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Raging War: Peso e Honestidade

Resenha - Raging War - Raging War

Por Luis Fernando Ribeiro
Postado em 30 de junho de 2018

Sempre fui um grande apreciador do cenário brasileiro de Heavy Metal, não apenas por apoiar o que é feito em casa, mas por existirem bandas realmente boas surgindo há anos em terras tupiniquins. Entretanto, nunca havia acompanhado todo o trabalho envolvido e o esforço despendido por uma banda em produzir e lançar seu próprio material no Brasil. Tendo a oportunidade de observar esse processo um pouco mais de perto, percebo com ainda mais importância o apoio e reconhecimento as bandas que se empenham em desenvolver um trabalho autoral com qualidade e respeito as vertentes mais pesadas da música. Formada em 2016, na cidade de Florianópolis, a RAGING WAR desenvolve um Thrash Metal ríspido e que, apesar de referenciar suas influencias claras de bandas como SLAYER, KREATOR e DESTRUCTION, por exemplo, é carregado de propriedade e originalidade, remetendo aos grandiosos anos oitenta mas com uma produção e preocupação em compor sem soarem datados, ou presos a uma época.

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Uma verdadeira massa sonora é formada pelo peso da banda é repleta dos riffs ora mais encorpados, ora mais agressivos de Wellington Oliveira, a cozinha intrincada e coesa de Ricardo Lima e Roberto Barth e o vocal de Rudi Vetter, que não se presta apenas a cantar as músicas, mas a interpretá-las com a fúria necessária exigida por cada composição. Neste primeiro trabalho de estúdio, a tensão sonora é iminente desde a belíssima arte da capa, passando pela introdução sombria, culminando nas canções e sendo finalmente evidenciada com as letras, abordando temas como guerras, política e até mesmo a realidade vivida pela população brasileira. O debut da banda foi produzido por pelos próprios músicos, com apoio do produtor Douglas Fisher, sendo a arte da capa feita pelo renomado artista paulista Marcio Aranha, com ideias desenvolvidas pela própria banda.

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Após o sombrio tema de abertura sugestivamente intitulado "Prelude to War", os riffs cortantes da excelente "Strength for better days" rasgam o play, com sua pegada a lá Testament e todas suas mudanças de tempo e andamento, mostrando com clareza o entrosamento dos músicos, alternando entre momentos mais cadenciados e diretos aos mais ríspidos e acelerados, com uma batera que muda o tempo todo, ditando com suas viradas intensas ou batidas mais secas as diferentes pegadas da música. A escolha como faixa de abertura se mostra acertada ao apresentar um grande apanhado de tudo que veremos pela frente no álbum, ou seja, se você curtir "Strength for better days", certamente os próximos 30 e poucos minutos serão muito bem aproveitados. "Third World" segue essa mesma linha mais elaborada, cheia de nuances a serem observadas rompendo a mesmice do peso sem propósito de muitas das bandas do gênero. O destaque fica com a excelente interpretação de Rudi Vetter, alternando sem dificuldades entre o vocais rasgados e guturais. É interesante observar nessa música uma possível preocupação em não deixar nenhum instrumento escondido em detrimento a evidenciar o outro, as vezes mesmo durante os solos, sem deixar o som embolado, apenas tornando-o mais rico.

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Na sequencia, a pesadíssima e sombria "Enforced system", um dos destaques do trabalho, apresenta um som mais cadenciado e direto, com um clima que em dados momentos flerta com gêneros mais extremos do metal, em especial no imponente dedilhado com efeito Chorus que acompanha o desenrolar da música, lembrando em alguns momentos vagamente o trabalho criado por Abbath (IMMORTAL) com seu projeto solo, I. Mais ao final da música, os riffs e o pedal duplo conversam de maneira interessante, dando um peso ainda maior ao som.

"The Meaning", que ganhou até um vídeo clipe já disponível no YouTube, é a faixa que possivelmente melhor representa e a mais bem lapidada deste trabalho, carregando todas as principais características da banda. Tudo está ali, desde a belíssima melodia da introdução, aos riffs que passeiam facilmente entre o Thrash 'Bay Area', o Europeu e, é claro, o som característico da banda. O baixo rosnante não deixa o peso cair mesmo durante o solo e o ritmo intenso da bateria somado as linhas vocais insanas, tornam essa a música mais completa e minha favorita de todo o disco. Vale a pena conferir a estonteante sequencia final da música, que começa com riff pesadíssimo de Wellington Oliveira, daqueles que convidam o ouvinte a bater cabeça, seguido de outro riff ainda melhor, no maior clima 'South of Heaven', do Slayer, o solo antes do retorno a estrofe inicial, precedendo o riff derradeiro, o mais pesado e headbanging de todos.

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"Hell on Earth", "Black Forest" e "Corroding Chemistry" seguem uma linha mais direta e agressiva, com um andamento um pouco mais reto que as anteriores, lembrando por momentos o TORTURE SQUAD na época do "Æquilibrium". Em todas, o destaque fica para as linhas intensas de baixo de Ricardo Lima, muito bem elaboradas e evidenciadas na gravação. "Hell on Earth", por ter um ritmo mais quebrado, faz parecer que em dados irá se perder entre as linhas instrumentais e vocais, mas ainda assim consegue se manter sem comprometer a qualidade do som. "Black Forest" é a que acaba passando mais batida em meio as demais por ser bastante reta e com uma bateria muito seca, dando um certo vazio em algumas partes. A música vira em dado momento, cresce e ganha corpo, mas ainda assim acaba ficando meio deslocada e passa um pouco despercebida diante das outras excelentes músicas.

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"Entrails of a corrupted mind" é uma verdadeira ode ao metal europeu dos anos oitenta, mas com a cara da banda, tornando-a outra das mais interessantes do álbum, com um clima poderoso e riffs velozes que devem facilmente incitar os mosh pits nas apresentações ao vivo. As constantes linhas melódicas e levadas da cozinha aproximam por momentos essa faixa das principais características do Death Metal Melódico. O solo, oras veloz e furioso, oras melodioso e belo é o que mais me chamou a atenção dentre todos os executados.

Fechando o disco, "Bastard dogs" é um verdadeiro resumo de tudo que aconteceu até aqui, mesclando todos os elementos do álbum e encerrando-o com a expectativa de grandes feitos para mais uma ótima banda da tão ignorada cena underground do Metal Nacional. "Raging War", o disco, é um trabalho de alta qualidade, que, se não apresenta grandiosas novidades para o gênero, faz-se relevante através de sua honestidade e extrema competência, gerando grandes expectativas de que a banda galgue posições de destaque no cena nacional ao lado de nomes de peso à quem nada fica devendo.

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Sobre Luis Fernando Ribeiro

Apaixonado por música, cinema, escrita, literatura e pela zoeira infinita. Inserido no mundo da música pesada em 2004 com Destruction, Metallica e Blind Guardian, quando ainda se compartilhava música através de fitas K7.
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