Kevin Chown - Entrevista exclusiva.
Postado em 12 de setembro de 1999
Kevin Chown é, sem dúvida alguma, um dos nomes mais procurados no meio jazz e metal progressivo da atualidade. Formado pela Wayne State University em Jazz com o baixo como instrumento, Kevin é de proficiente qualidade no que faz, razão pela qual já trabalhou com nomes de porte como Tony McAlpine, George Bellas, Edwin Dare, Original Moon, Tiles, Magnitude 9, Karen Newman, Red Wings, Artension e por aí vai. Em 1995 lançou seu disco solo "Freudian Slip" e se prepara para lançar outro. Apesar de super ocupado, Mr. Chown, muito generoso, abriu uma vaguinha em sua agenda para conceder a Whiplash! uma entrevista exclusiva.
Entrevista / Haggen Kennedy
Tradução / Haggen Kennedy
Whiplash! / Kevin, todo mundo sabe que você é um artista bem ocupado na cena musical. Em primeiro lugar, como você se sente tendo ganhado todo este prestígio e tendo se tornado um nome proeminente na música?
Kevin Chown / Ah, foi tudo à base de muito trabalho!! É uma honra para mim trabalhar com tanta gente talentosa, mas é o que sei fazer!! Muita coisa tem sido questão de tempo, ou sorte... mas muita coisa foi mesmo trabalho duro.
Whiplash! / Quando você se mudou para Detroit por volta de 1989, 1990 e começou a estudar na Wayne State University, você teve o prazer de tocar com pessoas como Greg Bissonette, George Benson, Steve Houghton, Richard Margitza e John Faddis. Você poderia nos contar um pouco de como foi essa experiência? Como você se sentiu entre os poderosos do Jazz?
Kevin / Trabalhar com músicos como estes foi parcamente assustador no começo [risos]. Eu tinha apenas 19 ou 20 anos na época! Mas foram todas pessoas muito legais de se trabalhar, muito prestativas com bons conselhos e, acima de tudo, de muita inspiração.
Whiplash! / Em 1993, você foi nomeado Solista Instrumental do Ano do Festival de Jazz Internacional Montreaux-Detroit de 1993, sendo o único baixista que já ganhou este prestigioso award. Voltando um pouco no tempo e pensando a respeito, como você se sentiu na época e o que você pensou primeiramente quando conseguiu este prêmio?
Kevin / Na época eu estava chocado que eu tivesse ganhado!! Eu não fazia idéia sequer de que eu estava sendo julgado!! Além do quê, na época eu era este cara totalmente rock n’ roll de cabelão num festival de jazz... meio deslocado! Eu primeiramente pensei mesmo que era uma piada [risos], mas bem, eu estava errado.
Whiplash! / Bem, desde que você se formou, você esteve bastante envolvido com Jazz. Contudo, você teve a oportunidade de trabalhar com artistas renomados como Tony McAlpine. Como vocês (você, McAlpine e também o Mike Terrana) se deram no processo de gravação? Você teve liberdade o suficiente para criar linhas de baixo ou já estava tudo preparado e você apenas teve que seguir fielmente o que estava escrito na partitura?
Kevin / Ah, trabalhar com Tony e com o Mike foi muito divertido! Bom, eu entrei no processo de gravação depois que já tinha começado, então algumas das linhas [de baixo] eu copiei das demos, mas tanto o Tony como o Mike sempre estavam interessados em quaisquer idéias que eu tivesse.
Whiplash! / Falando em Mike Terrana e McAlpine, em "Violent Machine", era o próprio Mike Terrana o baterista. Matando um pouquinho a curiosidade dos fãs, como tudo rolou? Foi tudo aquela coisa muito profissional ou enquanto cada um fazia sua parte rolou aquela sensação de "estou-em-casa-com-meus-amigos"?
Kevin / Olha, eu considero o Mike Terrana como um dos meus bons amigos. Trabalhar com pessoas como o Tony e o Mike nunca é estressante, ao contrário, sempre foi um bom passatempo.
Whiplash! / Nos afinais, há quantas anda o Edwin Dare? O último disco foi o "My Time To Die" de 95, é isso mesmo? A banda (Edwin Dare) pretende lançar qualquer outra coisa ou vocês encerraram as atividades?
Kevin / O "My Time To Die", na verdade, é de 97. Nada está planejado atualmente, apesar de eu ainda trabalhar com o Jeff Kollman todo o tempo. Ambos vivemos em Los Angeles e eu acabei de tocar em seu novo disco solo [N. do T.: o nome do disco é "Shedding Skin"].
Whiplash! / Já que estamos falando do Jeff, vocês parecem ser grandes amigos, né? Você gravou três álbuns do Edwin Dare (banda de Jeff Kollman) e teve parte no disco solo dele "Into The Unknown", de 95. A propósito, no mesmo ano você lançou "Freudian Slip" e ele também participou nele. Como essa grande amizade de vocês começou?
Kevin / Eu conheci o Jeff no Festival NAMM em Los Angeles em 1992, se bem me lembro. Quer dizer, na verdade não nos conhecemos exatamente lá. A coisa foi mais ou menos assim: eu tinha visto aquele cara andando por ali me observando tocar o tempo todo. E eu também o vi tocar. Ele presumiu que eu era de Los Angeles, na época. Bem, eu voltei a Detroit e tinha essa mensagem em minha secretária eletrônica desse cara chamado Jeff Kollman, que tinha conseguido meu número e uma fita de alguém. Ele estava procurando por um baixista para a banda dele, então me enviou essa fita com umas composições do Edwin Dare, que são do primeiro disco e, bom, eu estava impressionado. Eu peguei o carro e fui até Toledo [N. do T.: onde Jeff morava, em LA], entrei pela porta, e ambos rimos [risos].
Whiplash! / E como você definiria ‘trabalhando com Jeff Kollman’ ?
Kevin / Ah, o Jeff é excelente. Alguém com quem é MUITO fácil de se trabalhar.
Whiplash! / Kevin, tendo gravado tantos discos com tantas pessoas famosas como o próprio Jeff, McAlpine, George Bellas (que, aliás, já foi entrevistado pela Whiplash!), muitos fãs perguntam-se se você já considerou ou mesmo ‘perseguiu’ a possibilidade de trabalhar com Yngwie Malmsteen. O que você acha e/ou diz?
Kevin / Oh, não, nunca realmente persegui nenhuma possibilidade a respeito. Na verdade, eu não estaria interessado. Não estou entrando muito pela coisa Neoclássica, estou mesmo pelo lance mais Jazz.
Whiplash! / Mas você já teve qualquer contato com Malmsteen? Se sim, o que você acha dele?
Kevin / Eu recebi um telefonema do Empresário dele, mas não posso dar nenhuma opinião, pois nunca o conheci pessoalmente.
Whiplash! / Sobre seu disco "Freudian Slip"... acho que você deu a todos os músicos bastante espaço para mostrar suas qualidades e há muita variedade. Eles aparentemente ‘criaram asas’ e realmente ‘voaram’ pelas composições. Você acha que, então, mais que um projeto solo, ele deveria ser considerado um tipo de projeto paralelo onde todos opinam e até mudam partes da estrutura do álbum em geral?
Kevin / É, sim. Eu não me importo muito com verdadeiros discos ‘solo’. Cara, eu fico entediado na segunda vez que escuto. Muito melhor escrever músicas para que todos toquem. Gosto de pensar mais musicalmente do que dar destaque a apenas um instrumento.
Whiplash! / "Armando’s Groove" é minha faixa favorita do CD. A música chega a ser galgada n’algumas partes em algum tipo de funk rock ou coisa do tipo. Junto com "Freudian Slip" - a faixa título - estas são músicas que, pelo menos a meu ver, têm suas linhas de baixo baseadas muito mais na melodia que nas típicas linhas de slaps... de onde você tira toda esta inspiração para compor coisas assim?!
Kevin / A "Armando’s Groove" foi, na época, inspirada por Chick Corea, cujo verdadeiro nome é Armando. "Freudian Slip" foi apenas um groove com qual eu estava brincando e surgiu a idéia desse tipo de melodia meio be-boopy.
