Kamelot: sonoridade elegante, polida e pra lá de cativante
Resenha - Poetry for the Poisoned - Kamelot
Por Ricardo Seelig
Postado em 27 de outubro de 2010
Nota: 7 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Criar e desenvolver uma sonoridade singular e marcante em qualquer gênero musical é tarefa para poucos. De maneira geral, a grande maioria das bandas apenas emula - algumas com maiores doses de talento outras com menos - o que as principais referências de cada estilo fizeram - e fazem - de melhor.
Não é o caso dos norte-americanos do Kamelot. A banda liderada pelo excelente guitarrista Thomas Youngblood conseguiu criar algo novo dentro do heavy metal, com uma sonoridade elegante, limpa, polida e pra lá de cativante. O melhor exemplo disso é o já clássico "The Black Halo" (2005). "Poetry for the Poisoned" segue o mesmo caminho. Suas dez faixas trazem aquilo que o Kamelot se especializou em fazer nos últimos anos: um metal inovador, repleto de melodia e ousadia.
O disco abre com "The Great Pandemonium", que conta com a participação especial de Björn Strid, vocalista do Soilwork. Uma boa faixa, com um ótimo solo de Youngblood, mas, sinceramente, muito similar em sua estrutura a "March of Mephisto", música de abertura de "The Black Halo" - e essa semelhança incomoda um pouco.
Já "If Tomorrow Came" tem um início pesadíssimo e um refrão sensacional, arrepiante de tão bonito. Roy Khan continua um vocalista diferenciado, não só pela bela voz que possui, mas, principalmente, pela interpretação que dá a cada faixa, transformando-se em um novo personagem a cada canção.
"The Zodiac" traz Khan em um dueto primoroso com Jon Oliva, do Savatage, em uma faixa épica e repleta de elementos teatrais. "Hunter´s Season" é apenas mediana, e vale pelo espetacular solo de Gus G, atual guitarrista da banda de Ozzy Osbourne.
Em "House on a Hill" a coisa muda de figura. Com cara de single e participação de Simone Simmons, do Epica, é uma baladaça onde as vozes cristalinas de Khan e Simmons brilham ostensivamente.
A densa e cadenciada "Necropolis" tem passagens orquestradas que lhe dão ainda mais peso, enquanto "My Train of Thoughts", apesar do bom arranjo e de bem encaixadas mudanças de andamento, não empolga - uma boa faixa, mas que passa ao ouvinte a sensação de que a banda poderia, pela imensa capacidade que já provou ter, fazer muito melhor.
A percepção negativa vai embora com a espetacular "Seal of Women Years", um heavy metal classudo com tudo aquilo que o Kamelot tem de melhor: linhas vocais cativantes, instrumental coeso e inovador e os solos de extremo bom gosto de Thomas Youngblood.
A suíte que dá nome ao álbum, dividida em quatro partes - "Incubus", "So Long", "All is Over" e "Dissection" -, conta mais uma vez com a participação da excelente Simone Simmons, e retoma as influências progressivas que sempre foram uma característica marcante do grupo, mas que até esse momento estavam ausentes do play. Uma ótima faixa, com passagens vocais celestiais e instrumental repleto de peso.
"Once Upon a Time" fecha o álbum e é a única que traz o metal melódico refrescante que colocou o Kamelot na vanguarda do estilo. Uma composição excelente, que irá agradar os fãs mais antigos e destoa das restantes, já que "Poetry for the Poisoned" é um álbum denso e um tanto quanto sombrio.
Não posso deixar de mencionar o belíssimo encarte e a capa, criados por Seth Sito Anton, com imagens que são verdadeiras obras de arte.
Individualmente, o destaque vai para Thomas Youngblood, que está tocando demais e mostra extremo bom gosto. A melhor performance de um guitarrista esse ano vai para ele, e com folga.
Duas coisas chamam a atenção no disco: a primeira é a inserção de novos elementos ao som do grupo, dando-lhe uma cara mais moderna e ainda mais atual, e nisso a banda foi muito bem sucedida. A outra é a incômoda sensação de que o Kamelot poderia ter ido além e produxido um álbum melhor do que "Poetry for the Poisoned" é. O trabalho está longe de ser ruim, mas para o Kamelot, que vinha lançando excelentes discos em sequência, ficou abaixo da expectativa.
Faixas:
1 The Great Pandemonium
2 If Tomorrow Came
3 Dear Editor
4 The Zodiac
5 Hunter's Season
6 House on a Hill
7 Necropolis
8 My Train of Thoughts
9 Seal of Woven Years
"Poetry for the Poisoned"
10 Pt. I - Incubus
11 Pt. II - So Long
12 Pt. III - All Is Over
13 Pt. IV - Dissection
14 Once Upon a Time
Outras resenhas de Poetry for the Poisoned - Kamelot
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda que enche estádios, mas para Roger Waters seus shows são "uma piada"
Megadeth anuncia mais datas da turnê de despedida
As cinco melhores bandas brasileiras da história, segundo Regis Tadeu
Os quatro clássicos pesados que já encheram o saco (mas merecem segunda chance)
Os cinco maiores guitarristas de todos os tempos para Neil Young
Bruno Sutter aposta alto e aluga o Carioca Club para celebrar 50 anos de Iron Maiden em São Paulo
"Estou muito feliz pela banda e por tudo que conquistamos", afirma Fabio Lione
Fabio Lione se despede do Angra e Alirio Netto assume os vocais em momento histórico
A melhor banda ao vivo de todos os tempos, segundo o lendário Joey Ramone
"Fade to Black" causou revolta na comunidade do metal, segundo Lars Ulrich
A melhor banda de rock progressivo de todos os tempos, segundo Geddy Lee
Wacken Open Air anuncia mais de 55 atrações confirmadas para 2026
A música inspirada em Soundgarden que virou um hit do Metallica - não é "Enter Sandman"
Sweden Rock Festival anuncia line-up com Iron Maiden e Volbeat entre os headliners
Guns N' Roses fará 9 shows no Brasil em 2026; confira datas e locais
Uruca: Os 9 mais azarados da história do Rock
A inesperada opinião de Bell Marques (ex-Chiclete com Banana) sobre o rock progressivo
Metallica: Hammett e Ulrich escolhem álbuns e músicas dos anos 2000

Kamelot: um disco único e tão somente feito para os fãs do grupo
Kamelot anuncia box-set com seus três primeiros álbuns



