"The Unforgettable Fire" - Há 40 anos o U2 se tornava a última grande banda de rock
Resenha - Unforgettable Fire - U2
Por Isaias Freire
Postado em 08 de novembro de 2024
O ano era 1983, no Rio de Janeiro pipocava lojas de discos em cada esquina, algumas delas templos sagrados do rock, como a Modern Sound e a Billboard. Porém mesmo com uma quantidade infinita de lojas era muito difícil conseguir assistir a filmes ou clips de bandas. Em um belo dia fomos surpreendidos com uma apresentação de um filme sobre um festival com várias bandas. Dentre elas uma nova e desconhecida banda chamada U2, que na época se pronunciava U2 em português. A apresentação foi no Flamengo na rua Marquês de Abrantes e por incrível que pareça tinha tanta gente na fila que foi difícil entrar. Eu e um grupo de amigos ficamos apaixonados por aquela banda completamente desconhecida que o vocalista subia pelos andaimes das caixas de som e continuava a cantar Sunday Blood Sunday. Passamos as semanas seguintes procurando pela cidade alguma loja que vendesse um disco desta banda. Nada, ninguém conhecia, nem a grande Modern Sound.
Um ano depois o U2 lançava seu quarto álbum de estúdio "The Unforgettable Fire", um marco significativo na carreira do grupo. Este disco representa uma virada artística e comercial que catapultou o U2 de promessas emergentes do rock para uma das maiores bandas do mundo. Essa transição foi acompanhada não apenas por uma mudança sonora ousada, mas também pela conquista de novos patamares de sucesso nas paradas internacionais, incluindo a 12ª posição na Billboard 200 dos Estados Unidos – um feito expressivo para a época.

Após o lançamento de "War" (1983), que estabeleceu o U2 como uma banda de postura política e energética, o grupo decidiu abandonar as fórmulas anteriores para buscar uma sonoridade mais experimental e atmosférica. Foi nesse contexto que entraram em cena os produtores Brian Eno e Daniel Lanois, que introduziram novas texturas sonoras ao repertório da banda. A produção de Eno e Lanois deu ao U2 a profundidade artística que vinha buscando, marcada por arranjos mais sofisticados, com camadas sonoras etéreas e ambiências carregadas de emoção.
O título do álbum, "The Unforgettable Fire", foi inspirado em uma exposição de arte sobre os sobreviventes das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Esse contexto reflete a natureza contemplativa e politizada de muitas das faixas, que tratam de questões profundas de guerra, paz e humanidade. O álbum captura perfeitamente o senso de grandiosidade e preocupação com o mundo que se tornaria uma das marcas registradas da banda.
A grande inovação do disco está na exploração de uma sonoridade mais atmosférica e menos direta, afastando-se do rock mais cru e militante que marcou os álbuns anteriores. Faixas como "A Sort of Homecoming" e "The Unforgettable Fire" são exemplos de uma abordagem mais abstrata, onde a musicalidade se eleva com sintetizadores, reverb e guitarras sutis, ao invés de riffs diretos e refrões explosivos. Esses elementos trouxeram uma sensação de profundidade emocional que se tornaria uma das assinaturas do U2.
O destaque óbvio do álbum é a faixa "Pride (In the Name of Love)", que homenageia o ativista dos direitos civis Martin Luther King Jr. Esta canção não só ajudou o U2 a alcançar grande sucesso comercial, como também consolidou seu papel como porta-vozes de causas sociais. A música atingiu altas posições nas paradas internacionais e continua a ser uma das mais icônicas do repertório da banda, em parte devido ao seu tema atemporal de justiça e igualdade.
"The Unforgettable Fire" não apenas consolidou o U2 como uma das principais bandas da década de 1980, mas também a levou ao patamar de ser a última grande banda de rock de todos os tempos. Depois dela nada foi tão grande, que me desculpem os amantes do Iron Maidem (o primeiro disco é anterior ao do U2) e do Metallica (grande, mas não tão grande).
A partir desse disco, o U2 atingiu um nível de popularidade e credibilidade artística que culminaria no lançamento de seus próximos álbuns, como "The Joshua Tree" (1987), que ficou em primeiro lugar nas paradas em diversos países e é considerado um dos maiores discos da história da música. A capacidade do grupo de criar faixas que ecoam tanto em termos de sonoridade quanto em mensagem tornou-se evidente em "The Unforgettable Fire".
O legado de "The Unforgettable Fire" é inegável. A colaboração com Eno e Lanois se revelaria tão bem-sucedida que a banda os traria de volta para produzir álbuns subsequentes. Ao equilibrar o peso lírico com uma produção etérea e acessível, o álbum expandiu a base de fãs do U2 e preparou o terreno para que eles se tornassem o que são. A sua importância é medida não apenas pelo impacto imediato, mas também pela forma como ele influenciou o som da banda e da música de arena nos anos 80 e 90. Com este disco, o U2 demonstrou que poderia transcender os limites do rock tradicional, abrindo as portas para experiências mais introspectivas e envolventes.
"The Unforgettable Fire" é um divisor de águas na carreira do U2. Mais do que um sucesso comercial, ele representou uma evolução artística que consolidou o grupo como uma potência criativa global. A partir desse lançamento, o U2 nunca mais seria o mesmo. Eles não só experimentaram novos sons e atmosferas, mas também encontraram uma nova voz, que ecoaria ao longo dos anos seguintes e garantiria a eles o status de lendas do rock mundial.
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