Temples: Revisitando o passado sem deixar de ser atual
Resenha - Sun Structures - Temples
Por Edson Medeiros
Fonte: Acid Experience
Postado em 04 de junho de 2015
A banda britânica Temples nasceu em meados de 2012, em Kettering, Northamptonshire. Numa região historicamente industrial situada na zona central da Inglaterra.
O Temples nasceu em um projeto de estúdio que reunia jovens músicos de bandas do britpop da região de Kettering, o guitarrista James Bagshaw (The Lightning Seeds; Sukie) e o baixista Thomas Walmsley (The Moons) conheceram-se através de uma publicação amadora da que trazia informações sobre a música juntaram-se em um estúdio caseiro e passaram a compor despretensiosamente.
Destas sessões surgiram quatro canções que foram disponibilizadas de forma amadora na internet, quando o executivo Jeff Barrett – da Heavenly Records – teve acesso às canções tratou de arrumar um contrato com a dupla a fim de lançar essas canções como single. Neste ponto ainda nem eram um grupo, foi graças ao interesse da Heavenly que tudo deixaria de ser um projeto e ganharia a forma de banda.
A dupla passou a recrutar vários músicos para audições e por fim escolheram o baterista Samuel Toms (Secret Fix; Koolaid Electric Company) e o tecladista local Adam Smith para gravar seu primeiro single pela Heavenly.
A canção "Shelter Song" foi lançada em novembro de 2012. Como Temples passaram a ensaiar como uma banda de verdade e se apresentar ao vivo. Durante o ano de 2013 lançaram mais alguns singles e apresentaram-se regularmente em festivais pela Europa, abrindo para bandas mais estabelecidas no cenário.
Antes mesmo de lançar seu primeiro álbum já eram apontados como uma das melhores bandas da Inglaterra por uma extensa lista de rockstars, entre eles Johnny Marr (The Smiths), Robert Wyatt (Soft Machine), Noel Gallagher (Oasis; High Flying Birds) e o cantor folk Donovan.
Com o lançamento de seu álbum de estreia Sun Structures em fevereiro de 2014, causaram um impacto importante no rock/pop. Como pode uma banda jovem formada em 2012 soar exatamente como um grupo psicodélico da segunda metade dos anos 60?
Isso mesmo meus caros amigos! A sonoridade do Temples é semelhante ao que os grupos britânicos faziam em 1967. Sem parecer forçado como muitas bandas contemporâneas soam. Eles atingiram um tipo de som característico e fidedigno ao que se produzia naturalmente há mais de 40 anos atrás.
Com um visual vintage que mescla T. Rex, The Stooges e o Pink Floyd em sua fase mais experimental e um tipo de som nada usual, o Temples está aí para agradar em cheio aos críticos que insistem em matar o rock. Fazendo-nos lembrar de que um gênero que sobreviveu tanto tempo no mainstream pode transmutar-se, mas jamais irá se acabar.
Comentário faixa a faixa:
"Shelter Song" – uma canção pop/psicodélica que já nasceu clássica. É aquele tipo de som tão envolvente que nos faz pensar que já havíamos ouvido antes, mesmo isso não sendo uma verdade. Abertura perfeita para o buraco negro que nos joga de volta aos sixtees.
"Sun Structures" – um tipo de mantar psicodélico. Uma viagem alucinante de mais de 5 minutos que mistura "Set the Controls for the Heart of the Sun" e "In-A-Gadda-Da-Vida".
"The Golden Throne" – uma letra mais alternativa, trazendo uma mensagem para os jovens de ironia e alerta. Levada pop repleta de violinos e harmonias vocais.
"Keep in the Dark" – folk, rock e psicodelia numa única composição. Uma das melhores faixas do disco, trazendo influencia de Marc Bolan e seu T. Rex. Os lupens dentro da música faz a cabeça girar como se estivéssemos numa viagem ácida.
"Mesmerise" – faixa interessante que mescla o rock contemporâneo e o sunshine pop dos anos 60. Bagshaw recita a letra como um encanto enquanto as teclas nos hipnotizam com suas muitas texturas de som.
"Move with the Season" – um semi-mantra. Canção com um pé no folk-celta elétrico do Fairport Convention ou da Incredible String Band.
"Colours to Life" – guitarras fantásticas, teclado hipnotizante e uma cozinha marcante. Ecoa Pink Floyd em seus dias mais psicodélicos.
"A Question Isn’t Answered" – mais uma bela canção folk-celta. Compassada e estruturalmente interessante. Música para ser cantada ao redor de fogueiras nos verdes campos da Ilha do Norte.
"The Guesser" – a canção mais politizada do disco. Faz um retrato sobre a vida da classe trabalhadora no Reino Unido. Fazendo-nos lembrar das origens do grupo em Kettering.
"Test of Time" – canção que lembra algumas das coisas mais pop de McCartney nos anos 70. Tem um potencial que foi pouco explorado pelo grupo.
"Sand Dance" – ritmos arábicos e uma guitarra cortante sustentado por linhas poderosas de baixo e batidas precisas. Música interessante que mostra a originalidade da banda.
"Fragment’s Light" – representa a calmaria após a pesada tempestade psicodélica das faixas anteriores. Típica canção escolhida para encerrar clássicos.
Em resumo, o Temples é uma banda atual, ousada e inteligente. Aposta em gêneros que já foram o centro das atenções nos anos 60 e 70 sem se deixar se levar simplesmente pelo saudosismo e parecer desnecessário ou repetido. Na verdade, apesar de ter tantas conexões musicais (diretas ou indiretas) com grandes bandas do passado, o Temples soa como algo novo. Agradando a gregos e troianos. E estão ai para provar que a boa música ainda não morreu!
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