Lindemann: Projeto paralelo feito para quem tem estômago
Resenha - Skills in Pills - Lindemann
Por Victor de Andrade Lopes
Fonte: Sinfonia de Ideias
Postado em 30 de junho de 2015
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Formado pelo vocalista e letrista alemão Til Lindemann, do Rammstein, e o multi-instrumentista e compositor sueco Peter Tägtgren, do PAIN e do Hypocrisy, o Lindemann é um projeto paralelo feito só para quem tem estômago - ou ao menos para quem não tem frescura.
À primeira ouvida, o álbum de estreia do projeto, Skills in Pills, não difere muito do que o Rammstein faz. Depois da segunda ou terceira audição, esta impressão vai diminuindo, sem chegar a sumir. É que a foz de Til Lindemann é marcante demais, e o próprio som da dupla não fica longe do Neue Deutsche Härte que consagrou o sexteto alemão.
Disseram ambos os componentes do grupo que tinham com o álbum o objetivo de "chocar". De fato, as letras não são indicadas para membros da "família tradicional defensora da moral e dos bons costumes". Mas, para quem conhece o Rammstein, elas soam normais, ficando apenas um pouco mais engraçadas por serem cantadas em inglês e ficando assim mais acessíveis ao público em geral. Quem compreende alemão ou já usou o Google Tradutor sabe que o Rammstein sempre abordou esses temas mais tenebrosos de forma espontânea - "Pussy" que o diga.
E falando na faixa que ganhou um video clipe pornô, o álbum todo soa como uma extensão dela, como se ela tivesse sido um prelúdio ao que Til faria futuramente fora do sexteto. A diferença é que, enquanto "Pussy" falava de sexo de forma genérica e convencional, Skills in Pills explora fetiches e desejos obscuros.
O álbum começa bem com a faixa-título, uma bate-cabeça que cumpre o papel de cartão de visitas. "Ladyboy", a primeira escrita pela dupla, segue na mesma velocidade, mas já desacelera nos seus refrãos. "Fat", permeada por um riff erudito que lembra a "Tocata e Fuga em Ré Menor" de Bach, deixa clara sua mensagem já no seu título curto e - sem trocadilhos - grosso. Um elogio à adiposidade, com direito a conselhos "fofos" como: "Pessoas rindo do seu tamanho... podemos fodê-las em suas batatas fritas". Com resquícios de "Sonne", de Rammstein, o álbum desacelera um pouco com "Children of the Sun", para então dar lugar à primeira balada, por assim dizer: "Home Sweet Home".
"Golden Shower", como o nome indica, aborda a tara por urina, conhecida popularmente como "chuva dourada" em português. "Praise Abort", a primeira a ser divulgada, resume bem a tônica do disco, ficando acima da média quando se trata do elemento "choque". Um verdadeiro ode ao ódio, se me permitem o trocadilho: "eu odeio minha vida, e eu odeio você. Eu odeio minha esposa e o namorado dela também. Eu odeio odiar e eu odeio isso. Odeio muito minha vida. Eu odeio meus filhos". E o que dizer do verso "Sem filhos, a vida é muito melhor"? Uma escolha ousada para o single e clipe, que já está provocando reações polarizadas nas redes sociais. Uns pedem mais, outros detonam. "Fish On", "Yukon", "Cowboy" e "That's My Heart" completam a lista de faixas.
Em termos de trabalho instrumental, Skill in Pills faz um equilíbrio perfeito entre "isso parece Rammstein" e "isso é um trabalho diferente". Explicando melhor: você vai ficar o tempo todo imaginando os outros cinco membros tocando junto a Til, sem lembrar que é quase tudo feito por Peter. Isso é natural, uma vez que a voz do cantor é marcante e quase nunca foi ouvida fora da banda. Mas há uma evidente diferença na maneira de trabalhar os riffs e a dosagem dos elementos eletrônicos, e o fato de quase tudo isso ter ficado sob responsabilidade de Peter é uma amostra da capacidade criativa dele.
Pode soar grotesco para alguns, mas heavy metal e suas subdivisões nunca foram para os fracos, de qualquer forma. Skills and Pills serve como aperitivo até que o Rammstein lance o seu tão aguardado sétimo álbum, que deve começar a ser desenvolvido no próximo semestre, segundo o próprio Peter.
Abaixo, o vídeo de "Praise Abort".
Track-list:
1. "Skills in Pills"
2. "Ladyboy"
3. "Fat"
4. "Fish On"
5. "Children of the Sun"
6. "Home Sweet Home"
7. "Cowboy"
8. "Golden Shower"
9. "Yukon"
10. "Praise Abort"
11. "That's My Heart"
Outras resenhas de Skills in Pills - Lindemann
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
Cinco músicos brasileiros que integram bandas gringas
Blaze Bayley relembra reação de Steve Harris ao ser apresentado a "Man on the Edge"
O vocalista que irritou James Hetfield por cantar bem demais; "ele continua me desafiando"
O álbum clássico do thrash metal que foi composto no violão
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Max Cavalera acha que escrever letras de músicas é uma tarefa entediante
Sexo ok, drogas tô fora, rock'n'roll é tudo; 5 músicos de hair metal que fogem do estereótipo
O clássico do metalcore que fez garotas começarem a ir a shows do Killswitch Engage
Box-set do Rainbow com 9 CDs será lançado em março de 2026
Jordan Rudess comenta a turnê latino-americana do Dream Theater; "Deve ser muito emocionante"
Steve Morse diz que alguns membros do Deep Purple ficaram felizes com sua saída
O álbum do rock nacional dos anos 1980 que Prince ouviu e gostou muito do trabalho
Robb Flynn defende o Bring me the Horizon da "polícia do metal"
Frontman: quando o original não é a melhor opção
O segredo de Renato Russo que fez a Legião Urbana ser a maior banda dos anos oitenta
Red Hot Chili Peppers: Anthony Kiedis odiou abrir show para os Rolling Stones

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional



