B. B. King: 50 anos de Indianola Mississippi Seeds, o maior tesouro do rei
Resenha - Mississippi Seeds - B. B. King
Por Pablo Sathler
Postado em 23 de setembro de 2020
Quando o assunto é blues, ouvir um disco inteiro pode ser uma experiência complicada. A tendência é todas as músicas soarem igual ou com poucos contrastes significativos. No entanto, essa falta de contraste acontece pela forma como o blues é criado. Sua métrica fixa de 12 compassos faz com que os músicos de blues presem pela economia de recursos harmônicos e desenvolvam ideias rítmicas e melódicas. Isso acontece no disco Indianola Mississippi Seeds do único rei possível, B.B King.
Com pouco mais de um minuto e apenas dois versos Nobody Loves Me But My Mother abre o disco mostrando o verdadeiro significado do blues. A mensagem é certeira e dispensa qualquer comentário: ninguém me ama, exceto minha mãe/ e ela pode estar me enganando também / agora você vê porque eu ajo tão engraçado, baby /quando você faz as coisas que você faz. A segunda canção é a mais longa do disco. Com seis minutos de puro blues, You’re Still My Woman narra um assunto muito conhecido por nós podendo ocupar o lugar favorito dos aficionados pelos solos do rei. Aqui, entendemos o porquê do senhor Riley Ben receber a coroa. Poucas notas e muito feeling dão o tom da realeza.
Ask me no questions leva o disco para outro caminho, outro clima. Bem mais "pra frente" que as duas primeiras e com caminhos harmônicos diferentes dos até aqui explorados, a terceira música realmente dá um up na toada do disco. Com notas muito longas capazes de diminuir a marcha dos mais ansiosos, Until I’m Dead And Cold se destaca pela construção do arranjo. No início, piano e baixo fazem um pano de fundo para a majestade brilhar ainda mais. À medida que a música acontece, outros instrumentos como o sax barítono e o sax tenor abrem os caminhos do salão para a dança do rei e da rainha Lucille, agraciando os súditos com um solo incrível.
Uma música totalmente instrumental leva o disco para outro lugar cujo o nome não teria sido melhor: King’s Special. Como o próprio nome indica, esse é o momento do rei e com certeza é especial. Ouça com muita atenção o quê a realeza tem a nos dizer. Ain’t Gonna Worry My Life Anymore pode soar um pouco estranha. Há uma jam session no começo onde os músicos se divertem à beça. Dá pra ouvir as gargalhadas de B.B King e seu diálogo com os músicos,mas de repente a música para e outra completamente diferente começa. No meio da faixa. Em relação à letra, podemos dizer que essa também é muito econômica. Há apenas quatro versos, mas a essa altura nem nos damos conta da letra, ou melhor, da falta dela.
Na sétima faixa do disco, Chains and things estamos diante de uma encruzilhada sonora. O encontro entre dois mundos aparentemente distantes cria um ambiente inesperado. A orquestra erudita e a guitarra popular se fundem numa mistura pra lá de criativa. Apenas a escuta atenta dessa canção pode revelar o que há de mais precioso nesses mundos. Go Undergroud retoma o clima dançante do álbum dando ao ouvinte um estimulo a mais pra terminar o disco. Um solo muito interessante conduz boa parte da música e dá ao amante do blues tudo que ele mais gosta: solo de guitarra.
Na última faixa do disco Hummingbird, o clima de nostalgia toma conta do álbum. As cordas aparecem mais uma vez, mas de uma maneira diferente. Agora, a orquestra pulsa com notas mais curtas e por isso o arranjo aparece mais marcado. Ao final da música ouve-se a derradeira frase don’t fly away encerrando assim um dos maiores trabalho do rei.
Comemorando os 50 anos do seu lançamento vale lembrar que o disco apareceu várias vezes nas paradas de sucesso daquele ano. Indianola Mississippi Seeds foi o número 26 na lista dos álbuns Pop, o número 7 na lista dos álbuns de Jazz e o oitavo disco na Black Albums, uma lista da Billboard que procura contemplar discos de Jazz, Hip-Hop, R&B, etc. Várias canções atingiram sucesso como Chains and Things", "Ask Me No Questions" do próprio King e "Hummingbird" de Leon Russell. O próprio King vê o álbum como um dos seus maiores trabalhos. Quando questionado sobre o seu melhor trabalho, King disse: "Eu sei que os críticos sempre mencionam Live & Well ou Live at the Regal, mas acho que Indianola Mississippi Seeds foi o melhor álbum que fiz artisticamente." Em todo o trabalho, destaco a orquestra de cordas e a maneira econômica como lidaram com esse recurso. Realmente, B.B King deixou um legado digno de rei, cabendo a nós, meros súditos, as maiores condolências e o máximo respeito.
Artista: B.B King Álbum: Indianola Mississippi Seeds Ano: 1970
Produção: Bill Szymczyk
Arranjos de cordas e sopros: Jimmie Haskell
Engenheiros: Bill Szymczyk e Gary Kellgren
Engenheiros assistentes: Llyllianne Douma, Mike D. Stone e John Henning Masterização: Bob Macleod Gravação: The Record Plant, Los Angeles, California.
FONTE: Bar da Baixa Cultura
https://bardabaixakultura.wordpress.com/2020/09/16/50-anos-de-indianola-mississippi-seeds-o-maior-tesouro-do-rei/
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