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Qutin: Mistura de death metal melódico e progressivo do Irã

Resenha - Rationalism - Qutin

Por José Sinésio Rodrigues
Postado em 07 de julho de 2011

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

O que mais chama a atenção na banda Qutin é seu país de origem: o Irã. Mas as surpresas não param por aí. Quando se ouve as composições da banda sente-se uma grande satisfação, pois o som é pesado e muito bem feito. Ao se ouvir suas músicas, muito bem executadas, é impossível não se sentir ansioso por novos lançamentos do grupo.

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Felizmente o heavy metal, não importa a vertente, tende a espalhar-se pelo mundo, cada vez mais. Sendo um estilo que há muito deixou de conhecer fronteiras, o bom e velho metal parece também reinventar-se em cada país onde aporta. É então uma grata surpresa constatar o surgimento de uma grande quantidade de bandas saídas do Oriente Médio, como as israelenses Orphaned Land, Salem, Distorted, Maleschesch e Gevolt, os emiratenses do Nervecell, os libaneses do Kimaera, os turcos do Almora e os iraquianos da ótima banda de thrash metal Acrassicauda. Ainda assim, não deixa de causar surpresa o aparecimento de uma banda vinda do Irã, o país do louco Mahmoud Ahmadinejad, o país que é retratado no famoso documentário Global Metal, de Sam Dunn, como sendo um dos mais radicais em se tratando de adotar medidas contra a proliferação de seguidores de heavy metal em seu território.

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A banda em questão, proveniente da terra dos aiatolás, é o Qutin, um trio que dedica-se a um som comlexo, resultado de uma mistura de death metal melódico e progressivo. A barulheira do grupo tem evidentes influências de Slayer, além de Arch Enemy, Dylath-Leen, Dark Tranquility, Carcass, In Flames, Frailty e At The Gates.

"Rationalism", seu ótimo álbum de estreia (precedido por uma demo), começa com uma intro de pouco mais de um minuto, chamada 'Bloody Storm', uma faixa que limita-se a uns dedilhados de guitarra sem distorção. Totalmente desnecessária, a intro em nada dá a entender que, a seguir, vem uma das melhores composições já surgidas no death metal, a faixa 'A Future Without Tomorrow'. A cozinha é poderosa e o vocal é rasgado e agressivo, lembrando muito o In Flames em seus melhores momentos. Nesta faixa vocal e parte intrumental se casam perfeitamente. O andamento da música tem alternâncias impressionantes, com solos rápidos à Slayer – mas que também remetem ao instrumental de grupos como Arch Enemy e Dylath-Leen – e um hipnotizante baixo cavalgado. A faixa seguinte, 'Evolution', mantém o ritmo da anterior, com muito peso, guitarra, baixo e bateria poderosos e bem tocados e o vocal fazendo sua parte com perfeição. Mas, como se não bastasse, ainda na primeira metade da faixa introduzem elementos de música médio oriental, sem perder o peso. O resultado é algo único, como nunca tinha ouvido até então. O solo de guitarra, a seguir, é um dos mais complexos e bem executados que já ouvi. A esta altura, já boquiaberto com a melhor surpresa que o país de Ahmadinejad nos deu até hoje, sou atingido pelo som de piano, bem manso, que abre a faixa seguinte, 'Distroy The Lies'. Apesar do início bem soft, a faixa descamba, já nos próximos 30 segundos, em mais peso e barulheira bem feita. Esta faixa é mais direta que as anteriores, sem adição de elementos de música médio oriental, mas, ainda assim, consegue impressionar, sobretudo os fãs mais tradicionais de death metal.

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Uma quebra de ritmo vem com a faixa 'Tide', que resume-se a dedilhados de violão, arrastando-se por quase três minutos e meio. Totalmente passável, é aquela faixa que sempre terei de me lembrar de pular quando estiver ouvindo este petardo.

"Rationalism" descamba então para mais agressividade com a faixa seguinte, 'Revolution of Thought'. Trata-se de uma faixa que prima pelo death metal direto, sem muitas firulas, com o vocal mais uma vez mostrando serviço. Os solos de guitarra mantêm-se primorosos, com a bateria sendo manuseada por alguém que deve ser um dos melhores bateristas do Oriente Médio.

A faixa seguinte, 'Doom In Heaven', mantém o peso do álbum, com aquela guitarra de timbre que salta do agressivo para o hipnótico em questão de biolionésimo de segundo. Tudo tocado com rapidez e maestria, levando-me a perguntar por que o resto do mundo ainda não descobriu esta pérola iraniana do heavy metal.

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Se já estava evidente que o Slayer é uma das maiores influências do Qutin, não causa estranheza alguma deparar-se então com a oitava faixa. Ela é, simplesmente, um cover para a música 'Spirit in Black', do Slayer. E esta versão ficou matadora, tão boa quanto apenas o próprio Slayer poderia fazer.

O álbum fecha com 'Land Of Caves', com duração de quase três minutos, consistindo em nada mais que dedilhados de guitarra sem distorção, novamente. Após isso, a próxima coisa a se fazer é voltar o play para o início do álbum e ouvi-lo novamente, pois é quase impossível ouvi esta maravilha apenas uma vez.

A impressão que fica é que o Qutin é uma das melhores bandas já surgidas no Oriente Médio, além de uma das mais injustiçadas, visto que o resto do mundo nunca ouviu falar destes rapazes que se dispuseram a ir à contramão de todo o preconceito e perseguição contra integrantes de bandas e fãs de heavy metal em sua terra natal. Fica aidna a impressão de que o Qutin deveria estar participando dos Wacken Open Airs da vida, fazendo seu nome no mundo do heavy metal, até porque a banda que era a promessa do heavy metal iraniano antes deles, o Ahoora, resolveu se vender ao som comercial e descartável do nu metal, após mudar-se para os Estados Unidos.

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Gostei tanto da banda que cheguei a criar uma página para eles na Wikipédia. O lançamento só não vai ganhar nota máxima pro causa das desnecessárias faixas introdutórias que inesperadamente surgem entre as músicas.

O Qutin é:

Parsa Radmanesh - Guitarra
Atila Moezi – Guitarra
Morteza Mohaghegh - Vocal

Track List
1. Bloody Storm (Intro) (01:07)
2. A Future Without Tomorrow (04:09)
3. Evolution (04:39)
4. Distroy the Lies (05:46)
5. Tide (03:23)
6. Revolution of Thought (04:02)
7. Doom in Heaven (05:55)
8. Spirit in Black (Cover do Slayer) (03:20)
9. Land of Caves (Outro) (02:44)

My Space: http://www.myspace.com/qutin

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Sobre José Sinésio Rodrigues

José Sinésio Rodrigues mora em Londrina, no Paraná. É professor de Ciências, agente penitenciário, aluno de Geografia e coordenador de Astronáutica de um grupo de Astronomia londrinense. É também palestrante, escritor, quadrinista, contista, ex-radialista e ex-colunista de jornal. Seu contato com o Rock aconteceu com o Faith No More e Pearl Jam, no início da década de 1990. Suas bandas favoritas são: My Dying Bride, Monster Magnet, Dominus Praelii, Acrassicauda, Slayer, Fejd, Arkona e Anabioz.
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