Frank Zappa: em 1966, o mundo mudaria com este gênio.
Resenha - Freak Out! - Frank Zappa & The Mothers of Invention
Por Matheus Cavalheiro
Postado em 03 de agosto de 2012
Não adianta... Quando se trata de obra de arte fica difícil usar as palavras corretas para descrever um disco tão incrível como 'Freak Out!' do mestre Frank Zappa e a sua incrível banda The Mothers of Invention. Este disco foi um marco na história do Rock N' Roll, pois foi considerado um dos primeiros (ou se não o primeiro) disco duplo e conceitual. Além disso, 'Freak Out!' recheado de críticas ásperas, deboches, ironia em peso questionando o velho 'american way of life' e sendo o pior pesadelo da grande sociedade. Gravado em 1966, este disco influenciou até Paul McCartney para a criação do 'Sgt. Peppers Lonely Hearst Club Band' dos Beatles. Mas é claro, a obra de Zappa é bem mais visceral. Não devo esquecer de mencionar uma personagem fictícia que se faz presente não só neste disco como em muitos outros de Frank Zappa, estamos falando da lendária Suzy Creamcheese. A banda The Mothers of Invention contava com Jimmy Carl Back (bateria), Ray Collins (Vocal, Harmonica, Tamborim e Címbalo), Roy Estrada (Guitarra, Baixo, Vocal e Soprano) e Elliot Ingber (Guitarra).
E por que deste disco ser tão genial? É simples. Criar uma banda, um disco, um conceito e um trabalho bem feito, era coisa séria para Zappa. Ele exigia que sua banda estudasse dia após dia por horas e horas para que pudessem executar suas músicas. Zappa escrevia as músicas através de partituras com andamentos simplesmente beirando o impossível! Zappa além de causar um bom 'estardalhaço' no meio do Rock, também passaria a ser respeitado também por maestros e jazzistas, tamanho seu talento. Portanto, não apenas críticas senhores, mas sim uma excelente aula de como se deve fazer música decentemente!
A abertura do disco conta com "Hungry Freaks, Daddy" que já chega com uma letra pra lá de polêmica logo de cara ("...Mr. America walk on by your schools that not teach" / "...Sr. America ande por suas escolas que não ensinam..."). Lembrando que esse disco foi gravado em 1966, então Zappa passaria a ser uma pedra no sapato de muito magnata da elite americana com este tipo de letra. Não só esta como o deboche é bem evidente em "Go Cry On Somebody Else's Shoulder" que é uma baita tiração de sarro com as músicas românticas, clichês e que assolavam as rádios da época com seus refrõezinhos fofos e grudentos. "I Ain't Got No Heart" Zappa iguala o romance a idiotice em uma das músicas mais legais do disco. "Any Way The Wind Blows" é demais! Na verdade Zappa aqui quis dizer sobre um dos dias mais felizes de sua vida, quando ele se divorciou da primeira esposa, isso comprovado no encarte do álbum.
Outras ótimas canções ficam a cargo de "You Didn't Try To Call Me", "Motherly Love", "Wowie Zowie", "You're Probably Wandering Why I'm Here", "How Could I Be Such A Fool?". Todas elas com uma boa carga de deboche, mas devo acrescentar que "Trouble Everyday" tem como tema a violência racial, injustiça e repórteres sensacionalistas. Isso claramente nos versos: "... Wednesday I watched the riot, Seen the cops out on the street, Watched `em throwin' rocks & stuff & chokin', In the heat, Listen to reports, About the whisky passin' `round, Seen the smoke & fire, And the market burnin' down..." (... Quarta-feira eu assisti um tumulto, parece que os policiais estão na rua, eu assisti eles jogando pedras, coisas e sufocando no calor, ouça os repórteres... Veja a fumaça e o fogo e mercado queimando..."). Lembrando que a canção ganharia uma releitura bem diferente no ao vivo 'Roxy & Elsewhere' e um novo nome: "More Trouble Everyday"
Bem, continuando, o disco faz jus ao nome 'freak' em "Who Are The Brain Police?" onde Zappa e sua banda experimentam diferentes tipos de sons, em uma atmosfera totalmente insana, macabra e esquizofrênica. O interessante é que no encarte Zappa descreve esta música da seguinte forma: "...eram umas 3:00 da manhã quando algo em minha mente me acordou para que escrevesse essa canção...". "Help, I'm A Rock", "It Can't Happen Here" e "The Return Of The Son Of Monster Magnet" são 3 faixas interligadas entre si e sendo uma viagem para o que se existe de mais absurdo, bizarro e uma performance esquizofrênica de Zappa e seus Mothers, recheada de barulhos, gemidos, gritos, batidas e participação da já citada Suzy Creamcheese.
Pois é meus amigos, Freak Out! é um registro histórico e devo mencionar que foi o disco de estréia de Frank Zappa e sua banda. Na verdade o disco na época obteve o statuts de 'cult' e passou a ser muito respeitado na Europa. Isto naquela época, pois com o passar do tempo este disco começou a ter o merecido valor e hoje, se você quiser saber da obra de Zappa deve pelo menos conhecer esse álbum assim como 'We're Only In It For The Money' - (1968), 'Roxy & Elsewhere' - (1974), 'One Size Fits All' - (1975) e vários outros. Na verdade Zappa tem uma discografia invejável que vale e muito a pena conferir!
Tracklist:
01. "Hungry Freaks, Daddy" - (3:27)
02. "I Ain't Got No Heart" - (2:30)
03. "Who Are the Brain Police?" - (3:22)
04. "Go Cry on Somebody Else's Shoulder" - (3:31)
05. "Motherly Love" - (2:45)
06. "How Could I Be Such a Fool?" - (2:12)
07. "Wowie Zowie" - (2:45)
08. "You Didn't Try to Call Me" - (3:17)
09. "Any Way the Wind Blows" - (2:52)
10. "I'm Not Satisfied" - (2:37)
11. "You're Probably Wondering Why I'm Here" - (3:37)
12. "Trouble Every Day" - (6:16)
13. "Help, I'm a Rock" - (8:37)
14. "It Can't Happen Here" - (3:56)
15. "The Return Of The Son Of Monster Magnet" - (12:17)
Visitem meu blog:
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A música de amor - carregada de ódio - que se tornou um clássico dos anos 2000
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"
As quatro músicas do Metallica que James Hetfield considera suas favoritas
Brian May escolhe os três maiores solos de guitarra de todos os tempos
13 shows internacionais de rock e metal no Brasil em dezembro de 2025
Tony Iommi escolhe o maior guitarrista de todos os tempos; "meu ídolo"
Guns N' Roses anuncia valores e início da venda de ingressos para turnê brasileira 2026
O solo de guitarra que deixa Dave Grohl e Joe Satriani em choque; "você chora e fica alegre"
O jovem guitarrista preferido de Stevie Ray Vaughan nos anos oitenta
As melhores músicas grunge feitas por 5 bandas de hair metal, segundo a Loudwire
A maior música do rock progressivo de todos os tempos, segundo Steve Lukather
Nazareth: um elogio à pertinácia
O momento que melhor representa o Scorpions na história, segundo Rudolf Schenker
Steve Morse escolhe o maior guitarrista do mundo na atualidade
O álbum do AC/DC que é o favorito de Angus Young, guitarrista da banda

Quando Frank Zappa se rendeu ao rock britânico por causa de uma linha de baixo
8 artistas que passaram da conta e "lançaram álbuns demais"
O mestre da música complexa que queria cuidar do AC/DC, pela qualidade de sua obra
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Clássicos imortais: os 30 anos de Rust In Peace, uma das poucas unanimidades do metal


