Dragon Ring: "Metal de verdade, sem frescuras e modismos"
Por Ben Ami Scopinho
Postado em 11 de março de 2010
Natural da cidade paulista de Piedade, passou-se oito anos, três demos e algumas incontornáveis mudanças em sua formação até o Dragon Ring estrear de forma independente com "Hell For The Life", um discaço com todos os elementos que agradarão em cheio os que prezam pelo tradicionalismo do Heavy Metal.
Marcio Antunes (voz), Alexandre Saito (guitarra), Elton Godinho (guitarra), Luiz Maymoni (baixo) e Fabio Amaro (bateria) são os responsáveis por todo o peso e carismáticas melodias que fluem de forma tão natural. O Whiplash! conversou com o vocalista Marcio, que se revelou um verdadeiro apaixonado pelo que faz ao contar um pouco da história do Dragon Ring e a gravação do debut.
Whiplash!: O Dragon Ring possui pouco tempo de estrada. Como vem sendo sua trajetória, desde a formação da banda até o lançamento de seu debut, "Hell For The Life"?
Marcio: A trajetória vem sendo definida com as palavras Garra, Honestidade e Amor pelo Metal, pois passamos por várias mudanças na formação desde 2001 e só estabilizando em 2009, por isso a grande demora em compor e gravar "Hell For The Life".
Whiplash!: O Heavy Metal Tradicional já beira sua terceira década e consegue unir diferentes gerações de fãs. Ainda que por aí haja muita reciclagem feita de forma até mesmo leviana, a que você credita todo o fascínio que o estilo exerce sobre o público?
Marcio: Essa pergunta nem nós sabemos responder. Talvez nos identifiquemos com as dificuldades que enfrentamos para nos expressar de maneira própria e verdadeira.
Whiplash!: "Hell For The Life" conquista pela descontração e bonitas melodias. O que você acha que este disco tem para oferecer que talvez as demos anteriores não possuísse?
Marcio: Bom, nas demos anteriores tínhamos muitas diferenças musicais e nenhuma experiência. E na parte musical diferencia muito, pois contamos com uma grande produção e outro time de músicos, com uma preocupação maior com o seguimento da banda no Metal tradicional, mesmo contando com algumas faixas antigas (é claro, totalmente reconstruídas).
Whiplash!: Faixas como "Dark Knight" e "Master Rock" mostram vocês fazendo bom uso de muitos dos elementos clássicos do gênero. Afinal, quais os ingredientes que realmente tornam uma música mais interessante, artisticamente falando, para o Dragon Ring?
Marcio: Primeiramente, o amor pelo que fazemos. O peso nunca pode faltar, a melodia e a criatividade têm que andar juntas e um pouco de ousadia nunca é de demais, porém nunca perdendo a parte clássica e tradicional na qual a banda aposta.
Whiplash!: A ilustração do guerreiro na capa do CD, a fantasia das letras e a narração de Marcos Riva (Pettalom) em "Legend (The Beginning)" mostram pontos em comum... Existe algum conceito específico por trás do álbum?
Márcio: Sim, porém de uma maneira discreta. Falamos da nossa luta pelo Metal e pelas dificuldades que encontramos no nosso dia-a-dia.
Whiplash!: E como rolou a participação de Marcos Riva para a abertura do álbum?
Márcio: Marcos Riva é um grande amigo meu há tempos, e sempre nos falávamos por carta, desde meados de 2006, época em que eu já tinha em mente a participação dele na faixa "Legend (The Beginning)". E também porque queríamos um vocal grandioso e forte para a abertura do álbum.
Whiplash!: Gostei da produção de Gustavo Campos (Pettalom, Menacer). Como rolou todo o processo de composição e gravação? O resultado final de "Hell For The Life" correspondeu às expectativas da banda?
