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Opeth: a maestria de "Still Life", de 1999

Resenha - Still Life - Opeth

Por Guilherme Sander
Postado em 24 de outubro de 2017

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

O que dizer sobre Opeth? Surgiram no começo dos anos noventa, sob a liderança de Mikael Åkerfeldt (voz, guitarra) com uma ideia pioneira, envolvendo a junção da brutalidade do Death Metal com a suavidade e imprevisibilidade de um som característico dos clássicos do Rock Progressivo setentista, tornando-se uma das bandas mais importantes da "invasão sueca" na cena do metal extremo.

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Após três álbuns impressionantes, nos quais notam-se as mudanças no som e na atitude do grupo, o mesmo se propõe a mudar ainda mais radicalmente, aumentando as influências do Rock Progressivo e, pela segunda vez, abraçando um conceito. Still Life consiste em um épico disfarçado de história de amor, porém repleto de críticas à maneira como a religião age no mundo e na sociedade.

O álbum inicia com a complexa "The Moor". Após uma linda e crescente introdução instrumental, entram os vocais de Åkerfeldt. Nesta faixa, já se mostra claro o aumento do uso de vocais limpos, e violões, características menos presentes nos álbuns anteriores, e que se tornaram base para os álbuns subsequentes da banda. Liricamente, a faixa trata do retorno do protagonista para sua cidade. Quinze anos após ser banido, ele retorna em busca de sua amada Melinda.

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"Godhead’s Lament" começa mais pesada que a faixa anterior, trazendo um riff extremamente característico do Opeth clássico, abusando dos grooves da guitarra, acompanhado dos guturais brutais de Åkerfeldt. Depois parte para um lindo trecho acústico, com vocais limpos que grudam na mente do ouvinte, mantendo-o focado no conceito. A faixa trata da simples observação de Melinda de longe pelo protagonista, enquanto tenta aproximar-se dela sem ser pego.

A terceira faixa, "Benighted", consiste em uma das músicas mais lindas da história do rock progressivo. Em apenas cinco minutos ocorrem inúmeras mudanças de ritmo, bem como um belo solo, com uma sonoridade "seca" de solos de jazz. A música trata de uma carta de amor direcionada a Melinda. Ela é convidada a fugir deste lugar opressor e viver ao lado do banido.

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O começo de "Moonlapse Vertigo" demonstra muito claramente a base para o álbum seguinte da banda (‘Blackwater Park’), com um riff extremamente melancólico, ainda que pesado, acompanhado de vocais limpos. Porém, a música não se prende a isso, alternando para um trecho muito mais brutal, composto de grooves geniais da guitarra e o gutural furioso de Åkerfeldt. A letra desta música é mais focada na crítica à influência religiosa no Estado que no conceito em si, por este motivo tornando-se ainda mais peculiar.

É com um lindo trecho instrumental que "Face Of Melinda" se apresenta. O mais intrigante deste começo, é a dualidade presente entre a beleza das guitarras e a melancolia da linha de baixo. Sem dúvida esta é a música com mais influência de Jazz do álbum; característica essa que, mesmo já sendo presente nos álbuns anteriores da banda, se tornaria muito mais comum nos subsequentes. Ainda que não tenha muitos elementos de Death Metal, a música termina com um dos riffs mais pesados do álbum, que se repete à exaustão. Também é a faixa mais importante para o conceito do disco, uma vez que trata do reencontro do protagonista com Melinda, bem como a morte da mesma.

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"Serenity Painted Death" é sem dúvida alguma a música mais furiosa do álbum. Tal fato se deve à fúria do personagem principal após a perda de sua amada, o que o faz matar todos os soldados presentes até sua exaustão. O instrumental consiste de riffs pesadíssimos, que são acompanhados pelos gritos mais brutais que Mikael conseguiu fazer. É possível reparar na forma como ele recita os versos, denotando desprezo por aqueles que mataram Melinda. Também é notável, nesta faixa, a forma como a banda consegue encaixar trechos Prog Rock em meio à brutalidade, de forma a destacar a melancolia do banido após tudo o que aconteceu.

"White Cluster" começa em um estilo quase tão brutal que a faixa anterior, porém com riffs mais focados no groove e na progressão que no peso em si. Após uma linda transição de bateria, surgem os vocais limpos e um baixo estranhamente divertido, demonstrando que nada mais importa para o protagonista. Ainda neste ritmo melancólico, surge o trecho mais progressivo do álbum, que consiste em um solo frenético acompanhado por um instrumental extremamente complexo. A música então funde as duas etapas sonoras e termina com a execução do banido e a finalização desta linda obra musical e lírica.

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1. The Moor
2. Godhead's Lament
3. Benighted
4. Moonlapse Vertigo
5. Face Of Melinda
6. Serenity Painted Death
7. White Cluster


Outras resenhas de Still Life - Opeth

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