Black Keys: Música pop sem abrir mão dos culhões
Resenha - El Camino - Black Keys
Por Gabriel Albuquerque
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Publicado originalmente em:
http://themetropolismusic.blogspot.com/
Boa parte dessa transição de ídolo alternativo para panteão do pop deve ser creditada ao produtor Danger Mouse, que trabalha pela segunda vez com a dupla Dan Auerbach (guitarra e vocal) e Patrick Carney (bateria). De seu primeiro encontro em 2010, Mouse fez um trabalho sagaz e competente ao modelar o som cru e cheio de arestas da banda. Resultado: o álbum Brothers foi indicado à três categorias - e vencedor de uma - no Grammy daquele ano.
E como em time que está ganhando não se mexe, o Black Keys volta a trabalhar com Danger Mouse em 2011. E o produto final é ainda melhor. Como de praxe, a dupla entra com o seu afiado hard/blues rock simples e visceral, muitas vezes dançantes (assista ao clipe de "Lonely Boy" no fim desse post e comprove), mas foram amplificados pelo trabalho detalhado de seu produtor, quase que como um terceiro integrante do grupo. Assim como no disco anterior, Mouse poliu a sonoridade suja e crua da banda. Mas dessa vez, com um trabalho meticuloso, soube amansar bem a fera, sem domesticá-la e mantendo viva a intensidade cativante do duo. É basicamente o mesmo que Butch Vig fez com o Nirvana em 1991 com Nevermind.
Mas seria uma grande injustiça creditar os méritos de El Camino apenas a seu produtor. O Black Keys já vem aumentando sua habilidade em fazer rock arrasa-quarteirão; dançante, cru, puro e simples. Mesmo que nas primeiras audições pareça um pastiche comum, é impossível resistir ao riff de "Lonely Boy", aos vocais melodiosos de "Nova Baby" e às porradas na bateria em "Money Maker". Até mesmo "Little Black Submarines", que ecoa Led Zeppelin (compare com "Stairway To Heaven" e tire suas conclusões), tem seus encantos.
Se em 1991 o Nirvana adequou-se com Nevermind para um som mais palatável, em 2011 é a vez do Black Keys com El Camino. E assim como o trio grunge, a dupla se torna um dos principais nomes da música pop atual. Mas sem abrir mão dos culhões.