Mötley Crüe: Em 1981 sai um dos mais autênticos álbuns de rock
Resenha - Too Fast For Love - Mötley Crüe
Por Jorge Passos
Postado em 03 de fevereiro de 2015
Nota: 10
Vince Neil era o garoto mais popular de sua escola; Nikki Sixx, o bad-boy do bairro; Mick Mars e Tommy Lee já tinham certa experiência em bandas desconhecidas. Juntos, formaram em 1981 o MÖTLEY CRÜE, grupo que viria a liderar a cena hard rock de Los Angeles nos anos 80. E seu disco de estréia, "Too Fast for Love", pode ser considerado o pontapé inicial do movimento.
Não obstante o amadorismo, este álbum sem querer foi moldado através de uma fórmula mágica, daquelas coisas que só acontecem de tempos em tempos, e que muitas bandas passam a carreira inteira procurando. A guitarra extremamente suja de Mick Mars contrastava perfeitamente com a voz melódica e cristalina de um Vince Neil ainda adolescente (em alguns momentos, tem-se a real impressão de que um menino está cantando), enquanto que a cozinha simples mas eficaz de Nikki Sixx e Tommy Lee completavam os ingredientes do disco.
"Too Fast for Love" foi gravado com orçamento apertadíssimo e as tiragens iniciais eram vendidas pela própria banda. O álbum vem impregnado de honestidade e é difícil rotulá-lo. Como disse Nikki Sixx, há power pop, punk rock, heavy metal, hard rock, tudo junto. Eu ainda acrescentaria: um pouco de melancolia também. Aqui não há tanto o peso metálico e as vozes estridentes de "Shout at the Devil" ou o excesso de cores de "Theatre of Pain", mas sim uma banda soando mais direta e sem firulas. O encarte em preto e branco, sem as roupas espalhafatosas das fases seguintes, mostra-se bem consoante com o som, e nos ajuda a moldar a imagem do CRÜE daquela época.
Embora "Live Wire" seja a faixa mais conhecida, com seu famoso pré-coro, outras tantas merecem destaque. "Come On and Dance" nos toma de assalto com uma guitarra embrulhada em distorções e arame farpado. "Public Enemy # 1", a minha preferida, é uma aventura juvenil, onde a voz limpa e nasalada de Vince Neil é melhor explorada, descambando num refrão sensacional. "Starry Eyes" tem um lado mais calmo, com um riff choroso e um solo de guitarra melancólico (excelente trabalho de Mick Mars). "Too Fast for Love" é um rockão com backing vocals bem crus, que não deixa ninguém parado. "On With the Show" é daquelas genialidades de Nikki Sixx, tratando-se de uma faixa inclassificável, metade balada / metade pop; a melancolia e a voz nasal são bem ressaltadas aqui. "Merry-Go-Round", "Take Me to the Top" e "Piece of Your Action" completam muito bem o trabalho.
Os shows da época, também repletos de improvisos (o pano de fundo, por exemplo, era o lençol da casa fétida onde residiam) eram realizados em pequenos clubes, dividindo espaço com demais bandas jovens como W.A.S.P., QUIET RIOT e RATT, todas elas buscando um lugar ao sol. Mas os frequentadores daqueles cubículos já tinham a sua preferência: era mesmo a banda do vocalista loiro e do baixista com cara de cachorro. O MÖTLEY CRÜE era o Rei daqueles clubes!
Outras músicas que fazem parte deste nostálgico período são "Toast of the Town", "Stick to Your Guns", a cover "Tonight" (estas três chegaram a ser gravadas) e outras que eram tocadas ao vivo, como a ótima versão de "Department of Youth", de Alice Cooper, todas mantendo as características de "Too Fast for Love".
Depois deste álbum, o CRÜE se aprimorou, lançou trabalhos marcantes com ótimas produções e engajou-se em grandes turnês mundiais. Nenhum outro lançamento, porém, repetiu aquela magia e espontaneidade que somente os álbuns de estréia possuem.
Track-List:
"Live Wire" – 3:14
"Come On and Dance" – 2:47
"Public Enemy #1" – 4:21
"Merry-Go-Round" – 3:22
"Take Me to the Top" – 3:43
"Piece of Your Action" – 4:39
"Starry Eyes" – 4:28
"Too Fast for Love" – 3:22
"On With the Show" – 4:07
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