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Andreas Kisser: "Pirataria é o efeito colateral do monopólio!"

Por Laura Udokay
Fonte: Laura Udokay Blog
Postado em 08 de julho de 2009

Uma boa prosa de metaleiro para metaleira, na partida eu joguei com as perguntas e Andreas Kisser com as respostas (alguém me disse que isso se chamava entrevista, vejamos...)

Sepultura - Mais Novidades

O nome Sepultura brotou na cabeça dos irmãos Igor e Max Cavalera, quando iniciaram em Belo Horizonte. Traduziam canções do inglês para o português e inspirados em uma música do Motorhead: Dancing on Your Grave (dançando sobre sua sepultura), decidiram batizar o que conhecemos hoje como uma das melhores bandas de heavy metal brasileiras.

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Andreas já tocou com Scorpions, Pantera, Metallica, Slayer, Titãs, Angra, Deep Purple e muitas outras bandas de sucesso. Declara que todas essas experiências foram especiais. "Toquei com o Dio aqui em São Paulo há dois anos atrás, e para mim foi um sonho", se revela como grande fã de Black Sabbath e Ozzy, "guardo todos com carinho", conta.

Quanto ao sucesso, pergunto se todo esse reconhecimento prejudica ou prejudicou sua personalidade, "acho que é difícil julgar a si mesmo, mas creio que não. Porque tenho o equilíbrio da família. Sou casado há dezenove anos, tenho três filhos, então sempre quando eu volto para casa, coloco os pés no chão, pego filho na escola, coisas do tipo". Ele tenta não creditar muito no mito que as pessoas criam, "todo mundo elogia e é muito fácil cair nessa armadilha".

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Sobre os fãs e mídia, ele se mostra tranqüilo, explica que como as pessoas têm opiniões variadas é preciso ter certa neutralidade, "lido da melhor forma possível e procuro não dar tanta bola nem para os grandes elogios, quanto para as críticas ruins", ele fala que qualquer movimento que a banda faz é observado, "deixo as coisas rolarem. A gente faz música porque aprecia, eu gosto de tocar guitarra, temos o privilégio de viajar o mundo e o Sepultura teve várias mudanças, temos vinte e cinco anos de estrada e estamos acostumados com opiniões e imprensa. Isso nunca me atrapalhou".

O vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson elogiou o público brasileiro, disse que é um dos melhores ao qual já se apresentou. Aproveito esse exemplo para saber do Andreas se para ele existe essa classificação. O guitarrista acredita que isso é questão de diferença cultural e o povo brasileiro é festeiro, "pessoal latino em geral é mais quente. Espanha e Portugal comparado com a Alemanha, Holanda e Finlândia, já é uma coisa um pouco mais fria, Japão também, o pessoal é meio robô, mas são apaixonantes, eles amam a música".

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Andreas defende que todas as culturas se parecem, ao mesmo tempo em que são diferentes. Nos shows a galera quer gritar, pular e aproveitar, "não importa se você está na Índia ou na China", diz com uma boa risada.

Rasgar o verbo

Quem não conhece muito a respeito de Sepultura e se assusta com o estilo pesado, deve averiguar que por trás dos ritmos musicais, as letras criticam o sistema e também desmembram questões e valores políticos. No início da carreira, a banda não tinha essa preocupação, Andreas diz que muitas das composições sofriam influência das bandas de fora. Daí quando o Metallica começou a crescer e trazer o heavy metal para as grandes Arenas, as críticas de suas letras o acompanharam, sob influência do Punk.

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Ramones, Sex Pistols, The Clash, dentre outras, também abordavam esses temas. Até Motorhead arrisca algumas pinceladas com essa aquarela.

"Então, pegamos essa influência, vindo do Brasil, um país bem peculiar. Saindo de uma ditadura militar e abrindo os horizontes com Rock in Rio", explica Andreas.

Na verdade, a banda não teve medo de abrir o jogo sobre os problemas do país, "muita gente tem uma visão do Brasil como uma coisa turística, as mulheres, samba e praia. Não que seja um problema, o país é especial por causa disso, mas começamos a mostrar um outro lado, como o das grandes cidades: São Paulo, Rio, Belo Horizonte. A vida de um tatuado e cabeludo por aqui", sorri (talvez porque ele seja cabeludo e tatuado), " e aos poucos começamos a trabalhar uma imagem mais realista, não tão bonita", explica.

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Álbum Dante XXI

Em 2006, o Sepultura saiu em turnê para divulgar Dante XXI, inspirado na clássica obra A Divina Comédia do italiano Dante Alighieri. O herói dessa odisséia é o próprio escritor, que se dedicou a obras poéticas após a morte de seu amor platônico Beatrice e, musa de várias de suas obras. A trama narra a passagem de Dante pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, sendo pastorado por seu poeta predileto Virgílio.

Segundo Andreas, a idéia de buscar inspiração em livros veio da experiência de produzir trilhas sonoras. Nos últimos dez anos, o Sepultura trabalhou ao lado de músicos e diretores distintos, tudo na construção das trilhas sonoras. Inclusive para o filme Lisbela e o Prisioneiro os rapazes já tiveram suas criações musicais incluídas.

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"E escrever letra para filme é completamente diferente, tem de se respeitar certos limites da história".

Emendo ao perguntar se há o risco de perder o estilo "Sepultura", mas Andreas diz que muito pelo contrário, eles até extrapolam seus limites com esse tipo de experiência. "É o efeito Magaiver", brinca e afirma que o excesso de limites coage a criatividade, "você tem poucos elementos, mas tem de fazer as coisas acontecerem". Andreas revela que esse foi o detalhe ao qual achou mais interessante em criar músicas para filmes.

E sob essa influência, decidiu trazer a idéia de buscar dentro de algum livro ou filme uma vertente para construção de suas composições na banda.

"O Derrick sugeriu A Divina Comédia, que ele estudou na escola. Depois de decidirmos usá-lo, eu comecei a pesquisar e ler vários livros, em inglês e português. A partir do momento que se pega o ritmo, você vê que é uma coisa genial, fantástica", observa.

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O guitarrista também estudou um pouco sobre a vida de Dante. Buscou saber onde e porque ele o escreveu, entender sua época, suas receitas de criação e usar elementos inéditos no método da banda.

"E o mesmo aconteceu com Laranja Mecânica. Agora pegamos um outro tipo de literatura, moderna e direta. Mas também extremamente completa, fala de drogas, de família, amigos, política, religião, fala de tudo. É uma obra espetacular", argumenta.

Como no álbum anterior, eles estudaram a vida do autor. E perceberam que Anthony Burgess levava uma vida quase tão louca quanto a de Alex, seu protagonista na trama de Laranja Mecânica. "A vida do Anthony é fantástica e tudo isso nos influência a fazer nossa própria versão das canções".

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Andreas e o vocalista Derrick Green normalmente se encarregam em escrever as letras. Eles trocam links mais realistas, pesquisam em documentários, vasculham acontecimentos dentro da política e até a tragédia de onze de setembro e história dos Estados Unidos. Ler muitos livros, mas em especial não engolir só Best Sellers ajuda e muito a manter o estilo. Andreas curte bastante brincar com esse paralelo literário para construir as canções.

Um inferno chamado Convicted in Life

O videoclipe da música Convicted in Life é realmente bestial! Retrata o inferno de Dante. Com base nele, pergunto qual foi a reação de público e mídia: "O pessoal sempre fica chocado. Teve lugares que foi proibido, mas também... Dane-se. Cada um tem a sua hipocrisia em não mostrar certas coisas, enquanto passa na televisão coisas absurdas", defende indignado.

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Andreas lembra desgostoso sobre o caso Isabela. Que tornou-se um fenômeno, um sucesso (no mínimo macabro).

Como músico e ser humano, ele se apresenta dono de ótimo estado de espírito e fico admirada em constatar suas idéias num misto de revolucionárias com altaneiras.

"Eu vou fazer uma campanha para trazer de volta a cova dos leões, porque adoram uma desgraça, isso é histórico nos humanos", brinca.

E ainda sobre Convicted in Life, Andreas explica que graças aos efeitos especiais, foi possível transpor das páginas do livro uma versão adaptada do inferno na versão do clipe.

"Conseguimos transmitir passagens terríveis do inferno de Dante em situações muito explícitas".

Andreas afirma que o próprio Dante nos convida a encarar nossos demônios, "deixar de jogar a culpa por nossos infortúnios nas costas da religião ou mesmo de outras pessoas".

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Eu dei muita risada ao confessar a forma como esse videoclipe mexeu comigo e causou medo (dá uma sensação agonizante). Andreas conta que a intenção do vídeo é causar reações e emoções. A Divina Comédia deve fazer as pessoas refletirem, do contrário, não levaria um nome tão sugestivo.

A redenção em Ostia sob o amparo de Virgílio

Já no videoclipe Ostia, aparece um homem de manto vermelho que interpreta Dante no encalço de Virgílio. Como vivemos em um mundo aparvalhado, quero saber se há a intenção de mostrar que cada pessoa precisa, então, de um Virgílio na vida.

"Infelizmente eu acho que o ser humano precisa de tudo, somos fracos. Naturalmente se conseguíssemos desenvolver todo potencial cerebral, não precisaríamos de leis, juízes, governantes, nada disso. Cada um estaria conectado com a natureza, e não de uma forma imposta", critica.

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Ele diz que nossa educação é muito limitada. Nascemos sendo batizados e não temos liberdade. "Muita gente é obrigada a acreditar que o mundo foi criado por um velhinho sentado não sei onde e que fica observando todo mundo. Idéias da história da Carochinha e que não nos permite evoluir necessariamente o que temos em potencial", acrescenta.

Andreas tem seus pensamentos fixos em valores inteligentes, não se mostra feliz com o excesso de lixo que o ser humano produz e lamenta pela coerção a filosofia barata.

"Escolhemos um estilo de vida totalmente destrutivo".

Roots e mais um pouco

A saída de Max Cavalera foi um momento delicado, na fase a turnê do álbum Roots, quando a banda legava shows ao redor do mundo.

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"O Sepultura estava no topo, quase como o próximo Metallica, estávamos atingindo um nível fantástico". Todavia, o relacionamento deles dentro da banda estava completamente zoneado, destruído.

Com esse rumo na conversa, pergunto se eles entravam muito em atrito, ao que Andreas responde: "não! O grande problema é que não brigamos o suficiente, todo mundo ficava segurando muitas coisas, e quando decidimos tentar resolver já era uma bola de neve e não deu mais".

Com a saída do Max, a banda perdeu empresário e confiança da gravadora. Tiveram de reconstruir tudo.

"A música nunca me cansou porque ela é fantástica! É infinita e eu sempre toquei com outras pessoas, não fiquei preso só ao Sepultura". Ele aprecia outros estilos e revela uma veia apaixonada por Blues, estuda violão erudito e diz que é como estar em outro planeta, outras influências e técnicas são sempre bem-vindas, "diversificar sempre dentro da música", sugere.

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"Guitarra e violão, nenhum nem outro: os dois"!

As variações que o Sepultura utilizou em suas músicas como os elementos tribais, contribuíram para o grupo se destacar.

"Isso foi algo que aconteceu naturalmente. Quando assinamos o contrato com a Roadrunner em 1989 com o álbum Beneath The Remains, nosso primeiro disco que saiu mundialmente. Começamos a tocar fora do Brasil e senti que havia muita coisa única no nosso país que nos passava batido. Aos poucos começamos a utilizar essas referências brasileiras de percussão", conta.

