Judas Priest: o heavy, o blues e o progressivo em "Rocka Rolla"
Resenha - Rocka Rolla - Judas Priest
Por Tchelo Emerson
Postado em 15 de novembro de 2022
Neste ano, a banda Judas Priest tem alguns motivos para comemorar. Além de completar 50 anos de atividade, os ingleses foram nomeados para o Rock and Roll Hall of Fame, oportunidade em que convidaram os ex-membros K.K. Downing (guitarrista e um dos fundadores da banda) e Les Binks (bateria) para uma festejada participação no evento.
As celebrações continuam na estrada, já que o Judas Priest está em turnê mundial que passa pelo Brasil, com participação na primeira edição do KNOTFEST em 18 de dezembro, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, e no dia 15 do mesmo mês na casa de espetáculos VIBRA, também na capital paulista.
Há muitos motivos para os fãs do Judas Priest revisitarem toda a discografia da banda. Pensando nisso, o canal Metal Musikast deu início a uma série especial de vídeos intitulada JUDAS PRIEST - DISCOGRAFIA COMENTADA, que terá um total de 18 vídeos, com resenhas detalhadas, muitas informações e curiosidades sobre cada um dos álbuns de estúdio da banda britânica.
O canal no Youtube acaba de lançar o primeiro vídeo da série, com resenha completa sobre o álbum "Rocka Rolla".
Você pode ver o vídeo completo no player a seguir
"Rocka Rolla" talvez seja o álbum mais subestimado dos ingleses. É razoavelmente comum encontrarmos fãs que "defendem" as qualidades de discos não tão aclamados do Judas Priest, como, por exemplo, o segundo álbum com os vocais de Tim "Ripper" Owens, "Demolition", mas poucos são os fãs que elogiam o "debut".
Um dos motivos para que isso aconteça é que a discografia do Judas Priest está repleta de discos seminais para a história do próprio heavy metal, sendo que a maioria dos fãs entendem que "Sad Wings of Destiny", "Hell Bent for Leather", British Steel", "Screaming for Vengeance" ou "Painkiller" podem ser considerados geniais. Sendo assim, o vacilante "Rocka Rolla" acaba sendo ofuscado.
Apesar disso, se o ouvinte considerar apenas as qualidades intrínsecas do primeiro álbum, sem fazer qualquer comparação com os outros trabalhos de estúdio, será possível encontrar características realmente louváveis, como as linhas vocais de um jovem Rob Halford (creditado na contracapa como "Bob" Halford), que ainda passava por uma fase de desenvolvimento, mas já se mostrava um cantor diferenciado. Ou ainda, as guitarras criativas de K. K. Downing e Glenn Tipton, já apresentando o embrião das mais aclamadas "twin guitars" do heavy metal (embora haja polêmicas se os guitarristas do Iron Maiden devem figurar no primeiro posto).
É compreensível que "Rocka Rolla" não seja reconhecido como um trabalho de destaque do Judas Priest, primeiro por conta da produção fraca, motivo de crítica dos próprios membros da banda. Rob Halford e K. K. Downing já expressaram em entrevistas da época que o processo de mixagem e masterização tirou muito da força das músicas como tinham sido gravadas.
O produtor Rodger Bain tinha no currículo os três primeiros álbuns do Black Sabbath e os dois primeiros dos galeses do Budgie e gravou todas as sessões até o final de julho de 1974 (o disco foi lançado pela Gull Records em 6 de setembro de 1974). A mixagem ficou a cargo de Vic Smith.
A capa traz uma arte encomendada pela gravadora (sem qualquer ingerência dos membros da banda) e reproduz uma tampinha de garrafa de refrigerante com o trocadilho do título e um logo com o nome da banda que só seria usado nesse álbum. a arte é de autoria de John Pasche. A banda nunca gostou dessa capa e em 1981 houve relançamento do disco com capa alternativa cuja ilustração se chama "The Steel Star", de autoria de Mel Grant.
Em termos de sonoridade, os membros da banda buscavam um som único, tentando se afastar das bandas consagradas na época, Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin, embora eles apreciassem todas elas.
K. K. Downing era um grande fã de Jimi Hendrix, mas achava que o guitar-hero americano já havia levado o blues-rock a níveis altíssimos. O guitarrista do Judas Priest privilegiou a sonoridade progressiva que ele também admirava.
Glenn Tipton traz para "Rocka Rolla" as influências de blues-rock, principalmente de Rory Gallagher.
Há bons momentos no disco, como a faixa de abertura "One for the Road", com um riff interessante e letra falando da relação dos fãs com a música; a faixa-título, um bom hard rock setentista que já revelava a criatividade dos guitarristas; "Cheater", embrião do heavy metal que viria a ser praticado pela banda a partir do segundo disco; e "Never Satisfied", um heavy rock que figurou no set list de recentes turnês.
Há momentos em que o rock progressivo ocupa espaço, com as faixas "Winter", "Deep Freeze" e "Winter Retreat". O ponto alto do progressivo está em "Run of the Mill", uma balada melancólica com linhas vocais extraordinárias de Rob Halford, cantando uma letra sobre um homem envelhecido que tinha levado uma vida medíocre.
"Rocka Rolla" ainda não trazia o heavy metal visceral que viria a consagrar a banda a partir do segundo álbum, "Sad Wings of Destiny", mas garante uma boa experiência para quem curte um heavy rock clássico.
A resenha completa pode ser assistida no player de vídeo a seguir
O vídeo é o primeiro da série chamada "JUDAS PRIEST. - DISCOGRAFIA COMENTADA", que vai abordar curiosidades sobre todos os álbuns da banda britânica, que é considerada por muitos a precursora do próprio heavy metal.
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