Resenha - Symphony Of Enchanted Lands II - Rhapsody
Por Clovis Eduardo
Postado em 27 de setembro de 2004
Nota: 9
Há algum tempo, quando terminava os últimos sussurros dos ventos de Gargoles, Algels of Darkness, do álbum Power of The Dragon Flame, além de mim, muita gente se perguntava as mesmas coisas. Será que continua? Os caras vão manter o nível? A saga terminou realmente? Para felicidade da galera, as respostas estão sanadas com Symphony Of Enchanted Lands II. Ao dar o play no aparelho, você vai ser obrigado a concordar comigo. O cd é ótimo.
Em entrevistas antes do lançamento, os italianos (nem tem tanto italiano mais) do Rhapsody se diziam o máximo. Seus egos estão mais altos e mais intocáveis do que nunca. A criação própria de um termo chamado Film Score Metal dá indícios que os caras estão literalmente "se achando" e o que mais curiosidade dá é que havia realmente motivo para isto. O extremo sonoro que a banda adquiriu em Power of The Dragon Flame não foi superado, foi reeditado e aprimorado, e o que temos é na minha franca opinião de fã do Rhapsody é que o cd só é superado em qualidade por seu irmão mais velho Symphony Of Enchanted Lands (1998). Garanto! Alex Staropolli (teclados), Luca Turilli (guitarras), Fábio Lione (vocais), Alex Holzwarth (bateria – careca?) e Patrice Guers (baixo) estão dando aula de música.
Vamos por partes que cada detalhe vale a pena ser mencionado
1 - The Dark Secret – Christopher Lee tem a importante missão de abrir o cd, sua voz no cinema já dá arrepios nos fanáticos por Senhor dos Anéis. O famoso ator aceitou o embargo e a antiga voz de narrador é substituída. Confesso que Jay Lansford era um membro efetivo assim como os músicos, mas nada como uma mudança já que o âmbito do cd é na verdade fugir um pouco da lembrança de Algalord Chronicles. A faixa é dividida em apenas voz e participação de coral e orquestra. A euforia aumenta a cada segundo, principalmente por ser uma faixa de abertura de 4 minutos.
2 - Unholy Warcry – Se você está esperando algo do tipo Emerald Sword, se prepare. A faixa tem início com a orquestra mandando bala e o power metal come solto. Há que se discutir que o refrão é muito bonito, mas o nosso ouvido em partilha com o cérebro já puxa para um tom que, na verdade, Fábio Lione (vocal) deixa de lado. Um sentimento poderia ser criado na música, e ele é deixado de fora. O dueto de Lione com o coral engrandece a obra em muito. Ótima faixa de abertura, com momentos altos e baixos.
3 - Never Forgotten Heroes – Começa sombria e explode como num filme. Não à toa que a banda denominou este gênero de música. Violinos e instrumentos de sopro estão mais presentes do que nos trabalhos anteriores. O baixo de Patrice Guers está nítido igual o ep Rain of a Thousand Flames, onde o ex-baixista Alessandro Lotta conseguiu a timbragem mais perfeita. Esta música tem belos fraseados, um refrão cativante, bumbos altamente rápidos e passagens sombrias criadas no teclado por Alex Staropoli de um brio sensacional.
4 - Elgards Green Valleys – Música de 2 minutos. Aquele instrumental barroco que joga o pensamento para a era medieval – senão mais para trás – a faixa é apenas de transição e precede a mais linda balada que o Rhapsody já criara (mesmo tendo ciência da existência de Wings of Destiny e Lamento Eroico).
5 - The Magic of the Wizards Dreams – Eu estou para ver um refrão mais emocionante do que este dentro do metal. Lenta, com cadência e refrão crescente, a música se destaca com Fábio Lione, coral e orquestra que tem uma presença fenomenal. Mas o melhor ainda está por vir.
6 - Erians Mystical Rrhymes – A característica das aberturas sombrias elevando aos poucos a música, a um patamar forte, tem méritos de Staropolli, Holzwarth e Turilli. Não citei até agora Luca Turilli, pois seria injusto elogiá-lo em quase todas as músicas. Mas o workaholic do grupo está tinindo. A formação central das letras não se difere dos trabalhos anteriores já que a forma de composição é a mesma. Há quem não goste, mas há de se convir que tem banda fazendo a mesma coisa há 20 anos, e não leva tanto pau. A primeira música de dez minutos contém um refrão bastante grandioso (ok, ok... não é o primeiro, e nem será o último).
7 - The Last Angels Call – Típica faixa Rhapsody. Entrada ligeira, cozinha funcionando no talo e entonação de Lione com nervosismo contido (já falei do refrão?). Somente o solo ficou muito aquém do que Turilli é capaz. Parece que deu preguiça no sujeito. A parte final fica como aquela coisa de já ouvi isso. A forma da música de versos – refrão – versos – refrão – solo – refrão (em crescendo), é batida, mas ainda funciona. Não há outros meios mesmo.
8 - Dragonland River – Outra pequena faixa de transição que tem sua utilidade como balada mais alegre. Aí aparece um tom da voz de Lione que não tinha reparado ainda. Esta música antecede a melhor do cd.
9 - Sacred Power of Raging Winds – Vento e diálogo de Christopher Lee (não há como você não pensar que não será uma boa música). O riff que Luca Turilli iniciou na música é de cair o queixo. E lá vem ecoando pelo seu aparelho de som um power metal na sua melhor essência. Foi o primeiro álbum em que Alex Holzwarth colocou as mãos e os pés na bateria durante a gravação (por que?), e o alemão destrói por completo. A faixa tem um destaque maior pela sua variedade de cadências, seus solos e principalmente pela fluidez com a orquestra. Nem parece que tem 10 minutos.
10 - Guardiani Del Destino – Estilo Lamento Eroico. Porém, segundo uma professora de línguas, não é apenas italiano que é cantado na música. A variação de conjugações usadas na letra remete a um italiano mais arcaico. Contudo, pouco importa. A letra em si e o refrão em tom crescente são legais.
11- Shadows of Death – Começa ao melhor estilo "erguer as armas!" Os instrumentos de sopro dão a chamada para a música de 8 minutos. Muito boa por sinal, só que com um riff extremamente repetitivo e chega a dar nos nervos. Fábio Lione a canta em tom bastante acima do normal e se destaca junto a Alex Staropolli pelo poderio de variabilidade de harmonias desafiadores a Luca Turilli que solta a ponta dos dedos. Destaque também para o bom refrão.
12 - Nightfall on the Grey Mountains – Enfim, todos os cds do Rhapsody até hoje, só tinham 10 músicas (tirando o ep de 7), e este acréscimo só apresentou vantagens. O início sombrio desta ótima música de encerramento do cd gera um sentimento diversificado quanto às outras composições do cd. Ela possui tudo o que a maioria delas têm. Feeling, orquestra forte e versos bonitos intercalando refrão monumental. Ela se encerra o cd com maestria.
O cd é completo. Qualidade indiscutível, músicos profissionais e músicas que nem o cérebro consegue difundir por ter tantos detalhes. Um dos melhores álbuns do ano com certeza. Symphony Of Enchanted Lands II vem a provar que o Rhapsody é uma banda que não merece ser desprezada, pois capacidade de superação, tem de sobra.
Outras resenhas de Symphony Of Enchanted Lands II - Rhapsody
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps