Hangar: comentários sobre novo vocalista e novo álbum
Por Renato Junior
Fonte: Arena Heavy
Postado em 16 de agosto de 2009
Não poderia começar essa entrevista sem antes fazer esta pergunta, o que levou Nando Fernandes (ex–vocalista) a deixar a banda? O quanto isso prejudicou o Hangar?
Nando Mello – Este assunto já está resolvido e tudo está explicado no nosso site. Para mim não houve prejuízo algum, pois se alguém não quer fazer parte de alguma coisa, lógico que só prejudica. Então muito pelo contrário, não houve prejuízo, houve um acréscimo de uma pessoa que quer levar adiante o Hangar, que é o Humberto.
Fabio Laguna – Em princípio ficamos assustados com o fato porque realmente fomos pegos de surpresa e pensamos por alguns momentos que seríamos muito prejudicados. Uma troca de integrante é um saco. Eu tinha um pouco mais de afinidade com ele dentro da banda e senti um pouco mais a sua saída. Mas, por outro lado, entendi que ele estava insatisfeito e tomou a decisão certa. Pouco tempo depois a banda já estava reestruturada e com muita vontade de seguir adiante.
Com a saída de Nando Fernandes, vocês fizeram uma grande seleção para achar um vocalista a altura do Hangar, posso dizer que fiquei muito surpreso com a escolha de Humberto Sobrinho (Glory Opera), mas ao mesmo tempo muito feliz, pois sua voz é grandiosa, o que os levou a escolha de Humberto, tendo muitos talentos na seleção, como o vocalista Leandro Caçoilo (ex–Eterna ) na seleção?
Nando Mello – Porque ele é um vocalista sensacional e se encaixou perfeitamente na filosofia de trabalho da banda.Um músico que está procurando um reconhecimento maior de seu talento.
Fabio Laguna – Nossos critérios de escolha priorizaram muitos detalhes que outras bandas esquecem ao selecionarem seus músicos. Pra começar, cantar bem já tinha que ser requisito mínimo. Nós já sabíamos que todas as pessoas que foram pré-selecionadas para um teste "pessoal" cantavam pra caramba. Então precisávamos saber quem estava disposto a vestir a camisa, trabalhar com seriedade, quem realmente achava que valia a pena cantar no Hangar, não só por prestígio, mas por acreditar que estávamos fazendo algo diferente, etc, etc.
Eduardo Martinez – Humberto tem qualidades que lhe permitem interpretar o material já existente do Hangar com facilidade, e musicalidade de sobra para criar junto com os integrantes que não desistem nunca dessa loucura, o material novo que produzimos. Humberto também nos escolheu.
O que os fãs podem esperar do próximo álbum do Hangar?
Nando Mello – Podem esperar o melhor disco do Hangar, com o mesmo peso dos discos anteriores e também com várias surpresas positivas. Extremos como nunca tinhamos feito antes.
Fabio Laguna – Como esse foi um disco composto e gravado de forma completamente inusitada a tudo o que o Hangar já fez, acho que a reação do público vai ser parecida com a nossa quando ouvimos o disco pronto pela primeira vez: será uma grande surpresa, rsrsrs. É um disco de extremos, com as músicas mais pesadas que o Hangar já compôs e com as nossas maiores excentricidades também, rs.
Eduardo Martinez – Compusemos as músicas tocando e convivendo juntos em tempo integral, é a maneira que resulta nos melhores trabalhos das grandes bandas e é isso que queremos ser, é para isso que batalhamos, é por isso que fizemos mais musicas e juntos na mesma sala olhando na cara um do outro. Esperem muitos shows com esse repertório pois quem está nessa banda gosta de tocar, ensaiar e conviver com o que criou, e aguardem um show monstro.
A voz de Humberto esta se encaixando na banda? Pergunto isso porque conheço os dois trabalhos do Glory Opera, e sua voz tende para um lado mais melódico, vocês pretendem seguir esta linha mais melódica?
Nando Mello – O Humberto cantou como as músicas pediam no momento. Na real, eu nem escutei os discos do Glory Opera como parâmetro do Humberto, ele veio e mandou bem ao vivo com as músicas do Hangar. O que ele cantou no passado não tem nada a ver com a tendência musical atual do Hangar.
Fabio Laguna – Pois é, eu também só fui conhecer melhor o Glory Ópera depois que o Beto fez os testes com a gente. Daí me perguntei: por que ele já não cantava desse jeito lá? Em alguns momentos ele também canta de forma "melódica" no disco novo do Hangar, mas existem tantas outras características legais de sua voz que não foram exploradas na sua outra banda que nos surpreenderam demais. Ele é extremamente versátil.
Eduardo Martinez – Desculpem a brincadeira, mas acho que agora que já passaram mais de dez anos da "invenção" do rótulo "música melódica" vou me permitir convidá-los para o show "de ver e ouvir" do Hangar! Se precisar, vá de "avião voador"...
Quais os pontos positivos e negativos que o Hangar tirou dessas mudanças de vocais? Isso faz a banda de certa forma perder sua identidade própria, certo?
Nando Mello – Eu gosto de pensar sempre nos pontos positivos, é assim que eu vejo as coisas e acredito que não acontecem por acaso. Perder alguem com quem voce toca a muito tempo é ruim independente do instrumento. Não perdemos a essência, continuamos sendo o Hangar e não adianta lamentar, temos que seguir em frente alegres com a continuidade do trabalho. No caso do Humberto, ficamos muito felizes com o seu talento e determinação, coragem para chegar e fazer o que era preciso.
Fabio, após o Aquiles sair do Angra, você também saiu. Ficou algum ressentimento daquela época? O Hangar hoje é sua prioridade?
Fabio Laguna – Pra começar, há um erro cronológico na sua pergunta. Eu que saí do Angra bem antes do Aquiles. Aliás, até onde sei, legalmente o Aquiles ainda é o baterista do Angra. E não, não há nenhum ressentimento de ordem pessoal contra ninguém. Quando a banda parou, em julho de 2007, aguardei alguns meses na esperança de que a cúpula do Angra reavaliasse os seus problemas internos e apresentassem soluções razoáveis. Como ninguém falou nada, eu pedi meu desligamento da empresa em novembro de 2007, pois precisava seguir a minha vida. E como ninguém também falou nada sobre isso, acho que aceitaram, pois quem cala consente, não é mesmo?
Fabio Laguna – Desde 2001, quando me tornei integrante do Hangar, a banda vem sendo a minha prioridade sim. Tudo o que aprendi e cresci de lá pra cá foi e vem sendo usado no Hangar e nos meus outros projetos paralelos, pois no Angra o meu trabalho era somente executar nos shows os arranjos dos discos, nada mais do que isso.
Como todos sabem os músicos do Hangar também tocam em outras bandas. Ter um projeto paralelo ajuda a tirar um pouco da pressão de tocar em uma banda que esta crescendo cada vez mais no cenário metálico?
Nando Mello – O Hangar é a prioridade, o único trabalho paralelo que tenho é uma banda que toca covers chamada Riffmaker.
Fabio Laguna – Sem dúvida nenhuma, os projetos paralelos são extremamente importantes por diversos motivos. Quando damos aulas, fazemos workshops, tocamos ou gravamos com outras bandas, estamos nos reciclando, aprendendo mais um pouco, respirando novos ares, agregando novas influências... Além disso, esses trabalhos são nossas fontes de renda quando o Hangar não está em atividade, e por isso ajudam a manter a banda viva.
Eduardo Martinez – Eu e Mello lecionamos na Escola Bateras Beat de Porto Alegre. Toco na Riffmaker e também com o baterista Hércules Priester, você pode ter mais detalhes nos sites. A prioridade de todos no Hangar é fazer muito mais shows em todo Brasil e fora com este novo trabalho, que é melhor que o The Reason Of Your Conviction na minha opinião. A frase "é muita pressão" sempre volta nessa banda... Alguns "espanam", mas é com muita pressão que um simples carvãozinho se transforma em diamante.
