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Kamelot: um disco único e tão somente feito para os fãs do grupo

Resenha - Poetry for the Poisoned - Kamelot

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 23 de outubro de 2018

Nota: 6 starstarstarstarstarstar

Comecei a acompanhar o Kamelot mais de perto recentemente, já faz alguns anos, mas este ano eu consegui escutar mais obras clássicas da banda americana. Na primeira metade da década passada eu havia escutado o The Black Halo e ficado por isso mesmo, depois, três anos atrás, eu retomei comprando o álbum Haven e curtindo bastante a sonoridade. Deixei de molho por mais algum tempo, e recentemente voltei, ouvindo esses discos novamente após ouvir o mais novo, The Shadow Theory, e motivado por isso, também consegui comprar o Epica e este álbum aqui, Poetry for the Poisoned, que achei nas lojas mesmo, sob encomenda.

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Eu esperava um disco no mesmo nível do material que eu já havia escutado com o Roy Khan, até por saber que este é o último disco da banda com o cara, mas infelizmente não foi essa a impressão que eu tive. Poetry for the Poisoned é um disco fraco, comparado com discos como Epica e The Black Halo. Os caras quiseram dar uma guinada de som mais dark, mais do gênero gothic metal do que do seu tradicional power metal, só que o resultado foi uma obra medíocre, com poucos bons momentos, e com outros que não fedem nem cheiram. O disco não tem uma estória maior em si, mas pequenas mini-estórias em cada faixa representando o tema geral do disco, que é a escuridão, e que retratam os lados mais obscuros do espírito humano.

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A primeira faixa, "The Great Pandemonium" começa com uma melodia soturna, mas bem genérica. A atmosfera é legal e empolga no começo, mas a execução não é tão inspirada. Tem uma bridge interessante até, mas não passa disso. A mesma coisa podemos dizer sobre a segunda faixa, "If Tomorrow Came", o refrãozinho dela é mais acelerado, mas não sai daquilo que a gente já conhece por genérico, sem muito brilho, parece que feito mais no automático.

Surge "The Zodiac", o primeiro momento verdadeiramente interessante do disco, gostei especialmente do arranjo melódico nos trechos de ponte das estrofes para o refrão, mas de forma geral é uma boa faixa, e um dos poucos momentos especiais em um disco irregular. Continuando nessa vibe mais soturna e sóbria, "Hunter's Season" também tem seus momentos de destaque, como o refrão, mas também soa abaixo do esperado em termos de Kamelot. "House on a Hill" também tem momentos muito bons de destaque, como o solo de violão nos trechos finais, mas é uma baladinha mais genérica.

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Agora aqui está uma que eu realmente gostei mais: trata-se de "Necropolis", uma mais estilo hard rock com um peso considerável e ótimos arranjos e passagens. Dá pra bater cabeça tranquilo. "Seal of Woven Years" eu achei bacana para os padrões do próprio disco, tem uma ponte dramática bacana, é bem ritmada, não chega a ser um destaque, mas tem bons momentos.

Das faixas 10 a 13, temos o ótimo épico que dá nome ao disco, "Poetry for the Poisoned", e devo dizer a vocês, que onde este disco falha em várias tentativas, acerta neste épico que realmente faz por merecer a compra do disco pelo fã, porque é bem legal, tanto em termos instrumentais, quanto líricos. Usando-se de uma boa variedade de ritmos e melodias, a letra se direciona à pessoas que se sentem quebradas de alguma forma, derrotadas, contaminadas com algum tipo de demônio interior que a impede de prosseguir. Minhas partes favoritas são a primeira e a segunda, respectivamente, "Incubus" e "So Long", a segunda contando ainda com a belíssima participação de Simone Simons, vocalista do Epica. As outras partes são apenas boas, mas dada a falta de inspiração no disco, aceitáveis.

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Aí, quando eu acho que o Kamelot já havia fechado a conta com este épico, eis que eles resolvem parecer acordar de um coma e mandar uma aceleradona logo no final do disco, a boa "Once Upon a Time", e eu fiquei pensando "puts, onde que estava essa força toda durante o resto do disco?" Sério, e eu fiquei me perguntando se os caras realmente sabiam para que direção queriam ir com seu som, porque parecem realmente não saber; para constar uma faixa dessas somente no fim do disco, a banda tem que estar bem perdida mesmo. Enfim, esta faixa conclui a versão convencional do disco.

Falando agora sobre extras: como a minha versão do disco é a "Limited Tour Edition", a faixa final dela é a cover que fazem do Nick Cave, "Where the Wild Roses Grow", que apesar de ser uma faixa folk bonita, dá meio que aquela sensação de "ah, dane-se, tô sem ideias, vamos fazer uma balada aqui e fechar essa fatura". É uma versão mais simples, sem a instrumentação que se vê na original do Cave. Musicalmente, acho que não tem a ver com nada no disco, muito embora a letra siga a linha meio dark imposta aqui.

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Na versão japonesa do disco tem essa cover do Cave, uma instrumental chamada "Thespian Drama" que é bem executada, mas não achei tão expressiva, e uma versão expandida de "House on a Hill", chamada de uncut version, disponível em uma edição americana que vem com um DVD extra com entrevistas, performances e clipes da banda. Tem que ter algum material extra com este disco mesmo, porque o álbum em si, como já mostrei, é bem fraquinho.

E por falar em material extra, vamos voltar à minha "Limited Tour Edition": há nela também um disco 2, contendo um show que fizeram em 2010. O disco extra, chamado de Live from Wacken Open Air 2010 tem músicas que fazem parte do período de 2001 a 2010, ou seja, exceto pelo quarto álbum, o primeiro com Roy Khan, cobre de maneira resumida quase toda a era com o vocalista. Resumindo a apresentação, duas faixas do novo álbum, o Poetry for the Poisoned, duas do Ghost Opera, duas do Karma, uma do Epica e uma do The Black Halo.

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Apresentação bacana, aliás, este disco ao vivo consegue ser muito melhor do que o próprio disco de estúdio, que é o prato principal. Gostei bastante das performances de "Human Stain", "Center of the Universe" que realmente é maravilhosa, de "Pendulous Fall" e de "March of Mephisto", todas muito bem executadas e simbolizando uma despedida respeitosa de Khan da banda. Eu só queria que essa despedida tivesse sido igualmente boa no próprio disco de estúdio, mas, não se pode ter tudo.

Enfim, é um disco único e tão somente feito para os fãs do grupo, e que eu não recomendo para o ouvinte iniciante; a esses, vão atrás do material da banda da década passada, ou então, comecem pelos álbuns mais recentes com o Karevik que também são muito bons. Poetry for the Poisoned é uma tentativa de navegar em mares inexplorados, mas que no final acabou naufragando no meio da odisseia; apesar de ter momentos bons, não representa aquilo que a banda realmente é ou fez de melhor na carreira.

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Poetry for the Poisoned (2010)
(Kamelot)

Tracklist:
01. The Great Pandemonium (feat. Björn "Speed" Strid)
02. If Tomorrow Came
03. Dear Editor
04. The Zodiac (feat. Jon Oliva & Amanda Somerville)
05. Hunter's Season (feat. Gus G.)
06. House on a Hill (feat. Simone Simons)
07. Necropolis
08. My Train of Thoughts
09. Seal of Woven Years
Poetry for the Poisoned
|| 10. Pt. I: Incubus
|| 11. Pt. II: So Long (feat. Simone Simons)
|| 12. Pt. III: All Is Over (feat. Amanda Somerville)
|| 13. Pt. IV: Dissection
14. Once Upon a Time

VERSÕES BONUS:
- Europa / Japão / iTunes / Vinil:
15. Thespian Drama (instrumental) (Japanese / vinyl single edition bonus track / iTunes bonus track)
16. Where the Wild Roses Grow (cover Nick Cave) (feat. Chanty Wunder, EU limited edition bonus track)
17. House on a Hill (uncut version) (US DVD edition bonus track / 2LP bonus track)

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- Special Edition DVD (Europa)
* "The Great Pandemonium" (video)
* Pick and Play for the song "The Great Pandemonium"
* Live at Norway Rock Festival 2010
* Interviews with each Kamelot member
* Background Images
* "House on a Hill" (uncut version) (US version only)

- Limited Tour Edition 2011 (Poetry for the Poisoned & Live From Wacken: Limited Tour Edition)
(Brasil e demais regiões)
15. Where the Wild Roses Grow (cover Nick Cave) (feat. Chanty Wunder)

Disc 2 - Live from Wacken Open Air 2010:
01. The Great Pandemonium
02. Human Stain
03. Center of the Universe
04. Pendulous Fall
05. Hunter's Season
06. Karma
07. Forever
08. March of Mephisto

Selos: Marquee/Avalon (Japan) / Edel Music (Europe) / KMG Recordings (North America) / Hellion (Brasil)

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Banda:
Roy Khan: voz
Thomas Youngblood: guitarra
Sean Tibbetts: baixo
Oliver Palotai: teclados, arranjos orquestrais
Casey Grillo: bateria

Músicos convidados:
Simone Simons: voz em 06, 11
Björn "Speed" Strid: gutural em 01
Jon Oliva: voz em 04
Gus G.: guitarra solo em 05
Amanda Somerville: corais em 04 e 10 à 13
Chanty Wunder: voz em "Where the Wild Roses Grow"
Sascha Paeth: guitarras adicionais
Miro: teclados adicionais e orquestração
Elize Ryd: back vocais em Live from Wacken 2010

Discografia anterior:
- Ghost Opera (2007)
- The Black Halo (2005)
- Epica (2003)
- Karma (2001)
- The Fourth Legacy (1999)
- Siége Perilous (1998)
- Dominion (1997)
- Eternity (1995)

Site oficial:
http://www.kamelot.com

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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