Edguy: Tobias fala sobre metal, bom-humor e copa do mundo
Por Rafael Carnovale
Postado em 23 de abril de 2006
Tobias Sammet é definitivament uma figura no mundo do metal. Não fossem suas caretas e sua performance irreverente no palco, o mesmo mostra que na vida real conserva esse bom humor, e que faz questão de levar o mesmo para sua música. Não bastasse o Edguy ter feito um vídeo engraçado para "Superheroes" a banda lança um CD bem para cima, como é o novo "Rocket Ride". Falamos com Tobias pelo telefone, que se mostrou uma figuraça como sempre, e ainda nos parabenizou pela vitória na Copa da Alemanha (embora eu ache que essa é tática de alemão... vocês decidem!).
WHIPLASH – Quando vocês lançaram o EP "Superheroes", alguns fãs se surpreenderam com a faixa título e sua pegada hard-rock. Estes flertes com o estilo começaram no CD "Hellfire Club", e "Rocket Ride" é uma boa continuação. O Edguy está mudando?
Tobias Sammet – Humm... não vejo isso como mudança. Não estamos mexendo com tantos elementos novos para podermos dizer que o Edguy mudou seu som. Sempre gostei de tocar hard-rock, e fazia isso em músicas como "Land Of The Miracle". A junção desse estilo com o power/speed metal sempre me agradou muito. Na verdade nem pensamos muito nisso na hora de compor ou gravar. Só depois é que vamos nos dar conta do que fizemos (Risos). "Rocket Ride" é diferente de "Hellfire Club", que é diferente do projeto "Avantasia". Não queremos ficar sempre na mesma direção. "Superheroes" foi escolhida para ser o single por que é uma boa música e acessível, um bom cartão de visitas para o CD. Mas não é a faixa mais pesada que temos.
WHIPLASH – Você diria que está cansado de ser considerado como o cantor de uma banda de metal melódico?
Tobias Sammet – Não. Na verdade nem ligo para tal. Se uma música é boa, o estilo que a mesma carrega é irrelevante, seja metal, hard ou death. Era assim 20 anos atrás, e continua sendo. Queremos poder fazer músicas bombásticas, que toquem as pessoas. Muitos não se dão conta de que ás vezes a variedade é necessária para tornar o álbum interessante. Imagine se o Helloween fizesse um CD só com músicas como "Dr. Stein" e "Eagle Fly Free"? Seria um desastre! (risos).
Tobias Sammet – Não me leve a mal, adoro essas músicas, são clássicos, mas os Keepers são especiais pela sua variedade, o que os torna interessantes e cativantes. Assim se faz uma boa banda de metal.
WHIPLASH – "Wasted Tine" é outra faixa que flerta com o hard-rock, com um grande resultado. Você é influenciado por bandas como Whitesnake e Twisted Sister?
Tobias Sammet – Até sou sim, adoro as bandas. Mas vejo "Wasted Time" sendo influenciada por grupos como Van Halen, Ratt e Motley Crue. Adoro Twisted Sister, mas não escuto suas músicas 24 horas por dia, 7 dias por semana (Risos). Ultimamente tenho dado uma atenção ao AOR ("Adult Oriented Rock" – vulgo Rock de Cigarro) de bandas como o Journey e Van Halen, que são fantásticas. Se você notar essas bandas nada tem a ver com o power metal, e por isso digo que somos influenciados por uma gama variada de estilos, entre eles o hard-rock, obviamente.
WHIPLASH – Pude assistir o vídeo de "Superheroes" e o mesmo é engraçadíssimo.
Tobias Sammet – Obrigado. Aonde você o assistiu?
WHIPLASH – Na verdade foi no DVD, mas não deve tardar a passar na MTV Brasil.
Tobias Sammet – Que bom... que bom que no Brasil a MTV não virou a merda que é aqui na Alemanha (Risos). Olha... é uma merda você preparar um vídeo e saber que ele vai passar uma ou duas vezes. Não temos planos para outros vídeos, até porque o custo é bem alto. Não posso negar que foi agradabilíssimo fazer esse vídeo, não só pela música, mas pelas meninas que atuaram muito bem (Gargalhadas), mas precisamos que a mídia dê mais valor, senão ficamos fazendo o chamado "Film Score Metal" apenas para por no CD como parte multimídia. (Risos).
WHIPLASH – Por sinal o bom humor é uma característica que vem despontando desde "Mandrake", com vocês usando roupas coloridas e você particularmente contando piadas no palco.
Tobias Sammet – É algo que queremos que aconteça mais e mais. Não estamos aqui para ser os bad-boys dos anos 80, com espadas e roupas medievais. Somos jovens, e gostamos de mostrar isso para nosso público. Conto piadas porque já sou baixinho, imagina a zoação que fariam comigo (Risos). O KISS surgiu nos anos 80 com uma postura bem menos séria, e alguém falou mal disso? O Glam Rock teve seus méritos!
WHIPLASH – "Sacrifice" já flerta mais com o metal tradicional. Bandas como Stratovarius e Gamma Ray têm deixado o metal melódico de lado e ido em direção ao metal mais tradicional. O que você acha dessa tendência das bandas européias de metal?
Tobias Sammet – Outra questão difícil! (Risos). É difícil julgar, porque são boas bandas e cada uma tem que fazer o que quer. Se cansam de um estilo, precisam procurar outro que as satisfaça, é natural. Não gostei do novo CD do Gamma Ray, mas Kai é Kai Hansen, um cara que está aí há 20 anos, e passou por altos e baixos que eu não sei se aguentaria. Ele pode fazer o que quiser, pois é um cara fantástico. Pelo menos eles sempre mantém as coisas interessantes.
Tobias Sammet – Já o Stratovarius me deixou feliz só de ter superado seus problemas e ter lançado o CD novo. Achei este CD meio dark, meio sisudo. Mas sabe como é... Tolkki é um gênio (Risos). E gênios não estão aí a toa. Fico super curioso quanto ao futuro.
WHIPLASH – Até agora falamos muito sobre mudanças musicais, mas "Return Of The Tribe" me lembra muito o material do CD "Vain Glory Opera"...
Tobias Sammet – Sem dúvida! (Enfático). Nunca deixarei de usar estes elementos, pois adoro isso e as músicas saem com naturalidade, sem soarem artificiais. Assim como no projeto Avanthasia procurei fazer coisas mais orquestradas, com uma idéia diferente. Apesar de se passarem quase 10 anos de "Vain Glory Opera", ainda adoro aqueles coros e músicas como "Scarlet Rose" se mostram muito excitantes para mim, assim como sinto a mesma coisa para "Reach Out Of The Light", do Avanthasia.
WHIPLASH – Agora fale sobre "Fucking With Fire (With The Hair Force One)". Não vou te perguntar nada, diga tudo sobre ela (Risos):
Tobias Sammet – (Gargalhadas). Boa! Foi um episódio divertido. O CD estava quase completo quando virei para Sascha Paeth (produtor) e falei que precisava de 90 minutos. Queria escrever um tributo pessoal às "hair bands" dos anos 80. Em 20 minutos o esqueleto da música estava pronto. Eu queria fazer minha homenagem pessoal ao glam-rock. O que era para ser uma brincadeira, uma bonus track, acabou ficando tão legal que entrou no álbum. Porque as bandas dos anos 80 tinham esse lance de mulheres, como se estivessem transando no fogo, com a força de seus cabelos (literalmente inspirada no título) (Gargalhadas). Queremos tocá-la ao vivo, e imagine um coro de "FUCKING WITH FIRE" ! (Mais Gargalhadas).
WHIPLASH – Anteriormente falamos sobre o humor da banda, as roupas, e tudo o que cerca a performance do Edguy ao vivo. Como é a reação dos chamados "Metal DIE-HARD Fans"?
Tobias Sammet – Eles não vêm a nossos shows (Risos). O público tem curtido muito essa faceta do Edguy. Afinal de contas, quem foi que escreveu no manual de como fazer heavy metal que só podemos nos vestir de preto, usar "spikes", correntes e fazer cara de mau? (Risos). Pegue bandas como AC/DC e Kiss. Elas fogem totalmente desse estereótipo e estão aí há mais de 20 anos. Será que o pessoal odeia ver Angus Young vestido com uniforme de colegial e mostrando a bunda no palco? (Risos).
Tobias Sammet – Pegue por exemplo "Eagle Fly Free" do "Keeper Of The Seven Keys II" do Helloween. É uma música alto astral, que te leva para cima. Não quero ser um Kurt Cobain, deprimido e dizendo que vou me matar e que me odeio. A música não deve me fazer chorar, e sim me fazer rir. E ainda tenho espaço para contar minhas piadas idiotas e o público ainda ri! (Gargalhadas).
WHIPLASH – Como estão os planos para turnê este ano?
Tobias Sammet – Tocaremos na Europa e na Ásia primeiramente, faremos alguns festivais de verão e esperamos estar na América do Sul por volta de outubro ou novembro.
WHIPLASH – Isto respondeu minha próxima pergunta, sobre uma turnê pelo Brasil....
Tobias Sammet – Não se preocupe que iremos voltar... queremos muito... com certeza estaremos aí ainda este ano.
WHIPLASH – Não seria uma boa chance de re-fazer o DVD ao vivo aqui, já que em 2004 a gravação não funcionou?
Tobias Sammet – Pô... não avacalha! (Gargalhadas) Nós gravamos um DVD ao vivo! Só que o resultado não ficou como queríamos. Quem sabe... é algo a se pensar, porque os brasileiros foram fantásticos conosco. Só não gostei muito do local em que tocamos em São Paulo... não me lembro o nome...
WHIPLASH – Chama-se Espaço das Américas.
Tobias Sammet – Isso! Não acho um local bom para shows, embora tenha nos permitido tocar para vários fãs, mas existem locais melhores em São Paulo. Vamos ver isso com muito cuidado na próxima turnê.
WHIPLASH – E há planos para outros singles, com "b-sides", como vocês fizeram em "Hellfire Club", com "Lavatory Love Machine" e "King Of Fools"?
Tobias Sammet – Na verdade lançamos "Superheroes" só com faixas inéditas. E devo dizer que não há nada planejado neste momento. Na verdade só temos mais duas músicas que sobraram das sessões, e uma é uma versão para "Cum’On Feel The Noize", do Slade, que ficou matadora. Vamos ver como disponibilizar essas faixas, ainda temos que decidir.
WHIPLASH – Tobias, obrigado pela entrevista e nos vemos no Brasil.
Tobias Sammet – Eu que agradeço a oportunidade de falar aos meus amigos brasileiros, e obrigado por tudo. E aproveito para parabenizá-los pelo hexa, já que essa copa é do Brasil.
WHIPLASH – Mas você não acredita na Alemanha?
Tobias Sammet – Como posso acreditar em Klinsmann como técnico, já que o idiota barrou nosso número 1 (Oliver Khan)? (Risos). Esse cara vai afundar nossa seleção, e por isso já dou a copa como perdida. Que se dane... ele é o culpado! (Risos)! Obrigado!
Site Oficial:http://www.edguy.net
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