Halford: "os CDs estão com os dias contados"
Por César Enéas Guerreiro
Fonte: Metal Temple
Postado em 07 de dezembro de 2006
O editor do site Metal-Temple.com, Orpheus Spiliotopoulos, entrevistou recentemente o frontman do JUDAS PRIEST, Rob Halford. Entre outros temas Halford conta suas impressões sobre música digital e sobre o fim do formato CD.
Metal-Temple.com: Por que você decidiu lançar músicas novas da banda HALFORD exclusivamente no iTunes e não num EP, por exemplo? O que quero dizer é que duvido que metade da Europa chegue a usar o iTunes, pelo menos entre os fãs de Metal.
Rob: Bem, isso foi um dilema para mim. O iTunes da Apple é o maior serviço do mundo de download e transferência de todas as formas de mídia em vídeo. Eu tenho toneladas de vídeos no meu iPod – do DEFTONES e de muitas outras. Eu não quero que ninguém fique de fora, então preciso encontrar uma maneira de garantir que todos consigam o que querem. Acho que a maior parte dos fãs de Metal estão conectados à Internet. O que quero dizer é: eles precisam disso? O que é o Metal-Temple.com? Entende o que quero dizer? Você sabe, qualquer um que queira visitar o Metal-Temple.com precisa poder navegar pela Internet, precisa ter um equipamento necessário para fazer isso: computador, PC, etc. É assim que o mundo funciona.
Eu digo que é inevitável que os CDs se tornem obsoletos; você precisa enfrentar esse fato. Da mesma forma, o vinil tornou-se obsoleto, os cassetes tornaram-se obsoletos, as fitas de rolo tornaram-se obsoletas. Algumas pessoas não têm tanta sorte. Eu penso que sempre haverá mercado para algum tipo de armazenamento físico. Mas as coisas estão mudando muito rapidamente. E digo que vai acontecer com todo mundo, antes mesmo que se perceba. Nada de mudanças lentas, vagarosas: dentro dos próximos anos todas as gravadoras vão dizer 'Não vamos mais fabricar CDs para varejo'. Você vai precisar adquirir tudo o que quiser diretamente da Sony Music Online, Rob Halford Music Online, IRON MAIDEN Online... O IRON acabou de lançar seu álbum pela Apple iTunes, mas eles também lançaram o álbum no formato CD...
Metal-Temple.com: Concordo plenamente, mas você não acha que o mercado de CDs ainda é grande?
Rob: Sim, mas está diminuindo rapidamente. Como artista solo, eu não sou tão grande quanto o IRON MAIDEN, economicamente falando. E esse é o ponto crucial. Eu poderia gravar um álbum e mandar fabricar CDs, por conveniência e para manter o controle e os serviços, mas penso que é muito melhor fazer tudo através do download. É tudo simplesmente uma questão de praticidade. Se eu estivesse em outra situação, e se o que eu fosse fazer tivesse uma escala muito maior, então eu estaria no ramo da fabricação de CDs, colocando-os em caminhões e tudo o mais, esperando que alguns caras os peguem e os coloquem nas lojas – um pesadelo da po**a.
Metal-Temple.com: O que a banda HALFORD, o FIGHT e o TWO têm, na sua opinião, que o JUDAS PRIEST nunca teve? Se você não se importar com a minha pergunta, e com o devido respeito, foram essas coisas [elementos] que fizeram com que você deixasse o JUDAS, por motivos musicais, no início dos anos 90?
Rob: Depois de todo esse tempo, penso que o FIGHT, para mim, foi bastante diferenciado. Por exemplo, o som do FIGHT e as suas performances ao vivo. A música que criamos foi, para mim, algo muito diferente do que a que eu estava compondo no JUDAS e essa foi a razão pela qual eu saí da banda. Eu queria buscar novas experiências, novas jornadas e aventuras com diferentes artistas, diferentes músicos, diferentes estilos, sons e abordagens – algo que eu não estava conseguindo com Glenn [Tipton], K.K. [Downing], Scott [Travis] e Ian [Hill]. Isso certamente acontecia com o FIGHT, e mais ainda no caso do projeto TWO, com Trent Reznor, do NINE INCH NAILS. Acho que essas duas bandas foram o que eu sempre quis fazer, que era fazer algo diferente daquilo que o JUDAS fazia. Mas a banda HALFORD estava mais em sintonia com tudo o que gostamos em relação ao JUDAS PRIEST. E eu acho que, com aquela banda, aquelas músicas e aquelas performances eu estava, subconscientemente, procurando um caminho de volta ao JUDAS.
Eu ouvi comentários de pessoas dizendo que o álbum 'Resurrection' é o melhor álbum no estilo JUDAS que o JUDAS jamais fez, de acordo com diversas críticas. E é claro que eu estava indo nessa direção. Eu saí do JUDAS somente para fazer essas experiências. Quando elas acabaram e eu comecei a ouvir o meu coração sobre qual era realmente a coisa mais importante para mim, musicalmente, e onde eu realmente me sentia mais realizado, a resposta era JUDAS PRIEST. Então não restam dúvidas – mais no caso do 'Resurrection' do que no 'Crucible', porque neste a banda estava caminhando numa outra direção – de que 'Resurrection' tinha um som que era exatamente aquilo que o meu coração me pedia para fazer. É assim, basicamente, que eu analiso esses três momentos diferentes: FIGHT, TWO e HALFORD.
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