regularmente. Mesmo assim, lançaram o último álbum de maneira independente. Como vocês avaliam a carreira do Atsphear?

CD: Eu acho isso legal. Nós lançamos nosso primeiro álbum através do selo Zero Records, mas a experiência não foi tão legal quanto as pessoas podem pensar, por isso, desde então, decidimos obter o controle de tudo: gravações, promoção, design, produção, etc. Talvez isso toma muito tempo e é mais difícil de passar a sua música para o público, mas do outro lado nós decidimos o que fazer, o dinheiro para gastos (e onde) e onde fazer um show ou não. Então nós perdemos alguns fãs e possibilidades que tivemos em 2005, mas os fãs que já nos conhecem sabem que não estamos desapontando-os.

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Em relação a shows, como está a agenda de vocês? Como tem sido a repercussão das novas composições nas apresentações?

CD: Começamos os shows em dezembro, mas não tocamos as músicas novas em nenhum show ainda. Mas eu acho que as pessoas vão gostar e apreciá-las, assim como elas fizeram com as músicas mais antigas.

Conheço várias bandas da Espanha e a maioria delas opta por cantar na língua pátria. Com vocês é diferente, vocês optaram por cantar em inglês, por quê?

CD: Nós nos acostumamos a ouvir músicas em inglês e acho que isso soa melhor para a música que tocamos. A forma como as frases são construídas e a quantidade de monossílabas contidas transformam em uma linguagem muito rítmica e oferece muitas possibilidades.

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Como está a cena Metal na Espanha? Vocês conhecem a cena Metal do Brasil? Pretendem tocar por aqui algum dia?

CD: Na Espanha, o cenário é underground. É tão difícil fazer um trabalho da banda aqui, e se você sabe algo sobre a "crise" no nosso país, pode-se deduzir que as coisas estão ficando cada vez pior. Mas há pessoas que ainda vão para os shows e festivais, por isso temos de ir em frente. Gostaríamos muito de tocar aí no Brasil se isso for possível!

Muito obrigado, este espaço é para as considerações finais.

CD: Muito obrigado pela entrevista. Nós apenas queremos lembrar que você pode ouvir "Redshift" em streaming através do nosso bandcamp (Aqui!) e, se você quiser baixá-lo, você pode fazê-lo por 4 euros.

http://www.atsphear.com
http://www.facebook.com/atsphearofficial
http://www.atsphear.bandcamp.com

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Sobre Vitor Franceschini

Jornalista graduado tem como principal base escrever sobre Rock e Metal, sua grande paixão. Ex-editor do finado Goredeath Zine, atual comandante do blog Arte Metal, além de colaborador de diversos veículos do underground.
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