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Resenha - Over Wide Spaces - Concordea

Por Carlos Garcia
Postado em 05 de junho de 2017

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Concordea: Melodic Power Metal da grande Ekaterinburg, Região Ural da Rússia, apresenta seu full-lengh, e se evolução é o que se espera de uma banda, o Concordea, que teve seu embrião quando a guitarrista e compositora Daria Piankova iniciou a busca por companheiros para formar um grupo, isso em 2009, e somente em 2012 a banda, já com Aleksei Turetckov (Teclados), completou a primeira formação. Em 2014 lança seu EP de estreia, e mostrava já a busca por uma identidade e novos caminhos dentro do Power Metal, procurando apresentar contrastes interessantes e criativos, mesclando peso, belas melodias, certas doses de dramaticidade e melancolia.

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Passaram-se 3 anos do EP "Before the Sunrise" (que teve o vocalista italiano Andrea Bicego, do 4th Dimension, nos vocais), e muita coisa mudou na banda, restando apenas o núcleo criativo Daria Domovik (guitarras) e Aleksei Turetckov (teclados), e a dupla foi buscar a ajuda do baixista Ilya Reyngard (Incarnator), que trouxe peso e técnica com suas linhas, e mais uma vez tem um cantor italiano, Folippo Tezza (Chronosfear, Tezza F.), uma boa promessa vinda da bota, e ambos prestaram um serviço muito bom, entendendo muito bem a proposta da banda (a bateria foi gravada por músicos contratados, não creditados).

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O Progressive Melodic Power Metal temperado por esses contrastes (lembram aquele estilo finlandês, dos bons anos de Stratovarius, Sonata Arctica e até algo do Nightwish, que trazem também esse lado mais dark e melancólico), ganhou em qualidade e maturidade, envolto por uma produção superior a do EP, e com composições também melhor lapidadas, apresenta uma sonoridade que tem peso e melodia, tem velocidade mas também momentos de calmaria, e nada daquele Power Metal com "melodias felizes" e somente bateria e riffs a velocidade da luz, o que temos são arranjos que trazem momentos doses de melancolia, alternando passagens progressivas, atmosféricas, nuances sinfônicas e pitadas de peso e agressividade, e excelentes melodias.

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Mas o trunfo mesmo são as melodias criativas, na maioria comandadas pelos arranjos de teclados de Aleksei, que são os que mais contribuem para dar esses contrastes e climas, que encaixam perfeitos nas bem escritas letras de Daria, a qual também faz um bom trabalho nos seus riffs, bases pesadas e solos melodiosos. Uma dupla afinada.

Complementando sobre as letras, que também no EP de estreia já era demonstrada uma qualidade alta, e acabo sempre lembrando da parceria do Aria (tradicional banda de Heavy Metal Russa) com os poetas Margarita Pushkina e Alexander Yelin, e o Concordea tem esse ar poético, por vezes sonhador, um pouco dark, e até romântico, mesmo quando são abordados assuntos bem atuais, como as vidas mergulhadas nas redes sociais e até as próprias experiências pessoas enfrentadas pela banda. Méritos a Daria Piankova pelo belo trabalho lírico.

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O álbum, como seria de esperar, pela proposta em ter esses contrastes, traz uma boa variedade nas músicas, abrindo com a intro atmosférica "Breathe New Life", e logo em seguida temos um "Speed" Power Metal "tradicional" de riffs e cozinha vibrantes, com "Wing's Motion", onde podemos perceber já as atmosferas melancólicas nos belos arranjos de teclado; "Confession of my Pride", inspirada na lenda Russa "Tsarevna Lyagushka" (A Princesa Sapo), tem pegada nos riffs, baixo pulsante e bateria agressiva, contrastando com os teclados que tem um algo de Gothic Metal; "When they Want you to Die" tem pegada e uma certa "raiva", em momentos bem agressivos e sinfônicos, alternando trechos climáticos e de "quebradeira".

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"Between Two Worlds", que fala de um tema bem atual, sobre de como as vidas estão mergulhadas nas redes sociais, nos traz uma faixa com mais nuances progressivas, várias trocas de andamentos e breaks, e gostei bastante dos arranjos vocais; "Mermaid's Song" alterna peso e melodia, com boas variações rítmicas, e o peso e nuances progressivas estão presentes, destacando sempre a atmosfera dos teclados.

"Portrait" é uma peça acústica, com flautas, violinos e violoncelos, um clima de calmaria, meio folk, que faz o ouvinte flutuar; em seguida, "Listen to the Snow", é um Melodic Power Metal com bastante carga emocional e doses de poesia na letra (gostei novamente dos vocais, que souberam colocar emoção na dose certa), seguindo por andamentos e arranjos de teclados tocantes, melodiosos e cativantes; depois dessa peça melódica, prepare-se para "Rejected and Awoed", que é bem agressiva, bateria veloz, e com elementos sinfônicos e progressivos, mas o destaque mesmo é agressividade e peso, inclusive nos vocais, mostrando mais uma vez essa diversidade e criatividade da banda.

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O álbum termina com muita emoção, através da "balada" "The Unknown", que traz uma bela e marcante melodia de piano no início, melodia essa que se torna principal da canção, que traz essas doses dark, um ar melancólico, começa mais melodiosa e vai ganhando mais peso. Felippo coloca bastante emoção nos vocais, e destaco ainda o solo de guitarra melodioso e cheio de feeling de Daria ao final. e claro, mais uma bela letra, segundo Daria comentou, inspirada em Alexander Pushkin, o grande poeta Russo da era Romântica.

O ouvinte vai perceber a criatividade da banda e uma qualidade louvável nas composições, e é ótimo ouvir algo nesse estilo que traz novos ares e desperta interesse, ou seja, não é preciso ter muito dinheiro e uma superprodução, o que esperamos é ouvir música bem feita, com feeling, criativa e que se percebe que é verdadeira, nesses quesitos o Concordea está de parabéns, e com "Over Wide Spaces", onde puderam dispor de melhores condições em termos de produção, confirmaram as qualidades percebidas no EP de estreia. Tem tudo para ser melhor notada e angariar admiradores. Recomendo!

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Tracklist:
1. Breathe New Life
2. Wings’ Motion
3. Confessions of my Pride
4. When They Want You…To Die
5. Between Two Worlds
6. Mermaid’s Song
7. Portrait
8. Listen to the Snow
9. Rejected and Avowed
10. The Unknown

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Sobre Carlos Garcia

Antes de tudo sou um colecionador, que começou a cair de cabeça no Metal e Classic Rock quando o Kiss esteve no Brasil em 1983, a partir daí não parei mais. Criei fanzines, como o Zine Barulho, além de colaborar com outros zines e depois web zines e sites, como os saudosos Metal Attack e All the Bangers. Atualmente sou um dos editores e redator do Road to Metal. O melhor de tudo são as amizades que fazemos, além do contato e até amizade com alguns de nossos heróis.
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