No álbum Arise há também influências da America do Sul, com flautas peruanas.

"Nada disso se originou do nada. Qualquer influência tem que ser vivida para podermos utilizar como algo natural e, não o contrário. Não dá para forçar água com óleo", brinca.

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O Brasil foi a grande inspiração no álbum Roots. Que mostrou um novo caminho para o heavy metal e que bandas como: Korn e SlipKnot, falam que Roots serviu de muita influência, "um divisor de águas que ajudou a criar esse estilo".

Andreas não acredita em sorte, diz que tudo são conseqüências de nossas escolhas e brinca que sorte é estar vivo! "Todo mundo tem duas opções ou mais", afirma.

"Pirataria é o efeito colateral do monopólio das gravadoras".

Em 1987, com o lançamento do álbum Schizophenia e que foi pirateado na Europa, fato esse que contribuiu para a banda aumentar sua popularidade... Daí, o que pensar a respeito disso?

O guitarrista exalta que não tem condições das pessoas pagarem quarenta, trinta reais em um CD. Reconhece que saí caro mesmo, "o povo brasileiro não tem grana e vai achar outros meios. E não só com CD, mas com videogame, com calça de marca, tênis. Aquela cultura de desejar aquilo que você não sabe nem por que deseja", afirma, "a internet veio para ficar e hoje tudo é através dela". Andreas conta que por conta disso, as gravadoras vêem buscando uma nova posição no mercado, pois reinavam soberanas no meio musical.

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Declara que gravadora nada mais é que um Banco, onde se coloca dinheiro e torna-se escravo, "se acham donos da sua obra e a internet torna a música e informação um meio direto aos interessados, sem fronteiras".

Andreas cita a cantora Mallu Magalhães e diz que talvez, sem a internet ela não teria aparecido, "o país ainda vive um período de transição e as coisas não estão tão bem definidas". Certamente a tecnologia evoluiu em um espaço muito curto e isso acaba por afetar a todos.

"Quando o Sepultura começou só tinha aparelho de fax, nem celular existia", acrescenta brincalhão.

Laranja Mecânica e álbum solo Hubris

Com base no mais novo disco dos rapazes, pergunto se vivemos uma ficção de Laranja Mecânica (até GTA entrou jocosamente no meio da comparação).

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"Com certeza! Tem muita situação ali que se parece com o real. A sujeira, um certo clima de caos e de não saber quem esta liderando tudo. Quem é a polícia e quem é o bandido".

Reforça ao comparar os fanatismos com religião e lavagem cerebral da mídia.

"Acho que todo mundo pode se encontrar dentro do Alex". Ressalta que essa identificação é até maior em adolescentes, porque essa é uma fase turbulenta. Os jovens acreditam que os adultos são ultrapassados, fomentam ideologias fantásticas e arquitetam planos de conquistar o mundo.

Apesar de o personagem Alex ter uma vida abastada, morar em boa casa, ter ótimo gosto para música e buscar o não conformismo, ele usa sua inteligência para o que não presta. Prioriza liberdade total, tem personalidade caótica. Atravessa a juventude cometendo deslizes, mas até que depois de muita cabeçada, resolve construir uma família.

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

"Vou fazer quarenta e um anos de idade e tudo que faço na vida paro para repassar as situações", afirma Andreas.

Raul seixas ironiza em sua canção Ouro de Tolo, que contribui para nosso "belo quadro social", nesse contexto, pergunto se Andreas faz sua cooperação, ao que ele responde afirmativamente.

"A música é a conexão mais direta com a verdade, não no contexto religioso". Defende essa arte como um excelente caminho de vida e realiza alguns workshops em escolas para falar sobre sua experiência como músico.

