Metallica: Ride the Lightning, a virilidade do poeta
Resenha - Ride the Lightning - Metallica
Por Don Roberto Muñoz
Fonte: metallica.com
Postado em 13 de novembro de 2016
Na época, já existiam bandas de Heavy Metal que exerciam a rapidez fulgurante como proposta, mas o álbum que incluiu com maestria o lirismo em meio a tanta velocidade foi o "Ride the Lightning", 1984, do METALLICA. A fama com facetas ameaçadoras ainda não se fazia notar no horizonte da banda. Tempos ainda libertos.
A atitude roqueira resistia em CLIFF BURTON no palco e a cena Heavy Metal da área californiana começava a gritar para os quatro cantos do mundo o nome da banda. Os fãs se entregavam de corpo e alma pela banda porque eles viam honestidade em tudo aquilo. O jovem adolescente, como tipo, pode ter mil defeitos, mas quando ele sente intuitivamente algo de idealista em uma proposição, ele embarca totalmente.
A necessária auto-afirmação diante de um sistema não confiável foi atitude cabal para o Heavy Metal vencer no mundo. O METALLICA primevo foi uma das grandes âncoras da idéia valente. A "loyalty", herança inglesa, radicou o seu nobre significado na atitude comportamental e sonora dentro do âmbito do gênero metal na America. Os cabelos comprimidos remetiam imediatamente à Contracultura, mas quem negará a influência ancestral do índio americano em sua postura orgulhosa, altiva e soberana?
Foi neste período que o Heavy Metal, através do Thrash Metal, descolou-se do Rock’n’Roll. E não foi por falta de afinidade. Pelo contrário. O neto mais querido e mais barulhento de todos pegou as suas trouxas e partiu porque o Rock estava muito vilipendiado mundo afora: mídia, os próprios artistas falsamente roqueiros, o público descartável, enfim, rosnava uma atmosfera crescente de banalização suprema no Rock’n’Roll, o que aconteceu em larga escala nos 90’s. De nada adianta, a separação é temporária, pois ELVIS não morre, jamais.
Apesar do caminho tortuoso e difícil – "Essa selva selvagem, áspera e forte/ que possibilita o medo à mente que se apresenta a ela" – o Lirismo sempre vence. Dante sabia disso, ele vivenciou plenamente tal problemática. O poeta vive com Deus através do Lirismo. O sofrimento do poeta é acompanhado pelo jovem em sua existência ainda germinal quando o coração sangrado pelas injustiças e traições do mundo catalisam as energias para a Arte. A Política jamais fará isso, muito menos o Estado. A miséria existencial muito próxima está daqueles que nada enxergam acima da horizontalidade.
O Espírito e a Poesia não precisam de "estruturas" como suporte para não serem subjugadas pelo Poder Temporal, vide a vitória da Igreja Ortodoxa Russa sobre os comunistas obtida através da Liturgia, fato espiritual não captável por aqueles que acreditam somente em perspectivas temporais. Na Lírica, Rainer Maria Rilke disse muito a respeito da supranatural superioridade do ato vertical em "Cartas a um Jovem Poeta". HETFIELD e turma literalmente voaram em "Ride..." e o mundo, num assombro regozijante, ergueu a fronte diante de tamanha beleza.
Roberto Muñoz, escritor
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