Litosth, a ousadia em inovar no Black Metal sem perder suas raízes no álbum "Cesariana"
Resenha - Cesariana - Litosth
Por Oscar Xavier
Postado em 27 de novembro de 2024
LITOSTH, segundo a própria banda, é a manifestação física das visões do multi-instrumentista brasileiro Maicon Ristow e do baixista Wendel Siota. A banda foi fundada em 2016, e em seu mais recente álbum intitulado Cesariana, lançado em 02 de fevereiro de 2024, é possível notar diferentes elementos que fogem da mesmice que muitas bandas de Black Metal optam por trilhar.
"In Waves" inicia o álbum, cujos primeiros segundos da música são com uma ambientação mais arcaica lembrando as bandas escandinavas da década de 1990, mas ao longo a música se moderniza sem perder sua essência crua. O padrão de guitarras e blast beats lembram bastante o álbum Transilvanian Hunger dos noruegueses do DARKTHRONE, obviamente com mais passagens sinfônicas. Na metade da música há uma mescla entre orquestrações e guitarras com groove, o que evidencia a ousadia da banda, no que tange experimentar diferentes combinações.
Em "Whipping Bottles", primeiro single do álbum, nota-se uma atmosfera musical de clamor. A música mantém esse padrão introduzindo orquestrações no decorrer dela, intensificando a força que a música transmite.
"Time Doesn´t Heal" já começa com o pé no acelerador. Ao meu ver a música possui uma das melhores cozinhas do álbum. Na metade da música ela desacelera e são incorporados excelentes breakrowns seguidos de orquestrações, dando uma quebra de expectativa incrível.
"The Clay Messiah" é uma excelente música para um headbanging. Com um lick de guitarra simples e hipnotizante, a faixa trabalha com um vocal gutural que reveza com um vocal falado, dando ar de discurso à canção. Na metade da faixa a música cresce e fica poderosíssima, funcionaria muito bem ao vivo. A música se encerra com uma sinfonia que repete a melodia tocada pela guitarra durante boa parte da música
"A Ofensa" conta com uma letra em português e com um belíssimo videoclipe. O conjunto da obra trata de fazer não ataque raso ao cristianismo, mas elucidar acerca das perseguições feitas pelas instituições cristãs às mulheres, perseguições essas que foram alicerçadas em ideologias misóginas e homofóbicas (o videoclipe já se inicia com os dizeres "AS MULHERES AINDA SENTIRÃO ORGULHO POR NÃO TEREM JAMAIS CONTRIBUÍDO UMA LINHA SEQUER NA REDAÇÃO DA BÍBLIA"). Focando na composição em si, a faixa começa com uma guitarra limpa e logo se desenvolve num riff que nos remete bem ao cenário que a letra da música constrói, os mil anos de trevas da Idade Média. Na metade da música surgem harmonias mais dramáticas, com algumas passagens que lembram álbuns como "The Somberlain" e "Storm of the Light’s Bane" da banda sueca DISSECTION.
"The Argonaut" é uma música mais cadenciada e experimental. Seu instrumental lembra algumas músicas do álbum "Now Diabolical" dos noruegueses do SATYRICON. Já o vocal possui algumas passagens que lembram músicas do "In Sorte Diaboli" dos também noruegueses do DIMMU BORGIR.
A faixa título, "Cesariana", é uma das (senão a) mais veloz do álbum, lembrando titãs do Black Metal como os suecos do DARK FUNERAL. Na metade da música podemos ouvir harmonias extremamente densas, confirmando que a banda não se mantém num mesmo padrão repetitivo durante todas as suas músicas.
E pra fechar com chave de ouro, a música mais longa do álbum, "The Vaccum Extractor Paradigm". Uma música extremamente épica, onde na metade dela surge um ritmo ótimo para um headbanging, outra que funcionaria muito bem ao vivo.
É impressionante a capacidade que a banda teve em incorporar diferentes elementos às suas composições, não caindo no comodismo de lançar um trabalho sem inovações, nos brindando com um álbum musicalmente rico, sem negligenciar os elementos mais clássicos do Black Metal.
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