Whiplash! / Como você separa a ‘hora de ser técnico’ e a ‘hora de ter feeling’ nas suas composições? Há realmente esta idéia pré-concebida ou tudo simplesmente surge naturalmente e você apenas toca o que vem à cabeça na hora?
Kevin / É tudo feeling!
Whiplash! / Qual foi o equipamento usado no álbum?
Kevin / Meu álbum foi gravado com o mínimo de equipamento....Tascam [gravador] 1/2 8 pistas, 16 canais. Mesa de som Allen & Heath, efeitos mínimos. Eu naum tenho um grande estúdio c/ 4 Adats e protools [pgm].
Whiplash! / Tem alguma coisa da qual você se arrepende de ter feito de um modo ou de outro no disco? Se sim, o que você refaria?
Kevin / Ah, não. Sem arrependimentos.
Whiplash! / Kevin, que direção você pretende tomar com o lançamento de "Freudian Slip" (Instrumental/classic/funk-rock/metal) ?
Kevin / Mais na área Jazz, mesmo.
Whiplash! / Há algumas pessoas que apenas se preocupam com a parte técnica das composições, o que fazem-nas soar ‘mecanicamente’ de certa forma. Algumas outras fazem puramente uso do feeling e não mostram grande conhecimento técnico acerca do instrumento. O que você realmente admira em um baixista?
Kevin / A habilidade de fazer todos os outros músicos no grupo soarem bem. Meus músicos favoritos são pessoas como Jaco [Pastorius], James Jamerson, Anthony Jackson etc. Eu - sem dúvida - gosto dos solistas, mas baixo é primeiramente um instrumento de apoio, e eu gosto de ouvir as pessoas se sobressaírem em seus papéis.
Whiplash! / Afinal de contas, como tudo começou? Quem você tomou como inspiração para aprender o instrumento?
Kevin / John Paul Jones foi a minha primeira grande inspiração. Tomei umas poucas aulas, mas não foi um baixista realmente ‘sério’ até entrar na faculdade.
Whiplash! / Quantas horas você costumava tocar por dia?
Kevin / Entre uma e quatro.
Whiplash! / Você ainda estuda?
Kevin / Sem dúvida!
Whiplash! / Como você se vê concernindo suas habilidades e como você se definiria a alguém que nunca lhe ouviu?
Kevin / "Crescente". Alguém que combina vários estilos diferentes numa mistura interessante. Alguém que é um músico, não um shredder.
Whiplash! / Por favor, comente os seguintes baixistas:
Whiplash! / Billy Sheehan
Kevin / O baixista Shredder original. Foi para o baixo o que Van Halen foi para a guitarra.
Whiplash! / John Entwistle
Kevin / Bom som, construiu um padrão na minha geração.
Whiplash! / Chris Squire
Kevin / Cara, eu gastava horas aprendendo "Roundabout" quando tinha 14 anos!!!
Whiplash! / Mike Rutherford
Kevin / Ouvi muito pouco para opinar.
Whiplash! / Geddy Lee
Kevin / Nossa, decididamente um de meus favoritos!!!
Whiplash! / Andy Fraser
Kevin / Também ouvi muito pouco.
Whiplash! / Joey DeMaio
Kevin / Não conheço.
Whiplash! / Steve Harris
Kevin / Nossa senhora, esse foi sem dúvida alguma uma influência gigante quando eu estava começando a tocar há cerca de 15 anos atrás.
Whiplash! / John Myung
Kevin / Ele consegue vir com umas linhas de baixo que podem ser ouvidas em uma banda onde isto é realmente muito difícil!!! Tem um estilo bem único e interessante com todos aqueles lances de two hands...
Whiplash! / Há alguém com quem você não tenha trabalhado mas gostaria?
Kevin / Chick Corea, Dennis Chambers, Steedly Dan.
Whiplash! / Que conselhos você dá a quem é um iniciante no baixo?
Kevin / Escute tudo o que você puder!!!!!
Whiplash! / Para finalizar a entrevista, quando nós, aqui do Brasil, poderemos vê-lo lá em cima, no palco?
Kevin / Olha, Kennedy, eu sinceramente espero que muito em breve. /)
Whiplash! / Obrigado pela entrevista, Kevin. Boa sorte com a carreira.
Kevin / De nada, grandes abraços.
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