Van Canto: banda funciona melhor do que nunca como "octeto"
Resenha - To the Power of Eight - Van Canto
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 06 de julho de 2021
Nota: 8
Há algum tempo eu venho defendendo a tese de que o septeto alemão de metal a cappella van Canto "se esconde" atrás do ineditismo da sua formação e do seu estilo para produzir discos que têm soado mais do mesmo. Sustento também que os dois discos anteriores tinham "cartas na manga" para mascarar a zona de conforto (Voices of Fire foi uma metal opera e seu sucessor Trust in Rust marcou a estreia do vocalista principal masculino Hagen Hirschmann no lugar de Dennis "Sly" Schunke).
Em seu oitavo álbum - sim, eles chegaram a oito títulos a despeito dos haters -, intitulado To the Power of Eight, o grupo tem uma nova carta na manga: a volta de Sly, ainda que como membro "convidado" - um convidado que estranhamente participa de todas as faixas mesmo não desempenhando um papel exclusivo.
E sabem o que aconteceu? O van Canto se encontrou como nunca havia se encontrado antes. Este disco é o momento em que eles estabeleceram a melhor combinação possível de vozes. Porque além de dois vocais limpos, um de cada sexo biológico, temos agora um terceiro vocal, segundo masculino, que cuida das partes mais agressivas.
A diferença nem sempre se faz tão evidente. A abertura autointitulada, por mais empolgante que seja, não denuncia a presença de tantos músicos. Na abertura "de fato", "Dead By the Night", a banda já começa a mostrar suas garras, e as três vozes se distinguem mais notadamente.
É verdade que nem toda faixa precisava de três vocais principais para funcionar bem, mas há momentos em que apenas duas vozes (convencionais) talvez não dessem conta do recado. Exemplos: os covers "Raise Your Horns" (do Amon Amarth) e "Thunderstruck" (do AC/DC), em que a voz gutural e rasgada de Hagen é insubstituível.
Outros destaques incluem o poderoso single "Faith Focus Finish", a "folk" "Turn Back Time" (relíquia dos anos 1990 que o "guitarrista solo" Stefan Schmidt e o baterista Bastian Emig mantiveram na gaveta até que a letra, saudosista, fizesse sentido para eles); a oitentista "Hardrock Padlock" e a curiosa "From the End" (com cantos que imitam flautas).
Os covers, como sempre, ganham nossos corações menos pela qualidade em si do que pela diversão e ineditismo que os caracterizam. São versões que fazem jus às originais, mas que nunca perdem aquele leve toque de sátira.
Antes tarde do que nunca, o van Canto inaugura uma nova fase de fato em sua surpreendentemente prolífica carreira e os mares por onde o grupo navegará daqui pra frente parecem mais convidativos que as águas frias e poluídas da capa desta obra.
Abaixo, o clipe de "Faith Focus Finish":
FONTE: Sinfonia de Ideias
https://sinfoniadeideias.wordpress.com/2021/07/03/resenha-to-the-power-of-eight-van-canto/
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