Unearthly: batizando a europa em sangue
Resenha - Baptizing The East In Blood; Live at Voronezh - Unearthly
Por Renan Souza
Postado em 31 de agosto de 2013
Eu não sabia que o Unearthly ia gravar um álbum ao vivo quando eles foram para a tour do leste europeu. No primeiro show de volta ao Rio, que rolou dia 11 de maio desse ano, eles lançaram o CD e DVD Baptizing the East in Blood. Comprei apenas o CD e ganhei de presente um botton da banda que usei na minha mochila até que perdi ou me roubaram, sei lá...
A primeira coisa que se nota quando se escuta Baptizing the East in Blood é a qualidade da gravação, que é impressionante. Todos os instrumentos estão perfeitamente audíveis e mesmo apenas ouvindo o CD, praticamente dá pra se sentir em Voronej, na Rússia, onde o play foi gravado. As guitarras ficaram matadoras e muito claras, principalmente a de Vinnie Tyr, sendo possível acompanhar os solos nota a nota. O baixo de M. Mictian está sólido como sempre foi, porém acho que o destaque vai para a performance matadora B. Drummond na bateria. A primeira coisa que eu pensei quando ele entrou na banda foi como seria difícil calçar os sapatos do monstro Rafael Lobato (Unearthly, Ânsia de Vômito, Mysteriis), mas o cara dá conta do recado com primor metralhando a porra toda!
A banda começa com a fodida 7.62, do Flagellum Dei. A letra provocativa do famoso calibre de fuzil é um soco na cara de todo mundo.
A segunda faixa pra mim virou o novo hino do Unearthly: Baptized in Blood, do Flagellum Dei. Ficou ANIMAL a versão ao vivo e o refrão "BAPTIZED IN BLOOD - I MARCHED TO WAR - IN THE NAME OF GOD AND MY INSANITY" cola como super bonder. Logo que comprei o album, passei as músicas pro celular pra ficar escutando no ônibus e essa versão de Baptized in Blood eu devo ter escutado um milhão de vezes.
A banda então destrói a porra toda com Murder the Messiah! A primeira vez que ouvi essa música ao vivo foi no Calabouço Rock Bar, em Vila Isabel, quando eles fizeram o lançamento do clipe há uns anos atrás - pra quem ainda não viu o clipe confira abaixo. A faixa é matadora! Minha segunda favorita do Age of Chaos.
Ai entra My Fault. Notem que a banda tem dado um foco bem grande no álbum Flagellum Dei, e depois do lançamento dele, eles tem trabalhado MUITO nos sets as faixas desse álbum e de seu antecessor, Age of Chaos. Mas ai é que está: não ficou uma coisa forçada - as músicas desses álbuns são muito inspiradas e marcam uma nova fase do Unearthly, com uma pegada um pouco mais death metal. My Fault é um exemplo dessas músicas.
A quinta faixa é I AM THE FLAGELLUM DEI - ANTIGOD TERRORIST FACE!!! Flagellum, a música que dá título ao album Flagellum Dei. Outra música bastante inspirada e executada FODIDAMENTE com os vocais de Felipe Eregion contrastando com os berros rasgados de M. Mictian no backing vocal em mais um refrão que pega com facilidade. A faixa seguinte é Osmotic Haeresis, que não é uma das mais rápidas do álbum (ou da banda), mas possui trechos extremamente cadenciados e técnicos. Estes momentos mostram como B. Drummond está bem entrosado com a banda. A faixa segue quase inteira os mesmos riffs pesadíssimos e bem encaixados nas duas guitarras.
E eis que eles mandam REVELATIONS OF THE HOLY LIES!!!! Esta é a única faixa anterior ao Age of Chaos. Essa dispensa apresentações, um hino do black metal nacional!
E o Unerathly encaixa Orgy of Flies do Sarcófago em seguida. Eles andaram tocando essa faixa em alguns shows aqui do Rio, sendo que essa versão foi gravada no álbum Age of Chaos. Eu não falei "cover" e sim "versão" porque "cover" pra mim tem uma conotação de reproduzir uma música nos mínimos detalhes. O que o Unearthly fez com Orgy of Flies é mais ou menos o que o Dark Funeral fez com Dead Skin Mask do Slayer no álbum Teach Children to Worship Satan: está mais para uma releitura. Orgy of Flies com Sarcófago é lenta, pesada e fúnebre. Com o Unearthly a música ganhou uma nova roupagem, mais rápida, com o bridge "IN THE BATTLE CAMPS - IN THE WOODEN SHACKS" em um ritmo bastante diferente do original e um dos refrões mais malditos do black metal nacional "IN THE STREETS OF CITIES - ORGY OF FLIES..." bem mais rápido.
O álbum segue com Insurgency e Black Sun, ambos do Flagellum Dei, seguida de Age of Chaos pra fechar a porra toda com chave de ouro. Quando a intro indiana começa a tocar o pessoal já sabe que o Unearthly vai entrar destruindo com Age of Chaos! E quando Felipe Eregion manda logo a primeira estrofe "THE AGE OF CHAOS WAS INSTALLED" dá pra imaginar os russos abrindo uma roda imensa na frente do palco (não vi o DVD mas eles devem ter feito isso hehe). O refrão forte "CALL YOUR NAME - MAHA KALI - CALL YOUR ERA - KALI YUGA" já está na ponta da língua dos fãs há muito tempo e é a música favorita de muita gente.
Moral da história... Um CD excelente que vale a pena ser ouvido várias e várias vezes. A banda está sólida como uma rocha, madura e extremamente coesa apesar as mudanças de formação dos últimos anos (sai Rafael Lobato e entra B. Drummond na bateria e antes disso teve a saida de Renan Ribeiro (Hatefulmurder) para a volta de Vinnie Tyr). Gravação excelente, o set foi bem escolhido, apesar de que eu gostaria de uma coisa ou outra do Black Metal Commando mas set é isso ai... Sempre fica alguma coisa de fora. Essa porra é um review então tenho que dar uma nota. Nota 9,2! FODIDO DEMAIS!!! Pra quem ainda não ouviu, eu recomendo fortemente ir se foder porque está perdendo um puta CD.
Ps: No dia do show do Marduk e do Vader lá no Teatro Odisséia (5 de agosto desse ano) eu encontrei no ônibus dois caras que também estavam indo pro show e ficamos trocando uma ideia. Em dado momento o assunto foi pro Unearthly. Eles disseram que o Unearthly estava se transformando em um "Behemoth brasileiro"... Eu nem acho muito isso, mas na moral... Ser o Behemoth brasileiro é uma coisa ruim?
Outras resenhas de Baptizing The East In Blood; Live at Voronezh - Unearthly
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps