Disconnected: Exclusiva com a equipe da revista de rock/metal
Postado em 03 de janeiro de 2005
Por: Rafael Carnovale
O cenário carioca para o heavy metal tem se mostrado um tanto quanto conturbado no ano de 2004. Se por um lado shows como Iron Maiden, Nightwish e Angra tiveram lotação esgotada, por outro shows como Primal Fear, Exodus, Dio e Dimmu Borgir tiveram um público bem abaixo do esperado. Num estado aonde não faltam bandas talentosas e amantes do bom heavy metal o que estaria acontecendo? Falta de interesse do público? Falta de interesse dos promotores? Ingressos com preço elevado, dificultando o acesso dos fãs? Existem poucas respostas para muitas perguntas.... mas quando alguém resolve fazer algo, tomar uma iniciativa em prol do metal carioca, esse fato merece todo o nosso destaque e respeito. A equipe do site Disconnected resolveu lançar-se num ousado projeto, visando ser mais um opção ao público: a revista Disconnected (MADE OF METAL!). Sendo um site um veículo respeitável e de forte conteúdo, sabemos que um futuro promissor é reservado para a revista. Batemos um papo interessantíssimo com Daniel Dutra (criador do site e jornalista responsável pela revista) e com Ricardo Pacheco (Diretor Admninstrativo da mesma – uma figuraça do metal), que nos contaram em detalhes seus planos e objetivos:
WHIPLASH - Inicialmente falemos sobre vocês. Eu gostaria de saber um pouco sobre a história de cada um: como começaram na profissão, o envolvimento com o heavy metal e principalmente os objetivos que pontuaram o começo da carreira de ambos.
Daniel Dutra / Como a grande maioria das pessoas da minha geração, comecei com o Kiss em 1983. Já ouvia Beatles, Elvis Presley e Rolling Stones por influência do meu pai, mas o estrago foi feito uns três meses antes de o Kiss vir pela primeira vez ao Brasil. Assisti ao vídeo clipe de "Shandi" no Super Special, programa há muito extinto da Rede Bandeirantes, e no dia seguinte ganhei dois discos da banda. O solo do Peter Criss e, para compensar, o "Creatures of the Night". Resumindo, são quase 22 anos ouvindo heavy metal. Profissionalmente, estou no jornalismo esportivo desde 1998 e só comecei a realmente escrever sobre música em abril de 2002. Resolvi mandar uns textos para o Marcelo Fróes, editor do International Magazine, e fui aceito como colaborador. Aliás, gostaria de deixar registrar publicamente meu agradecimento a ele, pela oportunidade que me deu. Colaborar com o jornal era uma verdadeira terapia para mim.
Ricardo Pacheco / Bom, não posso me considerar um profissional, até porque não sou mesmo (risos). Estou iniciando na área editorial apenas agora e é melhor responder a esta pergunta no futuro (risos). Meu envolvimento hoje em dia com o heavy metal é total, inicialmente apenas como fã e agora como dirigente de uma editora. Mas nem sempre foi assim, porque fiquei afastado da cena de 1985, logo depois do primeiro Rock in Rio, até 2001, quanto retornei na terceira edição do festival. Comparecia esporadicamente a shows durante todo esse hiato. Depois acabei virando fã de carteirinha do Iron Maiden e agora estou aqui, dando esta entrevista (risos). Perdi boa parte da década de ouro do heavy metal, mas pude curtir bastante nos anos 70, quando o hard rock e o rock progressivo dominavam e tudo começou. E ainda não tive que aturar o famigerado grunge.... Hoje em dia curto muito mais estilos do que antes, quando ouvia basicamente metal tradicional.
WHIPLASH - Como e quando surgiu a idéia da criação do site Disconnected e quais foram as inspirações para tal empreendimento?
Ricardo / Não tenho idéia porque não era da equipe na época, mas que foi uma boa idéia, isso foi. Não há dúvidas (risos).
