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Derek & The Dominos: Clássico de banda marcada por tragédia

Resenha - Layla And Other Assorted Love Songs - Derek And The Dominos

Por João Paulo Linhares Gonçalves
Postado em 19 de novembro de 2011

Falemos agora sobre os mais de 40 anos do único disco de estúdio lançado (e relançado neste ano de 2011) pelo grupo Derek And The Dominos, "Layla And Other Assorted Love Songs". Lançado em novembro de 1970, este grande álbum ganhou uma edição comemorativa de 40 anos que foi lançada este ano e agora iremos falar sobre ela.

Eric Clapton - Mais Novidades

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Para quem não sabe, o Derek And The Dominos foi um projeto que envolveu Eric Clapton, Duane Allman e mais alguns membros. O grupo surgiu depois que o Cream e o Blind Faith, dois supergrupos que Clapton fez parte, acabaram. O deus da guitarra começou a ficar incomodado com o super estrelato e acabou entrando como um simples membro em uma banda já existente, Delaney, Bonnie & Friends. Acontece que a banda estava em processo de dissolução, com brigas internas. Clapton então resolveu montar uma banda em que todos tivessem igual participação, se aproveitando de alguns membros oriundos da banda citada (Jim Gordon, Bobby Whitlock e Carl Raddle; Duane Allman tocou antes de Clapton na mesma banda). E acabou acontecendo, já que as composições são em sua maioria uma parceria de Clapton e Bobby Whitlock, com participações de Jim Gordon. Para compor o repertório do disco, a banda resolveu adicionar alguns clássicos do blues (executados até hoje nos shows de Clapton) e uma homenagem a Jimi Hendrix.

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A origem do nome tem alguma controvérsia mas, segundo Bobby Whitlock, foi uma simples confusão de pronúncia de Tony Ashton, que ao pronunciar o nome provisório "Eric and The Dynamos", acabou dizendo "Derek and The Dominos". O nome acabou ficando. Outra história curiosa foi o dia que Eric Clapton conheceu Duane Allman. Segundo a Wikipedia, o produtor Tom Dowd também estava produzindo o disco "Idlewild South", dos Allman Brothers. Então, Dowd convidou Clapton para um show deles em Miami. Clapton sentou lá na frente para assistir a banda. Segundo o produtor, Duane estava no meio de um solo, de olhos fechados, e quando os abriu, viu Clapton na sua frente; ficou estatelado e parou de tocar. Dickey Betts teve que continuar o solo para seu parceiro de banda. Depois das devidas apresentações, os guitarristas tocaram juntos sem parar e Clapton chamou Duane para tocar na sua nova banda.

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As sessões de gravação ocorreram de agosto a outubro de 1970, no estúdio Atlantic South Criteria, em Miami. O disco foi lançado em novembro de 1970. Não foi bem recepcionado, nem pelo público, nem pela crítica. Entretanto, com o tempo, o disco cresceu e acabou sendo considerado um dos pontos altos da carreira de Eric Clapton e um dos álbuns clássicos do rock. Diversos relançamentos já ocorreram; esta edição de 40 anos é a sexta. Desta vez, três versões diferentes foram lançadas: a normal, com apenas o CD original; a "Deluxe Edition", com dois CDs; e a "Super Deluxe Edition", com quatro CDs, um DVD e dois LPs. Pra colecionador mesmo!!

Os membros da banda eram: Eric Clapton - guitarra, vocais; Duane Allman - guitarra; Bobby Whitlock - piano, teclados, guitarra, vocais; Jim Gordon - bateria; Carl Raddle - baixo; Tom Dowd - produtor.

