Rival Sons: Retrô, mas com identidade
Resenha - Hollow Bones - Rival Sons
Por Erick Silva
Fonte: Blog Punhado de Coisas
Postado em 01 de julho de 2016
Nota: 8
Ser "retrô" tem feito, em linhas gerais, muito bem ao rock. Afinal, é com essa proposta de revisitar o passado que alguns dos melhores trabalhos do estilo foram feitos nos últimos anos, de "Ts This It" (do Strokes), a "Blunderbuss" (do Jack White). A banda Rival Sons está nesse bem-aventurado grupo de gente que não se incomoda em escancarar suas influências a cada álbum. E, é notória a evolução que ela vem adquirindo ao longo de sua carreira, com trabalhos cada vez mais elaborados, com forte carga no hard rock do Led Zeppelin, mas, preservando certa identidade.
Este "Hollow Bones" é o disco mais prazeroso de ouvir do Rival Sons. Tanto a estrutura do disco (composto por apenas 9 canções, como nos antigos lançamentos da década de 70, por exemplo), como na sonoridade que transborda carisma e competência, o álbum é um deleite para os amantes do som feito de épocas atrás. Tudo começa com a poderosa "Hollow Bones Part. 1", que, automaticamente, remete à melhor música do disco anterior, "Open My Eyes". Ambas possuem a mesma estrutura, e é como se a banda avisasse: aqui é a continuação do trabalho deles, e daqui pra frente vai ser uma crescente constante.
A impressão de que o Rival Sons está melhor do que nunca se concretiza com a segunda faixa desse disco, a excelente "Tied Up", com uma levada cadenciada até explodir num refrão ótimo pra ser cantado em shows. A magnitude desse trabalho continua com a empolgante "Thundering Voices", uma mistura fabulosa de batidas quebradas com partes mais suaves, num nítido esforço da banda em compor algo único e próprio, mesmo carregado de (boas) influências.
As ótimas "Baby Boy" e "Pretty Face" vem na sequência numa marcha mais lenta, mais intensa. Isso porque elas fazem a "preparação" para aquela que pode ser considerada a grande balada do disco, "Fade Out". E, como as marcantes baladas de outrora, ela transpira beleza e tristeza em doses iguais. É nessa canção que, inclusive, o talento de todo o grupo se sobressai, do vocalista ao baterista. Alguém aí lembrou de uma tal "Stairway to Heaven"? Pois é.
Depois de tanta música bacana, não seria surpresa se o Rival Sons abaixasse a bola no restante do disco, ficando mais manso, ou até menos inspirado. Aqui, isso não acontece. "Black Coffee" comprova isso, num som que chega a lembrar os melhores momentos do Black Crowes, como coros gospel e tudo. Coisa linda de se ouvir. Temos então "Hollow Bones Part. 2", que, como era de se esperar, é mais experimental e menos direta do que a sua primeira parte, lá no começo do álbum. Apesar disso, consegue ser melhor que sua antecessora. Tudo se encerra com a introspectiva "All That I Want", que, num canto quase à capela, termina um discaço como esse da melhor forma.
Não esperem a revolução vinda do Rival Sons. O que temos aqui é , honestamente, uma banda deveras competente, que possui as influências certas, e que, mesmo assim, ainda proporciona aos nossos ouvidos algo com qualidade, energia e identidade. Que a banda possa continuar anos a fio na estrada para nos mostrar que o bom e velho estilo que Elvis Presley eternizou ainda pode ser feito com o mínimo de garra e vontade. "Rock'n roll can't never die!"
Matéria Original:
http://blogpunhadodecoisas.blogspot.com.br/2016/06/dica-de-disco-hollow-bones-2016-artista.html
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