Lobão: treta com Herbert Vianna é paranoia ou procede?
Por Marcelo Araújo
Fonte: Ogro do Metal
Postado em 28 de novembro de 2014
A rivalidade entre os dois músicos começou no início dos anos 80, quando a banda Paralamas do Sucesso lançou o álbum "Cinema Mudo", e que Lobão afirmou ser cópia do seu "Cena de Cinema".
O músico carioca afirmou também que até o jeito de cantar foi mudado para fugir de Herbert: "Muitos questionaram minha voz de criança no álbum "Ronaldo foi pra Guerra", mas na verdade, eu alterei a rotação na gravação."
Depois veio o que ele chamou de plágio conceitual de "Me chama" em "Me Liga", e em "Alagados", que segundo ele, nasceu da frase "A favela é a nova senzala", contida na sua canção "Revanche".
Confira um trecho da entrevista que ele deu para o repórter Pedro Alexandre Sanches em 2011 e tirem as suas conclusões.
PAS: Você ficava paranoico em relação a ele?
Lobão: Não, porque a gente sabia as fontes. A minha empresária, Leninha Brandão, tinha escritório ao lado do empresário deles (José Fortes). Ele chegou ao escritório, leu "Revanche" (1986) e disse: "Eureca! A favela é a nova senzala!". Levo lata no Rock in Rio, tô tocando na Mangueira desde 1987 com Ivo Meirelles, meu parceiro. Dez anos depois, vem uma pessoa, que é a Fernanda Abreu, pega todo aquele conceito. Você vai checar: quem está produzindo e compondo todo o disco dela? É o cara.
Lobão: Vou fazer música eletrônica, vou fazer "Noite" (1998). Soube que eles iam fazer um disco de música eletrônica, era para "Hey Nana" (1998) ser eletrônico. Consegui botar a música "Me Beija" na rádio Cidade a duras penas. A gravadora (Virgin) estava puta comigo porque eu tinha recusado fazer Faustão, estava me dando a última chance. Então vamos fazer Canecão em dia pobre, terça-feira. Na véspera do show, a rádio Cidade anuncia show surpresa dos Paralamas no Metropolitan! Ia ter matéria minha de uma página no "Jornal do Brasil". Abro o jornal no dia seguinte e tem duas páginas sobre ensaio dos Paralamas! Quando chego no Canecão, estava às moscas. Falei: "Regina, é o fim. Acabou". O disco foi pro vinagre.
Lobão: Até esse momento, a Regina duvidava seriamente da minha sanidade mental em relação ao Herbert (risos). Fomos almoçar no dia seguinte, Herbert tá no rádio falando do sucesso do show deles: "Quero mandar um abraço para um grande ídolo meu, Lobão". Comecei a ter tiques nervosos. Entramos no Fashion Mall, um restaurante vazio, está Herbert Vianna, com a mulher e os três filhos. Não, não é possível. Quando me levanto, sabe o que ele faz? Sai correndo, feito um camelô! Deixou a família. "Regina! Atrás dele!"
Lobão: Aí Ivo Meirelles me chama para almoçar. Me dá esporro: "Pô, cara, você é uma língua solta mesmo, para de falar essas coisas do cara aí. Ele é poderoso, tem conexão, todas as rádios tão com o cara. Todos os jornais, todos os músicos do Brasil tão com o cara, só você que é um idiota. E tem uma coisa: eu tô com ele, porque ele tem mais talento que você". Ele tinha convidado o Ivo e o Funk’n Lata para tocar com ele no show! Comecei a espumar, né? Não aguento mais, tô enlouquecendo, fui fazer análise por causa disso. Tinha outros problemas, mas esse foi o mote, muito mais importante do que ter matado a minha mãe. O que mais me fez sofrer e ter ódio na vida foi isso. Passava o dia inteiro com ódio, meu coração doía, ficava exausto de tanto odiar.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps