Vinnie Vincent Invasion: álbum de 1986 é do tipo ame ou odeie
Resenha - Vinnie Vincent Invasion - Vinnie Vincent Invasion
Por Alexandre BSide
Fonte: MInuto HM
Postado em 28 de janeiro de 2013
Em maio do ano passado, no Podcast 8 do Minuto HM, um dos álbuns indicados para audição era esse Vinnie Vincent Invasion, o álbum de estreia da homônima banda do ex-guitarrista do Kiss. Além de passarmos todos as impressões sobre o álbum, ficou registrada uma pendência, a de trazer uma resenha sobre esse controverso álbum. Esse post vai trazer também uma breve análise sobre o segundo disco da banda, All Systems Go, entre outros assuntos relacionados ao guitarrista da cruz Ankh. Assim, sem mais delongas, vamos lá.
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Para traçar um paralelo do momento do lançamento deste primeiro trabalho da banda Vinnie Vincent Invasion, vamos voltar um pouco no tempo e fazer um breve relato do que foi a carreira de Vincent antes do Kiss e alguns momentos de sua passagem relâmpago pela banda. Vincent Cusano, o nome de nascimento de Vinnie, teve desde cedo a música muito presente em sua vida, pois seus pais chegaram até a gravar profissionalmente canções de um estilo mais country na década de 40. Sua mãe era cantora e seu pai tocava violão. Vincent gostava muito do som do pedal-steel guitar que seu pai tocava e já por volta de seus 13 anos estava envolvido em projetos musicais, incluindo gravações demo de bandas semi-profissionais com que tocava, contando com o apoio de sua família, no estado de Connecticut, mais particularmente na cidade de Bridgeport, onde morava. Entre 1975 e 1982, Vincent trabalhou como músico de apoio e de estúdio de vários artistas de diversos gêneros musicais como Carmine Appice, Edgar Winter e Dan Hartman. Com Dan, Vincent gravou o sucesso "disco" Instant Replay, que vendeu cerca de 500.000 cópias (*).
No início de 1982 e após uma tentativa de formar uma banda mais profissional chamada Treasure, Vincent começa pouco a pouco a se aproximar do Kiss, investindo sua carreira também como compositor. Assim conhece Adam Mitchel, que o apresenta a Gene Simmons. Com Gene, compõe I Love It Loud e Killers e, com Paul Stanley, I Still Love You. Outras duas canções são apresentadas: Betrayed (composta com Simmons, mas com apenas o nome igual à música que saiu no álbum Hot In the Shade) e Back On The Streets, de autoria apenas de Vincent. Vinnie nesta época compõe Tears, que entra no segundo álbum solo de Peter Criss, Let Me Rock You. A música Back On The Streets chegar a quase integrar um dos álbuns-solo de Ace Frehley, existindo até uma versão com o Frehley’s Comet (*).
De volta ao ano de 1982, Vincent acaba participando como guitarrista de alguns solos do fantástico álbum Creatures Of The Night, último álbum da fase inicial da banda com máscaras, enquanto vai montando uma nova banda, Warriors, com o vocalista Robert Fleischman, ex-Journey, mas acaba entrando para o Kiss com a saída de Ace Frehley. A participação de Vinnie Vincent (nome sugerido por Gene Simmons) é marcante e tumultuada, com grande repercussão de mídia pela retirada das máscaras no álbum Lick It Up, que tem 8 das suas 10 canções compostas pelo guitarrista em parceria com os demais integrante da banda. Em 1985, fora da banda, mas com o nome com boa reputação no mercado, Vinnie resolve fazer seu projeto próprio, e traz Fleischman de volta para gravações de demos, várias delas de músicas compostas antes de entrar para o Kiss, como a própria Back On The Streets. A gravadora Chrysalis oferece um contrato de 4 milhões de dólares e nessa época a banda vai se estruturando com o baixista Dana Strum, que já havia antes ajudado Ozzy Osbourne na indicação de músicos como Randy Rhoads, Jake E. Lee e o baterista Bobby Rock. Com essa formação, surge o Vinnie Vincent Invasion (*).
O álbum é lançado em 1986, com forte tendência do glam-metal que surgia na época, por influência de bandas como Mötley Crüe e Poison, mas Robert decide não seguir em tour com o grupo, devido às restrições pessoais com o estilo proposto. A proposta do álbum era bastante clara: músicas com forte apelo comercial, refrões pegajosos, solos de guitarra com plena liberdade para Vinnie Vincent e conceito visual bastante focado no estilo hair-metal que se apresentava na ocasião. Entra na banda Mark Slaughter, que havia feito uma demo para Vinnie antes da formação do conjunto, demo essa que o músico havia perdido.
Com essa formação, a banda segue para a estrada, muitas das vezes abrindo shows de bandas como Alice Cooper e Iron Maiden. O álbum (e também a tour) tem ótima receptividade, e são lançados os singles Boyz Are Gonna Rock e No Substitute (esse, no entanto , fracassa nas paradas). Contando com o momento favorável do estilo glam da época, Vinnie Vincent Invasion começa a subir nas paradas da Billboard, ajudado pelo clip de Boyz Are Gonna Rock, onde Mark Slaughter dubla os vocais originais de Fleischman (*).
ÁLBUM: Vinnie Vincent Invasion
1- Boyz Are Gonna Rock – 4:56
2- Shoot U Full Of Love – 4:42
3- No Substitute– 3:52
4- Animal – 4:39
5- Twisted– 4:33
6- Do You Wanna Make Love – 3:22
7- Back On The Streets – 3:22
8- I Wanna Be Your Victim – 4:35
9- Baby-O – 3:44
10- Invasion – 7:48
• Robert Fleischman; Vinnie Vincent; Dana Strum; Bobby Rock
• Lançamento: 02/08/1986
• Produtores: Vinnie Vincent e Dana Strum
• O álbum vendeu cerca de 400.000 cópias
ÁLBUM: All Systems Go
1- Ashes To Ashes – 5:05
2- Dirty Rhythm– 3:38
3- Love Kills – 5:36
4- Naughty Naughty – 3:30
5- Burn– 4:38
6- Let Freedom Rock – 4:44
7- That Time Of Year – 4:11
8- Heavy Pettin’– 4:38
9- Ecstasy – 4:40
10- Deeper And Deeper – 4:02
11- Breakout – 3:59
• Mark Slaughter; Vinnie Vincent; Dana Strum; Bobby Rock
• Lançamento: 07/05/1988
• Produtores: Vinnie Vincent e Dana Strum
• O álbum vendeu cerca de 150.000 cópias
Após o promissor início de carreira, o grupo retorna para estúdio para gravar o segundo trabalho, All Systems Go. No entanto, as tensões internas entre Mark e Vinnie que surgiram desde o início da parceria tornam-se insustentáveis, e a banda entra em colapso durante a curta turnê de divulgação do álbum, que ainda assim vende cerca de 150.000 cópias, com a inclusão do single Love Kills na trilha sonora do filme A Hora do Pesadelo 4 (*).
Um dos motivos da dissolução foi a tentativa por parte da gravadora de investir em Slaughter como figura central da banda, algo que teve por Vincent total reprovação. Eles chegaram a gravar mais um clip, mas durante a tour a banda se desfez, não chegando a excursionar por mais de dois meses (*).
O álbum Vinnie Vincent Invasion é do tipo ame ou odeie. Aqueles que ficaram boquiabertos com o trabalho de Vinnie no Kiss voltado para o uso constante da alavanca Floyd Rose de suas inseparáveis Jackson Randy Rhoads não têm do que reclamar. Os vocais de Fleischman também se situam na região mais aguda, o que faz o som geral do álbum estar voltado para um trabalho nessas freqüências. Não há como negar o talento de Vinnie como compositor, pois há diversas músicas de inegável potencial, como o single Boyz Are Gonna Rock ou a faixa que tantas vezes foi gravada: Back On The Streets tem vários outros registros em demo pelo Kiss (com vocais de Paul Stanley), pela banda 3 speed em 1984 e também por John Norum, ex-Europe, em seu disco solo de 1987. A faixa-título é outra de bastante qualidade, mas traz em seu final cerca de 3 minutos de um interminável feedback da guitarra de Vincent (*).
Junte-se a isso o exagerado apelo visual de gosto para lá de duvidoso e uma produção do álbum que traz além de um estilo de backing–vocal igualmente questionável, um som de bateria que soava datado talvez já na época (no meu entendimento deveria ter sido feito por um produtor externo, talvez o grande pecado do álbum), enfim assim temos assunto e justificativas suficientes para aqueles que não gostam do álbum. O certo é que não dá para ficar indiferente ao álbum, seja para o bem ou para o mal. Vinnie conseguiu ao menos liberdade para desenvolver-se como guitarrista, como na faixa Animal, em seu virtuoso final: ali ouvimos a essência do guitarrista, que com o Kiss só se percebia com clareza nas turnês dos álbuns Creatures Of The Night e Lick It Up, uma fase que durou muito pouco, mas foi de grande repercussão (*).
O segundo álbum tem da maioria dos fãs da banda um conceito inferior em relação ao primeiro, pois as faixas não têm o mesmo potencial do trabalho anterior. O álbum segue a mesma receita do primeiro trabalho, seja na produção, liberdade para os solos do guitarrista, ou estilo vocal de Mark, muito semelhante ao de Robert Fleischman. Poucas faixas merecem menção, em especial a faixa inicial Ashes To Ashes, que chegou a ter alguma repercussão de rádio. All Systems Go tem a participação de Jeff Scott Soto (ex-Yngwie Malmsteen) nos backings-vocals, mas o que se vê no álbum é um trabalho menos consistente que o primeiro. Vinnie chegou a gravar uma vídeo-aula na época, face ao seu conceito e estilo singular que motivava os guitarristas amadores da época (*).
[an error occurred while processing this directive]O futuro reservou a Vinnie Vincent uma série de turbulências tão grandes quanto seu inegável talento como compositor e guitarrista. Ele chega a gravar um EP solo em 1996 (Euphoria) e participar como co-autor de faixas do álbum Revenge, do Kiss, mas novamente briga com Gene Simmons e Paul Stanley por direitos autorais e verbas referentes ao seu período no Kiss. Tentando receber valores na justiça, se vê derrotado, o que fez com que Vinnie devesse a Gene Simmons e Paul Stanley cerca de 80 mil dólares, fato que motivou o músico considerar-se falido. Enquanto isso, Dana Strum e Mark Slaughter montaram o grupo Slaughter que fez muito mais sucesso que o Vinnie Vincent Invasion, vendendo cerca de 2 milhões de cópias pelo seu álbum de estreia, Stick To Ya, de 1990. Atualmente, Vincent vive um momento de ostracismo musical sem previsão de qualquer mudança, mas sempre será lembrado como guitarrista, compositor e pelos seus momentos no Vinnie Vincent Invasion e no Kiss.
Para o bem ou para o mal… (*)
Alexandre BSide
(*) Para ver os vídeos relacionados, fotos e outras informações/links, acesse a matéria original no Minuto HM. Aproveite e deixe um comentário para o autor!
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