Queen: "Jazz", a obra-prima subestimada da banda
Resenha - Jazz - Queen
Por João Pedro Andrade
Postado em 05 de dezembro de 2015
Oi. Esse texto sobre o Queen não vai falar de Bohemian Rhapsody, nem sobre o disco A Night at the Opera. Sim, eu sei que é linda, uma obra prima como poucas, mas hoje vamos falar de outro disco e outras músicas igualmente exemplares.
Você já ouviu o disco Jazz (1978)? Não? Então senta que a gente vai bater um papo.
O Queen havia lançado em 1977 o disco News of the World, que foi um sucesso estrondoso: 4 discos de platina nos EUA e 2 no Reino Unido. E quando a News of the World Tour acabou, os quatro integrantes se mandaram para Montreux, na Suíça, onde acontece até hoje o famoso festival de jazz, e se dedicaram à gravação do sétimo disco do Queen. Depois se mudaram para Nice na França e isso é importante, logo explico o porquê.
O produtor foi Roy Thomas Baker, o coprodutor de A Night at the Opera (eu disse que não falaria desse disco!). E esse álbum marca não só o retorno do produtor (a banda decidiu nos dois álbuns anteriores trabalhar sem produtor algum), mas também um retorno da banda a um rock mais puro e simples, apesar da miscigenação de estilos que ele traz, como se cada integrante estivesse puxando um cobertor para seu lado. A recepção do disco pela crítica foi mista, indo do 8 ao 80. A Rolling Stone detonou o disco e chamou o Queen de "primeira banda verdadeiramente fascista", que vinha para deixar claro que eram superiores no mundo da música ("WE Will Rock You", "WE Are the Champions", do News of the World e "Let ME Entertain You", desse disco que falamos) , enquanto a Q escreveu que esse é o disco mais subestimado da carreira do Queen, com uma selvagem mistura de arranjos não vista desde A Night at the Opera (difícil não falar desse disco!).
"Mustapha" abre o disco. Uma música enigmática de Freddie com forte influência árabe e persa. Em alguns shows, o Queen abria Bohemian Rhapsody (eu disse que não falaria dela) com essa música, indo de "Allah we'll pray for you" para "Mama, just killed a man...".
"Fat Bottomed Girls" vem em seguida. Uma homenagem de Brian May para as groupies que ficavam (ficam?!) do lado de fora do camarim das bandas esperando mais que um autógrafo. Essa música tocou excessivamente nas rádios e durante a primeira metade da década de 80 foi música obrigatória do repertório do Queen.
"Jealousy" é uma balada sobre a dor do ciúmes em uma relação (O amorrr é uma dorrr!!!) e conta com Freddie no piano e Brian inventando moda, fazendo sons de citara no violão.
Quando o Queen estava em Nice (eu disse que era importante!), terminando as gravações, a Tour de France passou por lá e isso inspirou Freddie a fazer uma das músicas mais legais e complexas (várias modulações, acordes incomuns, mudanças de tempo) desse disco, "Bycicle Race" (Melô do Haddad?!). Até aqueles sininhos de bicicleta foram adicionados à música. Glin-glin.
"If You Can´t Beat Them" é uma música do baixista John Deacon. Provavelmente a mais pesada do álbum e da carreira de John Deacon. O solo de guitarra tem mais de dois minutos e é um dos mais longos do Queen.
"Let Me Entertain You" fecha o lado A do disco e é aquele tipo de rockão de show em estádio. A letra fala diretamente para o público: Hey - let me welcome you ladies and gentlemen/ I would like to say hello/ Are you ready for some entertainment?
Agora pense numa música com bateria rápida e guitarra pesada, uma raiz do metal. Perfeita para para alucinar o público em apresentações. Pois é, "Dead on Time" tem tudo isso, mas nunca foi adicionado no repertório. Vai entender! No fim da música, há um barulho de trovão (gravado durante um black out nos estúdios em Montreux) devidamente creditado no encarte... cortesia de Deus(!).
"In Only Seven Days" é outra composição de John para esse disco. Que balada bonitinha! É a história de um romance de férias e conta com Freddie ao piano e o compositor se dividindo entre baixo, violão e guitarra.
"Dreamer´s Ball" é uma música de Brian May que soa meio cabaré, meio New Orleans. É na verdade um tributo a Elvis Presley, morto um ano antes.
"Fun it", na minha humilde opinião, é a ovelha negra do álbum. A contribuição do baterista Roger Taylor tem uma levada funk/ disco e bateria eletrônica e é a primeira (mas não a última) vez que o Queen flerta com esses ritmos.
"Leaving Home Ain´t Easy" é uma balada elegante composta e cantada por Brian May. Carta fora do baralho no lado B desse disco, poderia ter saído do White Álbum, dos Beatles.
"Don´t Stop me Now" é a próxima. A música mais popular do disco, um hino aos vencedores, àqueles que desejam dar a volta por cima, àqueles que, por uma noite, vão esquecer os problemas e se jogar, se divertir. Tudo vai dar certo no fim. Nessa música poderosa, Freddie toca piano lindamente (ele come o piano com farinha!) e Brian May sola como quem sonha. Chegou no Top 10 britânico, foi tema de propaganda no Brasil, foi a música utilizada pelo Google para comemorar 65 anos do Freddie Mercury e o programa Top Gear, da BBC, elegeu essa a melhor música para se ouvir dirigindo. Ufa!!!
E fechando o álbum vêm a outra contribuição de Roger Taylor para esse disco, "More of That Jazz". Taylor, nessa música, faz críticas à maneira como o rock era desrespeitado, canta, toca bateria, baixo e guitarra, no melhor estilo Dave Grohl de ser (ou melhor, Dave grava no melhor estilo Roger Taylor de ser). A música ainda incorpora um medley de outras canções do disco. Dead On Time, Bicycle Race, Mustapha, If You Can’t Beat Them, Fun It e Fat Bottomed Girls. Não surpreendentemente, nunca chegou a ser tocada ao vivo.
A festa de lançamento do disco em New Orleans foi uma das mais insanas do mundo do rock. Mais de 400 convidados, incluindo a imprensa da Inglaterra, América do Sul, Japão e EUA e os funcionários da EMI e da Elektra. Começou a meia noite e contou com lutadoras nuas na lama, anões, engolidores de fogo, bandas de jazz, dançarinos Zulu, dançarinos vudu, strippers, drag queens e... Como se chama quem anda de monociclo?! (E você toma uma cerveja, amassa a lata na testa e se acha hardcore.)
Jazz alcançou o segundo lugar nas paradas britânicas e ganhou disco de ouro. Nos EUA, alcançou o sexto lugar e foi disco de platina. E foi sucesso no resto do mundo: primeiro lugar em Portugal, quarto na Holanda, quinto na Alemanha e no Japão.
1 Mustapha
2 Fat Bottomed Girls
3 Jealousy
4 Bicycle Race
5 If You Can't Beat Them
6 Let Me Entertain You
7 Dead On Time
8 In Only Seven Days
9 Dreamer's Ball
10 Fun It
11 Leaving Home Ain't Easy
12 Don't Stop Me Now
13 More Of That Jazz
Outras resenhas de Jazz - Queen
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O clássico do rock nacional cujo refrão é cantado onze vezes em quatro minutos
Dream Theater anuncia turnê que passará por 6 cidades no Brasil em 2026
Helloween fará show em São Paulo em setembro de 2026; confira valores dos ingressos
A banda de rock que deixava Brian May com inveja: "Ficávamos bastante irritados"
O disco que Flea considera o maior de todos os tempos; "Tem tudo o que você pode querer"
O guitarrista que Geddy Lee considera imbatível: "Houve algum som de guitarra melhor?"
A icônica banda que negligenciou o mercado americano; "Éramos muito jovens"
O "Big 4" do rock e do heavy metal em 2025, segundo a Loudwire
Como e por que Dave Mustaine decidiu encerrar o Megadeth, segundo ele mesmo
O álbum que define o heavy metal, segundo Andreas Kisser
A música que Lars Ulrich disse ter "o riff mais clássico de todos os tempos"
Lemmy lembra shows ruins de Jimi Hendrix; "o pior tipo de coisa que você ouviria na vida"
Dave Mustaine acha que continuará fazendo música após o fim do Megadeth
Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
Baterista quebra silêncio e explica o que houve com Ready To Be Hated, de Luis Mariutti


O solo do Queen que Brian May escolheria para ser lembrado
Site americano aponta 3 bandas gigantes dos anos 1970 que quase fracassaram antes da fama
Brian May escolhe os três maiores solos de guitarra de todos os tempos
Queen considera retornar aos palcos com show de hologramas no estilo "ABBA Voyage"
O cantor que Robert Plant admite que nunca conseguiu igualar
As 50 melhores bandas de rock da história segundo a Billboard
A razão que fez Freddie Mercury se recusar a tocar clássico do Queen: "Som horrível"
30 clássicos do rock lançados no século XX que superaram 1 bilhão de plays no Spotify
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Pink Floyd: The Wall, análise e curiosidades sobre o filme


