Dream Theater: Despreocupado com a crítica e mais melódico
Resenha - Falling Into Infinity - Dream Theater
Por Pedro Zambarda de Araújo
Postado em 10 de maio de 2011
O único disco de estúdio do tecladista Derek Sherinian na banda de metal progressivo Dream Theater seria um trabalho, no mínimo, controverso dentro da história da banda. Não há grandes canções pesadas no CD "Falling Into Infinity", lançado em 1997, mas sim uma banda que buscava um novo direcionamento, inovação e, acima de tudo, feeling nas músicas.
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Teclados futuristas de Sherinian abrem o material com New Millenium que, acompanhado pela bateria constante de Mike Portnoy e com as entradas inspiradas da guitarra de John Petrucci, fala sobre a espera angustiante pelo novo milênio, a virada depois dos anos 2001. Era a música da época. Mesmo assim, o álbum teve uma recepção morna da crítica e do público, porque o Dream Theater não estava muito "pesado". Mas a banda estava melódica, progressiva, variada.
"You Not Me" é uma balada pop com refrão pegajoso feita para ser tocada em rádios, se não estivesse no CD errado do DT, do ponto de vista de quem avaliou em 97. Mesmo assim, a música consegue ser contagiante em seu coro e no seu vocal. Já "Peruvian Skies" é lenta, fala sobre assassinato e agressão de uma mulher, demora até crescer e ganha uma dimensão mais pesada. É uma música que, provavelmente, irá agradar fãs dos discos "Awake" e "Images and Words", obras-primas do Dream Theater.
Quem rouba as atenções em "Hollow Years" é o guitarrista John Petrucci, com um som acústico que vai evoluindo, novamente, em outra canção. A música fala sobre superação, sobre amor e sobre temas simples que saem do sofrimento. É uma das composições mais bonitas do grupo, usando uma mensagem simples. Tem tanto apelo pop quanto "You Not Me", mas pode conquistar um público ainda maior por sua profundidade.
"Burning My Soul" entra para a cota de canções repletas de refrões pesados que todo o CD do Dream Theater possui, embora ela não perca o teor melódico diante da leveza do restante do material. "Hell´s Kitchen" é uma música instrumental que é curta que conquista o ouvinte apenas pelo seu feeling. Essa é a essência de "Falling Into Infinity".
"Lines In The Sand" já é uma composição mais complexa, com quebras de tempo e oscilações mais drásticas, mas mantendo a sensação agradável de todo o álbum. Fala sobre a criação de nossas crenças, usando a analogia do desenho das linhas na areia. Junto com "Burning" e "Hell's Kitchen", as canções formam uma unidade melódica interessante.
"Take Away My Pain" e "Just Let me Breath" são duas músicas diferentes que abordam a libertação do homem de suas angústias existenciais. Uma apela para a balada acalma, enquanto a segunda conduz um ritmo mais pesado, apontando o vazio como uma solução. Anna Lee encerra o ciclo dessas canções falando do sofrimento de uma mulher que é incompreensível para o narrador do CD, com cicatrizes incuráveis.
O material se encerra melancólico, melódico e com um pingo de esperança em "Trial of Tears". Dividida em três partes, a música narra uma chuva que se confunde com a depressão do próprio narrador, mostrando os paradoxos de nossos sofrimentos. Mostrando que pode chover até mesmo no paraíso. "Falling Into Infinity" vale ser ouvido porque é um álbum pouco valorizado, por ser "leve demais", e porque é profundo e atraente nos temas que aborda, de maneira imples.
Derek Sherinian participou do EP histórico "Change of Seasons" e do disco ao vivo "Once in a LIVEtime". Mesmo assim, nada se compara ao trabalho dele em "Falling Into Infinity".
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