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Greta Van Fleet: o bom disco de estreia do quarteto norte-americano

Resenha - Anthem of the Peaceful Army - Greta Van Fleet

Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 02 de julho de 2019

"Anthem of the Peaceful Army" é, provavelmente, o disco de uma banda de rock mais aguardado dos últimos anos. Álbum de estreia do quarteto norte-americano ("From the Fires", que saiu em 2017, reunia os dois primeiros EPs do grupo), o trabalho vem com onze músicas inéditas e dividirá opiniões.

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A principal questão em torno do Greta Van Fleet é a semelhança, muitas vezes exagerada, com o Led Zeppelin. E isso não se dá somente pela aproximação entre o timbre do vocalista Josh Kiszka e o de Robert Plant. Ela é bastante perceptível também em outros aspectos. A abordagem do guitarrista Jake Kiszka deixa claro que ele é um grande fã de Jimmy Page. O timbre da bateria de Danny Wagner não faz questão de esconder a inspiração no do falecido John Bonham, assim como as frequentes viradas que Danny encaixa nas canções também trazem à mente a imagem do saudoso Bonzo. E o trabalho de composição é, inegavelmente, influenciado pelo Led Zeppelin.

Mas o Greta Van Fleet não se resume apenas a isso. A canção de abertura, "Age of Man", por exemplo, aponta para um outro caminho. E ela, certamente, não foi escolhida como a primeira do disco à toa. O clima é meio gospel, transportando o ouvinte para uma igreja no meio dos Estados Unidos, sensação ampliada pelo uso certeiro do órgão. Uma balada crescente e muito bem feita, com refrão na medida para levantar estádios e que funciona como um ótimo cartão de visitas.

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Percebe-se um esforço em trilhar caminhos sonoros que diminuam a associação com o Led Zeppelin, e eles funcionam em canções como "Watching Over", na ótima "Lover, Leaver" (uma das melhores do disco) e na linda "Brave New World", na minha opinião a melhor música de "Anthem of the Peaceful Army". No outro lado da moeda, mesmo quando não consegue dissociar-se da banda de Jimmy Page e Robert Plant, o Greta Van Fleet dá ao ouvinte ótimas canções como "The Cold Wind", "When the Curtain Falls", "You're the One" e "The New Day".

No saldo geral, "Anthem of the Peaceful Army" é um bom disco e que mostra uma evolução em relação a "From the Fires". Como já dito, o Greta Van Fleet explora outras influências sonoras que deixam claro que a banda não tem apenas uma carta na manga. O caso do GVF me lembra bastante o que aconteceu com o Rival Sons, outra banda que foi bastante associada ao Led Zeppelin no início de sua carreira. Em "Before the Fire" (2009) e "Pressure & Time" (2011), o Rival Sons incomodava pela semelhança (para não dizer quase plágio) do universo sonoro do Zeppelin. Foi só a partir do seu ótimo terceiro disco, "Head Down" (2012), que os caras conseguiram encontrar a sua própria sonoridade, e conquistaram isso com maturidade e sem perder as influências que moldam a sua música. Essa tentativa de construção de uma identidade sonora própria é perceptível no disco de estreia do Greta Van Fleet, e aponta para que os próximos discos apresentem essa identidade de maneira mais efetiva. Ainda assim, "Anthem of the Peaceful Army" revela-se um álbum muito consistente e repleto de ótimas canções, algo que é muito saudável e importante para uma banda em início de carreira como o GVF.

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Para concluir, deixo com vocês um pensamento: será que a associação que fazemos entre esses jovens norte-americanos e o Led Zeppelin não diz menos sobre o Greta Van Fleet e muito mais sobre o próprio Led Zeppelin e a falta que sentimos de uma banda tão mitológica e grandiosa como foi o quarteto formado por Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham? Fico com a segunda opção.

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Sobre Ricardo Seelig

Ricardo Seelig é editor da Collectors Room e colabora com o Whiplash.Net desde 2004.
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