Scorpions: 35 anos e um bom novo disco
Resenha - Humanity: Hour 1 - Scorpions
Por Júlio Verdi
Postado em 11 de junho de 2007
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Começo da década de 80. Eu era um guri que percorria o bairro com uma bicicleta velha, que usava dentre outras coisa para trabalhar como office boy. Numa dessas andanças me deparo em frente a uma residência com um carro reproduzindo um som diferente. Era rock and roll, mas não no padrão polido que adorava ouvir em Queen por exemplo. Era um som pesado, melódico mas bem produzido e com um cantor cuja voz impressionava pela potência e capacidade de atingir tons altos. Evidentemente que fiz o que tinha fazer: parar e perguntador o que era aquela maravilha. "Scorpions", respondeu o dono do carro. O disco em questão era o "Blackout", lançado em 82. Foi amor à primeira audição. Daquele momento em diante essa banda foi a que me acompanhou como favorita até hoje, mesmo que nas próximas décadas viera a ter contato com quase tudo o que foi feito na música rock.

E estou aqui, agora, passados 25 anos deste primeiro contato, após possuir toda a obra da banda, tê-la assistido ao vivo por duas oportunidades, com a missão de comentar o lançamento de seu novo trabalho de estúdio, "Humanity Hour 1".
Seu disco anterior, o excelente "Unbreakable", de 2004, foi celebrado por fãs e crítica como a volta da banda ao hard rock clássico que marcou a carreira da banda nos anos 80/90. A expectativa era: a banda faria um disco similar ao anterior, mantendo a pegada e peso de seus melhores momentos, ou viria com uma roupagem diferente no som?
Nem uma coisa, nem outra. "Humanity" não se parece em nada com "Unbreakable", nem tampouco navega em mares perigosos como em trabalhos duvidosos como "Eye to Eye". Quando tive a notícia da participação de Billy Corgan (Smashing Pumpkins) no disco, confesso temer por um álbum chato, fletarnte com influências americanas do arrepiante grunge.
Mas por sorte, mesmo a música onde ele participa não é ruim, mesmo não sendo uma das melhores do disco.
O disco abre com "Hour 1" numa pegada cadenciada (lembrando algo do "Face the Heat"). Um trabalho de bateria diferente de Kotak, mas com um riff muito bom e um refrão chato no começo, mas depois a gente acostuma. Já as próximas, "The Game of Life" e "We were Born to Fly" são hard melódico e tradicional, com vocais mais calmos, que poderiam estar tranquilamente em "Unbrekable" ou qualquer um pós "Love at First Sting".
A próxima é uma balada pesada, "The Future Never Dies", que confesso faz tempo que não me empolgo tanto com uma balada da banda (aliás uma de suas especialiades) quanto essa. Com um coro com um quê de Queen, um refrão pegajoso e um desfeche pesado. Não é tão radiofônica como outras baladas de discos anteriores ("She Said" ou "Wind of Change") mas pode vir sim a se tornar hit nas rádios, FM ou internet.
"You´re Lovin´me to Death" e "321" são regulares, não empolgam, mas não decepcionam, a não ser pelo final do refrão desta última, onde Klaus repete enjoativamente "Are you ready to rock". O que salva a faixa são os solos de guitarra.
Já "Love Will Keep us Alive" me surpreende. É uma faixa agradável, com cara de balada, com uma levada vocal que gruda na cabeça. Klaus; esse cara realmente canta muito.
O hard volta mansamente em "We Will Rise Again", com seus licks meio fora dos padrões que Jabs e Schencker costumam escrever. "Your last Song" começa com intro de guitarra leve e possui também grandes solos. "Love is War" possui uma intro até sonolenta pra ser sincero e peca talvez pela falta de pegada. Até mesmo o refrão (sempre correto) não empolga.
As duas últimas, "The Cross" (aquela com a particição de Billy Corgan) tem riffs padrões sem nada de inovador, mas uma levada até que legal. Talvez seja aqui que lembre algo do "Crazy World", de 91. E "Humanity", faixa que foi bastante aclamada pelos fãs. Pessoalmente não acho tudo isso não. Bem, começa com uma balada e cresce em intensidade no refrão, mas não é uma faixa tão excepcional assim.
Alguns podem até dizer que faltou peso e velocidade ao disco. Talvez. Mas não chega a ser tão óbvio com um "Pure Instinct", de 96.
Enfim um disco mais "tranquilo" que o anterior, mas mesmo assim com uma qualidade excepcional e composto de uma forma expontânea. A qualidade dos músicos é evidenciada como sempre, mas a qualidade das canções faz valer o disco, que, para uma banda com 35 de carreira, é um prazer dizer: minha veterana banda favorita lançou um bom novo disco, acima da média do que produziu na carreira. Nota? 8. Paz na conciência.
Outras resenhas de Humanity: Hour 1 - Scorpions
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Show do System of a Down em São Paulo entre os maiores momentos do ano para revista inglesa
Show do Slipknot no Resurrection Fest 2025 é disponibilizado online
O guitarrista que Neil Young colocou no mesmo nível de Hendrix, e citou uma música como "prova"
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
Brian May escolhe os 5 maiores bateristas e inclui um nome que poucos lembram
A banda de rock nacional que nunca foi gigante: "Se foi grande, cadê meu Honda Civic?"
A música "complicada" do Pink Floyd que Nick Mason acha que ninguém dá valor
Com shows marcados no Brasil em 2026, Nazareth anuncia novo vocalista
O músico que atropelou o Aerosmith no palco; "Ele acabou com a gente"
Disco do Pink Floyd atinge o topo das paradas do Reino Unido 50 anos após lançamento
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
O vocalista que o Black Sabbath deveria evitar, de acordo com Ozzy Osbourne
O último grito na Fundição Progresso: Planet Hemp e o barulho que vira eternidade
Anthrax grava clipe do primeiro single do novo álbum: "Um grande dia para todos nós"
O vocalista que irritou James Hetfield por cantar bem demais; "ele continua me desafiando"
O mega ator com dois Oscar que Dave Grohl acha péssimo: "Monótono e sem emoção"
O álbum clássico do AC/DC que para Malcolm Young só tem uma única música boa
Dream Theater: o vacilo na capa de A Dramatic Turn of Events
Scorpions: O álbum mais sombrio lançado pela banda
Saída do Scorpions marcou queda irreversível de James Kottak: "Bebia o tempo todo. Dia e noite"
Mikkey Dee revela gravidade de doença que quase o matou um ano atrás
O momento que melhor representa o Scorpions na história, segundo Rudolf Schenker