Marcio: Bom, todo o processo de gravação aconteceu na casa do próprio Gustavo Campos, em Tatuí (SP), exceto a bateria que gravamos em outro estúdio. Na verdade trabalhar com ele foi muito massa, pois ele tem o que procurávamos há tempos (profissionalismo, vontade e dedicação), um produtor que nos dissesse o que fazer e que tirasse o máximo dos músicos, pois nem todas as faixas estavam terminadas. Então a importância dele foi fundamental em todos os aspectos, como solos e vocais.
Marcio: O resultado final foi satisfatório, levando alguns pontos em consideração, como tempo e dinheiro que sempre é curto nessas horas, além de a gravação que foi desgastante, pois viajávamos quase todo final de semana por mais de um ano. O melhor disso foi que ficamos muito amigos e isso foi muito importante.
Whiplash!: Ainda sobre o processo de gravação, o que diabos aconteceu com as trilhas da bateria?
Marcio: (risos) Essa eu preciso contar, foi assim: na verdade a banda entrou sem baterista pra gravar o álbum, pois o processo de escolha estava difícil e arrumar um à altura e que conseguisse tocar as faixas em pouco tempo estava se tornando cada vez mais desgastante para a banda. Pensamos até em contratar um batera só pra gravar o álbum, porém, é só no meio da gravação do CD é que conseguimos, com muito custo, arrumar o Fábio (Pervencer) para se juntar a nós.
Marcio: E é claro, depois de muitos e exaustivos ensaios, entramos em um estúdio pra gravar a bateria, e mal sabíamos que ela nos daria uma grande dor de cabeça e de dinheiro também. Pois bem, entramos no estúdio, preparamos tudo, isso no sábado, o Fábio passou o som, e na hora de abrir a mídia com as trilhas da bateria, nada! O cara batia e fazia de tudo, mas nada de abrir o CD. No começo até que ficamos meio que sossegados, pois sabíamos que tudo estava no tempo, porém o tempo foi passando e nada. Daí que entramos em ação e acabamos ligando para o produtor que teve que passar faixa por faixa por e-mail para o outro cara do estúdio que não era nada amigável, o que acabou nos estressando ainda mais e, pior ainda, alguns tempos estavam saindo fora e, aí sim, a coisa ficou mais feia, pois o que era pra ser gravado em no máximo duas horas virou oito e ainda tivemos que voltar no outro dia para gravar o restante.
Marcio: Putz, olha... Imagine, fomos com o dinheiro contado e, além de sair de lá ‘lisos’, tivemos que dar alguns cheques pré-datados (risos). Mas no final tudo deu certo e a gravação encaixou legal.
Whiplash!: Que situação...! Mas, além de suas habilidades como músicos, o que vem sendo feito para a divulgação do nome Dragon Ring? Existe uma preocupação em construir alguma relação efetiva com o público e, ainda, com o pessoal envolvido diretamente às gravadoras, festivais, etc?
Marcio: Sim, estamos divulgando muito o álbum, mesmo que de forma independente. Porém já estamos com alguns selos e gravadoras interessados em distribuir o CD da banda e estamos também com a "Hell For The Life Tour" sendo agendada e já estamos excursionando pelo Brasil. A preocupação da banda é imensa em todos os aspectos, principalmente com o público, pois em todos os shows que fazemos tentamos fazer o melhor e sempre visando o lado profissional e carismático, fazendo o que o público quer: Metal de verdade, sem frescuras e modismos.
Whiplash!: Ok, Marcio, o Whiplash! agradece pela entrevista. Fique a vontade para as considerações finais!
Marcio: Bom, eu agradeço a você, Bem, pela entrevista e pela grande resenha do álbum, e à total força que você está nos dando. Nós prezamos muito isso e posso lhe garantir que, em todos os palcos que pisamos, somos sempre bem recebidos, sinal de que a banda age de forma profissional e ao mesmo tempo mostra que as bandas de Metal no Brasil podem, sim, crescer de forma independente e gravar um bom álbum, sem uma grande gravadora. Um abraço a todos e esperamos todos vocês nos shows.
Contato: www.myspace.com/dragonringband
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