Guitar Talks: entrevista com a banda Vanguart
Por Crysthian Gonçalves
Fonte: Guitar Talks
Postado em 05 de novembro de 2012
Uma das revelações da música brasileira, e eleita a Banda do Ano pelo VMB 2012, o Vanguart tem construído seu público como resposta de um trabalho é feito desde 2004, quando começaram tocando em festivais pelo Brasil. O Guitar Talks conversou com o baixista Reginaldo Lincoln sobre o começo da carreira da banda, o último álbum "Boa Parte de Mim Vai Embora" e os novos projetos da banda.
Guitar Talks - Primeiramente, parabéns pelo prêmio do VMB. Vocês foram a banda mais indicada no VMB 2012 e venceram na categoria Melhor Banda do ano. Como foi pra vocês levar esse prêmio?
Sensacional! A gente sente isso como um reconhecimento pelo nosso trabalho dedicado, que é feito com muito amor e que podemos seguir acreditando em nosso coração. Ficamos mais felizes ainda em dividir esse momento, esse prêmio, com as pessoas que mais amamos e que coincidentemente são as que sempre apostaram suas fichas em nós. Essa luz que vem dos fãs e amigos faz tudo ficar muito melhor. O nosso "Sindicato" nos enche de orgulho seeempre!
Guitar Talks – Eu não conheço outra banda no Brasil que aposte tanto no Folk Rock e dê certo como o Vanguart. Com quais artistas vocês se identificam no processo criativo para a composição de suas músicas?
Do folk temos muita coisa do Dylan, Cash, Neil Young, Woody Guthrie, Raul, Sá, Rodrix e Guarabyra, Secos e Molhados e tantos outros que nos encantaram. Mais do que as canções, é importante citar o quanto somos influenciados pelas ideias e pela vida desses grandes gênios.
Guitar Talks - Ter uma banda, fazer sucesso e poder viver disso é algo difícil. Quando foi que vocês perceberam que as coisas estavam dando certo pra banda e que, enfim, todo o trabalho do começo valeu a pena?
Acho que o trabalho do começo já valeu a pena. Estamos vivos!. Passamos por muitas coisas bacanas, encontros marcantes e dias memoráveis. Hoje, sentir que o dia está sendo produtivo, que fazemos algo importante, com entrega e que respiramos mais e melhor a cada dia é o que nos move. Sempre foi assim, desde os primeiros dias.
Guitar Talks - Onde vocês começaram tocando no começo da carreira? Como vocês foram construindo o público do Vanguart, tendo em vista um estilo totalmente diferente do que o main stream está acostumado?
Tudo começou em Cuiabá no ano de 2004, nos primeiros shows em eventos e festivais realizados pela galera que hoje integra o Fora do Eixo. Depois, começamos a rodar o país e sempre tocando em lugares muito diferentes entre si. Passamos por inferninhos e teatros gigantescos. O público do Vanguart, desde o primeiro show sempre foi muito variado, de todas as classes, todas as idades e é assim até hoje, não existe uma tribo ou um tipo de pessoa específica que goste do nosso som. As pessoas estão acostumadas a certas fórmulas de rádio e televisão, ao mesmo tempo em que gostam de ter total controle sobre o que vão gostar ou não, e de repente se emocionam com algo que jamais imaginaram, e é assim... Não tem regra pra música, não deve ter para o público. Nos orgulhamos em poder unir essas várias essências.
Guitar Talks - Vocês estão acrescentando alguns elementos musicais na banda e introduziram alguns instrumentos como o violino e trompete no último disco. Como chegaram até a Fernanda Kostchak? Ela esteve presente no processo de composições das músicas do "Boa Parte de Mim Vai Embora"?
Ela nos foi apresentada pelo Zé Mazzei, dos Forgotten Boys. Fizemos um show em homenagem ao Bob Dylan no SESC Pompéia e tocamos algumas músicas com eles. Quando estávamos compondo os arranjos do disco, sentimos que faltava algo em algumas canções e ela foi a primeira e certeira escolha. Chegou com muita personalidade e com ideias perfeitas para o que estávamos fazendo. Tudo funcionou muito bem, não demorou muito para convida-la a entrar na banda!
Guitar Talks - Foi uma pena vocês não terem ganhado o VMB na categoria Melhor Capa também. O encarte do "Boa Parte de Mim Vai Embora" é lindo. O que vocês querem passar para o público com aquela arte?
Essa capa diz muito sobre o disco, sobre as nossas vidas. Retrata as mulheres de fibra que sustentaram e defenderam a casa quando seus maridos se foram. Foi uma forma de homenageá-las. E sim! Gostaríamos de ter ganhado também! ;)
Guitar Talks – Existe algum motivo especial para que o refrão de "Mi Vida Eres Tu" estar em espanhol, mesclando com o português ao decorrer da música?
Essa música era toda em espanhol, originalmente. Chegamos a tocá-la assim algumas vezes e sentimos que algo podia melhorar. Tínhamos tanto pra falar e as pessoas não estavam entendendo... Quando cantamos em português na primeira vez, tudo se encaixou. Ao mesmo tempo em que deixar o refrão e a última estrofe em espanhol fazia todo sentido por ficar mais legal, ficou diferente.
Guitar Talks - Reginaldo, você canta em algumas faixas do novo disco e tem uma voz muito boa que age em contraste com a do Hélio. Você tem algum projeto solo em que deseja explorar isso?
Sim. Com calma, vou gravar um disco com as canções que escrevo e que não se encaixam no Vanguart. Já gravei a primeira, no estúdio Inca em Cuiabá, onde gravamos o "Boa Parte de Mim Vai Embora" e conto só e somente comigo mesmo, cantando e gravando todos os instrumentos. Por hora, trabalho nesse contraste com a voz do Hélio, que sempre nos interessou muito e agora podemos explorar ainda mais para o próximo disco.
Guitar Talks - O "Boa Parte de Mim Vai Embora" foi gravado ao vivo em estúdio, segundo o Hélio em uma entrevista. Conseguimos sentir o mesmo espírito da banda nos shows ao vivo nesse CD. Foi feito propositalmente pra alcançar essa sensação?
Tem a ver. A gente nunca gostou dessa distância entre estúdio e palco. Não só nos timbres, mas principalmente na execução. Sabemos que algumas coisas poderiam ter ficado melhores se tudo tivesse sido gravado separado, mas assim nos pareceu mais verdadeiro, e por que não, né?
Guitar Talks - Em 2007, quando começaram a surgir para o público, outros artistas como a Mallu Magalhães também começaram a se tornar evidência apresentando o estilo folk. A Mallu ainda participou da gravação do DVD "Multishow Registro Vanguart". Qual é o relacionamento de vocês, quanto a parcerias e a divulgação do folk a uma geração acostumada com outros estilos musicais?
A Mallu tem se mostrado como a grande artista que sempre foi e parcerias com ela serão sempre bem vindas! Essa de tocar coisas diferentes acaba sendo a nossa luta. Somos bem parecidos nesse sentido em mostrar que existem outras sonoridades, outros lugares e que tudo isso pode e deve ser transformado em milhares de coisas diferentes, sempre.
Guitar Talks - Já estão pensando em um novo álbum? O que podemos esperar do Vanguart daqui pra frente?
Começamos os ensaios de pré-produção do nosso próximo disco na semana passada e isso deve nos ocupar daqui pra frente. Tiramos o mês de outubro pra começar esses arranjos e continuamos até novembro quando entramos em estúdio. O disco terá a produção do Rafael Ramos e está previsto para Março de 2013. Ao mesmo tempo em que estamos fazendo shows, em novembro e dezembro vamos passar pelo nordeste e norte do país.
Guitar Talks – Muito obrigado pela entrevista, Vanguart. Gostariam de deixar algum recado para os leitores do Guitar Talks e os fãs do Vanguart?
Vida longa ao Guitar Talks e muuuuito obrigado aos fãs pelo carinho e dedicação que nos enche de vontade e amor! A gente só pensa na melhor forma de retribuir isso e pelo visto e ouvido... Será com muita música! Pode ser? ;)
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