Sobre o álbum Hubris, o guitarrista reforça suas opiniões, críticas ferrenhas ao sistema e suas Carochinhas. "A grosso modo Hubris* significa arrogância, soberba". (* Do grego)

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Andreas desenha sua convicção em filosofias sólidas e se esquiva dos dogmas religiosos, "muito do caos que vivemos é devido a idéias retrógradas", defende.

Além de religião, política também é fator de desequilíbrio na visão do guitarrista, "total!O próprio conceito de nação é algo totalmente imaginário", declara-se avesso aos paradigmas dos idiomas e invenção das fronteiras intransponíveis, "para mim tudo isso veio de um lugar só. A gente é parte de um contexto muito maior, muito mais poderoso que um Deus humano, Ele não é humano, faz parte da natureza que é Deus".

"Deus é raio, folha, vento, ..."

Andreas lamenta pela fragilidade humana, carência e a constante necessidade de um padrão a ser seguido. As pessoas temem a solidão e tendem ao comportamento gregário, mania de agrupar por vício em ser bando.

E não compreende o medo que todos sentem da morte, defende que ela faz parte da vida, mas sempre é utilizada em um contexto de punição. "Liberdade é se libertar dessas idéias", e enfatiza que devemos respeitar nossa inteligência e evoluir desse cenário religioso e político.

"Dez mandamentos, pecados e leis: foram criadas para moldar o ser humano"

Diz que tememos o que é real. Há uma busca incansável por um mundo paralelo, a fuga da própria realidade. Endosso suas reflexões e só não desato em uma salma de palmas porque cogito a idéia da imparcialidade (pois sou fã do cara, oras!) e ao meu ver, todos nós fugimos das regras mas fatalmente buscamo-las.

"Aquela coisa de que você tem que ser bom porque vai ter um prêmio no céu", exclama um tanto chateado. Creio que Andreas vive um mundo a parte, quase uma poesia de como tudo deveria ser ou como tudo seria melhor se fosse, bem, como deveria ser! O raciocínio não deveria ser dogmático.

Quando pergunto se ele é espiritual, o guitarrista retorquiu um convicto: "Eu sou musical". E uma vez nesse terreno, a conversa vai além e logo me pego questionando o cara se, com base em sua filosofia, crê em vida após a morte. "A matemática e a física quântica mostram que há outras dimensões que a gente não consegue ver, por conta da nossa própria ignorância ou incapacidade".

"Ser feliz é respeitar aquilo que você escolheu".

Depois de tanto garimpar suas respostas, chego a conclusão de que ele é um músico "realmente musical", sorte é estar vivo e que acima de tudo devemos (mesmo) enfrentar nossos demônios, sejam reais ou imaginários.

E para fechar

Ao ser questionado se o Andreas do início da carreira é muito diferente do Andreas que está aqui hoje, ele aponta que não é muito. "Tenho amigos dos tempos de escola, optei por caminhos e sei que independentemente dos rumos escolhidos terá a parte boa e a parte ruim".

Finalizo com uma pergunta clichê (mas nem todo chavão deve ser reprimido), será que o Andreas tem arrependimentos? E entôo a indagação com um: "E não me venha com essa história de que não tem nenhum", rimos.

"Acho que o arrependimento é um sentimento muito ruim, aquela coisa de ficar mastigando, remoendo. Só isso já é receita para câncer", ri, "tem aqueles detalhes que eu faria diferente, sei lá, não ter confiado tanto nos empresários do passado. Ter mais interesse nas coisas chatas da música, porque eu sou guitarrista, gosto de tocar música, mas tem aqueles detalhes de contrato, advogado, um monte de coisas".

E completa:

"Como posso me arrepender de alguma coisa que me ajudou a ser melhor? Mesmo sendo um erro"!

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Sobre Laura Udokay

Se auto-intitula "Fazedora de histórias". Escreve e desenha desde sempre, paulista, amante de heavy e rock, está na estrada para fazer música com as letras. Autora da obra "Martini o Pequeno Demônio", romance com temática heavy metal. Mais filhos literários estão a caminho!
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