Myatan - Entrevista exclusiva com a banda.
Postado em 18 de maio de 2000
Por André Toral
Whiplash! / Após diversas mudanças de formação, o Myatan lança seu primeiro trabalho. O que a banda pode dizer sobre seu passado, até este dado momento?
Kleber Kamal / É fácil dizer que o passado é algo que devemos esquecer, mas no nosso caso, vale uma biografia e não dá para esquecer. Costumo dizer que o " Into the Last Skyline Beyond the Sun", foi a vitória da insistência e que barreiras são detalhes a serem superadas com muita luta e dedicação. As gravações foram seguidas de muitos problemas e stress. Fica muito difícil você citar alguma banda que não teve problemas; não somos exceção e quem sabe um dia a verdade virá à tona, pois nosso passado foi muito problemático, mas hoje o momento é de muita experiência e vivência, pois não queremos entrar na correria do passado. Então pensamos e repensamos o já pensado para tentar não errar mais .
Whiplash! / "Into the Bast Skyline Beyond the Sun" é um álbum com introduções climáticas belíssimas. Que inspiração foi usada para tais composições?
Fabio Luis / Todos no Maytan possuem influências diversas; gostamos muitos das bandas progressivas onde essas introduções são muito comuns, porém o que é levado em consideração no processo de composição é o que queremos passar naquele determinado trecho musical, pois queremos transmitir nossos sentimentos e nossas mensagens tanto nas letras como a música.
Whiplash! / Ao mesmo tempo, estas introduções climáticas vem se tornando algo muito comum no heavy metal contemporâneo. O que a banda pensa a respeito?
Fabio / Acredito que isso não tira o valor da trabalho, desde que seja utilizado o bom senso musical e bom gosto acima de tudo. O risco nestas introduções é que o musico pode "viajar demais" e sair do contexto da musica ou da banda ou, até mesmo, cair na mais pura chatice.
Whiplash! / A arte do CD é muito singular. Existe alguma ligação disto com as letras e momentos do álbum?
Kleber / A capa é um calendário solar asteca, um portal que lhe mostra o futuro em troca de sacrifícios humanos - também usado como refugio espiritual - uma espécie de transe mental, permitindo que o homem tocasse um anjo ou demônio, sentisse o lado escuro ou pairasse ao vento. O "Into the Last Skyline Beyond the Sun" não é conceitual, mas fala dos sonhos e pesadelos derivados do desconhecido. Quem sabe um dia faremos algo temático. Existe sim uma ligação com as letras, mas nada muito forte.
Whiplash! / O que o Myatan está pretendendo passar aos fãs que esperam algo a mais, em suas letras, em termos gerais?
Kleber / Eu não sei o que seria um "algo mais". Em meu ponto de vista, acho que quando você faz heavy metal em particular, você não está vendendo apenas música e sim, sonhos, experiências de vida, sentimentos, ilusões, fantasias etc. Em termos gerais, fica difícil compor, sendo que você possui uma cadência específica; não que isto seja obstáculo e não consigamos escrever sobre outros assuntos, pois nosso momento não condiz com a proposta, em termos gerais. Num futuro próximo, talvez... As pessoas que escutam o Myatan e o heavy metal em geral, sabem que se quiserem algo convencional ligariam o rádio
Whiplash! / Referente à produção, nota-se que algo a mais poderia ter sido feito para fortificar as guitarras e vocais, embora a audição seja limpa e acima da média. Como o Myatan define sua primeira experiência de estúdio, para um CD de estréia?
Kleber / A primeira vez em estúdio serve para aprender e adquirir experiência para, em uma segunda chance, não cometer os mesmos erros do primeiro trabalho; acho que poderia ter sido melhor (o álbum). Já as guitarras e os vocais, como o resto, é decidido na mixagem; se a gravação for boa e a mixagem uma merda, está ai o resultado do seu sacrifício: muita merda. Depois da gravação fizemos duas opções, uma com guitarras mais altas e teclados mais baixos e a que ficou, ou seja, guitarras com pouco peso e teclados iguais ao volume de guitarra; o resultado geral do trabalho é este que você ouviu depois de muita conversa entre a banda e o produtor.
Whiplash! / Embora o estilo da banda seja o heavy metal, podemos notar algumas partes bem originais ao longo do CD, como nas seguintes músicas: Eyes of Luimera (A Soul Against the Wind), All Knew Your Eyes e Escaping From the Darkside. Houve alguma pressão interna para que, além de suas influências naturais, houvesse algo original?
Kleyson Kamal / Não! Todo o trabalho do CD é fruto da imaginação diversificada de cada integrante; no Myatan não existe pressão neste sentido, pois quem escuta o disco sente que há algo mágico nas composições. Quando falamos do "Into the Last Skyline Beyond the Sun", neste sentido, basta fechar os olhos e notar que não é apenas um CD de heavy metal.
Whiplash! / Como a banda vem notando o desempenho de Into the Bast Skyline Beyond the Sun após seu lançamento, a nível de críticas, vendas etc.?
Luiz Biank / As críticas são as mais variadas, mas, num todo, tem sido bem aceito; a crítica e o público apontam o que gostaram e o que odiaram no CD, isso quer dizer que pelo menos conseguimos chamar a atenção. Somos cientes de que não podemos agradar a todos, mas de tudo isso tiramos lições e aprendemos a aceitar os dois lados da moeda. Quanto as vendas, vão bem obrigado! Mas queremos mais e sabemos que temos condições disso.
Whiplash! / Como a banda tem reagido a tudo isso?
Luiz / Tem coisas que escutamos, que não dá para virar as costas e fingir que não é com você, mas temos consciência que a paciência e a mente aberta ainda são grandes aliadas e chaves para algumas portas fechadas.
Whiplash! / Em situação de show, as pessoas ouvem tudo o que está no CD, ou existem partes difíceis de serem feitas ao vivo?
Kleyson / É claro que nós nos importamos como a banda se porta ao vivo, pois tudo isso é pensado nas composições; não podemos colocar orquestras e arranjos muito complexos que possam prejudicar o desempenho da banda em um show, mesmo porque a banda possui seis integrantes e seria um desastre exagerar em estúdio, como faríamos, por exemplo, para executar quatro ou mais arranjos de guitarras ao mesmo tempo. Nós temos consciência disso e procuramos reproduzir com fidelidade todas as passagens existentes no CD para que o público saia satisfeito, não apenas com o show, mas também com a performance de cada músico.
Whiplash! / Como a banda define o clima de um show do Myatan?
Kleyson / É realmente difícil definir o clima de um show pois, em cada local que tocamos, existe algo de diferente, o que posso afirmar é que não existe nada melhor do que tocar ao vivo, ver o público agitando, isto é muito empolgante e gratificante. Nós gostamos de tocar alto e é isso que acaba fazendo com que eu toque ainda melhor os riffs e solos das músicas com muito felling, resumindo, só você estando presente para sentir a força do Myatan
Whiplash! / Além de músicas próprias, que covers, de que bandas, os fãs podem esperar?
Fabio / Isso ainda será definido, além do mais preferimos deixar em suspenso até o show; quem comparecer não vai se arrepender. Uma dica, não fugiremos de nossas principais influências.
Whiplash! / Além do mercado brasileiro, vocês tem feito contato com países estrangeiros?
Kleber / Existe o mercado europeu que é ótimo, em particular Alemanha e Holanda, que estão escutando bem o Myatan; existem também alguns "franco-atiradores" no Canadá, mas atualmente estamos de olho no Japão para licenciar o produto; vamos esperar e ver no que vai dar!
Whiplash! / Sobre a internet, a banda ainda não se encontra presente. Quando o site do Myatan estrear, que planos a banda desenvolverá para sua promoção, contato com fãs, vendas etc.?
Fabio / A Internet já esta nos nossos planos a muito tempo; o site do Myatan está em fase de construção com previsão de estar disponível no final de Junho. Queremos oferecer muita qualidade aos nossos fãs, por isso ainda não estamos na net. Aguardem que a Home Page do Myatan vai compensar a espera.
Whiplash! / Que planos vocês tem para o futuro próximo?
Kleber / O futuro é incerto, mas planos temos de monte; a princípio, queremos trabalhar com carinho o "Into the Last Skyline Beyond the Sun". Temos o clip Awaked by the Sunlight no forno, temos shows à partir de junho...O que podemos adiantar para o Whiplash! é que o próximo trabalho já está definido, desde o titulo à quantas músicas irão haver, só que ainda sem provisões de lançamento.
Whiplash! / Para um próximo CD, o que a banda aperfeiçoaria e/ou manteria em sua estrutura musical?
Kleyson / Para o próximo CD faremos as duas coisas sem perder nossas características "Myatan", mas uma coisa é certa, ou seja, a ansiedade em saber como sairá o próximo trabalho, por parte das pessoas, é muito grande. Só tenho um a coisa a dizer: esperem, pois não irão se arrepender!
Whiplash! / Deixem um recado para o Whiplash!.
Kleber / Não só ao Whiplash!, mas também ao público que o acompanha. "A vida é feita de batalhas, atitudes e perseverança; tais virtudes causam incômodo em pessoas que se negam a crescer. Lembre-se que o seu caminho é seu testemunho", e isso faz com que o Whiplash! e seu público não sejam diferentes, e sim privilegiados. Obrigado por vocês existirem! Até a próxima.
Para contactar a banda: [email protected]
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