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Resenha - Consign To Oblivion - Epica

Por Maurício Gomes Angelo
Postado em 15 de setembro de 2005

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Ao ouvir "Consign To Oblivion" entendemos perfeitamente o porquê de Mark Jansen ter abandonado o After Forever. Se afastando de qualquer resquício "power" e criando temas que apostam claramente no goticismo de fortes tendências líricas e sinfônicas, Jansen firma sua personalidade e pavimenta o caminho deste instantâneo-respeitado sucesso que é o Epica.

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"Dance Of Fate", um belo open-act, demonstra, acima de tudo, a inteligência com que a coisa é feita. Bandas de vocal soprano, influências clássicas e corais de fundo existem aos montes. Bandas que fazem disso mais do que um simples atrativo e trabalham, de fato, junto com estes elementos, são raras. A citada composição é uma das provas (dentre outras que são dadas ao longo do play) disto: a sinfonia não é um mero enfeite, a música guia-se por ela, se entrelaça, dança (o trocadilho foi inevitável) com os riffs e harmonias, e os corais são inequivocadamente verossímeis e apropriados. E é ele – o coral – com suas texturas baixas e agudas (contando com a participação de André Matos) que adiciona corpo e alma ao refrão de "The Last Crusade". A balada "Solitary Ground" é o show particular da jovem Simone Simons, arrebatando-nos com sua vocação em criar climas melancólicos e plasticamente rebuscados. Seu vocal mezzo-soprano (respeitando o que fazem questão de frisar) se equipara facilmente a todas as outras gargantas intocáveis do metal: Sharon Den Adel, Tarja Turunen e Floor Jansen. Na verdade, esta holandesa de 20 aninhos supera, em muitos momentos deste novo álbum, suas predecessoras. A diferenciação está, justamente, no "mezzo" de sua classificação. Tal detalhe permite que ela desenvolva as melhores linhas vocais e as mais sublimes variações dentro de uma mesma música, numa transposição perfeita, doce, reconhecidamente polifônica, porém, sem sobressaltos.

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"Blank Infinity" alterna a rapidez com ocasiões exclusivas de Simmons, elevando a empatia da música. "Force Of The Shore" é a primeira faixa realmente pesada e não por acaso, a primeira onde os guturais e screams de Mark Jansen aparecem em evidência, explorando o recurso "beauty and the beast", numa composição redonda e empolgante. "Mother of Light" só perde em qualidade para a faixa título, repleta de digressões, paradas, traços operísticos, ascensões, conjunção irretocável de elementos numa simbiose fantástica (veja o que acontece a partir dos quatro minutos) e a efetiva contribuição de Coen Jassen nos sintetizadores, é um momento deveras envolvente. "Trois Vierges" é um belíssimo dueto entre Simone e Roy Khan, que retribui o favor que Simmons prestou no último álbum do Kamelot, repetindo a dobradinha. A amizade entre as bandas é tão grande que as duas irão fazer turnê conjunta pelo Brasil, e, dada a qualidade de seus mais recentes lançamentos, facilmente entre os melhores do ano em seus respectivos nichos de mercado, este show tem tudo para ser ótimo e firmar a reputação de ambas em nossas terras.

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Como no debut, que fechava com a faixa-título, sendo esta a composição mais longa do álbum, a fórmula se repete aqui. "Consign To Oblivion" reúne dramaticidade, velocidade, suavidade, peso, e toda classe e inteligência na variação de arranjos, melodias, vocais e climas que ficara evidente nos dez atos anteriores.

Tecnicamente nenhum dos integrantes consegue assombrar, mas, não sendo este o objetivo, torna-se claro a suma importância da contribuição de todos no resultado gerado, sendo originais não no sentido de inovar mas de fazer o melhor possível dentro de sua proposta (e é esta a concepção grega da coisa).

Precisaria falar algo sobre a produção se os responsáveis não fossem Sascha Paeth, Olaf Reitmeier, Philip Colodetti & Miro e a mesma não tivesse sido feita no Gate Studio, na Alemanha. Mas foi. E tudo é polido, claro e aperfeiçoado à exaustão, mesmo com tantos detalhes adicionais (corais, orquestra, sintetizadores e elementos extras), nada soa deslocado ou inapropriado para o objetivo, esmero de profissionais experientes que confere singularidade ao trabalho.

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O gothic metal do Epica é muito mais reflexivo do que lamurioso, o que faz toda diferença. E, ao contrário de todas estas bandinhas de "dark-wave/psychotic-dance/sinister/melodic/extreme/symphonic/ gore-gothic", eles sabem o que querem, o que fazer, e de que forma fazer. Execução e criatividade aprovadas. Um grupo incipiente, sim, mas que já assume a vanguarda do gênero e demonstra uma maturidade que poucas outras agremiações mais antigas conseguiram atingir.

Formação:
Simone Simons (Mezzo-Soprano)
Mark Jansen (Guitarra/Vocais Scream)
Ad Sluijter (Guitarra)
Yves Huts (Baixo)
Jeroen Simons (Bateria)
Coen Janssen (Sintetizadores/Teclados)

Site Oficial: www.epica.nl

Material cedido por:
Hellion Records
Rua 24 de Maio, 62 – Lojas 280/282/308 – Centro
São Paulo – SP – CEP: 01041-900 – Brasil
Tel: (11) 5083-2727 – 5083-9797 – 5539-7415
Fax: (11) 5549-0083
Internet: www.hellionrecords.com
Email: [email protected]

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Sobre Maurício Gomes Angelo

Jornalista. Escreve sobre cultura pop (e não pop), política, economia, literatura e artigos em várias áreas desde 2003. Fundador da Revista Movin' Up (www.revistamovinup.com) e da revrbr (www.revrbr.com), agência de comunicação digital. Começou a escrever para o Whiplash! em 2004 e passou também pela revista Roadie Crew.
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