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Eis as minhas impressões do disco, faixa a faixa:
1 - "I Looked Away"- a abertura do disco nos traz uma canção meio no estilo country rock, com Clapton cantando meio sofrido, mostrando a tristeza da letra, em que um dos versos fala "I'm such a lonely man" (sou um tremendo homem solitário). A guitarra de Clapton já começa a se destacar com belas frases.
2 - "Bell Bottom Blues" - seguindo a linha sofrida, entramos neste belíssimo blues rock, uma das melhores canções do disco, destaque para o refrão e as linhas de guitarra. Esta é a única composição do disco inteiramente de Clapton, as demais são parcerias com Whitlock.
3 - "Keep On Growing" - nesta canção a linha musical é mais "alegre", acompanhando a letra que fala que o amor vai encontrar um caminho para continuar crescendo. Vale lembrar que a temática das letras do disco é voltada para o amor não correspondido de Clapton pela esposa de George Harrison, Pattie Boyd.
4 - "Nobody Knows You When You're Down And Out" - aqui temos o primeiro clássico do blues escolhido para compor o repertório do disco. Reparem que esta versão é bem mais, digamos, "arrastada", diferente da versão que Clapton tocou nos shows aqui no Brasil, mais próxima da versão executada no "Unplugged". Ambas belíssimas! Daqui pra diante, temos Duane Allman na guitarra (ele não participou da gravação das três primeiras músicas).
5 - "I Am Yours" - esta canção segue mais a linha acústica, e a letra segue o choramingo de Clapton a respeito do seu amor pela mulher do amigo. Que bom que ao sofrer de amor, Clapton tenha feito um disco majestoso como este...
6 - "Anyday" - mais uma naquele estilo mais arrastado, com bela melodia e grandes frases de guitarra. Whitlock canta alguns versos, um bom contraste com a voz de Clapton.
7 - "Key To The Highway" - outro grande clássico do blues, música tocada até hoje nos shows de Clapton (foi tocada nos shows no Brasil). Execução inspirada e com grandes solos de guitarra, cheios de feeling, uma constante neste grande álbum. É a canção mais longa do disco - quase dez minutos. Clapton regravou esta música no disco que fez ao lado de B.B. King.
8 - "Tell The Truth" - há duas versões desta canção: esta, mais seguindo o estilo do disco, e a outra, que está no segundo disco, que foi gravada nas sessões do álbum de George Harrison "All Things Must Pass". Esta segunda é mais alegre e acabou sendo lançada como single.
9 - "Why Does Love Got To Be So Sad?" - esta canção começa com uma levada ritmada e um riff de guitarra que levanta o astral de qualquer um. A qualidade do álbum continua lá em cima, e os solos continuam inspiradíssimos também.
10 - "Have You Ever Loved A Woman" - o terceiro grande clássico de blues do disco, mais uma executada de forma inspirada pela banda. Se estivéssemos no vinil, esta canção estaria fechando o lado A do segundo disco. O lado B do segundo disco nos traz grandes clássicos...
11 - "Little Wing" - cover do grande clássico de Jimi Hendrix. A versão de Hendrix é mais acústica, pessoal e intimista; já esta é mais encorpada e épica, por assim dizer; quase uma nova canção. Uma grande homenagem, com certeza. Difícil dizer quem sola mais, Clapton ou Hendrix...
12 - "It's Too Late" - outra com levada meio country rock, não à toa a banda acabou no programa de Johnny Cash e tocou esta canção (ver vídeo abaixo). A temática das letras continua...
13 - "Layla" - depois de grandes canções, chegamos ao ápice supremo deste álbum. Um clássico absoluto do rock, um riff de introdução fantástico, levada incrível de guitarra, e quando você pensa que a música acabou, um lindo trecho de piano (composto por Jim Gordon, o baterista!) reinicia a canção, conduzindo o ouvinte a um quase orgasmo. Uma de minhas músicas mais preferidas entre todas que já escutei, nunca enjoei de escutá-la!
14 - "Thorn Tree In The Garden" - esta é uma composição do tecladista Bobby Whitlock. Pra encerrar o disco, uma canção bem suave, bem acústica, cantada pelo próprio Whitlock. Depois de "Layla", qualquer canção ficaria ofuscada...

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O segundo disco da versão "Deluxe Edition", com diversas faixas bônus, traz alguns restos das sessões de gravação do disco - "Mean Old Word"; canções gravadas nas sessões do disco de George Harrison "All Things Must Pass" - "Roll It Over" e "Tell The Truth"; mais quatro canções tocadas ao vivo no programa de Johnny Cash (veja o vídeo para uma das músicas abaixo) - "It's Too Late", "Got To Get Better In A Little While", "Matchbox" e "Blues Power"; mais algumas canções que fariam parte de um suposto segundo disco da banda - "Snake Lake Blues", "Evil", "Mean Old Frisco", "One More Chance" e duas versões de "Got To Get Better In A Little While".

Após a gravação do disco, a banda partiu para alguns shows, sem a participação de Duane Allman, que reassumiu seu posto no Allman Brothers (na verdade, Duane chegou a tocar com a banda em duas oportunidades: Tampa, Florida e Syracuse, New York). Segundo a Wikipedia, Bobby Whitlock relatou que os shows eram totalmente regados a cocaína, heroína e whisky. Destes shows, alguns foram gravados e se tornaram os álbuns "In Concert" e "Live At The Fillmore".

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Lamentavelmente, este foi um grupo marcado pela tragédia, que abateu bastante seus integrantes. Até mesmo antes do término das gravações, Eric Clapton sentiu grande tristeza com a notícia da morte de um de seus ídolos e amigos, Jimi Hendrix. A banda já tinha gravado uma versão de "Little Wing", que acabou servindo como um belo tributo para o grande guitarrista. Um ano depois das gravações, foi a vez de Duane Allman falecer, vítima de um acidente de motocicleta. Ainda pra completar, o insucesso do álbum deixou Clapton arrasado, facilitando seu processo de entrada no vício das drogas e tornando sua produção musical nos anos seguintes bem rarefeita. Em 1980, foi a vez do baixista Carl Raddle ser atingido pela tragédia, falecendo, segundo a Wikipedia, de uma infecção nos rins, consequência do abuso de álcool e drogas. Mas o caso pior é do baterista Jim Gordon, esquizofrênico, acabou matando a mãe numa crise psicótica e acabou condenado e confinado a uma instituição mental. Bobby Whitlock me parece o que menos sofreu e ainda trabalha com música, apesar do pouco sucesso. Nosso grande guitarrista se recuperou do vício de drogas e emergiu com uma fabulosa carreira solo, que recentemente nos brindou com um grandioso show.

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Alguns vídeos:

"It's Too Late" - ao vivo no programa de Johnny Cash (teria o Red Hot copiado seu logo deste programa?):

"Little Wing" (somente o áudio):

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"Tell The Truth" (somente o áudio):

Fique ligado no blog Ripando a História do Rock (http://ripandohistoriarock.blogspot.com/) e acompanhe outras resenhas. Rock and Roll!!

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Sobre João Paulo Linhares Gonçalves

Roqueiro convicto, de carteirinha, desde os treze anos de idade. Já tive diversas bandas preferidas: de Iron Maiden, Metallica e Black Sabbath a The Who, Pink Floyd e Rolling Stones. O heavy metal sempre me atraiu muito, mas o rock praticado nos anos 60 e 70 é fascinante e estou sempre escutando. De vez em quando, dou chance ao punk, rock alternativo, blues, até ao jazz e MPB, pra variar.
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