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Aquiles Priester: em entrevista à Ritmi Magazine da Itália

Por Mateus Silva
Fonte: Ritmi Magazine
Postado em 14 de agosto de 2012

Seguem abaixo trechos de entrevista do baterista Aquiles Priester à revista italiana Ritmi Magazine, conduzida por Gabriele Branco:

Aquiles Priester, um dos melhores e mais importantes bateristas do Metal Progressivo. Tenacidade, independência e clean playing são suas características. 2011 é o ano que provavelmente não vai sair da mente, que foi quando ele foi chamado pra a audição no gigante do Metal Progressivo, Dream Theater. Mesmo não sendo o escolhido, ser chamado foi um grande honra e sua visibilidade alcançou o ponto maior.

Gabriele Branco - Na sua vida ocupada como músico você arranjou tempo para fazer métodos e dvd's para bateristas. O que levou você a dedicar tempo para essa realização?

Aquiles Priester - Aqueles que apreciam o meu trabalho esperam algum tipo de material didático para ser liberado de vez em quando. Eu não tenho pressa de fazer muitas coisas de modo a ter um vasto catálogo. Minha maior preocupação é manter um alto nível de qualidade em tudo que faço. Pensando nisso, o tempo livre é algo que não existe, mas se você quiser ir em frente em sua carreira, você tem conseguir tempo para fazer as coisas que são importantes e no momento certo.

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G.B.- Seu último DVD instrucional (The Infallible Reason of My Freak Drumming), é muito prático no que diz respeito à divisão de capítulos. Você escolheu esta subdivisão por si mesmo?

A.P.- Sim, eu mesmo produzi o DVD e foi baseado em coisas que eu sempre estudei. Tudo o que eu aprendi com Kiko Freitas está incluído no DVD. Isso vai além dos exercícios em si, porque eu estou falando sobre a concepção da obra. Muitas pessoas comentam que a maneira em que o DVD é apresentado é muito bom e que me faz muito feliz. Este DVD foi lançado mundialmente pela Mel Bay Publishing e em 2011 foi considerado o 3º melhor DVD de instrução,segundo leitores da revista Modern Drummer.

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G.B.- Quanto tempo levou para fazer o DVD?

A.P.- Eu fiz uma longa pré-produção, quase 15 dias gravando e ensaiando todo o roteiro durante 8 horas diárias sozinho em uma fazenda. Eu fiz todas as gravações apenas em dois dias e no segundo dia eu gravei mais de 12 horas seguidas, com um intervalo muito curto para comer alguma coisa. Ninguém sabe todo o trabalho que leva para gravar um DVD de qualidade hoje em dia.

G.B.- Eu acho que " PsychOctopus Solo " representa totalmente o seu estilo: sangue latino, elegante na sua execução, mas progressivo na essência. Como é que esta música veio à vida?

A.P.- Esse solo é muito inspirado no solo de Neil Peart no DVD do Rush "A Show of Hands", lançado em 1989. Eu sempre quis ter um solo com back tracks e foi concebido com a ajuda do meu grande parceiro musical Fábio Laguna, que hoje toca comigo no Hangar. Nós passamos duas tardes juntos trabalhando as partes. Eu cantarolava e ele já ia imaginando o ritmo do groove e ele criou a harmonia musical. Fiz uma homenagem a Buddy Rich, que foi choque, pois ninguém espera que eu tocasse uma passagem de "Mercy, Mercy, Mercy" em um solo de bateria de heavy metal. Como você, Thomas Lang comentou que este solo foi muito bom depois de assistir uma das minhas clínicas no Musicians Institute em Los Angeles.

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G.B.- Você teve o prazer de tocar com Paul Di’Anno em uma tour. Como você o conheceu?

A.P.- O dono de um gravadora me viu tocando em um pub em São Paulo e me convidou. Na verdade, ele disse que ele era o cantor de uma banda grande, mas eu nunca imaginei que era Paul. Eu sempre fui e ainda sou um fã do Iron Maiden e tocar com Paul foi um momento único para a minha carreira. Foi a primeira turnê que fiz no Brasil e que acendeu uma chama enorme dentro de mim desde que na época eu ainda tinha um emprego regular paralelo à música.

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G.B.- Você também foi chamado por Vinnie Moore. Neste caso, o que aconteceu?

A.P.- Isso aconteceu por acaso. Hangar deveria abrir shows Vinnie Moore na Europa em 2008 e nosso empresário europeu enviou para Vinnie uma cópia do nosso álbum "The Reason of Your Conviction", que havia sido lançado em 2007 para que ele pudesse conhecer a banda. A turnê não aconteceu, mas Vinnie perguntou para o nosso empresário se eu conhecia o seu trabalho e se eu estava disposto a sair em turnê com ele. Eu conhecia toda discografia de Vinnie e duas semanas depois eu postei um vídeo no YouTube tocando a música "The Maze", que é uma das músicas mais complicadas que ele compôs e que passa por vários estilos musicais. Foi um bom tiro no escuro e Vinnie disse que iria me convidar para tocar com ele quando possível. Demorou um pouco e só veio a ser em fevereiro de 2010. Valeu a pena a espera porque, com este trabalho, eu tive uma boa exposição fora do Brasil. Depois as coisas realmente começaram a acontecer para mim.

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G.B.- Você é o fundador da banda Hangar, surgida em Novembro de 1997. Quanto e de que forma o som da banda evoluiu a partir do "Last Time" até o "Acoustic but Plugged In!"?

A.P.- O álbum "Last Time" foi composto e gravado em um momento em que tínhamos pouca experiência. Hangar me projetou e me deu liberdade para tocar da maneira que eu sempre quis. Estou muito orgulhoso da discografia da banda e " Acoustic but Plugged In!" É uma compilação dos nossos maiores sucessos. Nós só percebemos depois de algum tempo que o repertório do álbum foi praticamente o mesmo que estávamos tocando em nossos shows regulares.

G.B.- Com o Hangar, no início, você abriu um show para o Angra. Depois que você se tornou o baterista do Angra. Como fez a sua entrada na banda?

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A.P. - Eu fiz um teste. Eu sabia que eles precisavam de um novo baterista e na época eu estava saindo de Porto Alegre para São Paulo para o trabalho através da multinacional que eu estava trabalhando na época. Era uma época de muitas mudanças na minha vida e todo mundo acha que eu me mudei para São Paulo para tocar com o Angra, quando eu realmente fui porque eu tinha um emprego regular na época. Naquela época era difícil decidir se eu realmente deveria ir em frente com meu sonho de se tornar um músico profissional, mas agora, 10 anos mais tarde, eu sei que tomei a decisão certa. Minha decisão de me juntar a banda foi bem pensado e fizemos muitos testes até que eles tinham certeza que eu era a pessoa certa.

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G.B. - Você acha que o som do Angra influencia o som do Hangar?

A.P. - Não, nem no mínimo possível. Hangar sempre teve seu próprio som que é difícil de rotular. Isso ainda é verdade hoje. Nós deixamos a música nos levar onde quer que ela quer e os nossos fãs não exigem que nos gravemos álbuns semelhantes.

G.B. - Em 2011,o Hangar lançou duas obras: "Inside Your Soul" (CD Relançamento) e " Acoustic but Plugged In!". É incomum para uma banda progressiva fazer um álbum acústico inteiro. De onde veio a idéia?

A.P. - O álbum "Inside Your Soul" tinha sido esgotado e muitos fãs pediram que fosse relançado. É por isso que nós decidimos incluir algumas faixas bônus. Quanto ao "Acoustic but Plugged In!" É um álbum que já deveria ter sido gravado, já que estamos tocando acústico desde 2007. Foi um enorme desafio para re-escrever os arranjos do álbum, não só na bateria, mas também como produtor. Eu tive que me preocupar com todo o conceito musical do álbum. Falando da bateria, a coisa mais assustadora é que se eu uso normalmente dois rides com grandes cúpulas no show elétrico, no show acústico que eliminou o ride e focado somente na hi-hat, neste caso um clássico grande, Paiste, o Sound Edge 602. Eu tenho uma história engraçada sobre. No NAMM de 2011, Ndugu Chancler tocou uma jam com John Robinson no estande da Paiste e depois de terem terminado, eu peguei seu hi-hat para mim. Eu disse para Andrew Shreve, relações artísticas da Paiste, "Eu quero um pouco do ritmo dele na minha música". E é assim que eu concebi a minha bateria para este álbum, totalmente focada no groove e usando apenas um simples pedal. Eu queria fazer o oposto do que sempre faço em álbuns do Hangar. Mas isso não significa que era simples. A faixa "Colorblind" ficou ainda mais assustadora do que a versão elétrica.

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G.B. - Criação de músicas para um propósito acústico,foi necessário arranjos especiais?

A.P. - Definitivamente! Eu tive que criar uma atmosfera interessante, porque independente do tamanho do meu kit ou o trabalho que eu vou fazer, as pessoas esperam algo de mim e eu também não poderia me deixar para baixo. O resultado final foi excelente e nós somos a primeira banda de metal no Brasil para gravar um álbum acústico.

G.B. - Para gravar "acústico, mas ligado!" você já usou um conjunto bem menor do que aquele que você usa normalmente. Qual é a razão?

A.P. - Não faria qualquer sentido se o álbum acústico soasse o mesmo que um álbum regular do Hangar. Eu diminuiu o kit, utilizado um maior ajuste e também usado pratos mais leves. Nenhum dos pratos utilizados para a gravação do álbum acústico faz parte do meu kit elétrico regular. Eu fiz questão de criar algo especial para o álbum mais desafiador da minha vida.

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G.B. - Conte-nos sobre sua experiência com o Dream Theater.

A.P. - Isso foi um marco na minha vida. Eu nunca imaginei que eu poderia ser um dos sete bateristas escolhidos em todo o mundo para o teste mais importante na história da música moderna. Foi incrível fazer parte de todo o processo. Minha história é completamente diferente da de outros bateristas que estavam lá. Eu sempre tive um trabalho paralelo à minha carreira desde que eu tinha 15 anos. E eu só parei quando eu comecei a turnê do "Rebirth", álbum que gravei com o Angra em 2001. Em outras palavras, eu só estou no mercado profissional há 10 anos e olhar para tudo o que aconteceu para mim. Minha primeira lição de bateria eu tive quando eu tinha 22 anos. Antes eu tocava de ouvido e os registros de acompanhamento. Eu não tinha idéia da técnica de bateria. Sem a audição Dream Theater talvez eu não tocaria com Tony MacAlpine em uma turnê européia. Eu toquei músicas que foram gravadas por Steve Smith, Deen Castronovo, Atma Anur, Mike Terrana, Virgil Donati e Marco Minnemann. Segundo ele(Tony MacAlpine), John Petrucci me indicou para este trabalho. Eu acho que as portas nunca fecham em você quando você faz um bom trabalho. Foi uma grande honra ser chamado para a audição por causa dos vídeos do meu último DVD, que são basicamente as faixas de Hangar e Freakeys.

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G.B. - Entre os sete bateristas chamados para o teste, você é provavelmente o único com um estilo mais parecido com Mike Portnoy. O que você acha que tem influenciado a escolha final?

A.P. - Na verdade eu sempre pensei que o estilo do Mangini era mais parecido com o do Mike. Eu gosto de velocidade e me preocupo muito muito com a aderência quando eu toco. Isso não importa muito agora, pois Mangini está fazendo um ótimo trabalho e só a banda sabia o que estavam procurando no novo baterista. Portnoy definitivamente influencia o meu trabalho porque eu sempre apreciei a música da banda. Com cada novo álbum, ele sempre inovou e ele é um dos caras que mais influenciou a nova geração de bateristas. O fato de ter sido contemplado para substituí-lo é motivo suficiente para me orgulhar.

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G.B. - Você tem algum projeto específico planejado?

A.P. - No momento eu estou completamente envolvido com a finalização do DVD acústico Hangar gravado em dezembro do ano passado. Eu não tenho muitos planos além de continuar a trabalhar a minha carreira da forma mais simples e profissional possível. Tudo o que pode vir como resultado disso será muito bem-vindo.

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Sobre Mateus Silva

Fã incondicional de Hangar e SOAD, Mateus desde que se entende por gente sempre ouviu Rock. Influenciado pelo seu irmão mais velho, guitarrista por hobby, começou ouvindo Joe Satriani. Ouve desde Nu Metal até Death Metal, e bandas como Pantera, Project46, Cavalera Conspiracy, Almah, Death, Big Four of Thrash, Dream Theater, The Beatles, Five Finger Death Punch, DevilDriver, Scars On Broadway fazem parte do seu player diário. Espera um dia tocar 10% do que Aquiles Priester toca, sua maior inspiração na bateria.
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