Daniel / Na verdade, comecei o site apenas para colocar na Internet as matérias que escrevia para o International Magazine. Não havia especificamente uma área para resenhas de CDs, DVDs, shows ou mesmo um plantão de notícias. As coisas foram acontecendo aos poucos, uma vez que alguns amigos começaram a escrever. Depois de seis meses no ar, o site estreou um novo design e tomou uma proporção que eu nunca poderia imaginar. Isso porque nunca corri atrás de divulgação e tudo não passava de um hobby. Rolaram apenas um destaque no caderno "Informática & Etc", do jornal O Globo, e uma parceria com o Whiplash!. Obviamente os dois casos abriram o site para muita gente.
WHIPLASH - O website se tornou um dos veículos mais respeitados pelo público que acessa a Internet, principalmente pela qualidade do material veiculado e pela isenção dos participantes. Por trás disso existe uma equipe, que foi formada aos poucos. Eu gostaria que vocês contassem como foi formada a equipe do site Disconnected?
Ricardo / Com certeza o site é um dos melhores que eu conheci do gênero, por isso hoje sou parte dele (risos). Não sei em relação aos outros, mas eu entrei na equipe por causa de alguns reviews dos shows do Maiden a que assisti na Europa em 2003 e que o Daniel resolveu se arriscar a publicar (risos).
Daniel / Tudo aconteceu de uma maneira bem simples. Perguntei a quatro amigos de longa data se eles gostariam de escrever. Depois as portas foram abertas a alguns colaboradores que conheceram o site e enviara um e-mail. Acabei formando uma equipe e recusando outras colaborações, já que mal tinha tempo para atualizar o site, seja escrevendo meus próprios textos ou revisando o material que recebia. O Ricardo entrou na parada de uma maneira bem curiosa. Nos conhecemos na Scheherazade, uma loja especializada no Rio, e trocamos opiniões sobre o último disco do Iron Maiden. Ele acha o "Dance of Death" maravilhoso e eu, não. Ainda fui dizer que considero o "Seventh Son of a Seventh Son" o último disco verdadeiramente bom e significativo da banda. Ou seja, era para a gente ter saído na porrada e hoje somos sócios!
WHIPLASH - Como vocês foram recebidos pelas gravadoras, conseguindo o respeito e a parceria com as mesmas?
Ricardo / Cara, isso é um mistério para mim, por completo, mas sei que o Daniel sempre conseguiu ter um ótimo acesso às informações das gravadoras, recebendo CDs, fazendo entrevistas e tudo o mais que envolve a profissão, mesmo tendo apenas um site. Sempre achei isso o máximo, mesmo sendo um ótimo site. Agora com a revista é certo que estas parcerias e contatos tendem a se estreitar ainda mais, sem dúvida.
Daniel / As coisas estão melhorando ainda mais, mas na época apenas do site o relacionamento com Century Media, Nuclear Blast e Hellion, por exemplo, já era muito bom. Agora estamos chegando a outras gravadoras, incluindo as majors, para apresentar o projeto. As coisas só não estão acontecendo da maneira que gostaríamos porque é fim de ano, além do pouco tempo que disponho para ajudar o Ricardo em muita coisa. Ainda tenho compromisso contratual até o fim do Campeonato Brasileiro e isso me deixa com as duas mãos atadas em várias situações. Para piorar, ainda fico acompanhando de perto o esforço do Botafogo para voltar à Série B.
WHIPLASH - Vocês se lembrariam do primeiro CD, show e entrevista feito pelo site?
Daniel / Sim, claro. Na hora em que resolvi ampliar o site, publicando material exclusivo, a primeira providência foi publicar a biografia e a discografia comentada do Queensryche. Fora isso, as primeiras resenhas de CD foram "Tribute to the Gods" (Iced Earth) e "Revolusongs" (Sepultura), publicadas ao mesmo tempo. Em relação às entrevistas, a primeira publicada diretamente no site foi com o Andre Matos e o Hugo Mariutti, do Shaman, mas isso porque acabou não sendo aproveitada no International Magazine. Considerando uma feita exclusivamente para o Disconnected, então foi com o Timo Kotipelto, à época do lançamento de "Elements Pt. 1". Mas antes disso tudo já havia arquivos com Cristina Scabbia (Lacuna Coil); Aquiles Priester e Edu Falaschi (Angra); e Danny Lilker (Nuclear Assault), entrevistados para o IM. Show? Sepultura no Canecão, em março de 2003.
Ricardo / Posso falar só dos meus, e é claro que foram sobre o Iron Maiden (risos). A saber: show no T-Mobile Arena, em Praga, na República Tcheca, da "Dance of Death Tour". No caso das resenhas, o "The Number of the Beast" para a discografia comentada.
WHIPLASH - A maior dificuldade que podemos enxergar no meio virtual é o descrédito por parte de muitas pessoas ligadas ao meio musical com a publicidade virtual, o que faz com que os websites sofram com falta de recursos. Como o Disconnected lida com essa situação?
Ricardo / Até agora o Daniel bancou e fez tudo sozinho, é um idealista e apaixonado mesmo, mas conseguiu fazer algo muito bom, levando em conta as circunstâncias. Com a criação da editora o site passa a ser dela, então o investimento tende a ser bem maior. E os custos também (risos), mas as fontes de recursos serão mais garantidas, conseqüentemente, tanto que já estamos com o novo site no ar. Espero que tenham gostado.
Daniel / Com toda a sinceridade, Internet só dá dinheiro se você tiver um site de vendas. Não criei o Disconnected para ganhar dinheiro e nunca ganhei mesmo. Pelo contrário, só tive despesas. Como disse, era um hobby. Você pode minimizar custos, mas sites têm de ser o braço de outro tipo de mídia – escrita ou televisiva, por exemplo – que tenha fluxo de caixa para bancar as despesas. De resto, não dá para sustentar um site vendendo banners.
WHIPLASH - Quais seriam as maiores dificuldades que vocês apontam para aqueles que desejam montar um website, com uma proposta séria e efetiva?
Ricardo / Eu acredito que sejam as fontes de informação. Como a Internet é algo muito dinâmico, conseguir a informação real, séria e precisa antes dos outros. Colocar a mesma corretamente no site é algo fundamental, na minha opinião. Tecnicamente não tenho noção, porque não sou web designer.
Daniel / Dedicação, seriedade e planejamento. Muitas vezes eu dei com a cabeça na parede porque queria abraçar o mundo. É preciso traçar objetivos para não prometer aquilo que não pode oferecer. Claro que na maioria dos casos não existe omissão, apenas dificuldades mesmo. Além disso, ser apaixonado pelo que faz, gostar e conhecer heavy metal, saber do que está falando e não tirar proveito do estilo. O que não dá é montar um blog e achar que está fazendo jornalismo, com todo respeito àqueles que divulgam o metal em seus blogs, porque estes fazem porque gostam. Para deixar claro que estou falando, gostaria de aproveitar o espaço para um desabafo.
Daniel / Enquanto existem pessoas sérias trabalhando em prol do heavy metal no Rio de Janeiro, uma única pessoa pode acabar com qualquer resquício de credibilidade do cenário carioca. E tem um sujeito que faz isso mesmo. Imagine você um cara que escreve para um jornal independente com dois nomes diferentes, usando um deles para receber CDs e DVDs de gravadoras especializadas em rock pesado. Saiba que o malandro recebe mais de 20 discos por mês e faz resenha apenas de um título, de maneira bem superficial. Isso porque ele não gosta de heavy metal e vende todos, eu disse todos, os CDs em sistema de consignação e com o dinheiro compra os discos de pop e rock progressivo que tanto gosta.
