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Highest Dream: feito exatamente para aqueles que amam o AOR

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 01 de outubro de 2009

Encontrando dificuldades em território brasileiro, o Highest Dream teve seu primeiro álbum lançado através de uma gravadora inglesa. Então, não estranhe certa dificuldade em encontrar "Far Away From Here" nas prateleiras de nossas lojas. Mas a persistência será recompensada com uma das mais belas obras de AOR já produzida por algum músico de nosso país. Sem exageros.

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A inspiração de seu repertório gerou grande curiosidade. O Whiplash! procurou conhecer melhor o Highest Dream e foi conversar com Leo Mendes, tecladista carioca que trabalhou com afinco para ver seu sonho realizado. A entrevista é longa, mas muita história bacana e lição de perseverança é o que o leitor encontrará nas próximas linhas...

Whiplash!: Olá Leo! Primeiramente, meus parabéns por "Far Away From Here". Confesso que não me lembro de ter escutado algum trabalho brasileiro que se equipare ao AOR de seu debut. Bom, antes do Highest Dream, você fez uma parceria com o vocalista Riq Ferris. O que não deu certo nesta época?

Leo: Olá, Ben! Antes de qualquer coisa, obrigado pelos elogios e é uma realização mesmo ouvir um comentário desses de alguém que realmente entende do assunto. Na verdade, eu e Riq nos conhecemos pela primeira vez em uma banda de covers e não tínhamos feito nada autoral até então, ou seja, não chegamos a fazer uma parceria de fato.

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Leo: A banda em si acabou pelo fato de ser realmente complicado fazer esse tipo de som (AOR) comercialmente aqui no Brasil. Chegamos a fazer alguns shows, mas não foram suficientes pra dar continuidade. Por isso, fiquei certo tempo sem muito contato com o Riq.

Whiplash!: Após isso, você não abandou a música, certo? Atuou como tecladista, produtor e diretor musical. O que te motivou a trabalhar novamente com Riq e montar o Highest Dream?

Leo: Paralelamente à banda que tinha com o Riq, eu também trabalhava em projetos musicais pra outros artistas, mas nunca tive a oportunidade de fazer um trabalho próprio que pudesse colocar exatamente a minha verdadeira essência musical, e que pudesse ser eu mesmo sem ter que agradar os gostos de clientes.

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Leo: Como todos que trabalham com música aqui no Brasil sabem, é difícil se sustentar só com ela e eu tive que partir para a área de informática para achar minha estabilidade financeira. Mas só quem é músico sabe que é impossível ficar afastado por muito tempo da música, e isso estava me deixando maluco, eu tinha que resgatar aquilo que estava faltando em mim. E, no início de 2008, entrei em contato com o Riq e disse pra ele sobre um projeto que eu gostaria de montar. Nós dois tínhamos algumas idéias musicais em nossos acervos pessoais e isso foi o suficiente pra darmos início ao Highest Dream.

Leo: A idéia inicial era se fazer uma pré-produção pra reunir o restante da banda e depois gravarmos tudo. Mas, com o decorrer das coisas, acabou se tornando um projeto de nós dois. Mas atualmente a banda está formada e pronta pra atacar por aí com músicos renomados do cenário musical nacional: Marcio Loureiro (guitarra), Marquinhos dos Santos (baixo) e Zé Mario (bateria).

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Whiplash!: Como foi o processo de composição de "Far Away From Here"? Pelo que soube, houve alguns contratempos que impediram que a gravação do disco terminasse no prazo desejado. O que aconteceu, de fato?

Leo: Como disse antes, eu e Riq já tínhamos algumas idéias prontas e fomos moldando conforme fosse agradando aos dois. O Riq tinha as melodias e o esboço das letras. Eu pegava essas idéias e criava a estrutura de arranjos, harmonização e as levadas em si. Algumas letras e melodias que eu tinha, o Riq colocava a ‘pitada’ dele e a gente chegava a um ponto comum. É fácil de trabalhar quando os dois têm praticamente as mesmas influências e gostos musicais.

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Leo: Quanto aos contratempos durante as gravações, é porque a intenção era de se fazer apenas a pré-produção para depois a banda ir para estúdio e gravar tudo de fato. Mas quando não se tem um capital pra investir num projeto, fica difícil reunir bons profissionais que estejam dispostos a se dedicar a um trabalho sem saber se vai dar certo ou não. Não é fácil fazer com que outras pessoas acreditem em seus sonhos e também tenham certeza que eles vão se realizar.

Leo: Sendo assim, eu tive que programar as baterias e os baixos de uma maneira muito melhor elaborada do que estava sendo feita até então, e também acabei gravando as guitarras base, violões, teclados (óbvio) e os backing vocals de todo CD. Sinceramente, não foi por questões de 'ego' ou algo nesse sentido. Foi justamente por não ter a grana pra bancar dignamente os músicos e também porque se eu fosse esperar pela disponibilidade de todos ou por quem quisesse 'vestir a camisa' do projeto, acho que meus netos é que teriam que terminar o CD! Rs...

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Leo: Mas eu tive a honra e o privilégio de ter a ajuda de alguns grandes amigos e ótimos músicos que gravaram as guitarras solos do CD: Marcelo Nami, Marcio Loureiro e John Cassio. Quando se faz algo com sinceridade, amor, dedicação, verdade musical e detalhamento, o resultado é sempre satisfatório. Eu poderia dizer que esse debut é um trabalho artesanal criado de uma maneira muito autêntica e honesta. Cada nota musical contida lá foi feita de uma forma muito bem pensada e colocada, e não uma montagem de clichês pré-fabricados.

Whiplash!: De qualquer forma, o resultado final de "Far Away From Here" é, no mínimo, espetacular. Como rolou o contrato com a gravadora inglesa Escape Music? Ninguém aqui no Brasil se prontificou a lançar este debut? Pelo que observei, é muito difícil encontrá-lo nas lojas.

Leo: Assim que finalizei o trabalho, começou a fase da divulgação. A internet é um canal perfeito pra isso, hoje em dia eu diria até que é uma nova sociedade que se formou. Eu mandei a DEMO para vários selos no mundo, inclusive pro Brasil, mas pra minha surpresa NENHUM selo daqui me deu sequer um retorno, ao contrário dos selos lá de fora. A grande maioria deles foi muito educada e se propôs a ouvir o trabalho e dar um retorno.

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Leo: Infelizmente ainda existe aquela cultura de que tem que se fazer sucesso lá fora pra depois ser valorizado aqui no Brasil. Enfim, né! Bem, pra ser honesto, eu não conhecia bem o trabalho da Escape e meu objetivo era chegar até a Frontiers. Eu consegui falar com o presidente da Frontiers, que por sinal é uma pessoa muito legal mesmo, mandei o link do Myspace e ele me retornou pedindo o material todo. Após um tempo ele me retornou dizendo que havia gostado, mas que não teria como lançar o CD nesse ano, pois tinha lançamentos agendados para até depois do verão. Mas me encaminhou para um amigo dele de uma gravadora inglesa que poderia lançar o Highest Dream.

Leo: Eu não acreditei muito nessa conversa, achei que foi uma forma gentil de dizer que não gostou do trabalho. Mas, para minha surpresa, no mesmo dia o presidente da Escape Music (Khalil Turk) me mandou um e-mail dizendo que tinha gostado muito do CD e que poderia lançar em março de 2009, e me perguntou se eu estaria interessado (eu diria que foi desnecessário da parte dele me fazer essa pergunta! Rs...).

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Leo: Desde então, a Escape tem feito um ótimo trabalho de divulgação por toda Europa e Japão, que é justamente a área de abrangência do contrato, e também em alguns outros países da América do Norte e Sul. O fato de não se achar o CD em muitas lojas no Brasil, é porque ainda não tem nenhum distribuidor da Escape por aqui, mas seria uma boa oportunidade pra pensarem no assunto.

Whiplash!: Por mais que o Brasil seja um ‘país musical’, viver de AOR ou qualquer outro segmento do Rock´n´Roll é uma tarefa difícil, tem que ter muito amor à causa. Como o público vem reagindo a seu primeiro disco? O Highest Dream tem conseguido espaço para tocar?

Leo: As críticas têm sido muito positivas, principalmente na Europa. Aqui no Brasil, a resposta do público tem sido mais pelas comunidades do Orkut, em alguns sites e pelos Blogs espalhados, até mesmo pelo fato de não se achar os CDs nas lojas pra vender. A banda está se preparando para fazer seu show de lançamento, por isso que ainda nem fiz muita questão de correr atrás de shows lá fora. Mas nosso objetivo é realmente chegar aos festivais que acontecem todo ano e tenho a esperança que isso realmente aconteça, justamente pela resposta positiva de certos organizadores como, por exemplo, a Fireworks Magazine que promove o Firefest e que fez uma excelente review do Highest Dream em uma das suas edições.

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Whiplash!: Pois é, pelo que venho acompanhando, a crítica internacional vem rasgando elogios ao disco. Como tem sido para você esta experiência?

Leo: Cara, se eu fosse fazer agora uma daquelas propagandas de cartão de crédito, eu diria que 'Isso não tem preço'! Rs... Não tem nada mais gratificante na vida do que você ter o reconhecimento positivo de um trabalho que você fez com sua alma, e o melhor disso tudo é saber que esse reconhecimento vem de pessoas que gostam e entendem de AOR, ou seja, não é de um público leigo. Eu costumo sempre dizer, sem a menor demagogia, que esse trabalho foi feito sem pretensão de atingir a mídia ou coisas assim, e foi feito exatamente para aqueles que amam esse som.

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Whiplash!: Como a Escape Music é uma gravadora britânica, não surgiu alguma oportunidade de tocar pela Europa ou EUA?

Leo: A Escape ainda não se pronunciou em relação a isso. Não sei até onde ela tem autonomia nesse assunto ou se ela também teem dúvida se o Highest Dream ainda se trata de um projeto ou já é realmente uma banda. Mas nós vamos filmar o show de lançamento e divulgar bastante depois. Talvez assim surja algum interesse maior dela em promover shows.

Whiplash!: "Far Away From Here" possui uma habilidade e tanto ao mesclar influências de nomes como Journey, Kansas, Asia, entre outros monstros que fizeram história nos anos 80. Neste sentido, o que você acha da nova safra do Hard Rock, onde tantas novas bandas soam realmente modernas?

Leo: Eu sinceramente acho que 'moderno' é um termo um pouco subjetivo. Eu acredito na identidade musical das bandas. Se uma banda de rock surge hoje e faz seu som de uma maneira autêntica e verdadeira, eu admiro muito. Mas uma coisa que eu não curto é ver bandas consagradas de AOR que arregimentaram milhões de fãs nos anos 80 quererem fazer um som totalmente diferente da sua essência só pra tentar ser moderno. Sei que esse tema é meio polêmico e daria muito 'pano pra manga', mas eu só queria dizer que admiro a autenticidade musical. Se for feito de uma maneira sincera... Tá valendo. Mas se é um tendencioso e para tentar agradar alguém, aí me desculpe, mas não valorizo!

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Whiplash!: Leo, você está no ramo musical há tempos e deve conhecer bem os mecanismos da indústria. Por que você acha que bandas como J Quest, NX Zero, Fresno, etc, tem tanto espaço na mídia, enquanto o AOR, que também possui certo apelo comercial, é completamente ignorado?

Leo: A música é parte da história mundial e tem suas fases. Para cada década existiu um estilo de rock predominante, assim como bandas que marcaram cada uma dessas décadas. Nós estamos nos anos 2000 e no nosso atual cenário nacional, essas são bandas que estão em evidência. O auge do AOR aconteceu nos anos 80. Mas, independente da década ou do estilo de rock vigente, quem se eternizou foram bandas e artistas de qualidade e de peso, ou seja, não adianta você querer seguir um modismo, se não for competente vai ser esquecido no tempo.

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Leo: Só pra citar como exemplo, olha essa galera de 15 anos de idade andando hoje em dia com camisa do Led Zeppelin, Iron Maiden e Deep Purple. Eles ainda eram projetos de espermatozóide quando essas bandas faziam sucesso, mas que ainda são idolatradas até hoje. Assim como o AOR, não adianta passar o tempo porque tudo o que é bom vai ser valorizado e terá sempre seu espaço.

Whiplash!: O currículo de Riq é de respeito. Além de gravar com o Sigma 5 e Thotten, o cara teve a oportunidade de atuar como backing vocal para artistas como Ted Poley (Danger Danger), Joe Lynn Turner (Rainbow, Malmsteen, Deep Purple) e Tony Martin (Black Sabbath). Como rolou as parcerias com estes músicos gringos?

Leo: Assim como seu currículo, eu acho a musicalidade do Riq algo de grande respeito. Ele tem personalidade vocal e uma grande técnica associada, além de ter a essência do rock na alma. O Riq fazia parte da banda de apoio que acompanhava esses artistas quando vinham aqui no Brasil. No início, ele fazia parte de uma banda que abriu os shows, aqui no Brasil, do Sweet, uma banda famosa dos anos 70. A partir disso, surgiu a proposta de ser a banda de apoio do Ted Polley e depois vieram os outros artistas com essa mesma proposta. Bem, eu acho que o próprio Riq seria a pessoa mais adequada pra dar maiores detalhes, senão eu posso deixar passar algo despercebido ou cometer alguma gafe aqui!

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Whiplash!: Ok, cara! Agradeço pela entrevista, e espero que tudo flua bem para o Highest Dream. Fique à vontade para os comentários finais!

Leo: Eu queria agradecer por você ter dado a oportunidade de mostrar mais uma vez o meu trabalho e também dar os parabéns por manter acesa a chama do rock aqui no Brasil. É fundamental existir um trabalho assim e admirável mantê-lo vivo e com sucesso. Realmente o Whiplash! é um 'Oásis' na net. Também queria agradecer de coração a todas as pessoas que tem dado força e valorizado o Highest Dream aqui no Brasil e lá fora. Sem o estímulo de vocês, não teria o menor sentido dar continuidade ao trabalho e nem teríamos motivação pra isso. Obrigado mesmo a todos que estão apoiando direta ou indiretamente o HD.

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Leo: Espero poder contar ainda mais com todos para ajudar na nossa divulgação e também contar com a presença nos shows que estão por vir. Será um prazer poder dividir nosso som com vocês em cada cidade ou país. Um grande abraço a todos e mais uma vez... Ben... Valeu mesmo pela força.

Leo: Eu só queria deixar uma frase aqui, que nem é minha, mas eu costumo sempre usar quando divulgo nosso trabalho, que representa exatamente o espírito do Highest Dream e todo seu processo de criação: "Imagination is more important than knowledge!" (Albert Einstein).

http://www.myspace.com/highestdreamrock

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http://www.hardheavy.com.br

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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