Humberto, o que o levou a participar da seleção para novo vocalista do Hangar? Sendo que ao lado do Glory Opera, você gravou dois belos álbuns.
Humberto Sobrinho – Primeiramente o som do Hangar, pois tendo mais peso e ao mesmo tempo uma pitada de melódico, abre uma enorme possibilidade de interpretações vocais e eu já estava querendo "experimentar" novos timbres já havia um bom tempo.
Como você esta encarando cantar as outras musicas do Hangar que eram com outros vocalistas, sendo que o Nando (ex–vocalista do Hangar, cantou no último álbum da banda The Reason of Your Conviction) e o Mike (gravou os dois primeiros CDS do Hangar, Last Time e Inside Your Soul), têm características bem diferentes das suas?
Humberto Sobrinho – Estou adorando, pois gosto de variar timbres e modéstia a parte, tenho uma certa facilidade com isso!
Você ainda é vocal do Glory Opera?
Humberto Sobrinho – Sim.
O cenário fonográfico tem sofrido muito com a pirataria e o download ilegal. Um dos maiores exemplos atuais é o encerramento das atividades da banda Metal Church e a falência da gravadora SPV. Como o Hangar vê esta situação, no cenário atual, sendo que temos muitas bandas boas no Brasil?
Nando Mello – Não há como fugir disto. As bandas precisam procurar alternativas para se adequar a este novo panorama. Bons shows ao vivo, venda de merchandising etc..
Fabio Laguna – Como nunca vendemos tantos CDs quanto o Michael Jackson ou o Roberto Carlos, rsrsrs, acho que isso nunca foi um grande problema pra gente. Querendo ou não, nós já estamos adaptados a essa realidade porque a banda já cresceu dentro desse panorama. Seria muito legal se as pessoas respeitassem a obra alheia, que comprassem os nossos discos. Mas já que isso não acontece, esperamos que as pessoas que baixam as nossas músicas continuem participando dos nossos shows.
Eduardo Martinez – Estamos lançando o CD de divulgação da Tour. As coisa estão invertidas agora, porém, vai demorar até inventarem algo que substitua o show de ver, ouvir, sair de casa e se juntar a uma Horda que quer ter algo que só acontecerá uma única vez... Você não pode piratear nem fazer back up de sua própria vivência da música tocada ao vivo ainda. É isso que estamos oferecendo. Nossos fans são músicos, toquem um instrumento ou não.
Quais são os planos futuros do Hangar?
Nando Mello – Lançar nosso próximo disco e tocar muito pelo Brasil e exterior.
Eduardo Martinez – Firmar o Hangar como a grande banda Brasileira do cenário mundial, a banda que uniu extremos e amadureceu e enlouqueceu na estrada junto com seus fans e amigos. Oferecer um grande show para quem já nos conhece e para quem nunca saiu de casa ver uma banda tocar ainda. Em qualquer lugar. Sempre.
Gostaria de agradecer a todos pela grande entrevista, deixo as considerações finais a vocês.
Nando Mello – Muito obrigado ao Arena Heavy pelo espaço e espero em breve poder estar com o Hangar ao vivo mostrando o nosso mais novo cd.
Fabio Laguna – Muito obrigado pelo espaço. Fiquem ligados no nosso site: www.hangar.mus.br. Vem muita coisa boa por aí. Grande abraço!
Eduardo Martinez – Obrigado, vocês são a razão de tudo isso. O Hangar ama vocês. Estamos firmes no rumo, com uma rota bem definida pra perto de vocês, acreditamos muito, demais mesmo no poder da nossa música pra deixar que qualquer coisa, crise, mercados fonográficos ou piratas se interponham. Por alguma coisa nessa vida é preciso viver e morrer. Escolha bem.
Entrevista realizada e enviada por Renato Junior - [email protected]
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