Daniel / Soube que o cara fez isso com promos da Century Media e da Nuclear Blast e se deu mal, mas parece que não aprende e continua vendendo o material que recebe, mesmo que o encarte venha furado, caracterizando um produto promocional, destinado à imprensa. Um exemplo? Esse idiota recebeu o primeiro CD do Lost Forever, "The End of Beggining", e colocou à venda! O cara não passa a perna apenas na gravadora, mas faz esse tipo de sacanagem com uma banda carioca que está batalhando o ótimo disco que lançou. A batalha para fortalecer o cenário carioca, e conseqüentemente o brasileiro, também inclui denunciar os oportunistas.
WHIPLASH - Agora vocês estão fazendo uma transição um tanto quanto ousada: da mídia virtual para a mídia impressa. Como surgiu esta idéia?
Ricardo / Sei lá (risos)! Mas acho que foi num dia em que estávamos tomando umas no bar predileto do Daniel. Como sou um pouco novo na área, afinal, retomei a veia metal poucos anos atrás, achava que havia pouca informação disponível e que era uma lástima não termos uma revista aqui do Rio, uma que apoiasse a cena carioca. Depois o Daniel me apresentou um bom projeto gráfico para uma revista, eu encampei a idéia e caí de cabeça no projeto.
Daniel / Mas ninguém estava bêbado na hora de tomar decisões. O porre aconteceu depois! O que mais posso falar? Nosso objetivo é mostrar que o cenário carioca é rico em bandas e público, levando isso a todo o Brasil e trazendo para o Rio o heavy metal que é feito no país. Além disso, sabemos que é possível fazer algo diferente, caso contrário não haveria a necessidade de mais uma revista.
WHIPLASH - Sabemos que atualmente existem várias publicações no meio impresso destinadas ao heavy metal. Para poder se firmar é necessário um diferencial, algo que realmente destaque o Disconnected das demais. Qual seria esse diferencial para vocês?
Ricardo / Para começar, mudando a forma do texto, tanto no tamanho da fonte das letras usadas na revista como no que texto propriamente dito, já que boa parte da equipe é composta por profissionais da imprensa e que também são fãs de heavy metal e rock em gera. Isso é um grande diferencial! Procuramos também fazer uma diagramação bem diferente do que existe hoje em dia, mais arejada, como diz o nosso diagramador, mas não sabemos se isso vai agradar ou não aos fãs. É uma aposta nossa. E finalmente procuraremos utilizar o melhor papel possível na confecção da revista, um exemplo disso é o número zero.
Daniel / Na minha opinião, os diferenciais são dois: a ênfase no jornalismo, pois há profissionais da área envolvidos no projeto, e um design mais clean. Como bem disse o Ricardo, uma aposta nossa. Eu apenas completo dizendo que está sendo muito bem recebida. Uma minoria não gostou, mas até aí Nelson Rodrigues é meu mestre. De qualquer maneira, o surgimento de uma nova revista de heavy metal é a prova da força do estilo. Quantas publicações de músicas pop você conhece no Brasil com tantos anos de estrada e a visibilidade que as revistas de rock pesado têm? Isso prova a fidelidade do público headbanger, que ainda tem outra característica marcante: a de colecionador. Há espaço para todo mundo
WHIPLASH - O número zero já chamou a atenção de muitos fãs, principalmente pela acessibilidade e fácil assimilação das matérias nele veiculadas. O que podemos esperar do primeiro número?
Daniel / Uma evolução em relação ao número zero. Aliás, haverá uma constante evolução em nosso trabalho. Nada nasce perfeito, por isso iremos aprimorar sempre a revista. Se depender de nós, sempre haverá surpresas.
Ricardo / No mínimo que tenha mais páginas (risos). Agora sério, estamos procurando fazer o melhor dentro das nossas possibilidades, mas o padrão será o do número zero mesmo, porém com 56 páginas. Esse é o nosso compromisso. Algumas surpresas podem ocorrer, é só aguardar e conferir, até porque nem todas as seções foram colocadas nesta primeira edição por causa do seu limitado espaço. E ainda temos que dar um nome ao nosso mascote. Faremos uma votação em breve.
WHIPLASH - A revista Disconnected tem sua sede no Rio de Janeiro, onde nitidamente falta estímulo às talentosas bandas cariocas para que tenhamos um representante de destaque no cenário nacional. Quais são os planos de vocês para o nosso talentoso meio metálico, carente de apoio, mas não de talento?
Ricardo / Bom, para mim o principal é apoiar as bandas e também os que se dedicam ao heavy metal no Rio e, é claro, em todo o Brasil. A falta de informação é muito grande e aí é que entra a revista, para unir as pessoas em torno de uma cena fortalecida e viável para todos: bandas, promotores, bares, lojas, tattoos, gravadoras, sites, fãs et cetera. De prático, pretendemos sempre ter uma banda carioca na nossa revista e tentar cobrir o máximo possível dos shows que estão rolando por aqui, agora em maior quantidade, por sinal, o que já é um alento, e também abrir espaço para os outros agentes que fazem a cena carioca.
Daniel / Completando o que o Ricardo disse, o trabalho deve ser feito em conjunto. Desde que me entendo por gente se fala em união no heavy metal. É assim mesmo que as coisas devem funcionar. A revista deve andar lado a lado com bandas, lojistas, casas de shows, gravadoras et cetera. E vice-versa. O que não dá é o cenário perder, de uma maneira ou de outra, por causa de picuinhas entre quem tem a possibilidade de fazer a coisa funcionar e crescer.
WHIPLASH - Foi marcado um show especial para o dia 09/01/2005, com as bandas cariocas Allegro, Lost Forever e HeavenFalls? É um projeto manter esses eventos especiais em atividade durante o ano?
Daniel / Vontade é o que não falta, mas isso não depende somente de nós. A resposta do público será essencial para a continuidade do projeto.
Ricardo / Inicialmente, não era nossa intenção promover nenhum show agora, afinal, estamos totalmente envolvidos com a revista. Mas resolvemos dar um plus ao lançamento do número um, que terá uma tiragem especial para o show e será distribuído a quem participar da promoção "Ganhe sua primeira revista Disconnected". Mas como esse show está me tirando do sério em todos os sentidos, porque é a minha primeira experiência como promotor e tenho aprendido muito sobre tudo que envolve a cena com essa empreitada, acho que vai rolar mais alguma coisa no futuro, sim. Inclusive, se você prestar atenção na razão social da empresa verá que isso é possível. Tudo depende do sucesso deste evento, mas acho que será um show foda, sem dúvida.
WHIPLASH - Qual a opinião de vocês sobre as bandas cariocas de heavy metal? Quais vocês destacariam e, na opinião de vocês, por que o cenário carioca de shows anda tão deficitário, com eventos de pouco público e em sua maioria eventos de bandas grandes?
Daniel / O Rio de Janeiro é um exemplo do heavy metal feito no Brasil. O que temos aqui não deixa a desejar ao que se faz no restante do mundo. Temos várias bandas de altíssimo nível em todo o país, infelizmente muitas ainda sem o merecido sucesso e destaque. Por isso é sempre bom bater na tecla: não deixem de prestigiar as bandas nacionais, de comprar os CDs e ir aos shows. Enfim, sei que o Rio tem público e acredito na força dele. Caso contrário, o Shaman não colocaria mais de 3.000 pessoas no Claro Hall num dia em que choveu o que podia e não podia, sendo que no mesmo local, e com a mesma chuva, o Joe Satriani fez um show sold out dois dias antes. Aí você pergunta por que a maioria dos shows não leva muito público? Vou responder com a perspectiva do fã: não dá para realizar um evento no meio de semana e ainda escalar quatro bandas de abertura, por exemplo. O show termina depois das quatro da manhã e muita gente não vai, seja porque tem de trabalhar ou estudar no dia seguinte, seja porque não tem como voltar para casa. Ah, sim! Allegro, Lost Forever, HeavenFalls, Thoten, Sigma 5, Atlantida, Imago Mortis, Avec Tristesse… São as que me vêm à cabeça agora.
Ricardo / Veja bem, em julho estava em São Paulo cobrindo o Brasil Metal Union e só lá fui saber que rolava o I RJ Power Metal Fest no Ballroom, com Lost Forever, HeavenFalls e Glory Opera no mesmo dia. Pensei: "Afinal, o que estou fazendo aqui?" Putz! Eu não sabia do evento por pura falta de informação e divulgação adequada. Não sei de quem é a culpa disso, se das bandas ou dos promotores, mas a realidade é que a maior parte das pessoas sequer sabe o que está rolando, daí a termos públicos desprezíveis, fora que boa parte dos shows é realizada em locais ruins ou em dias de semana, no caso das bandas maiores. Como retornei à cena há pouco tempo, conheço poucas bandas cariocas, ou melhor, de repente até conheço ou já ouvi falar dela e nem sei que ela é carioca! Isso tudo por pura falta de comunicação eficiente, até por parte das bandas mesmo.
Ricardo / Para você ter uma idéia, o Bruno Sá, tecladista do Allegro, é sobrinho da minha esposa. O avô dele trabalhou comigo e eu não sabia que ele participava desta puta banda. Que merda, não? Só fui descobrir num show que fui ano passado (risos). No geral, uma boa parte das bandas cariocas que tenho visto, inclusive as bandas covers, é muito boa. Posso estar tendo sorte (risos), mas tenho comparecido a muitos eventos aqui no Rio com bandas cariocas e a maioria tem me agradado bastante. Sem puxar o saco de ninguém, além do já citado Allegro destaco o Thoten e, é claro, o HeavenFalls, que abriu para o Iron Maiden em janeiro, e o Lost Forever, banda que conheci há pouco tempo e gostei muito, tanto que vai estar no nosso show de lançamento. Mas existem muitas outras ótimas bandas no Rio, como o Sigma 5, por exemplo. Como falei antes, conheço poucas pessoalmente, portanto, bandas cariocas, façam contato (risos)!
WHIPLASH - Como se deu a escolha dos membros da equipe da revista? Há planos de se estimular o aparecimento de novos talentos?
Ricardo / Não houve escolha. Basicamente as pessoas que colaboravam com o site passaram a colaborar para a revista, com uma ou outra modificação. Apenas na parte administrativa é que pessoas novas foram incluídas na equipe, já que não existia essa necessidade antes. E ainda adquirimos mais um diagramador para fechar a revista. Mas ainda estamos formando a equipe, que terá de crescer juntamente com a evolução da revista. É claro que fomentaremos o surgimento de novos talentos, gente boa que está por aí sem ter o que fazer, sem oportunidades. E ainda estamos fazendo contatos com correspondentes internacionais, que não aparecem no staff por enquanto. Logo que tenhamos firmado os contratos com eles, estes aparecerão nos créditos.
Daniel / Houve pequenas alterações, mais precisamente a inclusão de dois novos colaboradores, mas mantivemos a equipe do site. Os nomes podem variar de edição a edição, mas temos uma base formada. No mais, é óbvio que com o tempo teremos mais pessoas escrevendo, inclusive dando oportunidade a novos talentos.
WHIPLASH - A primeira revista sairá em Janeiro de 2005. Falem um pouco sobre ela: reportagens, tiragem e alguns destaques que vocês queiram apontar.
Daniel / Como diria Didi Mocó nos áureos tempos, "aguarde e confie".
Ricardo / Se eu falar alguma coisa, o editor me mata (risos). O que posso dizer é que está ficando do caralho. A diagramação e a seleção das matérias estão sensacionais! Fora que teremos uma reportagem especial que muito me toca. No mais, como falei antes, teremos uma tiragem especial de 1.200 revistas para o show de lançamento e a tiragem de banca de 5.000 revistas será distribuída nas áreas metropolitanas do Rio e São Paulo a partir de 25 de janeiro.
WHIPLASH - Obviamente uma revista é um investimento a longo prazo. O que vocês visualizam como grandes dificuldades e o que esperam do futuro.
Ricardo / Eu nem tinha me dado conta disso quando resolvi fazer a revista (risos). Mas agora já caí na real e sei que teremos muitas dificuldades no início, mas isso é o que mais me motiva para continuar, porque sei que temos um bom potencial e um ótimo material para oferecer aos fãs e aos nossos parceiros comerciais. As negociações com estes parceiros estão caminhando conforme o esperado e devemos fechar toda a propaganda que sairá na revista nos próximos dias. Mas ainda existem espaços, portanto, anunciantes: corram antes que eles esgotem (risos)! A médio prazo espero que a revista alcance o seu ponto de equilíbrio financeiro e possa recompensar adequadamente a todos que trabalham ou colaboram conosco, para que ela cresça a atinja o mesmo número de páginas das demais revistas do gênero, mas sempre mantendo a qualidade atual.
Daniel / Todo início é difícil e nossos problemas estão justamente aí – além de, no momento, eu não estar podendo me dedicar 100% à revista, o que acontecerá a partir de 20 de dezembro, e deixar o Ricardo com um monte de abacaxi para descascar sozinho. Resumindo, tenho certeza de que o caminho vai ficar muito mais fácil quando o número um estiver nas bancas, quando for algo palpável a todos, dos fãs aos lojistas.
WHIPLASH - No show carioca da banda Nightwish vários exemplares foram distribuídos aos espectadores e a banda. Como foi a receptividade por parte do público?
Ricardo / Cara, foi uma puta experiência. Cheguei a fazer um piloto dessa distribuição no "Bass Show" do Magnus Rosén em São Gonçalo, mas nada se compara à avidez pela revista demonstrada pelo jovem público que compareceu ao Canecão para assistir ao Nightwish. É claro que a capa colaborou e a intenção foi esta mesmo, mas ver centenas de fãs lendo as matérias antes e depois do show foi do caralho. Distribuímos mais de 2.000 exemplares no dia e a taxa de retorno de revistas jogadas fora foi de menos de 10%. Sim, coletamos o nosso lixo, ou pelo menos tentamos fazer isso (risos)! Agradeço a todos que aceitaram receber e que não jogaram a revista fora, mesmo sabendo das condições ruins no show para ficar com ela nas mãos até o fim. Valeu mesmo a todos!
Daniel / Além disso, tivemos uma resposta imediata no site, que entrou com novo design, totalmente voltado à revista, no dia do show. Atingimos diretamente 2.000 pessoas, mas a notícia vem se espalhando e o público vem crescendo.
WHIPLASH - Muito obrigado pela entrevista. Este espaço é livre para vocês deixaram uma mensagem para os visitantes do site WHIPLASH! E desde já os meus votos de muita sorte!
Daniel / Eu é que agradeço a você e ao Whiplash! pelo espaço, apoio e votos de boa sorte. A todos que estão lendo esta entrevista, não deixem de visitar o site da revista, em www.disconnected.com.br, para saber mais de nossa proposta, se é que algo ficou fora do papo aqui. De qualquer maneira, lá vocês podem encontrar todas as informações sobre o show de lançamento, com HeavenFalls, Lost Forever e Allegro. Não deixem de comparecer! Vamos fazer uma bela festa, com três grandes bandas e uma casa de shows de primeira, e mostrar a força do cenário carioca. E obrigado a todos que estão dando uma força.
Ricardo / Obrigado a você por nos dar esse espaço no maior site de rock do Brasil. Espero que todos que conseguiram um exemplar de nosso número zero tenham gostado do que viram e leram, que compareçam ao show de lançamento do número um, no dia 9 de janeiro de 2005, no Garden Hall, na Barra da Tijuca. Lá vocês ganharão a revista antes de ela chegar às bancas. Espero que todos vocês venham a ser nossos parceiros também, comprando a nossa publicação. Afinal, o que estamos fazendo é para os fãs, que são a razão de tudo na cena heavy metal e do rock em geral. Sem eles, nada disso teria sentido!
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