Linkin Park - "From Zero" é um recomeço bem-vindo
Resenha - From Zero - Linkin Park
Por Matheus Rodrigues
Postado em 24 de novembro de 2024
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
O Linkin Park está, oficialmente, de volta. À altura da redação deste texto, ainda não realizou os dois shows marcados para o Allianz Parque, em São Paulo. O novo produto, "From Zero", ainda está quente, após ser retirado do forno.
Primeiro, é importante ressaltar que imaginar um Linkin Park sem Chester Bennington sempre foi estranho, mas quem acompanhava a banda de perto, ou mesmo os shows de Mike Shinoda quando da divulgação do EP "Post Traumatic", sabe, por declarações do rapper, e de outros integrantes, que eles jamais afastaram completamente a possibilidade de seguir com outra formação.
O primeiro sinal de alerta para este redator foi quando Dave Pharrell deu com a língua nos dentes e disse que os membros remanescentes estavam compondo músicas novas. Se bem me lembro, em 2019 (bem quando, pela cronologia traçada pelas declarações de Shinoda, começaram a trabalhar com Emily Armstrong e Collin Brittain). Mas, àquela altura, pensei que fosse algo somente entre os membros clássicos, e que o Linkin Park poderia seguir para se tornar o Fort Minor 2.0.
Também podemos nos lembrar que, enquanto as datas norte-americanas da turnê do disco "One More Light" foram canceladas apenas um dia depois da morte de Bennington, o cancelamento das datas marcadas para o Japão só foi anunciado oficialmente em outubro de 2017, pois a banda cogitou cumprí-las, mesmo em processo de luto.
Fora isso, o anúncio da contagem regressiva de 100 horas parecia grandioso demais para apenas mais um (re)lançamento da banda.

E então chegamos ao mais novo trabalho da banda, que começa com uma introdução cantada por um coro, subitamente interrompida por um diálogo: "Do zero? Tipo, do nada? Ah, espera, o primeiro (....)``. que imagino que tenha sido completado com "nome da banda foi ‘Xero’! (Zero)".
Um diálogo tão curto merece ser citado (e livremente traduzido) aqui porque é importante deixar claro que, apesar de todo o conceito da nova formação, de se estabelecer como um capítulo distinto, e não uma continuação direta do trabalho feito com Chester Bennington e Rob Bourdon como integrantes, é impossível recomeçar "do zero". O Linkin Park é uma banda que, entre hiatos, tem quase 30 anos de carreira.
Tendo noção, então, que a banda volta apostando no seguro, é preciso dizer que, para um álbum de apenas meia hora, as facetas do Linkin Park conseguem ser bem exploradas, e divididas. É um bom ponto de partida para quem não conhece nada sobre a banda, no dia em que isso for possível (ainda não é hoje).
A trinca "The Emptiness Machine", "Cut the Bridge" e "Heavy is the Crown" nos remete ao Linkin Park que se consagrou no início dos anos 2000, bem cruas e diretas. O álbum começa te trazendo nostalgia e tirando seu fôlego a cada nota. Destaque para a última aqui citada, que é o grande cartão de visitas de Emily Armstrong.
As coisas se acalmam com "Over Each Other", que passeia no campo do hard rock e até um quê de pop. Se fosse possível relacionar com o catálogo do Linkin Park clássico, poderia figurar entre as faixas de "One More Light" (e, naquele contexto, seria até pesada, relativamente falando). Destaca-se por ser a primeira vez que temos um registro, no Linkin Park, de Emily cantando sem dividir os vocais com Shinoda.
"Casualty resgata" o peso que os fãs mais ávidos esperam. Destaque para a abordagem agressiva de Mike Shinoda, que é tão incomum a ele (pelo menos, em estúdio), que ter ouvido pela primeira vez versos entoados de forma tão "rasgada" chega a ser um choque, em certa medida.
"Overflow" abaixa a temperatura, passando por elementos eletrônicos, carregadas pelas melodias vocais. Aqui, me lembra mais o que Mike Shinoda nos trouxe em Post Traumatic do que algo já feito pelo Linkin Park, propriamente dito. Mas saindo da mente de Shinoda, também é algo característico.
A calmaria logo dá lugar ao peso quando chegamos a "Two Faced", o último single divulgado antes do lançamento do disco. Pela estrutura e riffs, é quase seguro dizer que a banda revisitou "One Step Closer", do disco de estreia, para se inspirar, o que é algo extremamente positivo. O flow de Mike Shinoda, aqui, lembra muito o que foi feito por ele em "Meteora".
"Stained" é extremamente radiofônica, mas também aposta na sonoridade mais chegada ao hard rock/pop, especialmente, pelo refrão, que é extremamente chiclete.
"IGYEIH" volta a apresentar o peso, mas numa sonoridade mais crua e direta, muito guiada por baixo e bateria, que criam tensão nos versos, criando a atmosfera explosiva que o refrão pede. Destaque para a interpretação de Emily Armstrong, que encapsula muito bem o clima de "grito sufocado" que letra e melodia querem transmitir - principalmente, ao repetir o verso "from now on, I don’t need ya" ("daqui em diante, eu não preciso de você").
"Good Things Go", que fecha o disco, também parece mais uma faixa solo de Shinoda, até pela temática de dilemas internos e tentar achar uma forma de aceitar o que acontece e seguir em frente consigo mesmo, mas é cantada em dueto com Armstrong, que abrilhanta a música com agudos muito bem-vindos, não só à música em questão, mas ao Linkin Park. Mesmo que a faixa final faça o disco se despedir um pouco mais calmamente do que alguns fãs poderiam esperar, certamente, deixa um gostinho de quero mais para o ouvinte.
Em suma, o Linkin Park não voltou tão do zero. Voltou com bagagem, ainda que jogando seguramente, mas deu um excelente pontapé inicial em seu novo capítulo, respeitando o passado e olhando para o futuro. Em apenas meia hora, conseguiu fazer uma boa salada daquilo que os trouxe até aqui, com pitadas de inovação, um toque de nostalgia e muita vontade de seguir em frente.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
Axl Rose ouviu pedido de faixa "esquecida" no show de Floripa e contou história no microfone
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
A melhor música dos Beatles, segundo o Ultimate Classic Rock
O convite era só para Slash e Duff, mas virou uma homenagem do Guns N' Roses ao Sabbath e Ozzy
Nicko McBrain revela se vai tocar bateria no próximo álbum do Iron Maiden
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
Slash quebra silêncio sobre surto de Axl Rose em Buenos Aires e defende baterista
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
Janela de transferências do metal: A epopeia do Trivium em busca de um novo baterista
Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
O único guitarrista que, para Lindsey Buckingham, "ninguém sequer chega perto"
Megadeth tem show confirmado em São Paulo para 2026
Os 11 melhores discos de rock progressivo dos anos 1970, segundo a Loudwire
O que realmente fez Bill Ward sair do Black Sabbath após "Heaven & Hell", segundo Dio

A grande dúvida sobre Emily Armstrong substituindo Chester, segundo Mike Shinoda
Para Mike Shinoda (Linkin Park), Emily Armstrong é "a voz que só aparece uma vez por geração"
Os 25 melhores álbuns de rock lançados nos últimos 25 anos, de acordo com a Loudwire
O melhor disco do século 21, de acordo com o Loudwire
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental


